Aquela missão tinha um forte significado para mim, uma vez que os laboratórios que deveriam ser destruídos por mim pertenciam a ninguém menos do que Usoji Yakushi. Minha mente estava unicamente focada em realizar a minha missão, porém alguns pensamentos invadiam a minha mente durante a caminhada que me levaria ao laboratório clandestino criado pelo ex-conselheiro de Konoha, não em relação ao traidor da vila, mas a mim.

   Angell e Takane se tornaram líderes de vila, e por mais que fosse estranho uma cidadã de Konoha assumir um cargo de liderança em outro território, não poderia dizer que Takane não poderia proteger a vila, da própria maneira doida dela. Elas eram ótimas kunoiches, mas quanto a mim? Estaria ficando para trás, ou estava tendo uma visão limitada dos meus próprios objetivos? Talvez a minha vontade de eliminar a escória tenha obscurecido a minha visão. A reunião com a minha família tinha sido o suficiente para alterar, pelo menos um pouco, a minha visão sobre o mundo.

   Mas tais pensamentos não deveriam interferir na minha missão, por isso fui seguindo que os ninjas da ANBU me deram para chegar até a entrada secreta do laboratório de Yakushi. Iniciei a minha entrada no túnel subterrâneo que seria aquela jornada carregando uma lanterna comigo, pronto para iluminar o meu caminho caso o local ficasse escuro demais, tomando conta, obviamente, para não cair em nenhum tipo de armadilha que poderia custar a minha vida, pois havia prometido a Angell não morrer naquela missão. Era por isso que apontava a lanterna para o solo, afim de me precaver, e algumas vezes até para o teto, procurando por fios, selamentos e outras coisas que poderiam indicar alguma armadilha.

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   Comecei a minha caminhada em direção ao laboratório deYakushi, imaginando o que estava por vir em meu caminho. Poderia dizer que tinha um pouco de temor dentro de mim, mas era unicamente por estar em um território com poucas opções de escape. Por fim, me deparei com um dilema que poderia mudar os rumos da minha missão: o corredor se dividiu em dois caminhos. Demorei um tempo para analisar as minhas opções, e naquele caso, o uso de clones poderia vir a ser prejudicial. Resolvi pegar o caminho da esquerda, não sabendo o que estava por vir.

   Iniciei minha caminhada seguindo por um caminho que julgava o certo, mantendo as mãos livres para um possível saque rápido, caso precisasse fazer selos manuais e atacar. De repente, minha mente começou a projetar coisas que não pareciam estar corretas. Ouvia vozes que me diziam que o que eu trilhava por um caminho obscuro, como aquele corredor, que de repente se tornou ainda mais sombrio. Aranhas andavam pelo teto, enquanto uma luz amarela iluminava o corredor. Nas paredes, podia ver frases escritas na parede. "Assassino", "Falso Justiceiro", "Escoria"... Acabei caindo de joelhos no chão, sem saber o que fazer, sem saber se deveria voltar. - O que é isso? O que está acontecendo? - Fiquei me perguntando, tentando formular uma teoria que fosse convincente.

   Diante do desespero e da agonia repentina, além dos questionamentos que e começavam a se formar em minha cabeça, não pude deixar de concluir que aquilo era uma obra de Yakushi. Meu corpo começava a suar, e no meu íntimo, sabia que não poderia pedir ajuda a ninguém. Naquele momento, a única coisa que poderia fazer era pensar: meus conhecimentos em Genjutsu eram suficientes para dizer que para se utilizar uma ilusão, era necessário que o usuário estivesse presente. Como nunca soube de uma ilusão de nível tão alto, deduzi que aquilo era uma armadilha do próprio território.

   Naquele instante, estava vulnerável a qualquer ataque, fosse frontal ou pelas minhas costas. Imediatamente, acabei apertando o meu Reator ARC, ativando a minha armadura, inclusive com o capacete, que poderia proteger o meu rosto de ataques. Enquanto estava sentado, procurei enfrentar os meus medos com pensamentos contrários ao que estava tendo.

   - Eu não sou um assassino. Não... Eu só cumpri o meu papel como ninja de Konoha. Se eu não tivesse matado eles... Eles teriam feito isso com pessoas inocentes. Eu só cumpri o meu papel... Eu posso melhorar, mudar o meu caminho, viver para algo melhor do que matar. - dizia em voz alta, esperando encerrar aqueles delírios sombrios.

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   Não podia desistir de continuar a minha missão, não enquanto Yakushi poderia estar vivo por aí, pronto para voltar a Konoha e manter as suas pesquisas. Seguia o meu caminho tentando interromper aqueles pensamentos que entravam em minha mente, mas quanto mais eu continuava, mais a minha mente era tomada por palavras negativas e vozes conhecidas. Angell, Takane, minha mãe, meus alunos… Todos tinham alguma coisa para dizer a mim, e por mais que minha mente fosse estruturada o bastante para entender que tudo aquilo não passava de uma criação da minha própria cabeça perturbada, ainda assim os pensamentos continuavam.

   - Minha consciência… Ela me martiriza a todo o instante. Por que isso? Por que não consigo mudar a minha maneira de ser? – continuei, cambaleando, mas continuei. De repente, uma figura cadavérica e demoníaca despertou próximo a mim. Meus olhos se abriram lentamente, e pisquei umas duas vezes para ver se estava enxergando o que estava na minha frente. Yakushi, era notório, sabia brincar com a mente dos seus inimigos, tanto que o meu próprio pai aparecera. As alucinações, pelo que podia perceber, não poderiam ser cessadas, mas poderiam ser combatidas, ou ao menos evitava. Não parecia ser nenhuma vergonha admitir que estava com medo, mas isso é ser um ninja: encarar os seus medos. Seizen poderia dizer o que quisesse, mas eu não caia em suas artimanhas.

   - Nós não somos iguais, pai… Você está morto, e dedicou a sua vida a passar os outros para trás. Eu tenho a vida inteira pela frente, ou pelo menos os minutos que me restam nesse buraco infernal. A diferença é que posso mudar o meu caminho, me tornar uma pessoa melhor, me dedicar a outra causa. Você é apenas uma alucinação, pois você morreu. Sei disso porque matei você. – disse, mas daquela vez, não sorri. Apertei as minhas mãos, e respirei fundo. - Não era o que eu queria que acontecesse, mas nem sempre as coisas acontecem como queremos. Você é apenas uma voz do meu subconsciente, me empurrando para um ponto de reflexão. Tudo isso, as vozes, elas aumentam a minha adrenalina, potencializando as minhas emoções negativas. Agora devo seguir o meu caminho, atormentado ou não, pois eu sou um ninja… O medo não me impede mais de prosseguir. – disse, sentindo meu lábio inferior tremer um pouco.

   Aquela era a minha missão, e não poderia desistir dela. Mesmo com medo, segui o meu caminho até um local cheio de espelhos, onde poderia ver o meu pai ali. - Volte rastejando para o lugar de onde você veio. – sussurrei, e continuei caminhando. Com medo ou sem medo, as alucinações foram parando, pelo menos era o que achava, e assim cheguei num ponto onde os corredores se dividiam novamente. - Isso aqui é uma porra de um labirinto. – disse para mim mesmo, escolhendo ir, daquela vez, pelo caminho da direita, onde abria a primeira porta mais próxima com um murro, evitando pegar na maçaneta. Não entrei no local para ver o que tinha do outro lado. Se não houvesse nada, continuaria batendo de porta em porta, até encontrar algo que pudesse ser destruído.

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   A adrenalina da missão me fazia esquecer de algumas coisas básicas, como cuidar da minha própria segurança. Quando abri a primeira porta, rapidamente uma aríete veio na minha direção, batendo no meu peitoral e me dando um forte golpe que me jogou para trás, me fazendo bater contra a parede com força. Por sorte, minha armadura estava ali para me proteger, ou então estaria morto naquele momento. - Puta que pariu... – sussurrei, sentindo que a minha armadura havia levado um duro golpe, lembrando-me também da surra que levei da Nanabi, que quebrou a minha armadura. - De novo não… – Não sabia se a minha armadura havia sido completamente destruída, mas esperava sinceramente que não. Precisava dela para o resto da missão.

   Por fim, me levantei e continuei caminhando, até me encontrar em um laboratório, onde haviam corpos em todos os locais, de homens, mulheres e até crianças. Tomei mais cuidado ao entrar no lugar, olhando sempre para o chão e para cima, vendo que estava em um local cheio de dutos de água. As pessoas ali estavam mortas, e isso me deixava sem saber como reagir. Eram pessoas inocentes, que nada tinham a ver com a cruzada insana de Yakushi. Não tocou os corpos, pois poderia cair em uma armadilha.

   - Ele poderia ter sido o cientista mais reconhecido dessa vila, mas usou os seus conhecimentos para fazer experiências sombrias, para tentar destruir Konoha. Talvez Yakushi quisesse isso. Ser reconhecido por sua inteligência, pelos seus atos, mas no caminho… Ele acabou matando pessoas que não tinham nada a ver com os seus problemas. – imediatamente, lembrei de mim em minha mente.

   Não era como se fossemos semelhantes, mas na minha busca por um objetivo de vida, acabei matando criminosos que estavam no meu caminho. Sim, eu era um ninja, mas no meu íntimo, sabia que estava matando por prazer, pela necessidade de afirmação, não para cumprir o meu trabalho. Minha necessidade de tirar a vida de criminosos cumpria com os meus motivos egoístas, talvez… Talvez igual a Usoji Yakushi.

   - Talvez esse lugar não tenha que ser destruído… Talvez este lugar tenha que ser tomado por Konoha. Usado para bons propósitos, e não para experiências sombrias. Aliás, se eu destruir esse local, é capaz de causar abalos lá em cima. – enquanto estava ali, tirei um tempo para pensar no que fazer em relação a aquele local. O meu instinto de destruição poderia até falar alto, mas algo em minha mente dizia que deveria haver uma maneira de concluir aquela missão sem simplesmente sair explodindo tudo. Lembrei que, quando aquela cobra gigante saiu pelo teto e invadiu as ruas de Konoha, ele causou um grande estrago, coisa que eu poderia acabar fazendo se mantivesse a ideia destrutiva.

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   Minha mente trabalhava em diversas hipóteses: deveria voltar para Konoha e avisar que aquele local não poderia ser destruído, e que deveria ser transformado em algo benéfico, ou deveria acabar com a criação de Usoji Yakushi? Nenhuma das alternativas parecia ser a melhor, por isso não movia nenhum músculo. De repente, pude visualizar um espelho gigantesco. Caminhei até ele, mas não vi o meu corpo sendo refletido nele. Observei-o lentamente, mas não o tocando, usando apenas a minha visão e o meu instinto para tal coisa. Percebi, aos poucos, que se tratava de um tipo de tecnologia diferenciada, do tipo que não poderia ser comparado com nenhuma outra.

   - O que é isso? – cocei a cabeça, quando de repente vi que aquele espelho passou a sugar a energia que tinha dentro dos corpos dos mortos, olhando para trás e observando elas sendo sugadas pelos dutos. - Ele usou a energia dos mortos como uma... – olhei para trás e percebi que o espelho refletiu uma outra coisa: um novo local.

   Pisquei os meus olhos algumas vezes, para ver se o que estava na minha frente era real. Não queria arriscar nenhum palpite, mas parecia que aquilo na minha frente era uma grande câmera, mas quando pus a mão no espelho, senti que meus dedos atravessaram o espelho. Seria aquilo… Um portal para um outro laboratório? Deveria ficar ali e voltar para casa ou seguir o meu caminho? Ainda restava saber se Yakushi estava vivo ou não. Por isso resolvi arriscar e adentrei naquele portal, seguindo para o próximo estágio da minha missão, me preparando mentalmente para tudo o que poderia estar por vir.

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   Chegando ao meu novo destino, não demorei muito para perceber que estava em um cenário completamente diferente, bem longe de onde estava antes. Primeiro olhei para o chão, me certificando de que não havia nenhum Fuuinjutsu ali, pois uma armadilha poderia ser ativada e acabar com a minha vida, sem nenhuma chance de salvação. Olhei para cima e percebi que havia um buraco ali que poderia ser a minha saída para fora daquele local, antes de explodir tudo aquilo ali. Não, aparentemente não havia nada que pudesse ser salvo ali, pelo menos era o que eu via.

   Enquanto isso, pensamentos afloravam em minha mente. - Tantas coisas que eu poderia ter descoberto, ao invés de ficar com essa obsessão em matar criminosos. O mundo está cheio de coisas novas, como esse espelho que me teletransportou para cá. O que será que estou perdendo? Talvez haja mais nesse mundo para descobrir, principalmente no meu ramo. – sussurrei, olhando para o feixe de luz que caia do céu e iluminava o ambiente.

   Depois continuei caminhando, percebendo que havia ali um corpo que poderia ser de qualquer pessoa. Aproximei-me do corpo com cuidado, mantendo-me alerta para o caso daquele corpo resolver atacar ou tudo ali ser uma ilusão, identificando a bandana de Konoha em sua testa, afinando levemente os meus olhos. Se o cadáver se levantasse de repente, iria recuar e me preparar para o combate.

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   O peso da morte se formava naquele local horrendo. Usoji Yakushi poderia ter conquistado o mundo, mas a única coisa que fez foi arruinar a sua reputação e o seu legado. Não era o tipo de coisa que desejava para mim. Não queria morrer e ser visto por toda Konoha como um ninja que dedicou toda a sua existência a matar pessoas. Talvez fosse o momento de começar a minha mente e todos os meus conhecimentos para os objetivos corretos.

   Mas primeiro, precisava destruir o último resquício da passagem de Usoji Yakushi pelo mundo, esperando que, um dia, o meu legado fosse construído não sobre a areia, mas na terra firme. Imediatamente, peguei as kibaku fuudas em meu bolso, escalando a parede usando o meu chakra para fazer os meus pés grudarem na parede, assim poderia colocar as tarjas no teto tranquilamente.

   Depois que fiz isso, acabei saindo pelo buraco imediatamente, chegando em um cenário totalmente diferente, não o reconhecendo de imediato, mas caso estivesse livre daquele buraco escuro que era o antigo laboratório de Yakushi, eu simplesmente usaria a Black Ranger para ganhar distância do buraco do qual já havia saído, ficando a 30 metros acima do chão, realizando um único selo, explodindo o teto do laboratório, fazendo com que este desabasse e destruísse aquele local profano, encerrando com o seu legado naquele terrório.

   Caso conseguisse concluir a destruição daquele laboratório, procuraria saber onde estava, sobrevoando o local, dando uma rápida volta, até encontrar, a cem metros de distância do meu ponto de saída, um corpo. Primeiro o observei de longe, procurando saber de quem se tratava. Não demorei muito para descobrir a identidade daquele que estava ali no chão: parecia ser Usoji Yakushi.

   Estaria realmente morto ou era uma armadilha criada por ele? Se tinha uma coisa que havia aprendido era que aquele homem não inspirava nenhuma confiança. Resolvi descer, já procurando por selamentos existentes em seu corpo e por possíveis armadilhas próximas. Caso algum selamento se ativasse, me afastaria usando Shunshin no Jutsu, aumentando drasticamente minha velocidade, ficando até 40 metros do corpo. Caso não, ainda desconfiado, realizaria selos e buscaria utilizar o Denryuu, minha técnica assinatura, para prendê-lo em um selamento que o impediria de utilizar quaisquer jutsus ou que qualquer armadilha fosse ativada contra mim. Por fim, envolveria o seu corpo com as minhas correntes, só por garantia. Se aquele realmente fosse Yakushi, ele já tinha enganado a morte uma vez.

   - Eu sou um shinobi que se devotou as construções mecânicas, por isso há um pouco de cientista dentro de mim. Infelizmente para você, Yakushi, o único legado que carregará será o do mais absoluto terror, da traição, da loucura. Mesmo que você esteja vivo de alguma forma, você deve permanecer aí, morto para a história. Enquanto isso, eu seguirei o meu caminho, e pretendo ser bastante diferente de você. – sussurrei, e então pegaria o corpo e o colocaria em meu ombro esquerdo. Por mais que meu corpo fosse magro, era forte o suficiente para carregá-lo. Assim, procuraria o meu caminho de volta para Konoha, carregando o corpo de Yakushi comigo e, caso conseguisse, sobrevoando o cenário.

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   Pelo que pude notar, não haviam armadilhas no corpo de estava na minha frente, então fiz o que tinha em mente e coloquei o corpo em cima do meu ombro, alcançando vôo e buscando me encontrar dentro daquele ambiente tão hostil. O caminho de volta para Konoha foi tortuoso, pois demorei para encontrar o caminho para a minha vila, fora o fato de não saber inicialmente onde estava. Demorei, principalmente pelo fato de estar carregando um corpo em meu ombro, mas finalmente consegui descobrir o caminho para a vila. Passei pela floresta da minha vila durante algumas horas, antes de finalmente ver a minha casa.

   Quando cheguei perto dos portões de Konoha, percebi que os ANBUs estavam esperando próximo dos portões. Pousei lentamente, colocando os pés no solo e caminhando na direção dos portões, colocando o corpo no chão e desativando a armadura. - Diga para Angell que os laboratórios em questão foram devidamente explodidos. – avisei, sentindo uma leve dor na coluna e dando uma massageada no ombro.

   Depois da minha volta para casa, tirei a minha roupa e o meu reator, tomando um longo banho e me limpando de todas impurezas do meu corpo. Enquanto isso, ficava pensando no legado que Yakushi deixava para o mundo, e imaginando que tipo de legado que eu deixaria. - Sim… Está na hora de começar um bom legado, um que inspire as pessoas e os inventores da nova geração. – sussurrei para mim mesmo, indo buscar por algo para comer na cozinha.

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