Os primeiros sinais do Selo Amaldiçoado levaram Shigaraki a uma noite incólume, algo surpreendente para si. O descanso não havia sido o mais adequado, visto as olheiras que se enraizavam no semblante pálido, entretanto, ao acordar, não notara quaisquer sinais que demonstrassem algum perigo. Aiko, a garota que, através do Selo Amaldiçoado se tornara uma criatura gigantesca e a mesma que o subjugara durante os últimos acontecimentos, agora mantinha a aparência feminina – e completamente jovial.

— Eu já posso me levantar? Minhas pernas precisam de algum alongamento ou terminarei com cãibras. — resmungou, notando que a ruiva analisava o seu corpo, em principal, a marca do Juinjutsu que agora pertencia à área cervical de seu corpo.

— Levará apenas mais alguns minutos.

— É uma necessidade especial, Aiko.

— Não me importo. — ela murmurou de forma grosseira, embora com o tom de voz extremamente doce. — Bem, acabei. Apenas procure não exagerar nos próximos dias, o selo está se adaptando ao seu corpo, portanto, precisa tomar cuidado. Logicamente Sasaki lhe pedirá para fazer algo, mas... — ela interrompeu as palavras, pensativa.

— Mas? Não guarde vocábulos. — o rapaz expressou.

— Recomendo que não o siga cegamente... Por enquanto. Tente compreender o motivo de existirmos, o que fazemos e só após isto, tome a sua decisão.

— Eu não luto sem um fundamento. — o rapaz encerrou, dando a abertura para que o exame de rotina fosse concluso. Aiko o encarou por alguns minutos, em um misto de dúvida e igualmente pena. Shigaraki não compreendia o teor do olhar, entretanto, pareciam muito familiares a si. — Posso me vestir? — a pergunta soou como uma sugestão, visto que a garota assentiu desesperadamente. Em seguida, saiu da sala, deixando somente o moreno no local.

As costas do rapaz quedaram na cama novamente, uma vez que o amanhecer havia acabado de chegar. Animais iniciavam seus cânticos, e os raios solares sequer eram capazes de penetrar as vidraças da janela. Renji suspirou, relembrando o dia anterior. O combate com Aiko, a junção com Sasaki e o golpe de Anastácia que ativaram o selo em seu pescoço.

"Eu posso guiá-lo. Somos alunos de Michelin, tanto eu, quanto minha esposa. Embora tenha o assassinado meses atrás, há algo em ti que o encantava, e isso poderá ser cobrado através de um débito. Una-se a nós, Shigaraki Renji, mesmo que temporariamente. Nós o levaremos a outro nível de sabedoria, e igualmente de poder."

Com as palavras do homem revitalizadas em sua cabeça, o rapaz semicerrou os olhos vagarosamente. Seu corpo solicitava por mais algumas horas de descanso.

"Sobreviver a este processo é uma dádiva. Apenas um entre dez foram capazes de suportar tanto poder, algo que você almeja. É intrínseco, característico do ser humano buscar poder, conhecimento, força, a chance de governar súditos. Você não é diferente disso. Seja sincero quanto às suas intenções."

O enoitecer chegou velozmente, notável quando entreabriu os orbes imediatamente após semicerrá-los, assemelhando-se a poucos segundos – e, se não fosse a noite ao seu redor, acreditaria fortemente naquilo. A frase que infestava sua mente de pensamentos desagradáveis foi o único fundamento que ali permaneceu após todas as horas dedicadas ao descanso de seu corpo, causando-lhe certo descontentamento. Anteriormente havia buscado aquele local para desvencilhar-se dos pesadelos que o acometiam, mas Sasaki prosseguia com total controle sobre sua psique.

Renji suspirou, erguendo o corpo para se sentar na cama. Os braços eram cobertos por faixas, assim como parcelas de sua face, algo tão desagradável quanto as gotículas que insistiam em pinicar o teto acima de sua cabeça. Colaborava para o mau humor característico, e também para forçar as pernas a tocarem o solo.

O moreno caminhou vagarosamente, atravessando os corredores obscuros e procurando o iluminar da lareira. Sua cabeça latejava, suas pernas cambaleavam, e a marca ardia. Por vezes, apresentava similaridade a um órgão parasita, buscando ter o domínio completo de seu corpo. Parte da exaustão não era somente por conta da absorção de sua vitalidade, porém, a igual necessidade de Renji manter a maldição sobre seu bel controle.

Quando as chamas da lareira se aproximaram, ao caminhar lento e com as mãos apoiadas à parede, o monge interrompeu seus passos. Dedicava algum tempo a observar a silhueta de Sasaki, um homem que não exibia seus olhos, e tampouco expressava algo na face. Os poucos sorrisos, mesmo mínimos, eram direcionados apenas para Anastácia ou seus dialetos excêntricos sobre ciência e poder.

Grosso modo, lembrava-lhe de sua relação com Mikan.

— Não é o momento para que se levante, Jovem Ren. — o silêncio foi desfeito com a manifestação de Sasaki, que mantinha a postura centrada em um livro. Não recurvava sua cabeça para lê-lo, tampouco utilizava os punhos para caso possuísse algum tipo de deformação física. Ele apenas permanecia com o queixo erguido, de costas para Renji.

— Sinto extrema fraqueza em minhas pernas. Quanto tempo faz? — a questão se referia exclusivamente ao tempo em que estava ali, desde o início do tratamento para análise das reações de seu corpo mediante ao selo.

— Há uma missão para você. Não se atente aos detalhes, apenas... Traga-nos resultados favoráveis. — ele ignorou a pergunta, restando a Shigaraki perdurar sem sua resposta.

— Há uma missão para você. Não se atente aos detalhes, apenas... Traga-nos resultados favoráveis. — ele ignorou a pergunta, restando a Shigaraki perdurar sem sua resposta.

O rapaz mordiscou um dos lábios agressivamente, permitindo que o silêncio percorresse por toda a ambientação. Aproveitou para, de soslaio, observar algumas das obras de Sasaki, como a estranha boneca amadeirada, com alguns mecanismos em sua desenvoltura.

— Já se passaram dias. — o moreno murmurou, quedando os punhos que antes apoiava seu corpo à parede. — Sinto dificuldades de equilíbrio, o que pode significar que estive sob efeitos de medicamentos durante todo esse tempo. — pressupôs, percebendo que a curvatura dos lábios do mais velho movimentou-se positivamente.

— Independente disso, não tenho influência. Todo o seu tratamento e, principalmente, as análises laboratoriais, são moduladas por Anastácia e aplicadas por Aiko. Meus interesses são outros. — o homem que antes permanecia de costas para Shigaraki, virou-se ao mesmo. O mais novo o observou, com certo desconforto.

— O que precisarei fazer? — desviou do assunto, buscando o pragmatismo. Além disso, Renji moveu-se para se sentar em uma cadeira, percebendo que o selo amaldiçoado mais uma vez buscava ativar-se, necessitando da aglomeração de seu próprio chakra em um local específico do corpo.

— Nada que não seja de seu agrado. Soube que desfez o contrato anterior com os corvos. Algum motivo palpável?

— Foi um presente. Embora quisesse trazê-lo comigo para uma jornada, acredito que não era o correto. Por muito tempo venho lapidando os sonhos e desejos alheios como um reflexo, e esquecendo-me de caminhar com os meus próprios passos. — expressou, quedando o olhar desmotivadamente. — Portanto, devolvi-o ao seu verdadeiro dono. Quero que a confiança dele seja materializada por atos, e não pelo sentimentalismo.

— Entendo. Foi por essa razão que também abandonou os papeis?

— Você sabe sobre isso, como imaginei. Logo, acredito que conheça o Monge dos Origamis.

— Esta é uma alcunha muito especial para alguém como ele. A verdade é que Hirohito, um nome certamente mais adequado, foi membro de meu time. Fez parte de nossa organização, e então nos abandonou. Mas isso não vem ao caso. — o mais velho ajeitou sua postura, inspirando suavemente. — Há dois shinobis vagando pelo País do Fogo com algo que deve ser de seu agrado.

— Não consigo presumir o que seria.

— Os pergaminhos de seus pais. O pacto de sangue que perdurou por sua família no passado.

— Dos meus pais?

— Corrigindo-me, o pacto deixado para si. Acredito que, ao saber de parte de sua história, desejará recuperá-lo.

"Um pacto deixado a mim por meus pais? Isso é algo que eu não esperaria.", pensou, descrente do embasamento utilizado pelo outro homem na sala. Renji não acreditava fielmente nas palavras de Sasaki, mas assentia com o mover vagaroso de seu pescoço.

— Alguma história por trás disso? — manteve o corpo ainda de pé, buscando acostumar-se com seu peso e excluir a necessidade de estar apoiado à parede. Ainda assim, deixava que um dos dedos restasse tocado à cadeira, em caso do fraquejar de suas pernas. — Não os conheço o suficiente para compreender aonde quer chegar.

— As respostas serão dadas no momento correto, jovem Ren. Neste instante, apenas posso lhe dizer o pouco que se refere a sua missão. Sua família, no passado, assim como alguns dos que se envolveram com os Iconoclastas, possuíam a ramificação de Ofiúco como seus guias. Em suma, deixaram este pacto de sangue, esperando que tanto você quanto sua irmã o herdassem. — as palavras eram ditas lentamente, com interrupções específicas para que suspirasse.

— Portanto, foram roubados e cabe a Shigaraki Renji retomar o "tesouro" de seus pais. — adiantou o contexto histórico, roubando um sorriso de canto por parte de Sasaki.

— Shigaraki? Esse não é o seu nome.

— Foi o nome que tomei para mim. Se for apenas isso que deseja para "me testar", é o que farei. Algum contexto ou informação para indicar sobre os alvos?

— Irmãos contratados para realizar furtos, logo, possuem uma perspicácia grandemente notada. Não busquei dados sobre habilidades, mas Aiko resguarda documentações sobre ambos. Fizeram parte de um grupo distinto ao nosso, e agora vagam pelo País do Fogo roubando especiarias.

— Compreendo. Não precisarei de muito mais do que isso. — concluiu o diálogo, decidido a se retirar do cômodo.

Não concedeu tempo o suficiente para que Sasaki dissesse-lhe algo mais, apenas refazendo todo o percurso efetuado anteriormente. Seus passos eram lentos, mas em nada importava, considerando que seus pensamentos prosseguiam vagueando pelos confins de sua mente. Afinal, a cada novo passo dado em busca de suas ambições, mais se afundava nos feitos de sua família, mesmo que aquilo não fosse de seu íntimo desejo.

Sentou-se na cama sem grandes dificuldades, clamando para que Aiko viesse ao seu encontro com os documentos necessários. A ruiva adentrou o cômodo com pastas, e uma bandeja, aproveitando para analisar a marca da maldição. Desde a manhã anterior, ela havia se expandido, tomado mais de seu corpo, contudo, igualmente regredia, sendo um resultado benéfico. Sem grandes delongas, decidiu dormir em conseguinte, dado que, no dia posterior, sairia para cumprir sua missão.

— Digamos que você conseguiu. Foram precisos cinco dias, mas o primeiro estágio do selo foi dominado. — a voz de Aiko soava em seus lóbulos, ao raiar do dia, efetuando o último exame de rotina. Ela examinava a área cervical de seu corpo, e quando interrompeu o toque, o mancebo vestiu sua camisa, levantando-se.

Renji trajava as roupas comumente utilizadas em peregrinação, sendo calças e botas negras, assim como uma camisa de mangas longas e a capa. Tocou a sola algumas vezes no chão, desconfortável com o tamanho inadequado para seus pés, e pôs as mãos no bolso, agradecendo com o mover positivo da cabeça.

— Do mesmo modo, tome cuidado. O Selo Amaldiçoado possui outro nível, ainda incontrolável para ti. Tente não exceder o limite de seu corpo... — prosseguiu a garota. Renji não a respondeu, permanecendo com o mover assertivo da cabeça. Ele não mais podia permanecer deitado enquanto os dias se passavam.

Em passos lentos, moveu-se para fora da propriedade. A bolsa de ferramentas ninja era posta ao redor dos ombros, enquanto as mãos eram ocupadas com a infinidade de papeis que serviam como referência para as presas. Aparentemente, seus históricos eram curtos e simplórios, dado que as maiores de suas habilidades eram as de infiltrações e roubos. Para combate, apenas detinham naturezas básicas como o Doton e o Futon, facilitando para que o rapaz se preparasse adequadamente.

Aquém aos documentos informativos, portava o pequeno mapa que instruía-o para o local onde ambos os Nukenins haviam interrompido sua "caravana" nos últimos quatro meses. Conforme se aproximava, mais dos traços da localização se tornavam visíveis. Primeiramente, a inexistência de vegetação que não fosse relva seca, e plantações queimadas, e em posterior, o estado degradado mesmo das estruturas amadeiradas.

O mancebo manteve os olhos atentos em direção ao seu destino, ocultando-se em meio aos primeiros sinais de penumbra. Havia caminhado durante o dia inteiro, portanto, analisaria o ambiente e recuaria para recuperar as energias de seu corpo. Detinha consciência de que, devido às máculas de outrora, não poderia exagerar e efetuar uma infiltração plenamente efetiva.

"Não há guardas, apenas civis. Provavelmente estão se passando por pessoas comuns para apagar o rastro daqueles que os perseguem", ponderou, agora recuando os passos para reunir alguns galhos no caminho, embora desistisse no meio do processo. Por mais que o corpo tremeluzisse pela friagem da mata, não podia acender uma fogueira.

Limitou-se, dessa forma, a devorar os poucos recipientes que possuía em sua bolsa. O sabor dos alimentos não era agradável, levando-o a sentir falta dos cozidos preparados por Mikan.

O sentimento de completitude fora obtido somente após o fim da refeição. Nos recipientes, resguardava algumas dezenas de alimentos processados, além de frutas. Estranhamente, fora capaz de comer tudo o que estava ao seu alcance, comprovando que o selo contribuía para as sensações peculiares que sentia.

Com o passar das horas, totalizando em cinco delas, porquanto a penumbra tornava-se ainda mais intensa, Shigaraki adentrava as inúmeras camadas de relva para infiltrar-se no vilarejo degradado. Não havia pessoas vagando pelo local, embora uma delas pudesse ser vista a longa distância, acomodando-se em proximidade a uma fogueira. Parecia esperar alguém, considerando que seus pés pisoteavam o solo com grande violência.

"Está ansioso, e seu semblante demonstra perturbação. Provavelmente está esperando por outra pessoa, por mais que seja estranho chamar tanta atenção por um detalhe intrínseco.", ponderou, movendo-se sobre as paredes de um dos casebres e se pondo acima do telhado, com o intuito de ter uma visão mais adequada sobre todo o lugar.

A paciência era uma virtude, permitindo que Renji aguardasse por cerca de quinze minutos contados por si, certamente errôneo, e se mantendo no mesmo posicionamento. Em poucos instantes outro homem surgiu, e para o estranhar do mancebo, carregava o corpo de uma mulher consigo.  

"Mas que diabos...?"

"Mas que diabos? O que eles pretendem com esse corpo?", o pensamento foi pertinente, não efetuando qualquer ação por perceber que a silhueta já se encontrava sem vida. O corpo da mulher não possuía qualquer ferimento visível, exceto por cortes na área dos ombros, causando dúvidas sobre a forma como havia sido morta. Renji contorceu os lábios, tentando manter a calma diante do fato e assim buscando retirar informações úteis sobre o ocorrido, em conjunto, analisar as figuras a sua frente.

O primeiro indivíduo possuía os fios de cabelo em tom rosado, até a altura da nuca. O segundo, no entanto, detinha o ar mais sujo e aparentava ser mais velho, possuindo o cabelo castanho à altura das costas, esta que também apoiava o excêntrico pergaminho. Ambos se reuniam ao redor da fogueira, iniciando uma espécie de diálogo.

— Acabou? Eles entregaram a porcaria das chaves? — o mais velho disse ao seu companheiro, ainda a pisotear o chão. O rosado conversava em murmúrios, sendo impossível para Renji escutar o que era dito. — O que? Como eles não aceitaram? Você é um inútil! INÚTIL! Não consegue fazer nada certo!

Shigaraki semicerrou os olhos, buscando concentrar-se para a conclusão de seu ato. Em específicos três segundos, moveu-se em alta velocidade para retomar o pergaminho que era arrolado aos ombros do mais velho. Com o cotovelo atingiu-lhe à nuca, retomando o objeto que pertencia à si.

—Mas o que é isso? — o mais novo gritou, recebendo o fitar severo de Renji.

— Há um assunto a ser debatido.

— Ele armou para nós! — o jovem gritou para o mais velho que permanecia cambaleando após o golpe de outrora. Quando este tentou se levantar-se, Renji pisoteou sua cabeça, fazendo com que quaisquer movimentos fossem interrompidos.

Sem pressa ajustou o pergaminho às costas, com os olhos centrados no rapaz. Shigaraki não exibia qualquer expressão no semblante ocluso, atuando de forma que o adversário deduzisse que estava ignorando os vocábulos. Entretanto, o mancebo prestava atenção em tudo o que era dito. "Armação? Interessante.".

— Onde conseguiram o pergaminho? A quem pertencia? — estendeu o tom de voz. O rapaz o fitou amedrontado, o que poderia causar estranhamento. Afinal, Renji não demonstrara quaisquer grandes habilidades no primeiro ataque. "Ele é mesmo um shinobi...?".

— Fomos pagos para isso, o nosso contratante nos pediu para vir aqui esperar o pagamento.

— Quem e onde? — fraseou os pontos específicos que o interessavam.

— Esse pergaminho estava no nome de um suposto Uzumaki, entre os artefatos que foram tomados de um monge do Templo. Estavam transferindo as posses para a sede de Hirohito, em nome do Ouroboros, e alguém nos contratou para retomá-los. Eu não sei quem foi! — o garoto se ajoelhou, implorando por misericórdia. — Sou apenas um titereiro, não me mate!

— Qual o seu nome?

— Allen, apenas Allen. Nós dois nos chamamos assim.

— A qual Uzumaki se refere?

— U-Uzumaki Renji.

— Oh... Portanto, eles realmente me pertencem. — emitiu, com um sorriso de canto, embora o palpável desgosto pela junção de sua nomenclatura e o sobrenome de seu clã. — Ainda assim, questiono-me: Ouroboros? Mais um de seus malditos enigmas para ludibriar-me?

— Eu não sei! Não sou quem possui as respostas, apenas pego os serviços e aplico, não faço escolha de a que ou quem sirvo.

— Compreendo. Possuímos similaridades neste aspecto. — murmurou, quedando uma das mãos. Imediatamente seu corpo moveu-se em alta velocidade, com o intuito de tocar a silhueta da mulher que agora havia sido atirado ao solo. O rapaz de outrora, notando a aproximação de Renji, automaticamente ativou os fios de chakra praticamente invisíveis.

O que antes se assemelhava a um corpo obtivera a clara imagem de uma marionete, que investia contra o rapaz. A cólera presente foi a responsável por findar as inúmeras marcas que surgiam por seu corpo, quando automaticamente atingiu o boneco com um golpe, destruindo-o.

O rapaz de fios róseos recuou dezenas de passos, porquanto Renji caminhava em sua direção. O fluxo de natureza elétrica transformava-se em uma esplêndida lâmina azulada, que se direcionava ao mesmo, entretanto, atingindo primeiro ao corpo do idoso que se levantava para tentar atacá-lo pelas costas.

Ao titereiro, finalmente, restava o último movimento, quando percebeu que suas costas tocavam uma das estruturas amadeiradas.

Quando suas costas tocaram a parede amadeirada, o titereiro compreendeu que apenas um único movimento lhe restava. Não era o indivíduo mais esperto, mas não desejava desfalecer como um tolo, aproveitando do específico momento para correr contra o indivíduo, realizando dezenas de miragens que possuíam o intuito de confundi-lo. Contudo, mesmo com suas ações focalizadas no idoso que agora beijava o solo, Shigaraki mantinha os orbes atentos no rapaz de cabelo rosado.

Ao avanço do titereiro, o moreno chocou a lâmina de natureza elétrica contra a face do mesmo, tirando-lhe carne e sangue. O rosto antes límpido foi banhado com algumas gotículas de sangue que sobrepujavam as marcas da maldição. O manipulador de marionetes foi de encontro ao chão, urrando em completa dor, porquanto Shigaraki efetuava o caminho oposto.

O símbolo do Ouroboros, selo este que se arrolava ao pergaminho, finalmente foi removido, permitindo que Renji lesse todo o conteúdo. Não permanecia ali unicamente o Pacto de Sangue desejado, como informações úteis de cunho científico, como Anastácia perpetuava. O rapaz mordiscou um dos dedos, permitindo que o sangue percorresse em ligeiras camadas, lentamente.

"Conhecimentos benéficos e maléficos, destruindo a si mesma, e se recompondo sob o ciclo infinito da imortalidade. Submeto-me à natureza instintiva de Serpentário, ciente de que tua essência aceitar-me-á  em teu plano perpétuo."


A manhã chegou rapidamente, similar ao piscar dos olhos. Satisfazendo ao pensamento esperado, as Serpentes haviam aceitado Renji como seu novo mestre, assim como a marca do Selo Amaldiçoado finalmente efetuara seu recuo. Sem grandes palavras ou um desfecho digno, Renji caminhava de volta ao seu ponto de partida, movimentando-se vagarosamente.