—— 狩猟クマ
A grande estrela de fogo não havia se erguido no alto dos céus há muito mais que três horas, sendo o domingo um dia onde normalmente se pode dormir até mais tarde, Tomioka não perdia por esperar. Aparentemente seu feito na noite anterior chegara aos ouvidos dos shinobi de alto escalão da aldeia, que por algum motivo reconheceram o ato de destroçar a rocha que encarcerava os mineiros no interior de seu garimpo como sendo realizado por uma técnica do elemento relâmpago, no qual o genin era extremamente versado e possuía predisposição. Com tal reconhecimento, fora enviado um pergaminho até a residência do herdeiro de seu clã. Com as bruscas batidas em sua porta, foi impossível não acordar, ou ao menos tentar. O percurso até o exterior da casa fora feito de maneira abrupta e impulsiva, evidenciada num ato de lançar-se para fora do quarto com um impulso desengonçado, a partir da janela do recinto, rodopiando no solo em uma cambalhota estranha e com um pedaço de madeira em cada mão, empunhando-os como se fossem suas espadas, não percebendo o terrível engano diante do pesar de seu sono.

—— Dá azar acordar uma pessoa enquanto ela dorme —— O tom de sua voz era assustadoramente perigoso. O levantar fora lento e o olhar lançado contra o mensageiro que batia em sua porta era o de puro ódio, por mais que não houvesse motivo plausível para tal, a não ser que acordar alguém seja considerado um crime hediondo. O garoto era pouco mais velho que Tomioka, mas aparentemente fora tomado pelo medo. Lançou na direção do Hyūga o pergaminho que tinha em mãos e abandonou o lugar rapidamente. Observando o ato, toda a sonolência que o afligia passou e envergonhou-se por ter agido daquela forma, ainda mais por perceber que estava carregando em ambas as mãos dois cabos de vassoura velhos, o que julgava serem as suas espadas. Num curto espaço de tempo, enviou em um lance para dentro de sua casa a partir da janela por onde havia saído, os dois pedaços de madeira, recolhendo o pergaminho do chão e tal como saiu, entrou.

No interior de seu quarto, retirou o laço que vedava o pergaminho, lendo o conteúdo do mesmo na sequência. Duas missões de uma vez? Questionou-se, não tendo a menor intenção de recusar a tarefa, mas questionando-se quanto ao motivo. Aparentemente existiam ursos fora de controle nos arredores do vilarejo, os quais efetuaram algumas ondas de ataque contra as fazendas locais, destruindo as plantações. Os superiores acreditavam que os ursos poderiam estar sendo manipulados por shinobi de vilas inimigas, o que aos olhos de Tomioka, não possuía perdão. Na cabeça do menino, se era uma realidade aquela conjectura, controlar os animais para destruir as plantações poderia ser visto como uma tentativa de ferir a estrutura da aldeia, tocando num ponto que poderia doer: os recursos alimentícios. Aquilo era um ato de guerra, por mais que fosse burrice e uma ofensa à inteligência da Nuvem, era um ato de guerra.

O ronin se vestiu apropriadamente, recolheu suas laminas e partiu na direção das fazendas, tendo como primeiro objetivo livrar a lavoura de quaisquer feras. Ao chegar à última que havia sido atacada, contemplou o esforço da família em reconstituir o campo, sentindo um pequeno remorso em seu âmago. Já havia decidido que partiria para a próxima fazenda quando avistou três grandes criaturas de pelagem enegrecida surgirem de dentro da neblina que a floresta na fronteira produzia. O trio de ursos avançava e rugia como em uma orquestra em meio à sua ofensiva. A família no lugar não teve outra reação que não fosse a de correr, com apenas o patriarca resistindo a fim de ganhar tempo para que o restante pudesse fugir. Não se limitando a ser um mero espectador, Giyū realizou uma série de sinais manuais e viu-se rapidamente cercado por incontáveis raios de eletricidade que amplificavam a sua velocidade, o que lhe serviria bem.

Em um avanço extremamente veloz, pouco perceptível para pessoas sem treinamento ninja, atravessou o campo segurando com a canhota a bainha de sua espada, enquanto que com a destra segurou o cabo, efetuando um saque rápido enquanto se movia na direção dos ursos. O patriarca da família sequer notou o vulto que passou à sua direita, só dando-se conta do que acontecia quando jorrou um jato quente de sangue em seu rosto. Tomioka fatiou com sutileza e delicadeza, sem aplicação de demasiada força, duas das feras que investiam contra o homem, com a terceira vislumbrando o ato e fugindo assustada para dentro da neblina —— Você ia se sacrificar por sua família... Tem o meu respeito —— As palavras eram belas e de bastante peso, por mais brando que fosse o tom de sua voz, mas o foco ainda era a conclusão de sua missão, porquanto avançou na mesma direção que o urso amedrontado, resguardando sua lâmina de volta à bainha.

Invadindo a neblina, fez uso de sua máxima capacidade ocular a fim de visualizar mesmo ali. Byakugan, a maior arma em todo o seu arsenal. A partir de então, fora fácil localizar a fera e passar a segui-la, vendo-a adentrar em uma caverna e se aconchegar ao lado de outros ursos, não mais que uma dezena. O garoto não entendia o que poderia ter ocasionado aquele surto, mas sua missão já havia sido completa, aquela seria a tarefa de outra pessoa, outra repartição. As veias ao redor de seus olhos, antes dilatadas pelo uso de sua técnica visual, retornaram à sua normalidade e Giyū então se viu outra vez na fazenda, recolhendo de ambos os cadáveres de urso um punhado de fios de cabelo, levando-os por fim para o quartel da vila, onde recolheria sua recompensa, entregaria os fios solicitados para que fossem encaminhados para o laboratório e cederia a informação a respeito da caverna onde vivia a ursada.

Giyū; HP: 375/375, CK: 784/825, ST: 1/4

Considerações:

Usados: