Inacreditável, ele pensou, tocando os dedos no tanque. O líquido tinha uma coloração próxima ao verde-esmeralda, como se estivesse infudido a alguma composição química. Embora o que estivesse flutuando ali fosse, claramente, o corpo de um homem — e não qualquer homem —, ele não conhecia nenhum agente químico capaz de preservá-lo daquela forma e ainda exibir batimentos tão sutis no monitoramento próximo. Eletrodos conectavam-se ao peito desnudo, levemente coberto de pelos, com uma aparência magricela e frágil, como se não tivesse nenhum movimento há muito. Dois anos..., refletiu, tendo a certeza de onde vinha todos os poderes investidos na vila — e nas pesquisas daquele laboratório.

— Pelo visto você finalmente conseguiu, não é, Shisui-kun? — a voz feminina, embora levemente alterada, soou no ambiente. Shisui colocou-se de prontidão, imaginando de onde viria o ataque, com as mãos escondidas no manto para convocar uma de suas marionetes se fosse necessário. Viu um vulto rompendo um canto do laboratório, na escuridão, e virou-se depressa. Observou, atento, às movimentações. Uma risada debochada ecoou nas sombras. Shisui sentiu um calafrio percorrendo suas entranhas. — Tão fofinho acreditando realmente que poderá me vencer no meu próprio lar. —

Mais uma sombra. Shisui sentia que estava cercado. Não pareciam mais apenas uma figura humana. A sensação era de ser observado por vários pares de olhos demoníacos. O frio dominou seu corpo e um arrepio levantou os pelos da nuca. O instante passou como uma eternidade e os barulhos e movimentos cessaram... até uma sombra avançar contra ele.

Shisui jogou-se na direção oposta, sentindo a ponta do manto sendo presa ao chão, perdendo-o no meio da ação. Ficou com o uniforme padrão da vila, mas puxou também um pergaminho das costas, convocando uma marionete com aparência singular — um ser corpulento, com uma boca aberta cheia de dentes afiados e um manto branco com penugens, como uma criatura das neves, um Yeti. Mexeu os dedos, fazendo-a avançar contra a enorme sombra, e uma explosão elétrica aconteceu acima dele, desligando uma lâmpada. Virou-se para cima e encontrou mais uma sombra descendo de forma violenta. Saltou para trás, no susto, trazendo consigo a marionete e viu uma segunda silhueta desenhando-se na escuridão. A primeira, de antes, ergueu-se num misto humanoide com uma longa cauda, asas e até chifres. Já a segunda, mais recente, tinha um tronco humano, mas, da cintura para baixo, soava como uma aranha gigante.

— Shiro no Mai: Imawashi! — ecoou sua voz impotente, aplicando todo seu chakra para fazer a marionete estremecer e abrir a boca, emitindo uma onda de chakra frio que expandiu-se no ambiente e as coisas começaram a ganharam uma camada branca e fina, quase brilhante. Olhos bem treinados poderiam perceber facilmente de que não se tratava de gelo nem outros poderes semelhantes — eram teias de aranha. As silhuetas ficaram amarradas em fios provindos de sua marionete. Shisui sorriu.

— Que fofo. — a voz da cientista voltou a reverberar no ambiente antes de um brilho absorver as teias nos corpos das silhuetas. Dez olhos vermelhos o encararam na escuridão. O sorriso desmanchou-se no rosto do shinobi. Eu tô ferrado, foi tudo no que ele conseguiu pensar antes de ver as sombras avançando novamente contra ele. Usou a marionete na frente contra uma delas e a viu ser arrebentada num único contragolpe — nem parecia sua melhor marionete de combate.

As risadas de Takura ecoaram no ambiente enquanto Shisui tentava sair com vida.