Em uma das explorações recentes pelos terrenos antigos da minha infância, tive a sorte de encontrar um mistério no próprio quintal. Tratava-se de um esconderijo, talvez, ou do abrigo de um ermitão pouco apegado a luz do dia. O que eu sabia de fato é que havia achado a entrada protegida e camuflada no chão da mata, treinando o alcance do meu rastreamento com o Chōjū Giga.  

Era um quadrado de três metros e talvez dois de altura, com o básico para sobreviver: pouca comida estocada, pouca lenha, a maior parte do espaço disponível para abrigar muito bem os pergaminhos e livros que ditavam o cheiro da toca. Em uma das quinas, provavelmente o esqueleto do proprietário, jogado como se estivesse ferido e incapaz de se mover, a mão apalpando as costelas quebradas.

Jamais ousei tirar qualquer coisa do lugar ou mexer nos objetos que compunham o cenário de ficção da toca, com exceção dos pergaminhos e livros. Quando descobri que tratava-se de técnicas e conhecimentos do mundo shinobi, foi como entrelaçar nossas existências. Estreei com a que parecia ocupar os últimos dias do cadáver, Shabondama no Ninjutsu.

Apesar do nome ridículo, era uma técnica prática, útil e poderosa se bem manejada. Seu uso envolve afinidade com suiton, elemento perfeitamente encaixado na minha personalidade e habilidades, e um soprador de bolhas. Tinha dois dos objetos no próprio lugar, mas certamente não me atreveria a usá-los por inúmeros motivos que não só por higiene.  

Inserir o chakra em algo líquido, moldar e controlar para fins diversos já fazia parte do meu treinamento, na verdade resumia uma das habilidades mais prazerosas que já experienciei. A primeira vez praticando o jutsu foi quase perfeita, se não fosse a necessidade de interagir com o chakra por uma parte pouco usual como a boca, garantiria um cenário diferente na tentativa.

Independentemente da facilidade e usualidade nas minúcias do Shabondama, dediquei uma semana inteira ao ninjutsu. Sabia que o simples saber e executar não chegava perto do ideal, a técnica deveria ser uma extensão do meu corpo e mente, era dever fazê-la fluir naturalmente com as ações e decisões.

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