HP: 300 CH: 850 ST: 0/5

HP: 300 CH: 850 ST: 0/5

HP: 300 CH: 850 ST: 0/5

O suspiro de surpresa de Katara foi genuíno e merecido. Um enorme salão com decoração clássica era iluminado por lustres e candelabros de prata. Ao centro da sala, um pedestal com o que parecia ser mais um encaixe redondo destacava-se de todo o resto da decoração da sala. Por entre os enormes pilares que sustentavam o pé direito, diversas portas metálicas também faziam parte da composição, dando acesso ao que provavelmente eram outras salas semelhantes a esta. Nas paredes do grande cômodo, algumas pinturas de figuras desconhecidas por Katara decoravam o local, criando uma atmosfera de estar em constante observação.

— O que é tudo isso?— Perguntou Katara, ainda de boca aberta com o que estava escondido debaixo do lago que ela vem frequentando desde que era pequena. Serena, que desde o momento em que abriu a porta não havia dito uma palavra, guardou a esfera dentro de seu kimono e virou-se para a Gennin. — Isto, minha cara, é uma instalação construída para pessoas como você. O semblante de dúvida ainda era visível no rosto de Katara. — Pessoas como eu? Você quer dizer portadores do Sharingan? Antes de responder, Serena dirigiu-se até um dos quadros e fez um gesto para chamar Katara, que sem demora seguiu a médica.

A loira apontou na direção do maior quadro dali. Uma mulher de cabelos negros e olhos verdes olhava para cima. Suas roupas não pareciam ser de qualquer uma das cinco grandes nações, mas assemelhava-se bastante ao mesmo kimono que Serena estava usando, exceto por alguns detalhes. — Diante de você está Talissa, a fundadora da nossa ordem. Talissa era uma jovem muito parecida com você. Ela também foi sequestrada quando criança para viver com uma família muito rica. Entretanto, diferente de você, o poder que Talissa possuía não provinha de um doujutsu, mas sim de uma Kekkei Genkai muito rara.

Atrás da figura principal do quadro, em meio às sombras, era possível visualizar a silhueta de uma leva do que pareciam ser troncos e raízes de árvores. — Você provavelmente não conhece essa história, mas o clã Uchiha, o qual você agora sabe que faz parte, possui uma história muito profunda e sangrenta. Veja bem, não vou entrar em detalhes sobre esse assunto por enquanto, você não está preparada, mas o ápice do poder do Sharingan provém de formas sombrias e questionáveis, isso é tudo posso falar por ora. O foco de Serena havia se desviado brevemente do que ela estava querendo falar, mas a médica rapidamente retomou o fio da meada.

— Esse local costumava servir de refúgio para que pessoas como você, que foram extraviadas das suas verdadeiras vidas, soubessem a origem da sua história e conhecessem seu passado. A ordem hoje não existe mais, todos os seus integrantes foram capturados ou mortos, eu sou a única que restou. — A feição de Serena foi invadida pela tristeza, mas a loira conseguiu controlar suas emoções. — Não será hoje o dia em que todas as suas perguntas serão respondidas, Katara, mas tenha certeza de que você não sairá daqui de mãos vazias. Por falar nisso, acredito que chegou a hora de eu lhe apresentar alguém…

O sorriso costumeiro voltou ao rosto da médica, que soltou o palito que prendia seus cabelos e virou-se na direção de uma das portas metálicas do salão. O barulho que seus suas sandálias faziam no chão ecoava por todo o salão, os mistérios finalmente estavam se revelando.

Enquanto Katara seguia Serena, ela pôde perceber que os quadros espalhados ao redor do salão possuíam uma coisa em comum: em todos eles, ao fundo, haviam silhuetas de raízes e plantas distorcidas. Ela não sabia o que aquilo significava ao certo, talvez era o poder especial que Serena havia mencionado? Ao chegarem em frente a porta metálica, K percebeu que dessa vez não foi necessária a introdução do orbe a nenhum encaixe para abrir o caminho. — É vital que façamos silêncio ao entrarmos aqui, entendeu? O olhar da médica era sério, qualquer que fosse o motivo para não fazer barulho ali seria respeitado pela Gennin sem pensar duas vezes. Então elas entraram.

Luzes vermelhas espalhadas por todo o salão se acenderam quando a porta fechou-se atrás das duas. O local era completamente diferente da sala anterior. Suas paredes e chão eram escuros como carvão em e diversos lugares havia o que parecia ser lastros de cinzas. No pé de algumas das pilastras jaziam sacos e sacos de ovos alaranjados e gosmentos. Ao chegar perto de um deles, Katara percebeu que a criatura que estava sendo incubada ali fazia o ovo palpitar: estava vivo. — Antes que você comece com as perguntas, deixe-me apresentar o Viveiro.

As luzes vermelhas brilharam com uma frequência maior após Serena realizar o selo da cobra, fazendo com que toda a estrutura do local fosse revelada completamente. Com mais visibilidade do que antes, era possível perceber um longo trecho de água correndo no centro do salão. Mas quem era capaz de sustentar tanta água em um lugar desses? — Acredito que essa é a primeira vez que você fará contato com esse tipo de… vejamos bem, criaturas. As frases ditas por Serena eram cada vez mais estranhas, os pensamentos de Katara agora transitavam entre o medo e a curiosidade. — Veja bem, minha querida, peço que não se assuste e nem estranhe o que verá, afinal, nós somos as convidadas aqui.

Enquanto falava, Serena se aproximava lentamente do lago. A mulher se agachou, tocou sua mão na água e recitou algumas palavras que não fizeram o menor sentido para os ouvidos de Katara. De repente, uma torrente de água rompeu dali, indo desde a base do lago até o teto do salão. No meio de toda a agitação K conseguia ver uma sombra se locomovendo entre a explosão como se estivesse nadando, até que a água se dispersou e o que estava oculto finalmente foi revelado.

Uma enorme criatura de quatro patas e olhos negros emergiu da torrente, pousando bem na frente das duas Gennins. Katara ficou estatelada, a menina ativou seu Sharingan de imediato e assumiu sua posição de batalha, mas Serena pegou na sua mão e falou, em tom de repreensão. — Não lutaremos hoje, Katara. Pelo menos não da maneira que você está pensando. K não sabia se deveria confiar totalmente nas palavras da médica, mas até então S nunca tinha dado motivos para ela duvidar de sua palavra, então a menina baixou a guarda e propôs a ouvir o diálogo.

— Saudações, humana. O meu nome é Shinzu. A reação de Katara era de completo espanto, aquela criatura estava falando ou a menina estava ouvindo coisas? — Vejo que a senhorita Matoshi não a alertou sobre seu encontro comigo, mas não se preocupe, teremos tempo o suficiente para nos conhecermos melhor. Os olhos azuis da garota ainda encaravam a cena com bastante aflição e surpresa, mas sentimento que mais pulsava dentro de seu coração não era medo, e sim curiosidade. — Olá, Shinzu… meu nome é Katara… o que exatamente é você?

A pergunta da jovem fez Shinzu, a Salamandra, esboçar um sorriso. Os olhos negros da criatura focaram o teto do salão vermelho. — Imagino que tenha muitas perguntas, minha jovem, então vamos começar pelo básico. Aproxime-se. A voz de Shinzu ecoava no hall como se estivesse sendo amplificada, efeito que não se reproduzia em nenhuma das duas shinobis. Seu tom era calmo e repassava uma propriedade sábia em suas palavras. Seguindo o que lhe foi pedido, Katara aproximou-se da Salamandra, os dois encaravam o lago misterioso de água laranja. Ao chegar mais perto de Shinzu K notou um cheiro agradável, ao contrário do que ela pensava. Sua pele molhada lembrava a algas perfumadas.

— Nós, as Salamandras do Vale, fomos umas das primeiras criaturas desse planeta a praticar a arte do elemento do fogo. Nossa ligação com o elemento é tão forte que possuímos habilidades que apenas alguns dos ninjas mais fortes são capazes de replicar. Shinzu ergueu sua cabeça para cima, abriu sua boca e disparou um jato de fogo tão natural que não se diferenciava muito do simples ato de respirar. Diferente do esperado, as chamas dançavam no ar e tomavam formas fabulosas, era como se o fogo tivesse vida própria, como se ele contasse uma história. — Graças a esse dom, conseguimos assegurar nosso lugar no mundo depois dele ter sido assolado por tantas tragédias. Felizmente, nem todos os shinobis são maus, e os poucos que tiveram o privilégio de nos conhecer saíram do encontro com habilidades inigualáveis.

As chamas dançantes se apagaram e Shinzu virou sua atenção para Katara, que estava maravilhada com tudo o que acontecia ali. — Entretanto, nossa espécie foi caçada durante anos por ninjas desesperados a terem acesso ao nosso poder. Foi graças a um grupo de pessoas complacentes e renegadas que nós ainda caminhamos neste mundo. Desde então, prometemos ajudar os descendentes desses shinobis a dominar a arte do fogo dançante, não importa como. A expressão de Katara perpassou por várias emoções diferentes, desde a tristeza até a alegria. — Agora chega de histórias. O motivo pelo qual a senhorita Matoshi lhe trouxe aqui é singular. Você carrega um poder muito grande e sombrio dentro de você, garota. Trilhar pelo caminho errado pode trazer enormes consequências não só para você mesma, mas também para aqueles que estão ao seu redor.

— Eu não entendo, por que você também está dizendo isso, Shinzu-sama? A pobre Gennin perguntou, sem fazer ideia do que aqueles alertas significavam. — Veja bem, o Clã Uchiha é conhecido há gerações desde os primórdios do chakra. Os membros desse clã são ninjas de muita fervura e paixão pelos seus objetivos e amizades. Muitos Uchihas caíram em desgraça depois de terem experimentado perdas de pessoas que partilhavam laços próximos, e essas perdas podem levar essa pobre alma a lugares sombrios e inalcançáveis. É importante que durante sua jornada você faça o que pode para não seguir essa estrada, Katara, pois há uma grande chance que assim que você dar o primeiro passo em direção a ela, todas as outras portas serão fechadas.

Katara não respondeu, apenas acenou com a cabeça, mas seu semblante era de medo e confusão. Carregar um poder tão grande assim era ambos fardo e privilégio. — Mas não quero que se assuste, minha querida. Hoje estamos aqui para celebrar o fogo da vida. Após terminar de falar, Shinzu cuspiu chamas que dançaram até moldarem a forma de um manto incandescente. — Se depois de tudo o que ouviu você ainda quer seguir seu aprendizado, vista-se com as chamas e venha conosco. Mas fique atenta, essa é uma jornada em que só os fortes são capazes de perdurar. E então, sem medo, ela foi.

O manto de chamas não queimava ao contato da pele de Katara. Pelo contrário, o fogo era frio e reconfortante. Assim que pegou a manta e cobriu seu corpo com as chamas laranjas, uma sensação de euforia inexplicável invadiu o corpo da menina. Flashes de imagens iam e vinham em sua mente, mas as figuras não estabilizavam a ponto de serem compreensíveis. Agindo instintivamente, a Gennin aproximou-se do lago e mergulhou seu corpo inteiro dentro das águas. Curiosamente, a água dali era salgada. — Impressionante. Sussurrou Shinzu para Serena. — Seu potencial é tão grande que nem precisei guiá-la pelos seus próximos passos.

Enquanto a conversa fluía, o corpo de Katara afundava cada vez mais dentro do lago. Embora levemente atordoada, os seus olhos azuis prestavam atenção em tudo que acontecia ao seu redor. A água laranja era bela e calorosa, muito diferente daquela encontrada no lago fora dali. — Muito bem, minha jovem, agora volte para nós. Sem mexer sequer um músculo, Katara flutuou de volta à superfície e emergiu. O manto de chamas que mergulhou com ela não estava mais lá, havia sobrado apenas cinzas em suas roupas azuis. — O que acabou de acontecer? Indagou a jovem, confusa, recebendo a resposta de Shinzu logo depois. — Você está prestes a descobrir.

O manto de chamas não queimava ao contato da pele de Katara. Pelo contrário, o fogo era frio e reconfortante. Assim que pegou a manta e cobriu seu corpo com as chamas laranjas, uma sensação de euforia inexplicável invadiu o corpo da menina. Flashes de imagens iam e vinham em sua mente, mas as figuras não estabilizavam a ponto de serem compreensíveis. Agindo instintivamente, a Gennin aproximou-se do lago e mergulhou seu corpo inteiro dentro das águas. Curiosamente, a água dali era salgada. — Impressionante. Sussurrou Shinzu para Serena. — Seu potencial é tão grande que nem precisei guiá-la pelos seus próximos passos.

Enquanto a conversa fluía, o corpo de Katara afundava cada vez mais dentro do lago. Embora levemente atordoada, os seus olhos azuis prestavam atenção em tudo que acontecia ao seu redor. A água laranja era bela e calorosa, muito diferente daquela encontrada no lago fora dali. — Muito bem, minha jovem, agora volte para nós. Sem mexer sequer um músculo, Katara flutuou de volta à superfície e emergiu. O manto de chamas que mergulhou com ela não estava mais lá, havia sobrado apenas cinzas em suas roupas azuis. — O que acabou de acontecer? Indagou a jovem, confusa, recebendo a resposta de Shinzu logo depois. — Você está prestes a descobrir.