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Lugar | Hīro Murakame

A testa extremamente suada, a respiração descompassada e as pupilas extremamente contraídas, indicavam o Terrível pesadelo que hiro acabara de ter… Era como se tivesse voltado para o tempo da grande guerra, porém o inferno que aquela guerra representava, em seu sonho era um inferno literal. Ele estava no mesmo acampamento avançado de antes, conversando com uma Gennin de Konoha, ao mesmo tempo em que os mais poderosos ninjas do mundo, enfrentavam a ameaça de Suishi em algum lugar. Porém naquele pesadelo o acampamento estava em algum lugar estranho, o céu era tomado pela cor rubra, e suas roupas estavam manchadas da mesma cor, como se tivesse sido banhado por sangue, até que um clarão veio do horizonte, engolindo tudo o que jazia em seu caminho, e quando aquele clarão finalmente tocou-o sentiu seu corpo ser rasgado e desintegrado membro por membro, como se estivesse sendo expurgado da existência, e foi justamente nesse momento do sonho que acordou.
Sentou-se à beira da cama levando suas mãos ao rosto à medida que regulava a respiração. Se questionava se aquele pesadelo era o que as pessoas chamavam de “sintoma de pós-guerra”, ou talvez fosse apenas o efeito colateral da recente informação chocante que recebeu.
Na tarde do dia anterior, Hiro havia encontrado com Kahin, o Shinobi que guiou ele, Shiso e todo o povo de Kumogakure para um lugar seguro durante a guerra, e este, enquanto lembrava de certo evento entre eles,
lhe revelou o que havia descoberto só naquela noite, o fardo e o monstro que seu corpo guardavam. Hiro era na verdade o Jinchuriki da 7 caudas…

[...]

O Murakame estava escalando o pico mais alto da aldeia de Kumo, se nem a experiência de quase morte durante a última guerra, foi o bastante, talvez se jogar do ponto mais alto poderia desencadear tal e para esse teste ele preparou uma corda de emergência em um nível mais baixo para que ele pudesse usar para frear. O problema é que ele já havia se jogado duas vezes e até agora nada tinha acontecido, ambas as vezes precisou contar com a corda. Agora, no fim da tarde, ele estava se lançando uma terceira vez e já entediado, pela primeira admirou o ambiente ao seu redor e contemplou a bela visão aérea do pôr do sol enquanto sentia o vento acariciar seu corpo

“-Que bonito…”

[...]

A um segundo atrás ele estava caindo, agora se via dentro de um lugar escuro e com água batendo em seu calcanhar

“-Mas quem diria…”

Ao olhar para frente, de onde veio a voz ele viu uma estrutura de grades em formato de cúpula, como uma gaiola. Na intersecção dos eixos havia uma estampa com um Kanji escrito “selo”. Diante daquela gaiola ele sentiu-se diante do próprio sol, tamanha a imponência que emanava de lá.

“-O que é este lugar?...Como cheguei aqui?”

“-Bem, quando você olhou para o pôr do sol, me lembrou da maravilhosa sensação de voar livre admirando a natureza. Eu acho que você deve ter se sentido algo parecido na hora, e esses sentimentos iguais de alguma forma nos conectaram e te trouxeram aqui”

“-Então é você mesmo… Se isso é verdade, por que algo assim nunca aconteceu antes?”

“-PORQUE A SUA VIDA É UM SACO, SEU NOME DEVIA SER TÉDIO E NÃO HIRO”

Naquele momento Hiro se calou, mas por confusão. De todas as coisas que esperava ouvir da temível sete caudas, com certeza não esperava ouvir reclamações sobre sua vida ser desinteressante, na verdade só ali se deu conta de que apesar da aura pesada que o ser emanava, a voz que ouvia não era condizente com tal peso, pelo contrário, era uma voz que apesar de bem grave e rouca, soava como a de alguém tranquilo e bem humorado.

“-Hum..?” - a criatura parecia ter percebido algo - “-A propósito, seu corpo está chegando na corda”

[...]

Em um piscar de olhos ele estava de volta a sua queda livre, a poucos metros da corda de emergência. Com um movimento ele agarrou-a para levar seu corpo até a parede da montanha e firmá-lo com os pés usando o Ki Nobori, mas a rocha se quebrou sob seu pé direito, forçando-o a não soltar a corda ainda. Ele sentia uma sensação estranha, ao olhar para seu corpo percebeu que um chakra vermelho emanava de si…

“-Que paspalho…’Ovo mi colucar in pirigu, mas vô deixá uma corda ali’. Mas que gênio...” - Hiro ouviu a voz em tom de deboche da Nanabi ecoar na sua mente, mesmo sem ter voltado para aquele mundo

“-Ah, porque não cala a boca?!” - Disse enquanto saia dali em direção a trilha que levava ao topo do cume.

"-Você… Consegue me ouvir? Mesmo quando não está aqui dentro?” - A Nanabi então se deu conta também de que uma parte de seu chakra estava com o garoto, não só isso, como agora ele não apenas via através dos olhos dele, como conseguia sentir o vento que tocava o rosto dele - “-Parece que a conexão foi ainda mais forte do que eu imaginei…”

Hiro se consentrou na sensação que aquele chakra lhe proporcionava e tentou influência-lo como se fosse seu próprio, após alguns instantes ele conseguiu extinguir o chakra vermelho, e ao se concentrar novamente conseguiu invocá-lo. Estava admirado com aquele poder, nem no seu melhor dia havia se sentido assim.

“-Incrível...”- Disse e começou a descer saltando alto usando sua nova velocidade, e com isso, a Nanabi em muito tempo conseguia sentir um pouco do mundo que sentia, quando ainda era livre

“-Talvez você não seja tão desinteressante afinal…”

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Kumo | Hīro Murakame

Quando se conectou com a Bijuu, foi como se ele tivesse aberto uma porta dentro de si, agora ele podia entrar naquele mundo apenas pensando em estar lá, e podia simultaneamente estar lá e no mundo externo, não apenas isso mas essa porta lhe possibilitou acessar o chakra vermelho ao seu bel-prazer. Ele se sentia extasiado, sentir aquele chakra vermelho emanando do seu corpo era indescritível, e quanto mais tempo ele passava usando, mais proficiente ele ficava. O único inconveniente nisso tudo era que por essa mesma porta aberta agora a Bijuu possuía uma conexão mental com ele 24 horas por dia, e por acaso a sete caudas tinha se provado extremamente tagarela.

[...]

“-Que tipo de selo é esse que me prende a você? Uma gaiola? Só porque eu tenho asas?  Eu não sou uma ave, sou um inseto. Será que vocês acham isso engraçado? Qual o próximo passo? Selar o Hachibi num aquário só por que ele tem tentáculos?”

“-Aah QUE SACO! Quem diabos é Hachi...Quer saber não responda, eu não quero saber, Mas o que realmente me intriga é: Porque me enche de perguntas que sabe que eu não tenho a resposta? Eu nem sabia que você existia até uma semana atrás”

“-E ninguém podia me ouvir até uma semana atrás, imagina quanta coisa eu tenho pra falar…”

Hīro estava agora treinando o controle do chakra vermelho, novamente nos picos mais altos pois tinha percebido que quando estava por lá, o sete caudas ficava particularmente mais quieto, mas hoje que o vento estava mais parado, ele estava tão falante quanto costumava ser

“-Acho que já dominei completamente esse poder…Depois de tudo o que me falaram eu esperava que fosse mais difícil” — Assim que disse isso, o vento que estava mais parado naquele dia investiu contra a montanha onde estava. O Gennin sentou no chão para aproveitar a brisa e relaxar o corpo, o que ele não percebia é que a conexão entre eles, fazia o sete caudas também estava apreciar o vento como se estivesse tocando nele

“-Sabe, você tem me devolvido algo importante sempre que vem aqui… Acho que como recompensa você merece um pouco do meu capricho…” — Hīro instantaneamente sentiu uma pressão avassaladora sobre seu corpo, conforme um manto de chakra vermelho começava a se formar ao seu redor

“-E o meu capricho é lhe colocar em seu lugar, nunca torne a subestimar o grande Choumei”

O Murakame, de quatro no chão, urrava em angústia, se a quantidade que ele normalmente acessava, o fazia se sentir bem, aquele chakra bruto e pesado que estava sobre si agora fazia ele se sentir impotente, como se uma pedra estivesse esmagando-o, era como se a qualquer momento ele fosse desmaiar.

Após alguns torturantes minutos, focado em tentar estabilizar aquele intenso fluxo de chakra, aos poucos ele sentia que a pressão estava diminuindo conforme o chakra parava de se comportar de forma caótica e começava a seguir um fluxo ordenado. Quando ele se colocou de pé, sentia apenas um leve incômodo, mas sentia a influência da sua vontade sobre o manto. Ele conseguiu deliberadamente extingui-lo, porém a lição se fez aprendida e ele não tornaria a fazer pouco da sua Bijuu

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Kumo | Hīro Murakame

Já faziam três dias desde que Hīro foi coberto pelo manto vermelho a primeira vez, desde então ele não havia saído muito de casa, não só porque aquele manto o esgotou, mas também não queria que qualquer pessoa o visse com ele enquanto ele não tivesse um controle mais pleno sobre aquilo.

Agora ele estava diante de um espelho na sua casa, e ao juntar as mãos e se concentrar, um chakra vermelho borbulhante começou a vazar de seu até envolvê-lo por completo. Podia ver em seu reflexo uma camada grossa e translúcida que cobria toda a sua extensão,em sua cabeça em particular o manto parecia um elmo, com uma espécie de viseira fendida na altura dos olhos e uma protuberância que parecia um chifre saindo de sua nuca, e em suas costas via a projeção de uma cauda.

Apesar de sua vontade conseguir influenciar a manifestação e dissipação do manto, e que ele consiga se sentir ainda mais poderoso com ele do que quando apenas libera um pouco do chakra vermelho, estar naquele estado ainda era muito desconfortante. Ele sentia como se um lado selvagem de si tentasse vir a tona a cada segundo enquanto vestia o manto e isso alterava seu estado de espírito, que por sua vez afetava seu controle sobre o chakra, fazendo com que a sensação de selvageria aumentasse, iniciando assim uma bola de neve.

Atualmente aquele poder não era confiável, Hīro focava toda a concentração em estabilizar o fluxo, mas numa batalha teria que focar no inimigo, e poderia perder o controle sobre o manto.

“-Sete caudas, você pode me ajudar a controlar melhor esse poder?” — Foi até seu mundo interno questionar a Bijuu

“Ih.... É ruim hein! Você queria meu poder, deveria estar feliz de eu ter deixado você acessá-lo. Agora se você controla ou não, isso não é problema meu. Na verdade eu até prefiro assim”

O Jinchuriki suspirou desapontado, ele estava por conta própria. Ele começou a pensar em como poderia aumentar seu controle sobre o manto efetivamente, então teve a ideia de tentar usar o treinamento de controle de chakra de andar pelas paredes, afinal assim ele estaria se dando algo a mais para se concentrar enquanto concentrava o manto, além de esse ser justamente um exercício de controle de chakra.

A dificuldade não aumentou de primeira, porém a cada segundo que segurava aquela posição com o manto ativo, o acúmulo de estresse mental, junto com a pressão da gravidade tornavam o exercício mais difícil.

Depois de uma hora o garoto estava exausto e desceu do teto para deitar em sua cama e descansar. Quando acordou o sol já havia se posto, mas ele ainda queria treinar mais um pouco e antes disso, queria conferir se sentia alguma mudança ou se a proposta de treinamento foi efetiva

Ele viu no espelho enquanto o manto se formava que agora ele se manifestava com duas caudas saindo de suas costas, não só isso, antes dele terminar de se formar, as duas caudas se expandiram e de cada uma delas parecia ter florescido algo, e quando o manto se completou as caudas se posicionaram no centro de suas costas, como se fossem um par de asas

-Entendo… quanto mais controle tenho sobre o manto, mais acesso tenho ao seu potencial e mais caudas aparecem. Tsc, isso quer dizer que ainda falta muito para dominar esse manto...”
“

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Kumo | Hīro Murakame

“Olha, não é difícil, canta comigo. O uma cauda incomoda muita gente, o duas caudas incomoda incomoda muito mais, O duas caudas incomoda muita gente, o sete caudas incomoda incomoda incomoda incomoda inco…”

“-CHEGA!! PARA COM ISSO, EU NÃO VOU E VOCÊ PRECISA ACEITAR”

Já fazia um mês desde que Hīro havia dominado a segunda cauda, desde então ele se manteve focado no treinamento de combinar o controle do manto com o constante controle no fluxo de chakra. Com o tempo ele percebeu que a cada treino sua exaustão demorava um pouco mais a chegar e a dificuldade do processo também diminuía, depois de um mês ele podia sentir que o próximo nível não estava distante, porém ao ter se mantido tanto tempo em casa treinando, o sete caudas não podia mais sentir o vento se chocando contra ele, e nem mais sentir um pouco da nostalgia libertadora da sensação de voar.

O resultado era que a Nanabi estava abusando da conexão mental de ambos para atrapalhar o sono do seu jinchuriki e tentar forçá-lo a sair

“-Você usa meu chakra, então eu pretendo usar seu corpo, e eu já estou a um mês só dando e não recebendo, então eu não vou te deixar dormir ENQUANTO VOCÊ NÃO SUBIR A MALDITA MONTANHA”

“-Quer saber? Tanto faz, um shinobi tem nervos de aço, podemos ficar dias e até semanas sem dormir” — Disse fechando os olhos e colocando o travesseiro sobre a cabeça

“-Uia, olha como ele é fodão… Um fato curioso sobre nós bijuus, podemos ficar anos sem dormir e eu particularmente não me importo de passar esses anos cantando musiquinhas irritantes”

Com estas palavras, a Nanabi venceu...

[...]

Hīro já estava cansado por ter passado o dia treinando, e agora subindo para o cume de Kumogakure ele se sentia exausto. Ao chegar no ponto mais alto ele se sentou no chão, só então se deu conta de que não tinha o hábito de falar com a Nanabi, ele apenas respondia quando ela falava, e por isso ele não sabia quase nada sobre a sua bijuu, inclusive não sabia o porquê dessa obsessão com este lugar.

“-Ei… Porque você gosta tanto desse lugar? Não tem nada aqui e apesar de não ser uma vista ruim de dia, está de noite, não dá pra ver praticamente nada”

"..." — A bijuu não se pronunciou, até que percebeu que no mundo interno, a gaiola estava sendo fixamente encarada por Hiro, que aguardava uma resposta.

“-Aff… A muitos séculos atrás eu era livre, vivia em um templo numa floresta fechada, nessa época eu estava sempre voando entre as nuvens. A sensação do vento se chocando contra as minhas asas, era maravilhosa. Desde que nossa conexão se fortaleceu, não foi apenas você que conseguiu acessar meu chakra e me ouvir, além de ver com seus olhos, eu também posso sentir através de você e quando você sobe para uma altitude dessas, literalmente no meio das nuvens e com o vento soprando, eu sinto um leve arrepio que me lembra aqueles dias…”

Foi a primeira vez que o Gennin pensou em como a Nanabi se sentia e isso afastou um pouco de seu coração a imagem de monstro que ele tinha da mesma, e aproximou mais a imagem de um “colega tagarela e irritante”, ele se compadeceu, e até desejou ter o poder de causar essa sensação de forma mais vivaz em sua Bijuu. E então ele teve a ideia de fazer o vento bater literalmente em “suas asas” e invocou o manto vermelho para o vento tocar as suas asas de chakra.

Apesar de não ter dito uma única palavra, a Bijuu apreciou bastante o gesto do garoto, e ambos ficaram ali apenas apreciando a brisa, instantes depois o garoto sentiu a pressão diminuir e o manto ficar um pouco mais leve e quanto ele olhou para trás de si, viu uma nova cauda se formando. Ele não comemorou ou se empolgou, invés disso esses sentimentos deram lugar a surpresa, por que agora estava óbvio para ele, o seu controle sobre o manto não era apenas uma questão de controle de chakra ou do seu lado selvagem, mas também uma questão da relação e sentimentos entre um jinchuriki e sua bijuu...

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Kumo | Hīro Murakame

O Gennin estava no campo de treinamento, havia montado uma espécie de pista com alvos, para treinar seu corpo para suportar se movimentar e aguentar o manto e treinar dividir sua atenção com a sustentação do manto e com os alvos. Estava saltando em alta velocidade e dando acrobacias, entre elas arremessando suas Kunais.

“-Isso é perda de tempo...Bom talvez não perda, assim PEEERDA, mas é tempo mal investido”

“- Do que está falando? Eu estou me forçando a usar o manto em uma ação simulada, é perfeito”

“- Seu mané, está fazendo igual no episódio da corda, do que adianta treinar numa pista de obstáculos, que você que montou e sabe onde estão todos os obstáculos? Num combate de verdade você não saberia nada até o último segundo”

“- Até que você tem razão nesse sentido, mas além de não ter ninguém pra fazer a pista pra mim, eu deveria só me conformar e ficar parado?"

Três alvos que ele já tinha preparado antes se ergueram, porém ele não tinha pegado de volta suas kunais, então agora não tinha o que arremessar nos alvos, porém sua empolgação não o deixou parar, invés disso ele usou o seu jutsu ranton principal para disparar feixes de laser contra os alvos.

O que ele não esperava era que os feixes destruíssem completamente os alvos e a pedra atrás deles. Apesar dele confiar no do seu jutsu, ele sabia que aquele poder ia muito além do habitual, ainda mais porque o garoto não tinha o liberado com força total.

"Caramba…" — após alguns segundos, ambos Jinchuuriki e Bijuu falaram quase em uníssono

No mundo interno, ambos se encararam lentamente, sem palavras , até que a bijuu quebrou o silêncio

"- Bem, até que faz sentido, se o meu chakra é mais potente, usar ele em um ninjutsu deve deixá-lo mais potente também. Tenta de novo com o da bolinha"

"- Será que é uma boa ideia? O Rasengan é atualmente meu jutsu mais poderoso, mas também o mais difícil de controlar" - Disse olhando para a palma de sua mão

"- Ah, para de ser frouxo e faz isso daí, faz faz faz faz..."

"- Tá bom tá bom, calma" — Hiro subiu até o topo do pico costumeiro, e invocou o manto e então começou a dar forma ao chakra na palma de sua mão

Ele viu o chakra girando em velocidade gradual, até que começou a assumir o aspecto padrão de esfera, porém uma aura vermelha o circundava. Era mais pesado que um rasengan comum, mas também era muito mais belo de se olhar.

Porém logo Hiro sentiu que o peso estava aumentando e a instabilidade também, ele usou sua outra mão pra segurar o pulso da que segurava o chakra para tentar estabilizar, porém era inútil, manter o manto, o autocontrole e a estabilidade de um chakra em tamanha rotação, exigia mais concentração dele do que ele podia oferecer. Em questão de segundos, uma onda emanou da palma, resultando em o rasengan "cair", de sua mão e se chocar contra o chão logo abaixo dos pés dele.

A explosão resultante mandou o Gennin voando por metros montanha abaixo, até ele se chocar de costas contra uma rocha.

Em seu mundo interno o garoto olhava para o engaiolado com uma expressão e um olhar revoltado.

"- Oh… Bem, eu disse que era uma péssima idéia"

"- MENTIROSO!!"

[...]

Havia acabado de escrever a sua carta para o Raikage, solicitando sua saída da vila para treinar

"- Isso é realmente necessário? Ninguém se machucou"

"- O nosso poder ser claramente perigoso demais para ficar dentro da vila é só um dos motivos para eu querer continuar treinando fora dela, na verdade eu já estava pensando nisso, aquele incidente só deu um motivo a mais"

"- Oh, e qual seria o outro motivo?"

"- Você, você assistiu minha vida inteira, sabe tudo sobre mim, eu não sei quase nada sobre você. Eu quero estar mais na natureza pra tentar ver ela com os seus olhos, talvez assim possamos ser… amigos?..."

"..." — A Nanabi ficou em silêncio por alguns segundos — "- Não me leve a mal, eu gosto do seu jeito e de conversar contigo, mas você é o símbolo da minha prisão. Não sei se posso chamar de amigo, alguém nessas condições"

"- Acho que tem razão, mas não sei se gosto de continuar não chamando de amigo aquele que mais me conhece no mundo, talvez mais que eu mesmo. Sei lá, sinto que deveria pelo menos tentar"

"- Hmpf… Chōmei"

"- O que?"

"- Meu nome é Chōmei, você disse que não sabia nada sobre mim, se vai insistir nessa idéia, comece sabendo o meu nome"

"- Muito prazer… Chōmei..."

Hiro não percebeu pois não estava com o Manto ativo, porém a partir daquele momento, ele passaria a se manifestar mais levemente e com quatro caudas

[...]

O Murakame se encaminhava para o portão, onde havia dito em sua carta, que estaria, para já partir em treinamento caso o Raikage assim o autorizasse, então subitamente ele viu a figura do próprio líder aparecendo em sua frente. Ele de fato aguardava uma resposta do mesmo, mas não esperava que fosse recebê-la pessoalmente, afinal, quão pequeno era Hiro, o shinobi com 0 missões no currículo, e quão grande era a sombra do relâmpago, um herói conhecido em todo o mundo. Momentaneamente ele pensava se tratar de um clone, ou algum tipo de jutsu especial de comunicação, mas seus devaneios foram afastados quando Chōmei.pareceu ter percebido algo

“- SON!???”

“- Hm? Não, o nome do Shodai-sama é Akira”

“- Não, eu quis... Esqueça, eu devo estar imaginando coisas”

Após um breve cumprimento, que foi mais que prontamente respondido pelo gennin, o impensável aconteceu. Akira Haruno, um dos cinco Kyuuseishu, a impressionante pessoa que fazia a imponência e inocência andarem lado a lado para o ilustrar, havia declarado abertamente que iria fazer a sua guarda, e ajudaria-o a treinar. O garoto ficou sem palavras, na verdade a situação era tão inesperada e aleatória que ele não conseguia acreditar plenamente

“- O Raikage em pessoa quer supervisionar o seu treinamento? Algum X9 deve ter falado pra ele do que a gente aprontou na montanha”

“- AHA muito engra…. Pior que faz sentido…”

A conversa de ambos foi cortada com o Raikage estendendo a mão para Hiro e dizendo claramente a palavra “discípulo”. Parecia um replay do dia anterior, Jinchuriki e Bijuu se encarando, e exclamando surpresos em uníssono. Desta vez a empolgação deu lugar ao choque e o garoto até que exageradamente apertou e sacudiu a mão do Kage

“- Seria uma Honra Shodai-sama, por favor me ensine”

[...]

Já na floresta, Akira havia proposto um teste de combate, argumentando, que queria entender o nível atual do gennin antes de começar a treina-lo, para isso, o garoto estava livre para ir com tudo enquanto o Kage tentaria se defender…

"- Tá certo Chomei, não dá pra eu me comparar a ele, mas acho que podemos surpreender ele com o manto"

"- É só você tentar não estragar tudo que eu te carrego"

Hiro correu pra cima do Kage pelo flanco direito como se fosse atacar, mas na verdade seu plano era ser chamariz para si próprio. Quando chegou perto de Akira, ele ativou o manto de chakra vermelho e com o aumento de velocidade correu para o flanco esquerdo e ponto cego de Akira, para então acertar-lhe um soco com toda a sua força.

Porém, no último segundo Akira levantou a mão direita e segurou o soco do Murakami tão trivialmente que parecia que tinha segurado uma fruta que jogaram para ele. O mentor elogiou o domínio do chakra da Bijuu ter chegado naquele ponto sem ninguém tê-lo treinado, e também a estratégia de abusar do ponto cego do inimigo

"- Ele conseguiu acompanhar minha velocidade neste modo, mesmo estando no ponto cego"

"- Não só acompanhou, ele reagiu como se não fosse nada demais"

Hiro se afastou para tentar outra investida, mas dessa vez ele sacou sua espada, estava claro que realmente não era por força de expressão quando Akira disse para ir com tudo. Ele confiava em sua técnica com ela, talvez seus movimentos fossem capazes de pressionar pelo menos um pouco

Porém novamente foi inútil, Akira não parecia ter a mesma desenvoltura manejando a sua espada, porém ele era simplesmente rápido e forte demais, pressionar o kage com sua técnica estava fora de cogitação, ganhar alguma vantagem então, parecia algo grande demais até para se sonhar.

[...]

O gennin estava exausto e destruído no chão. Depois de horas ele não havia chegado nem perto de atingir o seu mentor, que por sua vez não tinha derramado uma única gota de suor.

“- Eu sabia que você era fraquinho, mas não achei que ia ser tão humilhado”

“- É claro que eu ia, ele é uma das pessoas mais poderosas do mundo, perto dele eu nem saí das fraldas… Ei, você tá falando muito grosso pra quem só ficou no bem bom só olhando, e todas as idéias que você deu falharam”

“- OPA, não estamos falando de mim”

“- Aham sei...”

Apesar de tudo, foi um treinamento em que Hiro não tinha controle prévio de nada, e por isso ele pode se provar ao máximo, não apenas isso, como pela primeira vez ele e Choumei estavam cooperando por um objetivo comum, e mesmo que esse objetivo não tenha sido atingido, tanto a Bijuu quanto seu Jinchuriki em seus corações acabaram pela primeira vez reconhecendo o outro como de fato um aliado, e este era o primeiro passo na direção da amizade de ambos.

[...]

Os dois ninjas se sentaram ao lado de uma fogueira pequena para descansar e comer. Mesmo que o dia tivesse sido incrível, Hiro ainda achava a pessoa do Raikage de um mundo muito além e ele mal o conhecia, por causa disso, o seu lado mais calado, que estava sumindo desde que Chomei entrou em sua vida, voltou com tudo naquele momento. Para Hiro, a única coisa que eles tinham em comum era o símbolo que ostentavam em suas bandanas, porém isso estava prestes a mudar. Em dado momento o rosado disse que conhecia bem o poder de Hiro, então se levantou e mostrou o mesmo manto de chakra que ele usou durante o treinamento, porém as caudas eram diferentes e não havia o formato de elmo em sua cabeça. Por fora o gennin apenas admirava em silêncio, porém no seu mundo interno...

“- Ele tem o mesmo poder? Como ?”

“- CARAMBA EU TINHA RAZÃO, É O SON. SON GOKU ESTÁ DENTRO DELE”

“- Quem é esse? Você tinha dito esse nome mais cedo”

“- É um dos meus irmãos. Esse garoto também é como você, um Jinchuriki e dentro dele reside a Bijuu de quatro caudas, o meu irmão Son Goku… Não o vejo a séculos…”

Hiro não sabia da existência de outras Bijuus até então, a única explicação que tinha recebido foi sobre a nanabi, e dentre as cinco mil coisas que Chomei tagarelava todo dia, nunca tinha sido sua família.

[...]

Naquela noite Akira e Hiro haviam conversado por horas, apesar de que foi mais uma aula do que uma conversa. Com Akira explicando o que eram exatamente as Bijuus, quantas eram e etc. Mas do treinamento seguinte em diante Hiro se via como sob tortura. Se no primeiro dia o objetivo era tentar acertar Akira, nos que se sucederam o objetivo era tentar não morrer nas mãos dele.
Qualquer um que olhasse de fora poderia até dizer que aquilo não era um treinamento, mas sim Kage sádico dando uma lição em um ninja desobediente. Porém a cada dia Hiro se abria mais com seu novo mentor, e tal qual com Chomei, a amizade dos dois começava a desabrochar

Com o tempo a amizade dos dois ninjas se expandiu para as suas bijuus, Hiro pode conhecer Yonbi no Son Goku, o irmão a quem Chomei estava sempre falando sobre no mundo interno, desde que havia descoberto seu paradeiro. Algo extremamente irônico no grupo, era a clara semelhança de personalidade de um Jinchuriki com a Bijuu do outro. Akira era animado, brincalhão e tagarela, exatamente como Chomei, enquanto Hiro era mais sério e reservado, precisamente como Son Goku, e tal semelhança escrachada entre Choumei e Akira, fazia o gennin enxergar um no outro e subconscientemente Hiro passou a conseguir associar o sete caudas como um humano, e o mesmo acontecia com Chomei, que conseguia ver muito de seu irmão em seu Jinchuriki. Depois de muitos anos, após a perda de seus irmãos monges, finalmente ele havia encontrado outros.O Murakame enfim, sentia-se como em família novamente.

Em um dos treinamentos, conforme a sugestão de Son Goku, todos conectaram seus chakras, Hiro parecia ser o único alheio aquele gesto, mas quando enfim o fez ficou maravilhado. Era como se estivesse no mundo interno, porém esse emanava luz e uma sensação confortável. Além disso, era um espaço compartilhado com seus outros dois amigos, e a diferença mais gritante, era que neste lugar Chomei não estava preso dentro de uma gaiola. A alegria por ver sua bijuu livre das grades do selo, fez com que algumas lágrimas fugissem dos olhos do garoto, lágrimas essas que ele tratou de limpar rapidamente antes que qualquer um percebesse.

Com o passar dos meses, o reflexo do bem que aquele grupo fazia para Hiro. Sua personalidade apesar de ainda séria, havia abandonado os traços da introversão. Até mesmo o seu característico capuz que estava cobrindo-o noventa por cento do tempo, agora estava sempre abaixado, pois até mesmo sua auto estima havia sido renovada. Akira Haruno ainda tinha o respeito de Hiro como Kage, mas além disso, agora também tinha a amizade e a confiança como um mestre e como um irmão.

Em um dos retornos do treinamento, os amigos seguiram juntos até a casa de Hiro, para em seguida o Haruno rumar para o seu Gabinete, como de costume, quando Akira brincou com o amigo sobre o treinamento.

“- Haha… Te alcançando? Tá brincando? Eu ainda tenho muito chão pra conseguir te obrigar a usar as duas mãos “ — Riu com o amigo, até que o rosado continuou elogiando o garoto e até afirmou-o como digno de sucedê-lo algum dia.

“- Também acredito no potencial da nossa cooperação, mas calma lá, Raikage? Não faz meu estilo, e também, quem precisa de um Nidaime quando o Shodaime é o Salvador Inocente, Akira Haruno?”


Após chegarem na frente da casa do Murakame, Akira ressaltou mais uma vez o quanto acreditava no potencial do amigo, e o incentivou a buscar se tornar cada vez mais forte, com um mini discurso carregado de sua típica positividade e bom humor.

[...]

Hiro estava deitado em sua cama, seu corpo estava cansado e exigindo descanso pelo treinamento fatigante e exaustivo, mas sua mente não estava na mesma sintonia, invés disso estava ligada ao máximo enquanto o garoto queimava seus neurônios olhando para o teto.

“- Não vai me dizer que está se imaginando usando o chapéu de Raikage e por isso não consegue dormir? “

“- Na verdade tem haver com algo que ele me disse, mas não quanto a essa parte…” — Lembrou-se mais uma vez de como foi ver sua Bijuu livre na ligação telepática com Akira e Son. — “Chomei, nós vamos abrir essa gaiola”

“- O que??”

“- Eu e você, vamos procurar uma forma de te deixar como na ligação telepática, livre de grilhões, bom pelo menos desses. O que me diz… amigo?”

Desde a proposta de amizade quando decidiu treinar fora da vila a mais de meio ano atrás, nenhum dos dois havia mencionado essa palavra diretamente um para o outro, independente do quanto se falassem.

“- Ah, que se foda. Vamos atrás da maldita chave… amigo”

Com um sorriso de satisfação, enfim Hiro conseguiu fechar os olhos na cama e receber o seu merecido descanso após o treinamento.