O dia já havia amanhecido há algumas horas, mas eu ainda criava forças para me levantar. A foto de minha mãe num dia ensolarado olhava de volta pra mim de cima da estante. Quase me julgava por não conseguir sair da cama. Se minha querida Noroi Monsūn ainda estivesse viva, ela me diria pra levantar. Se ela estivesse viva, eu nem teria dificuldade em me levantar, na verdade. Quando efetivamente criei forças, já era quase meio-dia. Me arrumei rapidamente e comi uma omelete. Precisava falar com a senhora Harina, a locadora da minha casa. Meu aluguel já estava atrasado e eu ainda precisaria de mais tempo pra poder pagá-lo. Ter que pedir que ela estendesse o prazo era uma tarefa que não me agradava. Apesar de nutrir carinho por Harina, preferia fazê-lo de longe. Não era difícil alcançá-la. Na verdade ela vivia na casa ao lado, então uma curta caminhada era o suficiente. Bati na porta e, depois de esperar alguns minutos, ela apareceu. Mesmo com dificuldade de falar, pela timidez, expliquei que ainda não tinha conseguido o dinheiro para pagar o aluguel.


- Tudo bem, queridinho. - Disse ela me fazendo corar. - Você é um bom menino e sempre me ajuda muito.

- Obrigado por facilitar minha vida, senhora Harina. - Respondi. - Mas, ainda assim, eu sinto que preciso te compensar de alguma forma.

- Bem, você poderia me fazer alguns favores. - Disse ela. - Como dar uma surra no idiota que vem aqui todas as noites e rouba meus rabanetes.

- O que você quer dizer com isso, Harina? - Perguntei surpreso. - Você quer mesmo que eu brigue com esse homem?

- Você parece um menino forte, meu querido. - Respondeu ela passando a vassoura pelo chão empoeirado de sua sala de estar. - Não precisa espancá-lo, apenas dê um susto nele pra que ele não volte a roubar meus rabanetes.

- Tudo bem, então. - Concordei. - Se é isso que você pra que eu possa pagar o aluguel depois.

- É uma ótima troca, queridinho. - Disse ela entre risadas. - Apesar de ser um homem preguiçoso, o ladrãozinho em questão é um brutamontes. Recomendo que você se prepare.


Ainda que considerando minha miséria em relação à morte de minha mãe e minha indisposição generalizada para lidar com um bizarro ladrão de rabanetes, eu havia me oferecido para compensar a gentileza de Harina em permitir meu atraso. Se era uma surra em um ladrão que ela queria, então ela teria. Pelo menos eu tentaria. Não conhecia o homem, só de vista. Realmente era bem grande e provavelmente forte. Mas também já tinha seus 50 anos e não tinha um passado de batalhas, ao menos até onde me disse Harina. Ainda assim, não queria enfrentá-lo despreparado. Por isso pedi a Harina que me desse dois dias para me preparar para a ocasião.

- Aquele idiota só vai ter mais dois dias de rabanetes grátis. - Disse Harina ainda varrendo. - Tome o tempo que precisar pra se preparar, queridinho.

Voltei para a minha casa e mais uma vez a foto de minha mãe me assombrava. Diferente das memórias que tinha dela, não parecia me acalmar. Parecia me julgar de alguma forma. Talvez porque sempre tinha reprimido as minhas tentativas e da minha irmã em nos tornarmos guerreiros. Ou talvez porque eu sabia que ela não aprovaria o estilo de vida imóvel e indolente que eu estava levando. O que quer que estivesse me torturando, eu não tinha tempo naquele momento. Virei a moldura, colocando a fotografia contra o balcão e coloquei minha cabeça para pensar. Considerando que meu oponente era um homem forte e grande, uma estratégia poderia ser interessante. Mas, no fim das contas, caso precisasse enfrentá-lo, precisaria de força bruta também.

Decidi fazer uma sequência de exercícios, visando enrijecer meus músculos para o combate. Comecei o treino com abdominais comuns e depois alternei com uma variação mais estendida. Quando terminei esse primeiro exercício, senti meu tronco com muita resistência, então escolhi descansar um pouco antes de continuar o treino. Algum tempo depois, me dediquei a fazer uma série de flexões em diferentes ângulos, para fortalecer os músculos do peito, do braço e das costas. Terminei a minha preparação física com agachamentos e uma corrida leve e finalizei meu dia dormindo. Durante a noite, alguns de meus músculos começaram a doer, ao que me deixou irritado e atrapalhou meu sono.

Acabei acordando mais tarde do que tinha planejado e, mesmo com o mais tempo de sono, ainda me sentia cansado. Eu havia planejado fazer mais uma série de exercícios, mas as dor muscular me fez perceber que não era a melhor opção no momento. Um outro exercício, mas que não lesionaria os mesmo músculos por repetição seria justamente a preparação da armadilha que havia pensado no dia anterior. Caminhei até o bosque próximo à nossa casa e coletei vários galhos e folhas secas num saco. Foram tantos que o saco até ficou pesado. Voltei para a casa de Harine e posicionei os galhos secos em locais estratégicos por onde o ladrão poderia entrar e os cobri com folhas para disfarçar a armadilha. Harine dava risadas observando de longe. De vez em outra comentava sobre como o folgado perderia sua fonte de suprimentos de rabanetes. Apesar de ser uma senhora doce, seus cochichos já estavam começando a me irritar.

Após montar todas as armadilhas, voltei para minha casa e tirei um cochilo breve, já que ainda estava cansado do treinamento intenso do dia anterior e da noite mal dormida. Tive alguns sonhos estranhos. O pior deles em que eu era um dos rabanetes e o vizinho folgado me arrancava da terra e me comia impiedosamente, apesar dos meus gritos de misericórdia. Os sonhos foram tão intensos que acordei suando e ofegante. Tudo que eu conseguia pensar no momento em que acordei era o quão diferente esses dias estavam sendo e o quanto eles estavam me tirando da minha zona de conforto. Talvez eu estivesse pronto para seguir em frente, afinal.

Me levantei e me dirigi ao banheiro, onde lavei meu rosto e tentei me reconectar com o mundo e esquecer dos sonhos esquisitos. Me olhei uma última vez no espelho e me preparei para um embate inevitável que estava por vir. Me dirigi a casa de Harina e me escondi num arbusto próximo a sua horta. A espera foi longa e cansativa. Por um momento imaginei que o vizinho folgado não passava de um delírio de uma idosa, cujos rabanetes eram feios demais para serem interesses de alguém que os roube. Contudo, com algum tempo de espera, ouvi uma das armadilhas de galhos quebrando e o invasor pareceu mais surpreso do que eu. Me dirigi a ele com uma postura de ataque e lhe desferi um soco no rosto.

O homem se assustou com o soco que levou no rosto. Deu um pulo para trás de olhos arreganhados. Sua postura corporal desengonçada revelava que não esperava alguém de guarda. Devia mesmo estar acostumado a roubar esses rabanetes e se saciar todas as noites. Rapidamente, porém, sua expressão facial se alterou de surpreso para enraivecido. Suas sobrancelhas se fecharam e ele mostrou os dentes.


- Nunca mais venha roubar a horta da senhora Harina. - Gritei tentando intimidá-lo. - Ou vou te dar uma surra.

- Eu não vou escutar um moleque. - Disse ele se aproximando.


Saquei minha Hakkō Chakura Tō e escondi minha mão atrás das costas para surpreendê-lo com uma eventual aproximação. O brutamontes continuo se aproximando, com passos curtos. A cada passo um novo conjunto de galhos e folhas fazia um barulho. E pela expressão do homem, parecia que ele havia entendido minha estratégia para descobrir sua intrusão. Quando ele chegou mais perto, serrou o punho para me devolver o soco, mas eu usei minha lâmina e fiz um corte superficial em seu rosto, deixando um rastro de chakra branco para trás. Não sei se foi o corte ou se ele reconheceu a de que família eu pertencia, mas o homem rapidamente se afastou e pulou a cerca de volta por onde tinha entrado.


- Diga pra essa velha miserável que não vou mais comer seus rabanetes. - Gritou ele enquanto continuava se afastando. - E você tome cuidado pra não sair na rua a noite sozinho.


Me voltei para dentro da casa de Harina, que estava sentado em seu sofá, tricotando uma peça de agasalho. Disse para a ela que o homem não voltaria a perturbá-la e ela deu uma risadinha, quase sádica. Apertou minhas bochechas e disse que ainda gostaria de mais um favor.

- Mais um favor, senhora Harina? - Perguntei curioso.

- Sim, queridinho. - Respondeu ela. - Mas agora já é tarde. Falamos disso amanhã.


Por mais que eu me sentisse indisposto, não havia muito o que eu poderia fazer. Harina já estava aliviando a data do pagamento do aluguel. Caso eu recusasse correria o risco de ser despejado. Além disso, Harina era um senhora frágil e já muito idosa. Ajudá-la com o ladrão em sua horta foi a coisa certa a se fazer. O que quer que ela fosse me pedir, já tinha a certeza de que seria algo justo. Saí de sua casa de forma furtiva, olhando a rua de todos os lados. O vizinho folgado havia me alertado sobre sair sozinho na rua. Talvez estivesse espreitando e aguardando o momento certo para se vingar de mim.

Tive uma noite de sono tranquila, diferente da noite anterior. Meu corpo já não doía mais do treinamento e, ainda que o fantasma da minha mãe morta ainda me atormentasse, sentia que ela não estava mais me julgando. Talvez porque minha própria consciência se tranquilizou pelo fato de ter usado violência com uma boa finalidade. Ou porque eu não estava mais tendo uma postura completamente passiva em relação a vida. Estava de fato em movimento. Assim que me levantei, me dirigi para a casa de minha vizinha e seu pedido foi um tanto inesperado: queria que eu coletasse uma rara flor para que fizesse chá.

- A Flor Dragão de Jasmin, queridinho. - Me explicou a senhora Harina. - Ela é muito difícil de se encontrar, mas dá o melhor chá que eu já tomei.

- E qual é a aparência dessa flor, senhora Harina? - Indaguei incrédulo da minha missão.

- A Dragão de Jasmim é inconfundível. - Respondeu. - Ela é uma flor rasteira e tem duas cores: o interior de suas pétalas é vermelho e o exterior é branco.

- E onde eu poderia encontrá-la?

- Nos prados adjacentes à nossa vila, é claro. - Disse ela com um tom de obviedade. - Ela costuma brotar próxima a pés de água, como em lagos ou riachos.

- Certo. - Respondi

- Ah, mas tome cuidado, queridinho. - Advertiu. - Abelhas venenosas são muito atraídas por essa flor. Você tem que tomar muito cuidado ao colhê-las.


Eu não tinha certeza se chegaria a encontrar essa flor, mas ao menos tentaria. De acordo com a descrição de Harina não parecia ser difícil de reconhecer. Arrumei mais algumas coisas, como um pequeno suprimento de comida e parti em busca da Dragão de Jasmim. Para sair definitivamente da vila e acessar a pradaria subjacente era necessário passar por perto do bairro em que eu morava. Onde meu pai e minha irmã continuavam a morar e onde minha mãe havia sido morta. Contudo, me lembrava do que minha tia havia me dito algum tempo atrás: de evitar a minha família a todo custo.

Após finalmente conseguir sair dos limites de Uzushiogakure, me encontrei num cenário muito mais calmo e tranquilo. As pradarias ao leste da cidade eram um cenário lindo e pacífico. Mas um que eu ainda não tinha tido a chance de conhecer, mesmo morando por aqui desde criança. A grama estava incrivelmente húmida, mesmo não tendo chovido nos últimos dois dias. Aproveitei o momento para tirar os sapatos e sentir as gotículas massagearem os meus pés. Era uma sensação suave e engraçada ao mesmo tempo. Me lembrava de quando minha mãe me dava banho quando menino e eu sentia cócegas todas as vezes em que ela sequer tocava a sola dos meus pés.


- Eu sou mesmo um maricas. - Disse a mim mesmo rindo. - Que se dane.


Segui a procura das flores, mas mesmo procurando perto de corpos de água como Harina havia indicado eu não as encontrava. Via várias outras flores. Crisântemos, tulipas e até mesmo uma roseira, planta difícil de se encontrar num local tão frio como Uzushiogakure. Mas nenhum sinal do Dragão de Jasmim. Minha cabeça suspeitar mais uma vez da sanidade de minha locadora, mas da última vez que havia o feito, fui surpreendido. O ladrão de rabanetes realmente existia. Depois de muita procura sem recompensas, me lembrei de algo que Harina havia me dito como um alerta: abelhas tendem a ser atraídas por essa flor.

Ao me lembrar que Harina havia me alertado sobre abelhas serem atraídas para as flores Dragão de Jasmim, foquei minha busca não mais em corpos de água, mas sim em encontrar abelhas. No início foi algo difícil, considerando a alta humidade do ar. Com algum tempo, contudo, encontrei algumas abelhas, todas voando na mesma direção. Não pareciam abelhas comuns. Eram maiores e tinha o corpo brilhante e levemente esverdeado. Deviam ser as tais abelhas venenosas que Harina havia me alertado sobre. Decidi segui-las já que todas seguiam um caminho uniforme e em direção a um pequeno lago que já conseguia enxergar, mesmo de longe.

Com um pouco de paciência e observação consegui finalmente encontrar as flores que a locadora da minha casa tanto queria para fazer um chá. Elas eram exatamente como Harina as havia descrito. Eram rasteiras e com interior vermelho e exterior branco. O que eu não esperava era que fossem tão pequenas. Uma flor tinha aproximadamente o tamanho de uma unha. Precisaria colher várias para a produção do chá. Haviam, porém, muitas abelhas em volta das flores e eu não queria me arriscar a levar uma picada. Ainda mais considerando que Harina havia enfatizado o quão venenosa elas eram.

Ainda que as pequenas flores estivessem bem na minha frente, o enxame de abelhas que se formava sobre elas não permitia que eu as colhesse. Eu não possuía uma pederneira para produzir fogo e as espantar com fumaça. Ainda que tivesse, o tempo húmido não permitiria que eu encontrasse um galho seco o suficiente para transformar em uma tocha. Meu conhecimento sobre abelhas e insetos no geral era limitado, mas eu precisava pensar em uma solução rápida caso quisesse colher as flores. "Se a humidade me impede de usar fogo, vou sobrecarregar as abelhas de água", pensei. Me aproximei a borda do pequeno lago em que as flores cresciam em volta e comecei a encharcá-las, jogando água com as mãos. Ainda que essa estratégia tivesse o percalço de ser demorada, ela funcionou. Com algum tempo e muita água o odor das flores foi neutralizado e as abelhas partiram.

Colhi o máximo de flores que consegui, arrancando também algumas ramas. Não sabia exatamente que parte da planta seria usada para fazer o chá e não queria correr o risco de ter que percorrer todo esse caminho novamente. Tampouco para lidar com abelhas. Antes de sair da pradaria, calcei de volta as minhas sandálias. Me peguei perdido em devaneios e antes que me desse conta estava de volta na casa de Harina.


- Muito obrigada, queridinho. - Disse ela pegando as flores de minha mão. - Faz tantos anos que não tomo esse chá.

- Fico feliz em poder ter ajudado, senhora Harina. - Respondi.

- Ajudou sim. - Falou enquanto chacoalhava as flores, tentando secá-las. - Mas eu gostaria que você ficasse mais um pouco. Quero conversar com você.

- Sobre o que quer conversar, senhora Harina? - Indaguei curiosos.

- Seu comportamento tem me preocupado, queridinho. - Respondeu ela. - Você não tem tido forças para trabalhar e nem tenho te visto sair de casa ultimamente.

- Não entendo como isso é da sua conta, senhora Harina. - Falei enraivecido. - Com todo respeito.

- Com todo respeito, queridinho. - Retrucou. - Isso é da minha conta porque você aluga uma das minhas propriedades e não tem conseguido pagar o aluguel com pontualidade. Além disso, me preocupo com você.

- Sinto muito pela grosseria, senhora Harina. - Disse de cabeça abaixada. - E a senhora tem razão. Não tenho tido forças para fazer muita coisa ultimamente.

Harina interrompeu nossa conversa por um breve momento para preparar o seu tão querido chá. Separou as flores das ramas e as colocou na água fervendo. O cheiro era extremamente agradável. Mais ainda do que das flores em estado natural. O aroma era doce, mas longe de ser enjoativo. Só pelo vapor conseguia entender o apreço que a mulher tinha pelo chá. Mas ainda assim, achei uma missão ridícula ter que ir buscar as flores.


- E então. - Disse Harina me servindo o chá. - O que tem te assombrado?

- Não sei, Harina. - Falei apreensivo, ainda que soubesse exatamente qual era meu problema. - Por que está sendo tão gentil comigo?

- Porque nós somos suburbanos irrelevantes. - Respondeu rapidamente. - Ninguém se importa conosco. Então precisamos nos preocupar uns com os outros.

- Algumas coisas só se curam quando as colocamos pra fora, queridinho. - Disse Harina me olhando nos olhos. - Sei que não sou sua melhor amiga, mas você pode confiar em mim

- Minha mãe morreu há alguns anos, senhora Harina. - Falei desviando o olhar. - E eu acredito que foi meu pai quem a matou.

- É mais sério do que eu imaginava, então. - Ela respondeu. - Por que você acha que foi seu pai?

- Minha mãe me deixou uma carta dizendo que temia ser morta por ele. - Disse tomando um gole do chá. O sabor era incrível. - Desde então tenho me sentido completamente impotente em relação ao mundo.

- Eu entendo como é a dor de perder alguém. - Disse Harina. - Sei exatamente como é sentir a dor de não ter um ente amado por perto.

- Eu sinto muito, Harina. - Falei tentando consolá-la.

- Mas eu não, queridinho. - Retrucou me surpreendendo. - O que está no passado não pode ser mudado, queridinho. Mas nós continuamos aqui. Não podemos permanecer imóveis.

- Mas eu sinto que não há muito como agir em relação a essa situação. - Falei desconsolado. - Nada vai trazer a minha mãe de volta.

- Exatamente! - Respondeu ela com um tom de voz elevado. - Você não pode fazer nada para trazer sua mãe de volta, mas pode usar a sua dor para crescer e evitar que novas injustiças como essa se repitam, não pode?

Harina não poderia estar mais certa. Minha mãe já havia partido. Não havia nada que eu pudesse fazer para mudar esse fato. Mas ainda podia fazer muitas coisas. Podia me tornar um grande shinobi e impedir assassinatos como o de minha mãe. Ou ainda vingá-lo. Não era justo que meu pai seguisse sua vida normalmente, sendo um assassino frio. Ainda que não tivesse certeza sobre qual caminho seguir, algo eu sabia: o fantasma de minha mãe nunca mais me assombraria.


- Harina, muito obrigado por tudo. - Falei me levantando da mesa em que tomávamos chá. - Vou pagar o aluguel em breve.

- Eu quem agradeço, queridinho. - Respondeu ela. - Meus rabanetes vão sobreviver e eu finalmente tomei meu chá favorito depois de tantos anos.

- Sobre uma coisa você estava errada. - Falei já na porta da saída.

- E sobre o que era?

- Você é sim a melhor amiga que tenho no momento.