Há 4 anos atrás

Catsaridafobia é o nome dado ao medo de baratas, algo que nosso jovem genin sente-se desconfortável e com medo na presença deste inseto, todo esse pavor vem através de uma experiência negativa no passado. Isirus aos seus quatro anos de idade, demonstrava certa facilidade no manuseio de kunais, shurikens e até mesmo em realizar alguns selos conseguindo concentrar seu chakra e utilizar técnicas de ninjutsu, como um simples Bunshin, jutsu básico que todo aluno da academia ninja aprende ou pelo menos conhece. Isso chamou a atenção das pessoas do bairro, onde mora, se encantavam com as habilidades do pequeno Senju, que até ganhava uns trocados realizando apresentações, como um artista de circo.

- Ei Isirus, o que você esta fazendo? - a voz de Imatsu ecoava ao fundo, mas não conseguia avistar o seu irmão, devido a grande quantidade de pessoas ao sua volta, enquanto permanece em cima de um balde redondo azul, de um metro de altura e largura o suficiente para permanecer até com as pernas abertas se necessário.

- O show acabou pessoal, o pequeno e grande Senju, volta amanhã ... só não no mesmo local. - cochichava as últimas palavras, piscando o olho direito.

Em seguida pegava a camisa branca, toda suja,  que está a frente sobre o chão, com os trocados ganhos com as apresentações, pegando as pontas e juntando-as, criando assim um pequeno saco de pano, joga atrás de suas costas, sobre o seu ombro esquerdo, segurando as pontas com ambas as mãos, para não desfazer a sacola, não precisando empurrar a multidão para criar espaço, engatinhando por de baixo das pernas, consegue realizar a sua fuga. Seu irmão ao chegar no centro da roda, que se desfaz, encontrando apenas o balde azul com o vácuo virado para o solo, que costuma utilizar para carregar as roupas sujas.

- Esse moleque! Toda vez consegue se safar, não é possível. O que será que eu faço? - com esta pergunta retorica, em um monologo, revira a bacia e pegando a mão esquerda pela alça, segue em direção a sua casa, carregando-a.

Isirus salta o muro de sua própria, atitude essa desnecessária, possui a chave do portão, mas tem a preferência de fazer deste modo "pois um ninja nunca entra pela porta", resposta que dava para todos que perguntavam a ele, porque tinha estas manias. Sobre com certa dificuldade o telhado, tendo que segurar-se com o queixo e os braços, colocando aponta de um pé, seguido de uma meia rolada até deitar-se sobre a telha, ali permanece por alguns instantes, observando as nuvens que flutuam vagarosamente no céu celeste, ao voltar seus olhares ao oeste, nota-se a mistura das cores laranja devido ao pôr do sol, junto ao este azul, surgindo tons roxos e rosas.

- Uou, que lindo! Poderia permanecer aqui a tarde toda, mas preciso estar no meu quarto e de banho tomando, antes que Imatsu, chegue. Se ele não me vir dentro de casa, irá suspeitar de minhas apresentações. - tamanha sua inocência, que seu irmão já sabia de seus shows artísticos, levanta-se rapidamente, tendo certa tontura devido a pressão, mas logo sua visão turva volta ao normal, salta a janela de seu quarto e segue em direção ao banheiro, na intenção de se banhar.

Imatsu já consegue avistar o portão de sua casa, mas desejava muito que seu irmão não tivesse lá, mesmo ciente que o pestinha já havia conseguido chegar antes dele, ainda sim, não sabia quais providências tomar sobre o comportamento de seu irmão mais novo. Até o momento apenas visualizou de longe, seu irmão realizando suas exibições na rua, mas não conseguiu se aproximar dele.

- Só queria que ele entendesse, que me preocupo com a vida dele, esse mundo há pessoas ruins, que ao ver seus dons, irão querer capturá-lo.

-Ei garoto, precisa de alguma ajuda? - neste momento, surge do seu lado direito, um rapaz de jaqueta verde, a gola cobre o seu queixo, com óculos escuro de armação preta, cabelo espetado e uma corrente com um pingente de uma barata metálico.

- E você seria? - questiona enquanto recuar lentamente alguns passos para o lado esquerdo.

- Calma, não precisa ter medo. Me chamo Yani Aburame, estava caminhando e escutei o que você disse, até porque você praticamente gritou. - Imatsu dá uma leve gargalhada, tinha estes costumes de conversar consigo e já sabia que alguns momentos pensava alto, não, gritava alto. - Parece que está com problemas com alguém importante para você.

- Pois é, me chamo Imatsu Senju. Antes que você diga alto, não sou usuário de Mokuton e nem possuo habilidades ninjas. - frase que acostumou a utilizar, devido as inúmeras perguntas sobre estes assuntos.

- Pelo visto, muitos perguntam sobre isso.

- Pois é. - agora virado para o rapaz, dando atenção ao estranho, começa a depositar certa confiança. - Olha, na verdade estou preocupado com meu irmão mais novo, ele possui apenas quatro anos e já consegue utilizar alguns jutsus básicos, que aprendem apenas na academia ninja, mas o que me preocupa é o fato dele querer ganhar uns trocados, enquanto faz exibição destas habilidades, meu irmão virou um artista de rua, dá pra acreditar? - dizia indignado.

A noite já começa a tomar conta sobre a vila, as lâmpadas das ruas começam a se ascender, o fluxo de pessoas nas ruas começam aumentar, enquanto os dois rapazes ali permanecem no meio da passagem, conversando.

- Então, tenho uma proposta?

- Diz ai.

- Posso simular um "sequestro". - dobra e desdobra as pontas dos dedos indicador e médio de ambas as mãos, uma em cada lado, ao dizer a última palavra. - No momento em que ele estiver realizando seu pequeno show, levamos ele para uma caverna, onde você vai estar, e a bronca fica por sua conta, o que acha?

- Sensacional, será um belo susto, mas uma pergunta, você disse levamos?


No dia seguinte...

Já no fim da manhã, Isirus que permaneceu em seu quarto, aguardando algumas horas, "como garantia", após seu irmão mais velho ter saído de casa para trabalhar, como de costume, salta a janela, sempre tendo dificuldade de pular da telha até o chão, mas conseguindo após criar coragem e em seguida escalando o muro de pedras de sua casa, saltando para o lado externo. Segue em direção a praça, local no qual realiza suas apresentações, sempre se alocando em um ponto diferente, desta vez sobe em cima de um banco de madeira, levantas as mãos e grita:

- Olá minha gente bonita, Isirus aqui novamente, o que será que veremos hoje? - algumas pessoas, que já conhecem o garoto, começam a se aproximar, criando em questão de segundos uma pequena roda em volta da criança, quando todos escutam um zumbido estranho, alguns olham para a direita, outros para a esquerdar, outros para cima e o pequeno Senju para trás.

- Olha só aquela nuvem. - dizia uma moça da plateia, apontando para cima.

Quando Isirus volta seus olhares para cima, percebe o enxame de baratas que cai sobre si, preenchendo todo o seu pequeno corpo, esta nuvem negra carrega-o facilmente, subindo e seguindo em direção ao sul da vila, todos aplaudem, acreditando ser obra do garoto. Os insetos seguem por alguns minutos, todos juntos carregando o garoto, que desmaiou no momento que foi atacado, até adentrar a uma pequena caverna, do lado de fora da vila, não muito distante.

- Onde estou?

- Calma garoto, apenas estamos interessados em suas habilidades. Minhas amiguinhas amam chakra, principalmente de crianças como você. - dizia com tom de voz sombrio.

- Aaaaah! - o garoto grita ao mesmo tempo que lágrimas percorrem seus olhos, algumas das baratas se aproximam, o que despertar outro grito, este com tom de desespero. - Tira, tira, tira essas coisas nojentas daqui!

- Calma Isirus! - dizia uma voz conhecida. - Isso é para você aprender a não me desobedecer. - em seguida seu irmão mais velho surge dentre a escuridão, ao fundo da caverna, segurando uma tocha.

- Não estou entendendo, o que está acontecendo?

- Imatsu, agora é contigo, boa sorte e se precisar, nos encontramos naquele barzinho hoje a noite. - o aburame abre o buraco de sua manga, em seguida o enxame entra para dentro de sua blusa por aquela abertura, até não sobrar nenhuma barata, em seguida saindo da gruta.

- Isirus meu querido irmão, hoje fui eu que planejei sua captura, mas amanhã pode ser pessoas ruins, eae não terá volta, então pare de exibir seus talentos, guarde-os para quando entrar na academia ninja, daqui um ano, aguenta um pouco. - seu irmão se aproxima, acariciando seu cabelo.

- Pode deixar, de hoje em diante, não irei mais me apresentar, mas também tu me promete que não deixa nenhuma barata me tocar, que bixo escroto e nojento. - sentia um arrepio que percorria por entre sua espinha.


Nos dias atuais ...

Os dois estão na entrada da caverna, o jovem genin com sua bandana amarrada com o metal sobre sua testa, aperta as mãos direita de seu irmão, ambos observam a imensa escuridão da gruta, juntos tendo o flashback dos acontecimentos que ali um dia aconteceu.

- Isirus, você agora se tornou um ninja da aldeia, apesar de muito novo, mas precisa perder esse medo. - dizia Imatsu quebrando aquele silêncio.

- Não consigo, aquele bixo asqueroso, nojento ... - um leve arrepiei percorre dentre seu corpo, fazendo-o chacoalhar. - Ui, da até um certo enjoou só de imaginar.

- Para você encarar esse seu medo, você deve ao menos entrar aí. - soltava a mão de seu irmão mais novo e apontava para o breu a frente.

Isirus caminha para frente, em passos pequenos e lentos, com certo receio, mas confiando nas palavras de seu irmão, quando em meio a escuridão da caverna, uma sombra toma forma e se movimenta, até surgir um rapaz de cabelo espetado, jaqueta e óculos escuros.

- Você de novo!? - gritava o garoto, correndo para trás das pernas de seu irmão.

- Calma não tenha medo, pelo visto lembra-se de mim. - dizia o rapaz, com um sorriso no rosto e ajeitando os seus óculos.

- Eu sei muito bem quem é você, mas se esta aqui, logo elas também estão. - novamente aquele arrepio percorre sua espinha dorsal.

- Elas? Ah sim, as baratas. Elas são inofensivas, na verdade minhas baratas são limpas e domesticadas, ao contrário de outros do clã. - em seguida abre o vão da sua manga esquerda, surgindo de dentro um inseto cosmopolita, que escala as pontas de seus dedos. – Esta é Hiant, ela é a líder, venha cá, se aproxime.

- Nem morto! - o jovem genin continua amedrontado, ao redor pode se notar um amontoado de árvores, rochas e moitas, sendo um local deserto de pessoas, tendo apenas os três indivíduos.

- Isirus, vai lá. - pegava os ombros do garoto, colocando-o a sua frente, empurrando em direção ao aburame. - Me sinto culpado por este trauma que você possui, e pedi ajuda do Yani, para te ajudar a superar.

Olha para trás seu irmão acenando as mãos, como se estivesse espantando algo, mas entendia o significado "pode seguir, confia", a sua frente o rapaz com o inseto nas pontas de seu dedo médio e indicador. Fecha os olhos e segue em passos curtos, lentamente se aproximando, quando bate com sua cabeça contra o corpo do rapaz. Sentindo a leve pancada, abre os olhos lentamente, dando de cara com a aquele inseto, que abomina.

- Calma, fique tranquilo, ele não faz nada, apenas o observe e se tiver mais coragem, pode acariciá-lo.

- Prefiro apenas olhar. - a barata plena, movimentando suas pequenas antenas, parece nem se importar com a presença da criança, diante desta situação, Isirus arrisca-se em passar a ponta do dedo indicador da mão direita, sobre aquele inseto, faz este movimento com os olhos fechado, ao encostar, sente algo peludo passando em sua digital, ao abrir novamente os olhos, observa a barata ali imóvel, como se estivesse aceitando o carinho do garoto. - Nossa, não é que ela é legal! - dizia com um sorriso cabreiro, em seguida se distanciando.

- Viu, não aconteceu nada demais. - dizia Imatsu.

- Aconteceu sim, depois daquele incidente, tive dificuldades em algumas situações na academia ninja, por conta de lugares onde tinha este inseto, agora consigo até tocar nelas. - dizia contence.

Os dois adultos, em uma rápida gargalhada, logo se reúnem e seguem em direção a vila, diziam em ir almoçar no lugar onde se conheceram, o genin de nada entendia sobre o que diziam durante o caminho, apenas acompanhou-os, pois sabia que iria comer de graça.

CONSIDERAÇÕES: