A Burocracia

| Kage Bunshin do Obanai |

Durante a madrugada, também havia sido convocado para cumprir mais alguns objetivos em nome de Kumogakure no Sato. Mesmo sendo apenas um clone de meu original, ainda sim era como ele e não deveria simplesmente me deixar levar pela consciência de que era uma duplicata, afinal de contas, ainda era uma parte daquele que me conjurou. Balançando a cabeça para esquecer-me de tal dilema e simplesmente apressar o passo para chegar até a Arquivoteca, logo dei-me conta de quais tipos de objetivo deveria cumprir. Possivelmente não se trataria de algo relacionado a assassinato ou algo do tipo, o que me deixava mais aliviado por saber que não teria riscos de ser simplesmente obliterado por algum tipo de ataque surpresa, afinal, como um clone, desaparecer por conta de um forte impacto era algo deveras fácil. Um grupo de chuunins acompanhou-me até o local, e ao adentrar no mesmo, um arquivologista andejou até minha direção para entregar-me uma grande pilha de papéis, também deixando algumas anotações ao lado, em uma escrivaninha. O dever era bastante simples: Investigar a pilha de papéis a qual continha o nome de todos os atuais integrantes da ANBU do vilarejo, e qualquer tipo de discrepância ou registro incompleto deveria ser imediatamente reportado a um superior para que assim a vila pudesse tomar medidas cabíveis em relação ao espião. Vendo o tamanho da pilha de papéis e que deveria ser algo trabalhoso, bati o olho nas primeiras páginas e logo cansei-me de ler. Então, para facilitar o processo, andejei até algum local que tivesse uma mesa espaçosa e caso o encontrasse, jogaria a pilha de papéis em cima da mesa, espalhando-os por todo o lado.

— "Tô meio sem paciência agora, então vou ter que pegar um pouquinho mais pesado nisso aqui. Mesmo que seja apenas uma missão de ler papéis e outras chatices corriqueiras, se eu usar isso vou conseguir cumprir esses deveres ainda mais rápido e com mais eficiência. Nada pode escapar do Sharingan, afinal!" — Pensei, ativando o Dõjutsu lendário.


Dois olhos carmesim e três tomoes em cada um, o poder total do Sharingan estava ativo naquele momento. Sem hesitar, baixei os olhares com meu poder ocular e passei a ler cada um dos papéis com muito mais rapidez, verificando cada informação e também buscando vestígios de chakra, uma vez que o Sharingan é capaz de detectá-los. Sendo assim, minha principal intenção era de detectar tanto discrepâncias em algum dos registros como talvez também encontrar uma assinatura de chakra desconhecida em meio aos mesmos, no objetivo de acelerar o o processo de descoberta do espião.

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Como esperado, o poder do Dõjutsu dos Uchiha me fazia estar muitas vezes a frente das capacidades de qualquer outra pessoa que estivesse fazendo tal serviço. Os olhares mudavam de posição e os olhos absorviam a informação com muito mais facilidade, rapidamente separando as discrepâncias das verdadeiras informações. O Esforço contínuo realizado através da ativação do Sharingan rendeu-me as informações corretas sobre a mais possível de ser a espiã infiltrada - Nami - Uma mulher que havia informações bastante duvidosas em seus documentos. Após concluído o objetivo primário e organizado todos os papéis, em seguida levei-os até um superior de patente Chuunin que escondia-se por detrás da porta. Desativando o Sharingan antes de me encontrar com mesmo para não revelar minha linhagem maldita a qual carrego no sangue e olhos, percebi que o mesmo impressionava-se com a velocidade a qual eu havia conseguido analisar e canalizar as informações tão rapidamente, mas mal sabia ele a verdadeira fonte de tal "atenção". Após tal, o mesmo entregava-me um pergaminho que estava em suas mãos, que continha uma mensagem. Nela, estava descrita algumas informações sobre a próxima missão, a qual seria encontrar um grupo de criminosos que havia roubado informações confidenciais da vila que poderiam dar vantagens a nações inimigas, e que tais dossiês deveriam ser recuperados o mais rápido possível - Apesar de que ainda não foram localizados. Enviado pela noite e sabendo que a mulher havia confessado seus crimes e dito detalhes adicionais sobre o plano de seu grupo, suspirei. Me aproximando do armazém pelos telhados, conseguia ter um bom ângulo de visão do que se passada por dentro do local, tendo ideia de que haviam ao menos quatro homens no local e pareciam estar bastante inquietos, aparentemente esperando pelo retorno de sua companheira.

— "Bom, não faz mal se eu simplesmente deixar um vivo. Os outros que morrerão, apenas lamentarei. Ah...Se Mitsuri estivesse aqui, seria tão lindo cumprir uma missão a seu lado. Enfim...É melhor eu começar a agir antes que perca a mão e comece a desviar do objetivo. Tem quatro caras lá embaixo, então eu acho que consigo afastar um do epicentro do círculo de fogo. Se tudo der certo, conseguirei obter as informações e posteriormente eliminar o restante se for necessário. De quaisquer formas, se ele não revelar prontamente o que estão escondendo, irá ceder às torturas..." — Pensava, analisando a situação.

Após tal, imediatamente ativava o Sharingan por mais uma vez e realizava uma sequência de selos manuais, fazendo surgir a meu lado uma duplicata das sombras. Com o clone feito e também ativando os olhos escarlate, eu estava mais que pronto para encarar os infernos desta missão. Tentando encontrar um caminho sombreado e mais seguro para se descer sem ser detectado, imediatamente ordenei para que o clone seguisse pelos arredores, circulando a área interna para se aproximar do homem da lateral direita, o qual seria supostamente mais fácil de se pegar desprevenido por estar com a retaguarda e lateral sem proteção. Sendo assim, eu me posicionava por algum local acima dos quatro homens, realizando selos manuais e amassando o chakra no estômago. Após isso, o clone sacaria uma kunai presa a um papel bomba e imediatamente enrolaria seu braço ao redor do pescoço do homem planejado, na tentativa de restringí-lo e ameaçá-lo de morte ao mesmo tempo em que se afastava para trás o mais rápido possível. Caso a tentativa fosse um sucesso, imediatamente a ação do clone seria seguida por um jutsu do estilo fogo. — "Katon: Zukkoku!" — E uma pequena bola de fogo seria atirada ao centro dos homens. Caso atingisse o solo, se expandiria em uma grande explosão de chamas, com intenção de carbonizá-los ao centro do jutsu enquanto o outro que fora pego estaria com o destino amarrado a própria vontade do clone. Caso os outros três houvesse sido eliminados, imediatamente pularia de meu esconderijo e iria em direção ao local o qual o clone estaria com o restante e direcionaria palavras ao mesmo.

— "Fim de jogo para você. Se tentar fazer qualquer coisa, o clone irá se explodir junto com este selo e fará de seu corpo em pedaços, então não tente nenhuma gracinha. O que eu quero saber é simples: Onde estão os dossiês e informações confidenciais que vocês roubaram de nossa aldeia? Responda, pois se demorar demais, eu irei arrancar suas unhas. Não pense que meu dever é ficar de brincadeira...Eles podem não torturar, mas eu sou bem diferente de shinobis ordinários, então seja bastante atento com que irá fazer ou falar." — Diria em um tom ameaçador, com intenção de abalar o oponente psicologicamente numa tentativa de fazê-lo ceder as informações com mais facilidade do que se estivesse falando de uma maneira convencional.

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Não fora muito complicado fazê-lo suplicar por sua vida e revelar todas as informações que me eram necessárias. Ordenei para que o clone continuasse fazendo-o de refém enquanto atentamente relembrava as palavras do fugitivo criminoso. Olhando para trás eu poderia verificar com meus olhos escarlates que diversas prateleiras de metal dispunham-se com incontáveis caixas com suprimentos variados, e um pouco mais a fundo, a escadaria que levava ao segundo andar, sendo possivelmente o local ordenado pelo homem. Suspirei brevemente antes de tomar a decisão final de subir a escadaria, sem olhar para trás. Tomaria cuidado com qualquer tipo de armadilha ao meu redor e possíveis inimigos que talvez estejam escondidos, sempre atento com os Sharingans. Chegando ao fim do caminho sugerido pelo procurado, poderia contemplar a vista de uma janela fechada por uma cortina de vidro. Sendo assim, utilizaria-me de uma sequência de selos manuais e amassaria o chakra no estômago. — "Katon: Gokkyaku no Jutsu!" — A técnica de assinatura do clã Uchiha, uma bola de fogo de tamanho mediano fora lançado contra a frente do local, com intenção de destruir toda a parte frontal, canalizando somente uma bola de tamanho médio para que os arquivos no interior não fossem danificados. Caso o arrombamento fosse um sucesso, imediatamente me jogaria ao local e vasculharia cada canto com uma varredura completa pelos Sharingan,  buscando encontrar os papéis na gaveteira. Caso conseguisse encontrá-los, imediatamente colocaria-os por baixo de meu traje alongado e deixaria a sala, descendo toda a escadaria e levantando a voz, após a recuperação do dossiê.

— "Ele está livre." — Esperaria a reação do homem, apenas para complementar. — "Aproveite sua estadia no inferno." —

Após isso, o clone ativaria o selo explosivo, detonando-se junto ao nukenin, com intenção de matá-lo. Mesmo que não quisesse, ainda sim ele era um inimigo de Kumogakure e era minha obrigação eliminá-lo. Não olhei para trás quando cometi o crime, mas também não me sentia triste por isso. Suspirando levemente, caso tudo estivesse de acordo com o plano, faria meus passos de volta ao Gabinete do Raikage para entregar os papéis a seu devido lugar, desativando o Sharingan assim que me aproximasse do local. Afinal de contas, eu não poderia arriscar revelar minhas origens de tal maneira, visto que há uma baixa probabilidade de haver inimigos perto do gabinete. O objetivo era completar a missão o mais rapidamente possível, afinal, sentia que aos poucos minhas energias se esvaíam...Talvez o original estivesse ficando cansado também, afinal.

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Retornando ao gabinete, me depararia com alguns outros shinobis uniformizados, que pareciam estar esperando pelo meu retorno. Com olhares suspeitos e se entreolhando, entreguei o dossiê aos mesmos. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, eles fizeram algumas piadinhas, mas eu não me importava. Preguiçosos, decidiram por jogar o trabalho de organizar os papéis na arquivoteca, como se eu também fosse responsável por isso. Arregalei os olhos enquanto a pilha de papéis caía sobre meus braços, não conseguia acreditar naquilo. Mesmo assim, eu era apenas um clone. Portanto, antes que as energias finalmente viessem a acabar, decidi o mais rápido possível organizar os papéis em seus devidos lugares, sem nem mesmo questionar a atitude dos outros homens.

— "Bando de inúteis, com preguiça de organizar meros papéis. Bom, tanto faz, não estou no direito de questioná-los. Vou terminar isso aqui e desaparecer em um lugar seguro, a essa altura meu eu verdadeiro já deve ter cumprido suas atividades. Falta pouco, afinal. Foi uma missão até que bastante fácil, será de utilidade quando estas informações retornarem a ele por meio do chakra. Ah, aqui está!" — Pensei.

Enfim, todos os papéis foram devidamente organizados. Após a completude a missão, buscaria alguém para relatar o sucesso e em seguida partiria à recepção para solicitar a recompensa, mesmo que não fosse buscá-la agora. Caso o pedido fosse atendido, sairia do gabinete e me esconderia dentre as sombras, realizando um único selo de mão para enfim desaparecer daquele mundo. Por mais curta que tenha sido esta vida, minhas memórias de certo que fortalecerão aquele que me deu origem. Somos um, no fim das contas, e como diz o ditado...Nunca é um adeus.

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