[Hakurei] -
[Conflito]
Novamente me vi abordado por aqueles homens da noite passada, me informaram que o contratante da última vez gostaria de conversar comigo a sós no templo do senhor feudal, também me exigiram roupas mais formais e que seria levado lá por eles, tudo parecia estranho, mas não estava afim de brigar e aceitei sem pestanejar.

Cheguei na residência de Katsura, troquei de roupas e pedir para ela avisar Angell que eu tinha um encontro no templo do Senhor Feudal, ela até brincou sobre minhas roupas e que estava bonitão, mas eu não conseguir esboçar muita coisa, estava nervoso.

No portão da vila uma grande carruagem me aguardava, entrei e notei que os cocheiros eram os dois homens que me “convidaram”. Demorou algumas horas para chegarmos ao grande templo do senhor feudal, mas a vista realmente era bonita, grandes plantações, um enorme casarão com dezenas de milhares de funcionários, era essa vida que o luxo poderia servir. Chegando à casa fui recepcionado por um mordomo, ele me informou que o Senhor Feudal está em viagem de negócios, mas aquele homem que me contratou para a última missão iria responder por ele, não gostei muito, afinal aquele homem me tirava do sério, mas tudo bem, vamos ver até onde isso vai.

Escoltado até a sala do homem, não deixei de notar o luxo daquele lugar, deixei até um pensamento no ar. – Não sei se a Angell gostaria de uma vida assim... – Mas estava curioso com o que vinha a seguir, eles investiram muito para me buscar na folha.

A porta foi aberta e era uma sala de escritório chique, lotada de livros, escadas, mesas, e no centro de tudo, aquele homem. Ele me irritava, mas naquele lugar eu precisava demonstrar cordialidade, estendi minha mão direita para ele, e ele dessa vez apertou minha mão, me surpreendi e apertei a mão dele com firmeza. Iniciamos nossa conversa com ele falando primeiro. – Meu caro Hakurei, imagino o quão curioso esteja com tudo isso, mas sei que foi uma longa viagem, não gostaria de comer e beber algo? – Eu agradeci. – Desde que não seja nada alcoólico, não gosto de álcool no trabalho. – O homem sorriu para mim, parecia bem diferente daquele babaca esnobe de dias atrás. – Vocês shinobis são engraçados. -

Fomos servidos por empregadas com um grande banquete, me sentei e tentei observá-lo para entender como esse pessoal nobre comia, claro tentei imita-lo, não queria fazer nenhuma gafe. Enquanto comíamos ele começou a falar. – Meus homens estiveram no local da missão, tenho que parabenizar, vocês limpam mesmo a bagunça, procuramos por horas e não conseguimos encontrar nenhum vestígio, nem mesmo os dentes. – Engoli o pedaço da comida que mastigava, bebi um copo de suco para ajudar a descer e enfim conseguir falar. – Gosto de brincar com meus homens, nosso trabalho é limpeza, então sempre limpamos bem os locais que vamos. – Novamente arranquei outra gargalhada desse homem, aquilo me deixava confuso, ele estava bem diferente do homem que me procurou.

A conversava estava até agradável. – Senhor, queira me desculpar se pareço apressado, qual o objetivo em me trazer de tão longe com tanto luxo e qualidade? – Nesse momento eu vi a expressão alegre dele mudar completamente, com um guardanapo ele limpou os lábios, olhou para mim. – Acredito que já tenha terminado, Hakurei.  – Ele bateu palmas e as mesmas empregadas que nos serviu, retirou a mesa. – Devo ter dito alguma besteira. – Pensei em silencio.

Ele começou a falar no tom que eu o conhecia. – Você viu coisas naquela missão, mais alguém viu algo ou só você? – Eu entendi o que ele queria dizer. – Apenas eu, meus homens não chegaram a entrar na sala, eles cuidaram de escoltar as crianças. -  - Muito bem, você sabe o que viu não sabe? Sabe o impacto que aquilo tem. E como não ouvimos boatos de nada disso por aí, significa que você guardou esse segredo apenas para você. O que significa que você é leal ao Fogo. – Pela primeira vez eu não me senti intimidado naquela sala. – Eu saber disso me torna um problema? - - Pelo contrário, se torna uma prova, uma prova que existem homens capazes nessa vila. - - Porque querem planos de fraquezas de Kumogakure? Nosso país não é parceiro deles? - - Kumogakure agiu pelas sombras e pegou algo sem dividir com seus aliados, Otogakure tem um grande segredo, segredo esse que nosso Senhor deseja muito, e ele está disposto a qualquer coisa para consegui-lo. – Engolir seco. – Quer mesmo saber o que tem por lá? – Eu sempre fui mais curioso que cuidadoso, mas naquele momento eu dei bobeira e dei a reposta errada. – Sim... –

O homem se levantou e me chamou para caminhar com ele. Me levou para fora para aquelas grandes plantações. – Veja tudo isso, a natureza, as arvores, o ar, nossa colheita, tudo isso depende de tempo para que cresça e se torne pronta para nosso consumo, Otogakure tem algo que poderia acelerar isso, mudar a forma que a vida é feita. – Ele olhou para mim e me perguntou. – O que você sabe sobre Hashirama Senju? - - Não muito, só que ele foi um dos fundadores da vila, da velha geração. - - Hashirama tem um dom raríssimo em seu corpo, um dom que jamais conseguimos replicar, apenas o próprio Hashirama poderia fazer isso, existe partes dele em Oto escondida, e o senhor do Trovão o mantem para si, enquanto poderíamos utilizar isso para diversas formas de avanço na medicina, imagine quantas vidas poderíamos salvar. – Tudo parecia ser bom demais para ser verdade, mas ele continuou. – Imagine o poder que o Fogo teria com tamanha força, imagine nosso poderio militar capaz de regenerar células instantaneamente em combate, poderíamos controlar guerras. – Mas então começou a palhaçada... – Parece muito poder... – Eu murmurei. – Sim parece um pouco assustador, mas que mãos mais confiáveis do que as do fogo para controlar tamanho poder? – Então questionei algo. – Mas e a Pedra? Eu vi que eles estavam envolvidos nisso. - - A pedra? Hahaha, aliados momentâneos, eles só sabem que existe algo interessante lá, mas os idiotas não fazem ideia do que exatamente é. –

Cara,  que merda... eu fui matar um merda e olha o tanto de porcaria que estou envolvido agora. Ele encerrou caminhando comigo pela plantação de uva. – Hakurei, o fogo precisava recuperar o que lhe pertence, Orochimaru roubou de nós há muitos anos. Infelizmente conhecemos o Hokage, ele é diferente de nós. – Pensei em silencio. – Ele é sensato? Não é um louco? - - Kaden não vai concordar com isso, eu já estou até vendo, por isso você entra na jogada. – Levantei minha sobrancelha curioso. – Como assim? - - Kaden confia em você, tanto que ele te colocou onde você está, e você está bem próximo dele, queremos que você o espione, descubra o que ele sabe, veja como ele pensa, caso você note que ele não irá aceitar participar disso, o Senhor Feudal não ver escolha a não ser retirá-lo do seu posto. Mas isso irá levantar perguntas, sabe como o povo é, por isso uma possibilidade de assassinato está sendo estudada. –


PUTA QUE PARIU!!!

Virei pra ele assustado. – Senhor... assassinar o Kaden? Você está maluco? Se isso for uma piada é de muito mal gosto. Kaden é um excelente Hokage, a vila prosperou desde que ele aceitou o cargo, ele foi indicado pela própria Sarada, ele não é um criminoso. – Eu conseguir ver o inferno nos olhos do homem naquele momento. – Realmente eu achei que você fosse diferente, que concordaria conosco, mas continua sendo só um garoto ainda, infelizmente você fez um juramente de servidão ao país do fogo, eu tentei negociar com você, mas você prefere o jeito difícil, vamos por ele então. Hakurei Uchiha, você está sendo ordenado pelo Senhor Feudal a execução do Hokage Sarutobi Kaden, caso se negue a executar essa missão, você será taxado como traidor, perdendo todos os seus direitos, se tornando um renegado do país do fogo, condenado a execução por diversos assassinatos. – Me irritei foda. – Que merda é isso? Todo mundo que eu matei foi em missão pelo meu país. – O homem lançou em meu peito um envelope com fotos, provas e coisas que mostrava os assassinatos, era eu nos locais, todas as missões secretas eles conseguiram dados que me incriminaria. – Se pergunta como conseguimos isso? Nos o seguimos e observamos você por muito tempo, sabemos tudo sobre você, seu namoro, seu emprego, suas missões, você foi escolhido para isso por um motivo simples, vira-latas como você são dispensáveis, achou mesmo que poderia fazer o que faz e ter uma vida normal com aquela Lenda? Olhe pra você, um moleque da rua que deu sorte, você não é nada para mim, para nenhum de nós, não faz ideia de quantos de você eu já matei por menos, agora seja um bom cachorro, faz o que te pedi, em troca tudo isso aqui vai sumir, e poderá seguir sua vidinha tranquila. –

Me encontrei em uma situação desgraçada, tanto escolha merda, eu não sabia se gritava, se surtava, se socava todo mundo e saia correndo, eu estava muito na mão deles. Eu me vi sozinho em um mar de merda, e a cada braçada mais merda eu engolia. Eu precisava de tempo. – Se eu fizer isso... você vai limpar tudo isso, desaparecer completamente. Eu quero uma aposentadoria pelos serviços prestados ao país do fogo, uma aposentadoria bem gorda, eu observei bem como vivem aqui, acho que gostaria de viver assim também. Serei condecorado como Herói do país do fogo, inventem qualquer coisa, vocês são bons nisso, e por último, Angell, ela nunca vai saber disso, nada dessa merda vai respingar nela, será só eu e acabou. - - De acordo, e quando fará? - - Se vou matar um Hokage preciso de tempo, preciso estudar meu alvo, preciso forjar para parecer algo natural, se perceberem que foi um assassinato vai rolar investigação, que pode acabar chegando a mim e até mesmo a vocês, então Kaden precisa morrer de causas naturais, vou precisar de tempo, para tudo isso. Tenho que puxar o histórico médico dele, doenças, qualquer coisa que me ajude, então no momento só quero algo de vocês, SAIAM DO MEU CAMINHO. –

Irritado eu voltei para casa, tinha muita merda pra pensar, precisava ver como eu iria me livrar de tudo isso, mas algo eu deixei claro para mim mesmo, eu jamais encostaria em um fio de cabelo de Kaden, minha lealdade não é para quem senta naquela cadeira, e sim com Kaden, ele confiou em mim e me deu tal cargo, não posso decepciona-lo agora.

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