O clone de Shigaraki Renji movia-se com certa lentidão, tendo como objetivo adentrar o campo de treinamento. A cada novo passo, lembrava-se com maior clareza dos dias passados na área, os treinamentos efetuados e especialmente a descoberta de novas habilidades. Fora naquele mesmo local, com o auxílio de seus companheiros, monges – em principal, Michelin – e até mesmo adversários, que desenvolvera a antiga maestria com origamis, melhorara sua condição física, e até mesmo buscara largar o antigo sedentarismo que tanto o manipulava.

Em suma, o campo de treinamento de Konoha tratava-se do início de sua jornada, assim como a de seus companheiros de equipe. Em tais condições, retornar ao local após dois anos, e ignorar o confronto com Taiyou, trazia-lhe uma nostalgia agradável. Principalmente quando, seu objetivo, era o de auxiliar a sua irmã. Embora não pudesse surgir fisicamente, e consciente de que ela reclamaria de seu ato, buscava algum positivismo inato que defendesse a sua concepção.

Portanto, concluindo a caminhada, Renji passou a aquecer-se, notando que sua chegada fora horas antes do amanhecer. Vestia, com certa nostalgia, a vestimenta habitual dos monges do Templo do Fogo, ensaiando alguns selos para produzir os estágios iniciais de um ninjutsu. Assim como seu corpo original, perdido em algum lugar do extenso país, o clone precisava cumprir o tratado, este lapidado quando fora enviado da biblioteca.

Um bom shinobi precisava aperfeiçoar suas técnicas. Por mais que tratado como um mestre em ninjutsu, Renji pecava em aspectos distintos, dos quais necessitava analisar profundamente. Embora suas capacidades, um talento inegável, o moreno sentia-se insatisfeito com o potencial de seus jutsus, por vezes definindo-os como "lentos". A potência ofensiva das habilidades era notória, mas Shigaraki devia aprimorar-se. Ao menos, aquele era o seu desejo particular.

Efetuando os selos necessários, buscou inicialmente centrar-se em suas habilidades de natureza elemental. Renji detinha três naturezas habituais de chakra, sendo eles o Katon, Fūton e o Raiton, onde o último se tratava de sua "especialidade". Logo, iniciou uma repetição formidável de produção de jutsus, por vezes solitários, em outros, realizando combinações, em principal, fogo e vento.

Quando se deu por satisfeito e concluiu o treino de cunho elemental, voltou-se para suas habilidades de ninjutsu puro. Manipulou seu chakra para que seus membros alterassem sua forma, através da modificação física suave. Imediatamente, de "simplórios braços", ambos tornaram-se chicotes de velocidade notável. Com um dos braços, atirava equipamentos ao alto, e com outro, possuindo as mãos cobertas por camadas tangíveis de chakra, capturava-os, intentando aumentar a velocidade genuína de suas técnicas.

Dedicando algumas horas ao ato, o clone decidiu descansar. Sentando-se abaixo de uma árvore, recostou as costas e nuca em seu tronco, fitando o céu azulado da manhã. Em pouco tempo sua irmã chegaria, logo, precisava estar preparado. Portanto, adormeceu.

— Ei, acorde! Droga, Renji! Acorde! — a voz feminina ressoava em seus lóbulos, porquanto permanecia em sono profundo. Os ombros quedados do rapaz, outrora em postura abrupta para o treinamento de suas habilidades, agora impulsionavam a não tão vistosa imagem do moreno que dormia recostado no tronco de uma árvore.

Resmungou, se movendo para ajustar a forma como o corpo concebia o momento inadequado de descanso. Quando os olhos foram entreabertos, notando o emaranhado de fios de fibra lisa e coloração abruptamente ruiva, Renji buscou pôr-se de pé, compreendendo a situação ao seu redor imediatamente. Jirou, sua irmã, havia finalmente chegado para o treinamento combinado entre ambos.

Enquanto o rapaz focava-se em melhorar categoricamente seu ninjutsu, a ruiva intentava pôr em prática a quantidade expansiva de conhecimentos técnicos – e teóricos – obtidos nos últimos anos. Portanto, não somente visava dominar as habilidades do clã, como graduar-se com um currículo primoroso. Cabia ao seu irmão ausente e, talvez, a namorada deste, auxiliá-la, dado que Jirou fora figura importante no desenvolvimento de ambos. No dia em questão, o dever cabia à Renji

— Estou acordado, acalme-se. — o clone proferiu, percebendo que ela o analisava. As capacidades sensoriais de Jirou não poderiam distinguir exatamente o clone da sombra de seu corpo original, contudo, algumas particularidades de Renji podiam ser notadas com facilidade palpável. — O que deseja treinar hoje?

— Com um clone? Nada. — ela reclamou, cruzando os braços.

— Colabore, irmã. Estamos perdendo tempo. — solicitou, e com um suspiro, a garota rendeu-se. Renji, logo, ajustou sua vestimenta, movendo-se ao centro do campo de treinamento.

— Farei o mesmo que você, pois preciso melhorar meu ninjutsu... Dediquei-me demais a técnicas de selamento, então não tenho grande aptidão com técnicas mais básicas. — o rapaz assentiu para o proferido pela garota, aproximando-se.

— Qual sua afinidade elemental? Fūton? — ela assentiu para a pergunta retórica, permitindo que o mais velho ponderasse. Em seguida, ele sorriu, solicitando para que a garota se aquecesse.

O restante do período matutino, e igualmente vespertino fora dedicado para o treinamento. Com a ausência de prática, e principalmente, domínio de Jirou para com ninjutsus em geral, tanto Renji quanto a própria podiam dedicar-se ao desenvolvimento de suas habilidades. Enquanto a garota buscava aperfeiçoar seu controle de chakra, ambicionando uma variação excêntrica do Rasengan, o Tokubetsu Jōnin permanecia devoto ao treinamento da madrugada anterior. Antes focado nos aspectos gerais de suas técnicas, agora buscava um exercício com maior especificidade.

Amplificar sua gama de possibilidades, e também o poder de suas técnicas, beneficiaria todo o seu arsenal shinobi. Dessa forma, o clone realizou as mesmas ações de outrora, percebendo vagarosamente que continha uma variedade de técnicas peculiarmente limitada; algo que precisaria ser estudado posteriormente. Por fim, após a análise técnica e o desempenho elevado em um treinamento amigável para com sua irmã, o clone concluiu o dia, pagando um jantar para Jirou.

Quando finalmente deu-se por encerrado, o selo de restrição foi dissipado, e após uma despedida sublime, o clone desapareceu.