Na vida, e no meu caminho como Inventor, aprendi que tudo no universo se resume a matemática. Quais eram as coisas óbvias que pareciam não estarem sendo ditas? Para aqueles que diziam que a tecnologia era o grande mal do século anterior, eu conseguia perceber bem qual era o verdadeiro problema: a mente limitada das pessoas, sempre comparando as pessoas e as generalizando. É nesse sentido que podemos usar a matemática:

Na Teoria dos Conjuntos da Vila da Folha, Konoha seria representada pela letra K, formando uma imensa bolha. Aí dentro dessa bolha, teríamos os Civis, pela letra C, os shinobis, pela letra S, entre outras classes... E os Yamanaka, que seria o Y. Antes, os Yamanakas pertenciam não só a Konoha, mas ao conceito de família que o Hokage tentava nos impor... O que é um saco. Só que com o passar dos anos, os Yamanaka passaram a pertencer cada vez menos as outras bolhas, ficando em um canto isolado da bolha gigante. Não obstante, ainda existem aqueles que essa bolha se torne cada vez menor, praticamente inexistente.

Isso era uma questão resolvida para qualquer pessoa com o mínimo de inteligência ou capacidade de compreensão. Agora a pergunta que me fiz nos últimos dias era: quem estava colocando todos aqueles pensamentos sombrios na cabeça daquelas pessoas? Foi por isso que, depois de alguns dias reunindo todas as provas e evidências, além de criar uma linha do tempo cronológica de todos os fatos ocorridos envolvendo os Yamanaka e os outros clãs nos últimos anos, que eu decidi falar primeiramente com o clã em questão, mas eles não estavam recebendo mais ninguém, e isso não se referia só a mim: se tornava mais fechados do que nunca, o que representava um perigo para todos.

Ninguém sabia o que eles estavam tramando, e um grande vazio se formava, gerando um espaço para todo o tipo de boato. Foi quando tive uma ideia de encontrar a namorada de Ichiyo, que tinha sido surrado pelos arruaceiros. Para isso, esperei Amaya do lado de fora de uma mercearia que funcionava 24 horas, e quando ela saiu, caminhei ao seu lado.

- Meio tarde para estar fazendo compras, não acha? Eu não vim roubar você, mas quero conversar contigo. Amaya, não é? Meu nome é Kobayashi Indra, investigador de Konoha. Tenho algumas perguntas para te fazer, e eu espero que colabore mais do que a família do seu namorado. - sussurrei, colocando as mãos no bolso, mas a garota acabou fazendo jogo duro. - Eu não tenho nada para dizer. Por favor, eu preciso ir embora. Não me siga, ou então comunicarei isso aos Yamanaka. - disse a jovem, apertando os passos, me fazendo parar no meio do caminho e observar o seu andar. Parecia nervosa, e o seu discurso era bastante ensaiado, mas não só por ela.

- Ficarem em casa trancafiados para o resto do mundo assistindo o herdeiro do trono definhando não vai adiantar nada, Amaya. - disse, olhando para a garota, que se virou chocada com aquelas palavras duras. Acho que tudo o que ela ouvira dos outros nos últimos dias eram palavras de piedade que não aliviavam a dor. - Ajude-o agora, enquanto ainda ama o que sobrou dele. Não deixe para fazer alguma coisa quando sentir a ausência dele e o seu individualismo falar mais alto do que o seu amor decrescente. - pedi, mas acho que acabei fazendo o efeito contrário acontecer, pois ela começou a socar o meu peito e o meu braço.

- CALA A BOCA, VOCÊ NÃO ME CONHECE! NÃO SABE DE NADA SOBRE MIM E SOBRE O MEU NAMORADO! EU O AMO MAIS DO QUE TUDO, E ELE VAI SE RECUPERAR, E EU VOU ESTAR AO LADO DELE, NEM QUE DEMORE 50 ANOS! - depois do ataque de raiva, Amaya caia de joelhos chorando, colocando as mãos no rosto. Eu olhava para os lados para ver se não tinha ninguém olhando. Minha mãe sempre me disse que chorar fazia com que as emoções negativas fossem embora, então dei um passo para trás e mantive as mãos no bolso, esperando ela terminar de chorar. - Já acabou? - perguntei dois minutos depois, sem saber se ela tinha parado ou não. Respirei fundo e me ajoelhei para ficar na altura dela, algo que li num livro sobre como lidar com as pessoas.

- Se vai ficar 50 anos com ele, não seria melhor passar esse tempo sabendo que ele foi vingado? Talvez os ninjas de Konoha aliviem para esses caras, mas eu não tenho intenção de fazer isso. Eu tenho um lema que carrego desde criança: nukenin bom é nukenin morto. O que acha de me contar o que ninguém sabe ainda? Qualquer coisa que tenha ouvido no bairro Yamanaka. - quis saber, olhando para os olhos de Aamaya. Ela poderia até não reconhecer minha empatia, mas veria minha determinação. Ela se levantou e começou a falar sobre algo que tinha ouvido falar.

- Meu sogro falou sobre algumas pessoas que andam se reunindo em Konoha para debaterem sobre alguns assuntos que não passam de teoria da conspiração. Chamam-se de "Guardiões de Konoha". Buscam responsáveis pela não expansão de Konoha: o Clã Yamanaka, a intervenção em Oto, as poucas colonizações, o perdão à Tobirama, alianças secretas, o projeto do Sistema Sensorial que foi abandonado... E também o Hokage. - aquela revelação me fez cruzar os braços, imaginando que tipo de gente iria querer tramar contra o Shodaime. Não que ele fosse um santo, mas também não era nenhum demônio, e buscava a paz acima de todas as coisas.

- Esses grupos se reunem no porão de churrascarias e bares, em casas, templos, qualquer lugar onde possam discursar livremente, mas longe dos olhos do público. São poucos, bem poucos, e raramente falam sobre o assunto nas ruas, mas estão sempre promovendo coisas como as pichações e os ataques aos que eles consideram errado. Mais cedo, quando eu tinha ido comprar algo pra comer, vi uns adolescentes mexendo com uma família que vinha de um vilarejo menor, jogando um copo de tinta na esposa do cara. Foi deplorável... - sussurrou a garota.

Guardiões de Konoha... Um nome simples, sem muito refinamento, mas que servia ao seu propósito: entrar nas mentes mais simples e dar a todas elas uma causa para defender, uma bandeira pelo qual eles matarão e morrerão. - Conhece alguém que poderia ter alguma coisa contra os Yamanaka? Pode ser até mesmo contra uma única pessoa. - perguntei, e Amaya nem precisou pensar muito. - Meu ex. Ele nunca aceitou o fim do namoro e sempre falou que o Ichiyo controlou a minha mente. Sempre foi um cara muito babaca. O nome dele é Ogawa Arata, mas prefere se chamar de Ryder. Dizem que ele faz algumas reuniões com gente da sua faixa de idade na casa dele, onde vive sozinho. Ele até tem um símbolo do Clã marcado com um X na parede de casa. Pode encontrá-lo perto do bar Tokahana. Agora eu preciso ir... - ela se afastou. Eu a deixei ir, pois já tinha o suficiente.

[...] Matemática. Tudo na vida é matemática. Aula de hoje? Probabilidade. Se as minhas chances de descobrir o que estava por trás de todos aqueles eventos estranhos que aconteciam em Konoha eram quase nulas, após as palavras de Amaya, minhas chances aumentaram um pouco. Eu tinha um nome, e valeria a pena procurar por ele.