Fazia algum tempo desde minha última movimentação, não era convocado para uma missão há tempos. O que não era ruim, afinal, quem gostava de gastar suas energias com os trabalhos do vilarejo? Certamente não eu. Mas, como o bom amante do dinheiro que era, não poderia ficar parado por muito tempo ou ficaria no vermelho.

━━ Tsc.

Ainda em minha residência, a qual somente eu residia, vesti minhas roupas habituais e acoplei meus acessórios ninjas: bandana e bolsa. Com isso, enfim saí após trancar os cômodos e guardar a chave no bolso da calça. Não me agradava muito viver em sociedade, mas infelizmente era minha única opção. Ao meu ver, não havia benefício em socializar com o restante das pessoas, que somente serviam para me julgar e apontar o que eu devia ou não fazer. A hierarquia era a maior prova disso, mas para minha sobrevivência, era importante não me contrapor à esse sistema ainda.

Galguei da minha casa até o quartel general da vila, onde procurei pelo quadro de missões e passei algum tempo em busca da tarefa que mais se enquadrasse nos meus "gostos". Nada de cuidar de gatos, senhoras, brincar de fazendinha, nada disso fazia meu estilo e nem morto eu faria uma coisa tão humilhante. Perpassei meus olhos escarlates pelo quadro, até finalmente ler algumas linhas interessantes na descrição de uma missão.

━━ Hmf.

Arranquei o papel brutalmente da lousa e me direcionei ao balcão. Não havia muitas outras pessoas ao meu redor e nem uma fila, então eu fui atendido de imediato, como eu gostava. ━━ Essa missão, irei pegá-la. ━━ Indaguei, curto e grosso. Palavras não eram meu forte. Para um simples Genin, eu era bem alto, apesar da pouca idade e aparência jovial, o que podia render comentários pejorativos como "tão velho e ainda um Genin?!", mas ninguém nunca ousou dizer isso na minha frente. Não alguém que ainda estivesse vivo, ao menos.

A mulher que me atendeu no balcão engoliu seco e pude notar uma gota de suor escorrendo pelo canto do seu rosto, talvez estivesse nervosa com minha presença, mas a tornaria tão breve quanto possível. Ela puxou um carimbo de uma gaveta e marcou o folheto com a assinatura da nuvem, balbuciando algo que não prestei tanta atenção, apenas confirmei que a missão era minha e saí o quanto antes.

━━ Bom, vamos terminar essa merda.

Passos largos e pesados eram dados na direção dos portões, minha missão era vigiar os arredores, e assim o faria. Ao chegar nos portões, puxei o folheto de antes do bolso e mostrei a autorização para sair da vila temporariamente, e assim os guardas me liberaram. Não disse uma palavra sequer, apenas mostrei o papel e segui meu caminho. Comecei minha "patrulha", que era basicamente andar de um lado pro outro com intervalos de meia hora entre cada ronda. Nada aconteceu durante um bom tempo, o que particularmente me irritou, por que esperava algum tipo de ação e não uma missão entediante.

━━ Que bosta de missão.

Indaguei, indignado. Mas uma silhueta antagônica surgiu para me fazer morder a lingua, figurativamente, o que era de fato uma boa notícia. Com uma rápida olhada ao me virar para contemplar a efígie, percebi de cara que não era um ninja da nuvem, graças à falta de identificação - sua bandana. ━━ Não preciso dizer que você vai rodar agora, né? ━━ Abri um pequeno sorrisinho de canto, que sequer poderia ser visto debaixo da máscara vermelha.

Era um homem de vinte e poucos anos, portava uma espada e parecia ser um ladrão das montanhas, a julgar por suas vestimentas de couro surradas. Não era algo incomum por aquelas bandas, talvez tivesse me achado um alvo fácil. Bom, azar o dele. Unindo meus dedos rente ao peito, reproduzi símbolos de mão e amassei meu chakra no peito, em seguida expelindo em frente a minha máscara um amontoado de chamas que progrediu em direção do salteador e o engolfou completamente.

O que restou ao abaixar das chamas não era nada além de um corpo carbonizado e sua espada jogada no chão, nada que tivesse serventia para mim. O que me levantou o questionamento ━━ Seria interessante se os cadáveres tivessem utilidade pra mim ━━ nada além de palavras ao vento. Pelo menos matar aquela escória serviu para acalmar meus ânimos, não por muito tempo. ━━ Acho que vou esconder esse corpo, não seria bom ninguém ver isso ━━ E assim, aproveitando o fato de estar sozinho, arrastei o corpo carbonizado para um desfiladeiro e de lá atirei o corpo, retornando assim para a vila após cumprir o tempo de patrulha.

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Fui encarregado de substituir a responsável pela floricultura parece que ela se tornou uma ninja médica e isso estava ocupando muito tempo dela, nunca fui muito fã de plantas ou de algo do tipo nem sequer entendia mas era só substituí-la durante um dia então não era nada difícil de se fazer. Aprontei-me com o traje padrão ninja da vila da nuvem e fui até o centro da vila onde localizava-se a tal floricultura; Cheguei em alguns minutos, bem poucos. Ela se apresentou a mim como Denvers e entregou-me um bilhete, era o nome mais esquisito que havia escutado mas não o julguei, só acenei com a cabeça e passei por ela coloquei a minha Hip-Pouch no caixa até porquê não haveria necessidade de utilizá-la e enquanto observava a tal Denvers indo com o seu jaleco branco a caminho do hospital da vila que ficava não muito longe dali.

Para minha surpresa a floricultura era mais movimentada do que pensei e vinha bastante clientes a todo tempo fazendo todo o tipo de pergunta e querendo saber dos benefícios, de quais eram caseiras, de quais tinham veneno, e eu não sabia aquele tipo de coisa tive de apelar ao bilhete que a moça me deu e comecei a explicar um a um atendendo-nos conforme eu podia, no começo estava muito atrapalhado e complicado de entender, reconhecer e saber qual era o tipo daquela flor. Quando consegui fazer o trabalho de floricultor haviam se passado horas e o ritmo enfim começou a abaixar vindo um cliente por vez, em média. Peguei os panos e um balde de água e comecei a limpar toda a loja até que ficasse limpa o bastante para agradar a floricultora que viria em instantes, de acordo com o relógio e se nenhum paciente atrasasse. Fui até o caixa e peguei o bilhete com as instruções e o último item da lista era regar as plantas e isso não demorou sequer dois minutos, foi o tempo que Denvers surgiu na porta da floricultura aparentemente surpresa com o trabalho que eu havia desempenhado. Ela trocou o uniforme, agradeceu-me e me deu uma carta comunicando o cumprimento da missão.

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Mal conseguia dormir, algo me incomodava, o sentimento da missão anterior rodeava minha mente, o prazer de matar aquele assassino enchia minha cabeça de emoções diferentes, imagens do inimigo pegando fogo apareciam a cada piscada de olho que dava e os gritos de dor eram como uma sinfonia para minha sede de justiça, diversas famílias que ele matou... em um rápido movimento levanto da cama e resolvo esfriar a cabeça no lado de fora da casa, era algo necessário, ainda mais em um momento daqueles, uma missão curta seria o bastante para tirar meu foco daquela situação. Sigo em direção do quadro de missões, procurando algo que me faria refletir e relaxar, correr seria minha meditação no momento, então uma missão de entrega seria perfeita para o trabalho.

A encomenda era leve, um pergaminho de direções é entregue em minhas mãos, junto a uma caixa seriamente vedada, sou alertado sobre a importância da mesma, porém sem muitos detalhes, algo sobre os experimentos do laboratório de Kumogakure, realmente não me interessava nem um pouco, meu ponto de partida seria no Portão Oeste, uma estrada na encosta de uma montanha, algo que não facilitava nem um pouco minha corrida, diversas curvas estreitas e penhascos surgiam em meu caminho, junto a um acampamento que decido pedir direções, minhas vestimentas não gritavam minha origem, facilitando uma viagem segura e sem qualquer preocupações... alguns homens ao redor da fogueira intensa se levantam ao me aproximar, faço minhas perguntas e os mesmos guiam meu caminho, apontando para a direção que precisaria seguir, suas feições eram peculiares, com um certo medo que demonstravam, algo não estava certo. Sigo na direção apontada e observo o vilarejo não muito distante, porém uma senhora caída com diversas sacolas na estrada me chama a atenção, ela pede ajuda, mas decido ignorar devido a minha presa com o pacote, a alguns metros de distância escuto um assovio, em um instante cinco homens com facões e cimitarras surgem em minhas costas.

- Sabemos que tem o pacote ninja de Kumogakure, estamos o esperando a algumas horas já, entregue-o agora ou pegaremos a força!

Os mesmos jogam um pequeno saco de moedas para a senhora, que enche seu rosto com um sorriso. Agarro uma kunai em minha bolsa e em um flash sangue é derramado, a garganta dos cinco homens é cortada e espirra sangue como um rio na senhora sentada, apareço enfim em sua frente com uma sensação incrível rodeando meu corpo, o rosto aterrorizado da mulher me faz acordar e observar minha ação com preocupação, o que estaria acontecendo?...

Uma última corrida preocupada me leva a vila, onde entrego o tão prometido pacote, as roupas sujas de sangue causam preocupação nos moradores, porém apenas sigo meu caminho de volta, o mais rápido possível...

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