Passado

Naquele lugar onde apenas os piores dos piores eram levados, mesmo com gritos, angústias e todo aquele sofrimento com as almas torturadas nos mais terríveis infernos, o Imperador conseguia refletir um pouco sobre a solidão daquilo. Banido do céu pelo próprio pai, Lúcifer se irritava, toda dor causada a aquelas almas não o divertiam mais, ele queria sair daquilo, queria ver a luz uma vez mais, mas não era possível, o arcanjo caído embora reinasse ali, também tinha uma função importante, ele guardava em si a marca de Cain, a marca capaz de mudar toda a criação, porem tamanho poder descontrolado não poderia continuar tanto tempo na terra e Deus a afastou da humanidade dando ela a seu filho mais novo e o trancando no inferno para que ela jamais saísse para o reino dos homens. A única forma dessa marca ser trazida para a terra era se um mortal entrasse vivo no inferno, isso jamais aconteceria, quem teria tamanho poder? E quem seria idiota a esse ponto?

[...]

Um dia em meio as fileiras infinitas de almas, uma chamou a atenção do imperador, embora todas aquelas almas dos malfeitores estivessem temerosas com o futuro que os aguardava, uma delas era diferente, ela mais parecia confusa, todas as outras almas tinham uma cor mais pálida, mas essa, essa era diferente, sua cor era de um vivo, aquilo era um feito raro.
- Você, você não está morta. –
Com a atenção notada pelo imperador a mulher se apresentou.
- Meu nome é Azshara, Grey Azshara, é uma honra estar diante do meu criador. –
Aquela mulher esquisita despertava cada vez mais curiosidade no imperador.
- Do que está falando? –
- O senhor está aqui a tanto tempo que não sabe o quanto a sua história serviu de inspiração para nós. –
Mais curioso ainda, Lúcifer chamou a mulher para seus aposentos. Azshara se encantava com a beleza do lugar, existia muito brilho em um lugar feito para a dor.
- Quem é você? –
- Eu já disse meu senhor, eu sou Azshara Grey, em toda a minha juventude meu clã contava as historia do senhor e do seu poder, por milênios os Greys tentaram alcançar uma forma de contato com o senhor, eu fui a primeira que conseguiu chegar até aqui e viva, você não sabe o quão feliz eu estou por estar diante de vossa excelência. –
Confuso, mas curioso, ele continuava questionando a mulher.
- E para que vocês tentaram tanto uma audiência comigo? -
- Para conseguir seu poder, para levar a marca de Cain, para libertar vossa excelência. –
A arrogância e petulância da mulher chegou a deixar Lúcifer irritado a ponto de a expulsar.
- SAIA DOS MEUS DOMÍNIOS, SUMA DA MINHA FRENTE HUMANA! –

[...]

Dias depois a mesma mulher apareceu uma vez mais no inferno, ao notar a mesma mulher perambulando em seus domínios ele a confrontou mais uma vez.
- Veio aqui dias atrás, e agora está aqui novamente, porque continua a me perturbar se o resultado sempre será o mesmo, eu não vou ajudar sua espécie. –
- Eu sei que não, mas eu quero ficar assim mesmo, me ensine, me guie, a minha vida no mundo dos homens não faz sentindo sabendo o que sei e vendo o que eu vi, eu serei sua. –
Lúcifer rodou por aquela mulher, ela o intrigava, e despertava um sentimento curioso no imperador.
- Você é diferente da maioria dos humanos que conheci nos últimos tempos, mas deseja mesmo se entregar completamente a mim? –
- Sim! –
- E por quê? –
- O meu mundo é cruel, é imprevisível, você entra sobrevive e morre. –
- Vitimização não combina com você. – Disse o diabo a desafiando.
Ela irritada começou a sair o ignorando. – E nem heroísmo combina com você. –
Lúcifer resolveu a provocar mais para ver até onde ia a determinação daquela mulher.
- Você esta brava porque perdeu a chance de ficar bonito. –
A voz de Azshara mudou completamente, algo forte e tremulo de raiva, uma determinação jamais vista. Ela se virou para o Imperador com o olhar ainda mais desafiador, capaz até mesmo de intimidar ele.
- EU QUERO SER PODEROSA! – Gritava Azshara
- Vista e adorada com todos olhando. – continuava Lúcifer
- É exatamente o que eu mereço. –
- Nenhum poder vai ser capaz de te fazer se sentir digna. –
O Diabo se aproximou da mulher, a cheirou admirando sua determinação.
- Infelizmente você não aguentaria o poder, mas... eu posso lhe da algo, lhe darei três sementes, você levará em seu ventre duas delas, a outra eu lhe darei como gesto de confiança, você se casará no futuro com um homem, Daelin Grey, ele nascerá em trinta anos, ele vem de uma família rica dos Greys, se casando com ele você se tornará rainha, e com ele você terá duas filhas, Katarina e Katsura, elas serão hospedeiras de minhas filhas, Abadom e Lilith, minhas garotas conquistaram tudo, trará caos e fim a terra, e você, você será adorada, liderará os 9 reinos. –
Azshara viu o futuro que a aguardava diante de seus olhos.
- Você será tudo aquilo que desejou, mas nada vem de graça, eu disse que te dei três sementes, a terceira será dado para um garoto, mas esse garoto não vem da nobreza, ele vem da pobreza e jogado na rua, seu clã diferente dos Greys será um clã de patifes medíocres sem nenhuma excelência, arruaceiros sujos, eu os chamarei de Hattoris, seu papel para este garoto é o amar como suas filhas, você dará a esse garoto a melhor criação possível, ele viverá com você como um igual e no fim, ele irá lidera os Greys para o meu retorno ao lado de minhas filhas, esse garoto vai levar consigo a marca de Cain. Caso você não cumpra seu papel, seu mundo cairá aos poucos diante de seus olhos e pelas mãos da desobediência você perderá tudo, verá seu clã se tornar subordinado daqueles que no passado eram seus servos. –

A última parte incomodou Azshara, mas a glória era grande demais para algo pequeno que seria educar e criar uma criança.
- Sim, eu quero, eu aceito. – Disse a futura Rainha.
Naquele dia ela se deitou com o Rei do inferno e recebeu o poder absoluto, naquele dia o pacto entre os Greys e o inferno foi formado.

[...]

Enquanto o nascimento de Daelin ainda não havia chegado, Azshara sempre visitava seu tutor para aprender mais e entender mais sobre seu futuro, eles se tornaram bastante íntimos a ponto de discutir planos.
- Quando tudo for feito conforme você planejou, qual o destino para todo o resto? –
- Existe um multiverso de mundos, mas existe dois que se encontram como um reflexo um do outro, esse é o único mundo onde o céu e o inferno se complementam em um só, um é uma cópia do outro em habitantes, Lilith será invocada nesse mundo no corpo de Katsura e passará por algumas etapas, primeiro ela deverá eliminar todas as possíveis ameaças a nosso poder, existe uma raça de alienígenas, eles são chamados de Otsutsukis, poderosos demais para serem mantidos vivos, e são os criadores da única coisa capaz de nos ferir, são criaturas de chakra capaz de da poder a qualquer um dessa espécie, mas seu chakra bestial é totalmente volátil. Mas antes disso, um arauto em ambos os mundos será responsável por preparar o terreno para ela, esse arauto ficará responsável para abrir o selo que meu pai colocou no inferno para me trancar. –
- E como abrimos esses selos? –
- O mundo precisa se desestabilizar para que eles enfraqueçam o suficiente para ser aberto, alguns exemplos: guerras, desgraças, tudo que consiga causar dor aos corações dos mortais é o suficiente para enfraquecer. Imagine por exemplo que uma cientista conseguisse dominar um pouco esse poder e o usasse para replicar em copias, imaginar um mundo mortal com pessoas capazes de dominar o poder do inferno, isso seria uma catástrofe, um momento perfeito para os selos. –
- Eu tenho que falar novamente, Lilith... ela é muito imprudente, eu a sinto em mim, ela é infantil, soberba e muito desobediente. Você está colocando algo muito grande nas costas dela, Abadom parece ser a mais preparada. –
Com um sorriso no rosto.
- O que mais me impressionou é você nem mesmo citando o garoto, ele é a peça mais importante de tudo, vai entender quando chegar a hora. –
Levantou-se Lúcifer e foi até um armário buscar um livro.
- Este livro é o Livro dos Hattoris, eu mesmo o escrevi, nele contém todo o segredo para liberar o potencial máximo dos Hattoris, você dará ao garoto quando ele fizer dezesseis anos. –
Curiosa com aquilo ela perguntou.
- Potencial para que? –
- Para matar demônios. – Disse o diabo sorrindo. – Esse livro dará aos Hattoris poder para subjugar toda a nossa espécie, todos os nossos filhos e filhas. –
- Por que você daria alguém o poder para matar sua própria espécie? –
- Você ainda é muito jovem para entender, mas tudo faz parte de um grande jogo, tudo fará sentido na hora certa. –

[...]

Décadas se passaram e tudo aconteceu exatamente como o Imperador previu, Azshara se apaixonou por Daelin Grey, com ele, ela teve duas filhas, anos depois uma facção de ferreiro dos Hattoris foi brutamente massacrados por eles mesmos, restando apenas um garoto, Azshara o adotou como filho, como Lúcifer previu, mas... quando ela viu a marca que nasceu no rosto do garoto ela entendeu, a marca de Cain, a mesma marca que Lucífer tinha agora estava viva no lado direito do rosto do sobrevivente dos Hattoris. Cada vez mais Azshara se impressionou em como o seu mestre acertou em suas previsões, mas ao ver o garoto crescer e o quão poderoso ele se tornava a cada nova missão perigosa, a cada triunfo, ela via o quão perigoso ele pudesse se tornar. Ela temeu pela própria vida, temeu que ele a trairia no futuro e a mataria, Azshara começou a enviá-lo para missões tão assustadoras e impossíveis, e isso moldava aquele garoto cada vez mais, nada o derrubava, ele era como uma besta imparável que ficava forte a cada batalha.
- Por que você continua de pé mesmo ferido, Shion? – Perguntou a Rainha enquanto o garoto se arrumava para mais uma missão.
- Porque isso me faz bem é para isso que eu nasci. –
- Nunca pensou em ser algo diferente? E se nos dois juntos fossemos embora agora, para bem longe, trabalhar com qualquer outra coisa, só eu e você. –
- Uma vida longe do campo de batalha? Isso não é destino é uma morte lenta. –
- Não está falando sério... – Preocupada a rainha o questionava.
- Te assusta não saber tudo que passa pela minha cabeça? – O garoto com um olhar perverso a desafiava, Azshara tentava ler sua mente, mas não surtia resultado.
Sorrindo a Rainha colocava o garoto em seu devido lugar.
- Você está desdenhando de mim? Depois de tudo que fiz por você? –
- Não vou ouvir sermões de uma mulher que pinta o mundo como uma aventura romântica, o meu mundo é cruel, é imprevisível. Você sobrevive e morre. –
Segurando o braço do garoto que saia ignorando a mulher ela o intimidou.
- Vitimização não combina com você. –
Ele irritado empurrou o braço dela.
- E nem heroísmo com você. –
- Você está bravo porque jamais será alguém. –
Se virando em fúria o garoto gritou.
- EU QUERO SER PODEROSO! –
Foi nesse momento que Azshara se recordou da conversa que teve com Lúcifer em seus primeiros encontros, Shion repetiu exatamente as mesmas palavras da rainha, ela viu no garoto o que Lúcifer previu com tanta maestria. Ela jamais poderia deixar o ensinamento de como matar demônios cair em mãos Hattoris, então ela planejou uma forma de assassinato para o garoto, não poderia deixar aquele Hattori vivo, mas o destino interviu uma vez mais e Katsura impediu que a execução de Shion fosse concretizada.