Jyu caminhou com uma certa tranquilidade pelo gabinete que ele tanto conhecia. Olhou com um certo saudosismo enquanto se dirigia para a cadeira anteriormente ocupada por Uchiha Senko. Seu olhar tinha uma certa tristeza, conforme se aproximava da cadeira onde o antigo líder da vila se sentava.

Suspirou, enquanto assumiu pela primeira vez o lugar antes ocupado pelo Uchiha. Olhou para a sua frente, os dois anciões que aconselhavam o Mizukage aguardando-o ansiosamente, sem dizer uma única palavra.

“Esse mundo é uma verdadeira desgraça...” – pensava, enquanto pegava uma caneta a sua frente, observando com calma o pedaço de papel que estava ao seu lado. - “...O corpo do antigo Mizukage nem ao menos esfriou e já me solicitaram para assumir a vila....” – suspirava, enquanto assinava o seu nome naquele papel, colocando um fim a “grandiosa cerimônia” de posse ao novo cargo.

Era daquela forma que ele havia obrigado tudo acontecer. Não queria tornar a morte de Senko em um carnaval por conta de estar assumindo um novo cargo. Suas palavras ainda ressoavam em sua mente, o perigo que acredita estar pairando sobre Kirigakure. Um perigo que nem mesmo ele e seus grandiosos olhos puderam combater e agora restava a ele, o novo líder de Kirigakure no Sato, combater.

[Jyu]-Assim que saírem.. – disse, estendendo os papéis para os conselheiros, olhando de forma penetrante seus olhos, parando por um breve momento para pensar na sua primeira e talvez mais importante decisão. - ... Chamem Uzumaki Baldur, digam que o Nidaime Mizukage tem uma missão especial para ele...- disse, pensando se aquela não era a mais importante missão que ele algum dia daria a um shinobi...

Jyu aguardou calmamente a chegada de Baldur, entrelaçando as mãos e apoiando ao cotovelo na mesa. Sua mente fervilhava em meio as enormes possibilidades daquele crime misterioso que assolou toda a vila. Não havia dúvidas de que, quem quer que fosse que efetivou esse plano maquiavélico, era muito poderoso.


Ele tinha que aumentar a sua força o quanto antes para que pudesse, ao menos, conseguir desvendar aquilo que estava o atormentando. Suspirou, baixando os olhos momentaneamente, ouvindo a batida na porta. Aquele que ele tanto aguardava havia finalmente chego.


[Jyu]-Sim, eu te chamei, Baldur. - disse, olhando diretamente nos olhos, quase como se conseguisse enxergar a alma do rapaz. - Como estamos só nós dois, esqueça essas formalidades, não somos estranhos um ao outro… - apontou uma cadeira para o jonin, e quando ele se sentasse ou se recusasse a tal, finalmente diria os motivos que ele foi chamado.


[Jyu]-Como sabe, os gennins estão em Kumo, para o Exame Chunnin. Sua missão oficial e´ acompanhar, proteger e orientar todos eles. Depois do assassinato do Shodaime Mizukage, todo cuidado é pouco… - disse, com um leve pesar em sua voz. Parou por um pequeno instante antes de voltar a falar aquilo que tanto o preocupava.


[Jyu]-Antes de ser nomeado um Espadachim da Névoa, Senko havia dito a mim e a Noboru sobre um perigo de rank S que vinha de outra vilas. Sua maior desconfiança era sobre a Iwagakure, mas pode provir de qualquer uma das grandes nações shinobis. - e parou por um momento, deixando que o rapaz absorvesse tudo o que estava sendo dito. - Sua missão extraoficial é conseguir informações e contatos de todas as vilas. Tente descobrir se devemos desconfiar de alguém, de alguma vila e trazer informações valiosas para conseguirmos elaborar um modo de proteger nossos cidadãos e futuros shinobis desse perigo em potencial!


E se calou, apenas esperando algum retorno daquele shinobi que sabia que podia confiar para aquele tipo de trabalho. De uma forma ou de outra, ele estava colocando nas mãos de outro herói o destino de Kirigakure...

Jyu observava cada pequeno movimento de seu ninja. Havia um certo incômodo, mas nada que o líder da névoa já não esperasse, afinal, o que estava dizendo era algo incrivelmente complicado, que poderia mudar o rumo da paz que havia cerceado o mundo por tanto tempo.

Suas últimas palavras fez com que o Mizukage parasse e fechasse os olhos, refletindo sobre o que fazer.  Não era algo tão simples aquela questão, apesar de ser incrivelmente fácil mover sua elite de jonins ou até mesmo sua ANBU.

Abriu nomente o olho após alguns segundos, encarando novamente Baldur. Seria difícil falar o que precisava ser dito, mas ainda assim era parte de sua responsabilidade.

[Jyu]-O maior problema é que não sabemos exatamente quem é o inimigo. Apesar das desconfianças de Senko, pode ser que as coisas não sejam exatamente o que parecem. Ao invés de Iwa,  o inimigo pode ser Kumo ou até mesmo Konoha…  - disse, deixando Suna de lado. Intimamente, sentia que Tobirama nunca trairia os seus princípios daquela forma. - E com todas as grandes nações lá, duvido que tenham coragem de fazer algo que traga o ódio de todas as vilas. Entretanto…

Respirou profundamente, antes de continuar:

[Jyu]-...Você tem toda a autoridade para sair no meio do evento com nossos shinobis caso algo fora dos padrões do exame aconteça, mesmo que isso signifique manchar a nossa reputação. Confio no seu julgamento sobre isso. E caso precise de ajuda… - diria, pensando num próximo passo. - -Estarei verificando uma forma de enviar Noboru para as proximidades. Infelizmente seria difícil enviar todo um batalhão sem chamar a atenção…

E apenas aguardou por uma resposta do Uzumaki, esperando que ele entendesse a gravidade da situação que aquele exame representava...

Jyu observou o jonin da névoa com um sorriso. Admirava todo o crescimento que ele tivera em todo o tempo que teve depois da guerra contra o louco do Yamanaka. Não havia como não confiar naquele rapaz, que era considerado como um herói por todo o mundo shinobi. Sim, definitivamente, ele estava certo de que havia feito bem a sua escolha.

Ouviu as palavras do Uzumaki. Ele havia aceito a missão que havia lhe imposto, mesmo sabendo que ela não era algo simples. A responsabilidade que havia jogado em seus ombros era demais e mesmo assim, ele se mostrou pronto para agir. Com um aceno afirmativo, procurou nas gavetas daquela mesa que ainda não via como sua e pegou o papel de liberação.

Preencheu rapidamente a permissão, deixando tudo em ordem. Olhou novamente, para ter certeza que não havia esquecido de nada e entregou-a para Baldur, olhando profundamente em seus olhos antes de dizer:

[Jyu]-Boa sorte, meu amigo! Que não aconteça nada de errado e que volte em segurança! – desejou do fundo do coração, enquanto voltava a sua posição inicial, apoiando-se no cotovelo e entrelaçando os dedos, em uma tentativa de deixar sua mente livre de pensamentos impuros, para não dar azar na primeira missão que designava para alguém da sua vila...

Jyu havia finalmente voltado para o seu gabinete. O treinamento anterior o havia cansado psicologicamente, mas pelo menos havia cumprido a sua meta. Ou, pelo menos, é o que esperava, depois de todo o trabalho que havia tido. Voltou ao seu gabinete, aguardando ansiosamente pelo visitante que sabia que viria. E, assim como esperava, ele veio.

[Jyu]-Tobirama, meu irmão! – disse, com um sorriso cansado. – Quisera te receber em melhores momentos... – dizia, indicando que preferia que fosse em uma situação mais tranquila e não após a morte do ex-líder da vila da névoa.

Indicou uma cadeira para que o seu amigo sentasse. Ouviu a sua pergunta, mas deixou-a no ar por alguns segundos, pensativo. Não sabia como dizer aquilo, mas sentia que podia confiar em Tobirama, afinal, já enfrentaram um verdadeiro inferno juntos na última Grande Guerra.

[Jyu]-Eu te chamei aqui por que sinto que a paz que conhecemos está para acabar. – iniciou, com um pequeno suspiro. – Acredito que a morte do Mizukage seja apenas o começo. Senko havia me dito sobre alguns perigos circundando a vila, que ele próprio queria resolvê-las, mas, infelizmente, este perigo foi algo além de nossa compreensão...

Ficou alguns segundos em silêncio, continuando após achar o suficiente para que Tobirama absorvesse suas palavras.

[Jyu]-Pelas papeladas deixadas pelo Senko, sei que ele havia firmado um acordo entre nossas duas vilas. Acredito que agora, mais do que nunca, teremos que contar com os verdadeiros amigos a fim de lutarmos com os problemas que com certeza virão. – disse, se levantando e se dirigindo para a janela, olhando a escuridão que circundava as ruas e becos de Kirigakure. – Gostaria de saber se está interessado em firmar um verdadeiro tratado entre nossas duas vilas?

As palavras iniciais de Tobirama fez com que o mais novo respirasse um pouco mais aliviado. Apesar da irmandade que existia entre os dois shinobis, cada um agora liderava sua própria vila, com suas próprias preocupações e com a responsabilidade de inúmeras vidas em suas costas. Apesar de não querer admitir nem para si mesmo, ele tinha receio que o rapaz negasse. Agora, porém, poderia ficar tranquilo, certo de que havia conquistado um importante aliado para a tempestade que viria...

Entretanto, as afirmações de Tobirama fez o garoto estremecer. A calmaria antes da tempestade estava começando a desaparecer, agora mais que nunca, tinha certeza deste fato. Algo que colocou até mesmo Hyuuga Angell para se refugiar com o primo de Tobirama em Suna, enquanto a vida do Hokage, Sarutobi Kaden, foi salva pela lealdade de seus shinobis.

Se virou para Tobirama, com o olhar expressando uma enorme tristeza. Estava cansado daquele mundo que se movia pela ganância alheia. Estava cansado de todas as tramoias, as decisões egocêntricas e as loucuras dos senhores feudais e de suas ambições enormes.

[Jyu]-Entendo... Então finalmente as primeiras peças começaram a se mover... – repetiu as palavras de Tobirama, pensativo. – Em breve devemos nos reunir, descobrir qual sombra de destruição está querendo acabar com essa paz em que vivemos. Precisamos de toda informação possível para combater esse inimigo invisível...

Mal terminou as suas palavras, a porta do escritório se abriu com força, revelando uma mulher incrivelmente bonita e sedutora. A mulher tinha um porte esbelto, com um corpo extremamente curvilíneo. Vestia um vestido negro, extremamente justo, deixando seus seios em destaque, assim como o longo rasgo na lateral, aparecendo as suas pernas de um branco liso e delicado, quase como se fosse uma pintura.

Seus olhos, de um lilás tão claro que pareciam brancos, contrastavam com os lábios de um vermelho profundo, emoldurado pelos seus cabelos de cor idêntica aos de seus olhos. Seu sorriso perfeito apareceu em sua face assim que seus olhos se focaram em Jyu.  

[Aika]-Mizukageee-samaaaa... – sua voz era suave, com uma doçura que mostrava claramente que havia algo mais do que um mero respeito por seu superior. – Desculpe atrapalhar, mas tenho um pequeno presentinho para você... – dizia, se aproximando de Jyu e ignorando totalmente Tobirama. – Pode me seguir um momentinho, Mizukageee-samaaa?

Jyu revirou os olhos ao ver o comportamento de sua assistente, tendo que respirar profundamente para não ficar irritado com a mulher. Se não fosse pela competência e por ter sido indicada diretamente pelos conselheiros da vila, ele nunca a teria contratado para aquela vaga.

[Jyu]-Não vê que estou ocupado, Aika? – disse, tentando segurar a sua irritabilidade. Aparentemente, era simplesmente impossível parar aquela mulher.

Aika simplesmente fingiu não se importar, passando o seu dedo indicador no rosto de Jyu de forma delicada, se virando de forma provocativa na direção da escada que dava acesso ao terraço, sem tirar o olhar provocativo de seu chefe.

[Aika]-Garanto que você não vai se arrepender, e esse seu amiguinho pode até te ajudar com este pequeno... – parou por um momento, procurando pela palavra certa. – ...presentinho...

Jyu olhou para Tobirama, suspirando profundamente, derrotado.

[Jyu]-Vem até o terraço comigo? Pelo visto, minha nova assistente não vai desistir enquanto não irmos lá... – disse, olhando para a mulher, que exalava sensualidade ao subir lentamente a escada em direção ao terraço. – Desculpe por isso, mas essa mulher é um tanto... Difícil de lidar...

Seguiu, então, em direção ao terraço, vendo Aika sorridente, encostada no que parecia ser uma mesa com um lençol em cima de um corpo. Tobirama seguindo ou não Jyu, ela cuidadosamente foi para trás da mesa, puxando cuidadosamente o lençol, mostrando o corpo de um jovem rapaz de cabelos negros, de olhos abertos.

Vencido pela curiosidade, Jyu se aproximou do corpo, se sobressaltando com o que viu. Aqueles olhos pareciam muito com os de seu amigo Kazekage. Como aquilo era possível?

[Aika]- E então, Mizukage-sama... – dizia, passando lentamente a língua em seus lábios. – Gostou do seu presente? Sabe do que se trata? – dizia, sorrindo, enquanto acariciava lentamente a face do homem morto, sem desviar o olhar de seu amado. – Ou prefere perguntar ao seu amiguinho??

Aika apenas observava o Mizukage se sentindo perdido com um sorriso divertido em seus lábios, enquanto permitia que o Kazekage se aproximasse do corpo e analisasse o seu conteúdo. Assim que as palavras de Tobirama fossem pronunciadas, a mulher bateria palmas de forma curta e suave, enquanto dava pequenos pulinhos, fazendo com que seus fartos seios balançassem, em uma franca tentativa de chamar atenção.

Dando a volta na mesa, se aproximou de Tobirama, colocando seu dedo indicador no lábio do rapaz, enquanto sussurrava um breve “Shh...”. Com cuidado, desceu o dedo por sob o seu pescoço e tórax, olhando-o de forma envolvente. Com um meio sorriso, simplesmente disse:

[Aika]-É óbvio que ele aceita, bonitinho... – dizia, com um sorriso capaz de derreter até mesmo o mais congelado dos corações. - ... Só não assusta muito ele, ok? Meu Jyu é um tanto quanto... bobinho...

E saiu, rebolando de forma suave, enquanto Jyu ainda não respondia nada. Sua hesitação estava em uma única palavra: Poder. Ele buscou isso por toda a sua vida. Ele tentou encontrar meios de trazer à tona o melhor de si a cada luta, cada batalha, e agora... Um enorme poder estava bem ao seu alcance. E um dos seus maiores aliados e amigos estava lhe oferecendo ajuda a adquirir aquele poder. Como poderia recusar?

[Jyu]-Eu entendo... – dizia, com a voz levemente trêmula. - ...Vou ter que aceitar a sua ajuda, Tobirama... Proteger essa vila e trazer a verdadeira paz sempre foi o meu objetivo e se você, uma das pessoas mais fortes que conheço, diz que eu posso me tornar mais forte ainda, eu acredito em você... – olhou para Tobirama, tomando uma decisão que poderia mudar o rumo de tudo. – Por favor, transplante esse olho em mim...

Jyu percebeu Tobirama se aproximar de si, colocando sua mão com o chakra medicinal em seu olho esquerdo. Instintivamente, quis pular longe, mas segurou as vontades primordiais contra o medo do desconhecido. Sentiu o seu olho parecer anestesiado, sentindo quase como se sua pálpebra fosse se fechar e sua visão ficar levemente turva, até finalmente ser arrancado pelo Líder da Areia, caindo na escuridão.

Ouviu Tobirama explicar sobre o Sharingan. Diferente do que pensava inicialmente, o fato de cada um deles ter um poder diferente, deixava o rapaz intrigado. Qual seria o nível de poder daquele clã se todas as habilidades fosse reunida sob o comando de uma única pessoa? Entretanto, o fato de poder se tornar cego revelou a Jyu que todo grande poder vinha com uma responsabilidade enorme.

Quanta dor Tobirama teve que aguentar durante a guerra? Quanto ele não teve que lutar para conquistar o poder que estava explicando para ele naquele momento?  Quanto não enfrentou para atingir aquele nível de poder? Quanto não enfrentou para conseguir poder o suficiente para proteger a sua vila, como dissera instantes atrás?

Quando o olho foi colocado em sua órbita vazia, o garoto sentiu uma sensação estranha, quase como uma queimação. Ouviu suas instruções, assim como ficou parado até ele finalizar todos os procedimentos. Sentia-se levemente estranho, mas tinha confiança no seu amigo, no seu irmão de armas.

[Jyu]-Obrigado, meu amigo... – dizia, com um sorriso, apesar de se sentir estranho com a bandana improvisada por Tobirama. – Eu não sei como posso agradecer a você por tudo o que fez comigo. Sei que não deve ter sido uma decisão tão simples me ajudar com isso, por isso, tem a minha mais alta estima, desde sempre...

Jyu sorriu ao ouvir as palavras de Tobirama. Apesar de terem uma aliança formada por meio de suas palavras e sua amizade, nunca esperava este tipo de cuidado de seu parceiro. Com um gesto, concordou com sua ajuda,  aceitando que o mesmo o guiasse pelos braços na direção do Hospital.

Assim que chegaram, a equipe médica se aproximou preocupada com Jyu. Com um único aceno de mão, Jyu silenciou as suas perguntas, se virando para Tobirama. Acabou deixando que o Kazekage verificasse sua condição, demonstrando a sua confiança para com aquele shinobi lendário.

Tudo verificado, se virou novamente para o mais novo aliado de Kiri. Ouviu suas palavras de despedida, e estendeu sua mão para apertar a do líder da vila da areia.

[Jyu]-Mais uma vez, muito obrigado! – disse, enquanto via Tobirama desaparecer graças aos seus poderes oculares.

Sendo colocado rapidamente em uma cadeira de rodas, rapidamente o empurraram para dentro do hospital, o colocando em um quarto privativo, antes que começasse a chamar a atenção fora do quarto.

Olhando para a janela daquele quarto pequeno mas confortável, Jyu não conseguia parar de pensar nos eventos daquela noite. De que forma sua assistente havia conseguido aquele corpo? Será que aquele era o responsável pela morte de Senko? E afinal.. O que diabos estava acontecendo com aquele mundo??

Jyu caminhava devagar, tentando se concentrar a cada passo dado, até se sentar em seu gabinete. Fazia alguns dias em que Tobirama havia realizado o transplante do Mangenkyou Sharingan em seu olho esquerdo, que agora se encontrava totalmente enfaixado, com uma faixa branca cobrindo praticamente toda a sua cabeça, de modo a evitar que usasse aquele olho.

Mesmo que não houvesse necessidade daquele tipo de coisa, ele preferiu deixar um leve rumor escapar de que havia se machucado durante um treinamento. Seria o suficiente para que ninguém nunca descobrisse o que ocorreu naquela noite. Ou, pelo menos, é o que esperava.

Já na noite anterior, havia recebido a visita de Aika, que havia lhe explicado que havia conseguido outro item que poderia e iria aumentar ainda mais o poder de Kirigakure. Ficou entusiasmado quando ficou sabendo que haviam conseguido outra bijuu para a vila. Ele próprio era a prova real do poder dessas criaturas, que só precisavam de alguém para lhes mostrar que nem todo ser humano era cruel...

Mas, a questão que ficou rondando em sua mente foi justamente: quem poderia se tornar um jinchuriki realmente confiável? Quem poderia guiar tamanho poder para um bom caminho?

[Jyu]-Aika... – disse, após alguns minutos para sua assistente, que se levantou sorrindo. Mas antes que pudesse falar algo, o mizukage a cortou de uma vez, já lhe dando as ordens que pretendia. - ... Peça para chamarem o Noboru aqui no gabinete...

Havia, finalmente, feito a sua escolha.  

O Kage aguardou em silêncio em seu gabinete, praticamente sem se mover. Sua mente ia e voltava em uma série de caminhos e possibilidades, preocupado com o andamento da missão que havia dado para Baldur. Dentre todos os shinobis da vila, ele e Noboru podiam ser considerados a verdadeira Elite entre os ninjas de alta patente da vila e mesmo assim... Estava preocupado com o que poderia acontecer com ele.

Enquanto ficou focado em seus próprios pensamentos, Aika colocou na mesa de centro a pequena urna negra que havia conquistado a duas penas momentos atrás. Jyu apenas voltou a realidade quando Noboru entrou, fazendo com que um leve sorriso se abrisse em sua face ao ouvir as palavras de seu irmão. Se levantou rapidamente, sem conseguir conter a sua empolgação, se contendo para não correr até o rapaz.

[Jyu]-Apesar de sempre ter procurado por poder, agora que conquistei essa posição, ainda não sinto como se ela fosse totalmente minha...– disse, sorrindo, se aproximando de Noboru e fazendo um leve cafuné em Cubellios.– Eu te chamei aqui por que tenho uma proposta para te fazer...

Se voltando para o centro da sala, mostrou uma pequena urna negra com alguns adornos dourados nela. Nela, um pequeno selo com um símbolo “Dois” nela. Se aproximou lentamente dela, passando a mão com leveza, tomando todo o cuidado possível daquele tesouro.

[Jyu]-Dentro dessa pequena urna, está selada a bijuu mais comumente chamada como Nibi...

[Isobu]- Não a chame desse modo! – repreendeu o seu hospedeiro, após muito tempo em silêncio, fazendo-o corar levemente. Apesar de tantos tempos juntos, Jyu ainda se sentia um menino sendo educado pela enorme tartaruga de três caudas. – A chame pelo nome correto. Matatabi.

[Jyu]- Desculpe, Isobu... – respondeu, pigarreando. –... Ela se chama Matatabi, pelo que Isobu me informou... – disse após alguns segundos para Noboru, com um sorriso envergonhado. Respirou fundo, antes de continuar.

[Jyu]-Sei que essa é uma decisão difícil, mas eu preciso te perguntar e preciso da resposta de imediato... – disse, deixando claro que deveria decidir sobre sua pergunta ali, de forma rápida. – Você gostaria de se tornar o hospedeiro de Matatabi, assim como eu me tornei o hospedeiro do Isobu?

Olhou diretamente nos olhos de seu melhor amigo, o único irmão que já teve. Esperava que a resposta fosse positiva, mas ao mesmo tempo, esperava que ele negasse. Apesar de tudo, ele acompanhou as mudanças que aconteceram logo quando Jyu havia se tornado um jinchuriki. Mais do que qualquer pessoa, ele sabia que Noboru entendia que nem tudo seria fácil se ele aceitasse aquela oferta...

Jyu deu um enorme sorriso ao ouvir as palavras de Noboru. Apesar de ter torcido que ele não aceitasse já que era um fardo enorme para se carregar, se sentiu orgulhoso de ver que o jonin havia escolhido enfrentar as condições que um hospedeiro dessas enormes massas de chakra sofriam.

Caminhou até a sua direção, colocando a mão em seu ombro direito. Olhou-o diretamente nos olhos. Tinha tanta coisa para falar para ele, mas sabia que mesmo sem falar algo, o rapaz entenderia.

[Jyu]-Tire a sua camisa, eu vou selá-la para você... – disse, sem conseguir esconder a felicidade por poder fazer aquilo. Lembrou rapidamente do Chunnin Shiken, quando conseguiu Isobu. Muitas coisas haviam mudado desde então...

Se posicionou ao lado da urna, e quando Noboru estivesse pronto, rasgaria o selo e abriria a urna, iniciando uma série de selos. De seu interior negro, uma pequena esfera de chakra azul se ergueu, enquanto o Mizukage de forma rápida e eficaz finalizava os selos, apontando para a esfera de chakra.

[Jyu]- Tekkō Fūin! – envolvendo a esfera de chakra com seu próprio chakra, direcionou-a até a barriga de Noboru, colocando rapidamente a sua mão em cima da barriga do jonin, finalizando o selamento.

[Jyu]-Antes de tentar entrar em contato com a Matatabi, tente se acostumar primeiro com esse selo... Quando se sentir confiante o suficiente, tente conversar com ela... – dizia, com um sorriso.

Não sabia como seriam as coisas dali para frente, mas esperava que, ao menos, com essa adição de poder em Kirigakure ele conseguisse suprir ou ao menos reduzir a perda que sofreram pelo assassinato de Uchiha Senko. Pensando em seus próximos atos, se sentou em sua mesa, cansado...

Sua mesa estava um tanto quanto desordenada. Os inúmeros papéis se misturavam enquanto o Mizukage tentava dividi-los por ordem de importância. Apesar de se orgulhar por ser relativamente organizado, aquele trabalho burocrático era um tanto quanto exaustivo. Colocou lentamente a mão na faixa que escondia o seu transplante e que cobria uma boa parte de seu couro cabeludo, enquanto suspirava, parando por um momento de pensar naqueles papéis. Mal havia assumido o cargo de Mizukage e já pensava seriamente que precisava de umas férias.

[Aika]-Mizukage-samaaaa... – dizia, com uma voz aveludada, caminhando com um certo rebolado, enquanto seu vestido extremamente apertado em suas curvas perfeitas fariam qualquer homem comum delirar em meio a sonhos obscenos. – Tem alguém lá fora pedindo para falar com você... – dizia, se debruçando na mesa de Jyu, com um sorriso sedutor em seus lábios.

[Jyu]-Aika... – disse, voltando o seu olhar para ela. -... Seja lá quem for, peça para entrar e por favor... – disse, voltando o seu olhar para os papéis em sua mesa. -...Pare com isso e seja cortês com quem entrar, ok?

[Aika]-Só acho que você pensa muito mal de mim, Mizukage-samaa... – dizia, passando o seu dedo indicador no queixo do líder da vila da Névoa, levantando levemente o seu queixo. Quando seus olhares se cruzaram, pisxou e riu levemente, indo rapidamente abrir a porta para o convidado que esperava do lado de fora.

Assim que a porta se abriu, Aika olharia de cima para baixo a mulher que aguardava do lado de fora, indicando que a mesma poderia entrar, mas sem disfarçar a cara de desgosto. Jyu, por outro lado, ergueu os olhos para a mulher desconhecida, pronto para atendê-la, mesmo sem saber os motivos daquela visita.

[Jyu]-Me chamo Jyu Viole Grace, sou o Mizukage de Kirigakure. – dizia, com uma voz suave, mas ao mesmo tempo impondo levemente a sua autoridade. – No que posso te ajudar, senhora...? - perguntou, esperando que a mulher se apresentasse adequadamente...