Suas pálpebras pareciam tão pesadas e relutantes em permitir o abrir dos olhos esbranquiçados do rapaz, quanto ter de remar em um porta-avião largado ao acaso no meio do vasto oceano. Rolou ainda em seu colchonete surrado e incomodamente inflexível por mais alguns minutos antes de ser forçado a levantar pelo bicar inconveniente e incessante em sua janela, o qual se originava a partir do choque do espicaçar de uma pequena ave rente à vidraça —— Chô! CHÔ! —— Estava sendo consumido por um intenso e excessivo acesso de ira, muito por ter sido forçado a interromper os seus cinco minutos extras de sono, muito por perceber que aqueles cinco minutos já haviam se encerrado a mais de uma hora. O cochilo remanescente já decorria fora de seu controle, e agora uma espécie de corrida contra o tempo se iniciava, com o genin se vestindo às pressas antes de sair em busca de cumprir com suas obrigações como um shinobi da Nuvem.

Durante seu levantar abrupto, não percebera, conscientemente, que por pouco não perdera a sua mão direita em diversos momentos. Como quando quase prendeu a mesma no triturador da pia no minuto em que tentou recolher a pequena colher de açúcar que havia deixado cair ali ou mesmo quando se descuidou com uma faca, que utilizava para fatiar um pequeno filé de samão que lhe cairia bem como café da manhã. Nada disso fora notado pelo rapaz, ao menos não de forma consciente.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Tomioka exercia a singela tarefa de auxiliar um senhor, dono de um renomado restaurante no vilarejo, a descarregar suas encomendas recém-entregues pelo caminhão arcaico e desgastado que habitualmente fazia as concessões das remessas que eram solicitadas pelos proprietários das lojas pela longa avenida central. Durante suas atividades, teve a destra salva pelo filho do idoso, quando o mesmo retirou o membro de baixo de onde, poucos milésimos de segundo depois, cairia um saco extremamente pesado e rígido repleto de grãos, o que facilmente esmagaria a mão do jovem rapaz, que enquanto agradecia genuinamente, lembrava-se de quantas outras vezes naquele mesmo dia havia chegado perto de perder seu membro.

Sendo supersticioso como era, julgou como sendo uma mensagem enviada pelos deuses: iria eventualmente perder o braço direito. O que utilizava para absolutamente tudo. O que até então fora responsável pelos destaques que teve pelo caminho que seguiu. Decidiu, instantânea e subitamente, que treinaria arduamente até sua canhota se tornar tão ágil e independente, que sua coordenação motora viria a ser considerada perfeita e assim pudesse facilmente manusear e manipular tudo que lhe viesse a calhar com devida maestria.

Após concluir com seus afazeres, dirigiu-se para uma montanha alta que circundava o vilarejo, buscando a solitude máxima possível, longe de toda a civilização. No lugar, planejou e debruçou-se sobre seus treinamentos, efetuando uma sequência de flexões utilizando apenas da canhota, não passando, no início, de meros movimentos desengonçados que nem ao menos poderiam ser caracterizados como uma única flexão. O cenário custou a mudar, mas eventualmente tornou-se fácil efetuar aquele movimento, o que fez o Hyūga passar para a próxima dinâmica. O lançamento de facas kunai em alvos improvisados seguiu por horas e horas, chegando ao ponto de o entardecer estar se findando, tendo como resultado uma satisfatória e considerável parcela de acertos, ao menos do meio para o fim daquele exercício.

Tomando aquele dia como valioso e de excepcional aprendizagem, digna de reconhecimento, Tomioka seguiu rumo à sua residência, onde foi possível notar, por mais singelo que fosse o ato, a evolução e a aquisição de sua mais nova capacidade. Diferindo do habitual, ao que esteve diante da entrada, utilizou de sua canhota ao invés da destra para efetuar a abertura da passagem, reconhecendo no mesmo instante seu progresso.

Giyū; HP: 375/375, CK: 825/825, ST: 0/4

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