Takura havia entregado o pedido; câmeras de segurança que podiam gravar as ações dentro da vila e, ainda assim, por algum motivo, eles estavam com suspeitas. Não, as suspeitas não eram assim tão surpreendentes. Shisui tinha feito um ótimo trabalho implantando ideias estranhas na cabeça de todos os membros do conselho. Principalmente sobre Takura e seus avanços rápidos demais. Como membro da brigada das marionetes e inventor, ele sabia que nada funcionava tão depressa assim. Alguma coisa estava acontecendo nos laboratórios secretos daquela cientista, ele só não sabia exatamente o que era.

— Ainda assim, o que ela fez com essas máquinas é realmente impressionante  — disse-lhe um dos membros mais velho do conselho, um homem que viu a tecnologia ir ressurgindo lentamente. O velho, que chamavam de Ancião em respeito, discutia aquilo com os braços entrelaçados acima da mesa, mostrando a velhice na pele repuxada. — Não podemos simplesmente invadir o lugar e colocarmos em risco perderemos alguém tão promissor na nossa vila depois de tudo o que passamos — finalizou, pensativo.

— Sem contar que temos que ficar de olho em mais coisas no momento  — disse o Capitão Yoka, um membro importante das forças militares da vila. Tinha o rosto exibindo várias cicatrizes de batalhas enfrentadas no passado, inclusive contra Okina, sendo um dos poucos sobreviventes ainda na ativa. — Amegakure no Sato recebeu apoio de um Senhor Feudal interessado após conseguirem expandir os limites dela. Temos que ficar de olho neles, eles podem se tornar inimigos com o tempo e detém uma grande vantagem geográfica  — explicou seu ponto, olhando para todos os outros sete homens na mesa, apoiando os braços sobre a mesa, gesticulando lentamente as mãos enquanto explicava.

Shisui ouviu tudo atentamente. Sentia o medo em suas palavras e entendia-os. Tanto a existência da vila, como as forças de Kaze no Kuni, passaram muito tempo sendo diminuídas e sofrendo com a destruição de Okina. Ele não podia esperar que simplesmente aceitassem correr tantos riscos no momento em que a vila mais crescia. Ele realmente entendia. No entanto, ele não podia aceitar o medo. Havia enfrentado tantas coisas. Aprendido tantas outras. Sabia que alguma coisa estava acontecendo naqueles laboratórios e tinha alguma coisa a ver com os desaparecimentos relatados na última reunião.

Os membros continuaram debatendo a existência de Amegakure. Tinham as ressalvas pelas possíveis alianças e inimizades criadas. A vila sempre foi considerada, durante muitas décadas, quiçá séculos, como apenas uma mera existência entre outras maiores. A história do nome Amegakure estava atrelado a nada além de pobreza. Vê-la crescer dessa maneira era realmente preocupante para os mais conservadores. Ainda mais sabendo que ela tinha sido forjada através da expansão colonial a qual Sunagakure ainda não tinha grandes feitos — e até alguns traumas pelo tempo colonizados por Konoha. Shisui escutou-os até achar uma brecha e retornou ao assunto principal de seu interesse: o laboratório de Takura.

— Seja como for  — atravessou-se entre eles —, não podemos ficar esperando. Concordo com a preocupação sobre Amegakure e acho que seria bom enviarmos um espião para lá, embora seja perigoso. Ainda assim, precisamos acessar o laboratório de Takura cedo ou tarde, pode nos render boas informações para decisões tanto políticas, quanto militares.  — Shisui pontuou olhando seriamente para todos na mesa.

— Se for uma missão extra-oficial... em ambos os casos...  — Yoka comentou, pensativo. — Bom, é segurança nacional de certo modo.
— Exatamente. Eu sou o melhor indicado para o acesso aos laboratórios. Amegakure precisa de alguém mais jovem, que possa parecer um mero genin. Só preciso que deem a ordem.  — Shisui falou estufando o peito.

Os homens cochicharam entrando em consenso. Yoka encarou Shisui.

— Shisui, sua missão será esta: acesse o laboratório de Takura sem ser visto, consiga o máximo de informações sobre seus experimentos e nos traga para tomarmos decisões políticas e militares em cima disso. Evite combate a todo custo e saiba que se você for pego, podemos perder a confiança de Takura e, consequentemente, muito avanço tecnológico. Quanto a Amegakure, eu mesmo enviarei alguém de minha confiança. Todos de acordo?

Todos concordaram num sonoro "hai".

Shisui agradeceu, mas sabia que aquela tinha sido a parte mais fácil. A mais complicada vinha agora: acessar o maldito laboratório e desmascarar os atos de Takura.