Poucas coisas eram capazes de irritar Togyuu tanto quanto o verão. A sensação térmica naquela época do ano era quase que torturante. Muitos dos locais que o Yuki precisava frequentar não havia a possibilidade de alterar o clima. Então, o jovem teria que suportar isso por meses ou procurar meios ou lugares onde pudesse reverter a situação.

Dentre os locais mais agradáveis estava a biblioteca da vila. O shinobi não costumava a frequentá-la corriqueiramente, entretanto sabia que aquele era o horário que havia menos movimento. Precisando iniciar seus estudos para se tornar um Ninja Médico, uma vez que não possuía ninguém para orientá-lo, decidiu passar algumas horas no estabelecimento e mergulhar em alguns livros de medicina.

Como esperado, a biblioteca praticamente vazia, restando apenas a atendente, que aparentava ser alguma kunoichi em missão. Por parecer extremamente nova, foi poupada dos cortejos do platinado que seguiu diretamente para o corredor onde estavam os livros e pergaminhos pretendidos. Após alguns minutos andando de um lado para o outro, Togyuu seguiu para uma mesa com uma pilha de livros equilibrada entre seus braços.

Enquanto abria o primeiro livro, o Yuki aproveitou para, disfarçadamente, abaixar gradualmente a temperatura através de suas habilidades. Na sequência, esqueceu o mundo ao seu redor e focou apenas nos conteúdos das leituras, que se estenderia por horas. Entretanto, não tardou para perceber que se tratava de uma temática pesada e de nomenclaturas extremamente complicadas. Infelizmente, não contava com ninguém para orientá-lo naqueles estudos e, como quase tudo em sua vida, teria que se virar sozinho.

Pensando em começar por algo mais simples, encontrou um livro nomeado como “A Arte do Corpo” que, segundo o prefácio e sumário, tratava-se de uma obra sobre a anatomia do corpo humano. Aparentemente, nas primeiras páginas, a linguagem parecia mais simples e indicada para iniciantes ou leigos no assunto. “Creio que eu consigo entender o conteúdo desse livro… Só preciso de um papel e um lápis para anotar esses nomes mais estranhos”, comentou consigo mesmo, levantando-se e seguindo até o balcão.

— Com licença, será que teria alguma folha de papel e um lápis para me emprestar? — Perguntou à atendente. Essa, com um sorriso no rosto, como se estivesse esperando por aquele contato, entregou-o um caderno com folhas em branco e um lápis bem desgastado.

Retornando aos estudos, depois de mais alguns longos minutos dedicados à leitura, Togyuu resolveu destacar quatro folhas do caderno que pegou emprestado. Na primeira folha, fez um péssimo desenho do esqueleto humano e nomeou cada um dos principais ossos, apontando sua localização com uma seta. Na segunda folha, repetiu o processo, porém sobre o desenho de uma estrutura muscular. As outras duas folhas contaram com os desenhos e nomenclaturas relacionadas aos sistema nervoso e aos órgãos.

Exausto após algumas horas, o Yuki resolveu que era hora de voltar para casa. Então, separou dois livros do montante inicial e guardou as folhas rabiscadas no meio deles. Sem muita pressa, devolveu o material da atendente e solicitou o empréstimo de ambos os livros.

Os próximos dias livres seriam destinados a complementar os estudos nesta área.

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