O motivo que me guiou até a velha talvez beirasse minha admiração pela arte que produzia. Apesar do pouco reconhecimento da massa de Kumo, suas obras eram devastadoramente lindas e impactantes, retratavam a estranheza, a luta consigo mesmo e as tragédias do mundo shinobi. Convencê-la a me ensinar as técnicas, única expressão a prender a busca por escapes do tédio e monotonia, fora mais fácil que o suposto. Não consegui notar qualquer indício de carência ou algo nesse sentido, ela mais parecia curiosa a meu respeito que necessariamente necessitada.  

O pagamento pelas lições seria minha disponibilidade para a cobrança de um favor, independentemente de qual, mas com seus limites cabíveis. Durante uma das aulas, sem qualquer pretexto de exibição ou necessidade do momento, Baki rapidamente rabiscou um pergaminho e as letras voaram do papel em forma de ratos e pássaros, disparados pela janela ao céu claro e ainda mais distante, outros pelos cantos escondidos do chão. Deixei de lado tudo que estava fazendo e cerquei-a até ter detalhes daquela técnica.

A arte da velha já não importava mais, não queria saber de imagens bonitinhas e expressivas pintadas em quadro, ter os desenhos criando vida e servindo ao meu propósito parecia maravilhoso. Incomodei-a por dois dias até concordar em me falar sobre a técnica e mais dois para me ensinar. Meu talento em ninjutsu era inato e a certeza de um aprendizado facilitado e acelerado formigava as mãos. Mas, com todo rigor de uma árvore velha, severa e imutável, Baki fez-me estudar o corpo inteiro da arte, do desenvolvimento desde o berço até a atualidade; artistas, obras, estilos, influência social e tudo que julgasse importante.

Quando de fato começou a me ensinar, a satisfação em ter-me como aluno era quase palpável. Eu tinha certeza que o sentimento se dava mais pelo meu interesse no estilo de jutsu que pela facilidade em aprende-lo. Imaginei que o avanço a ofenderia, dando a entender que o conteúdo seria fácil demais, mas sua maturidade era exemplar. Quando mostrei estar propenso a uma visão limitada da sua arte, disse-me o que é básico do Chōjū Giga e todo usuário deveria carregar pendurado nas bagagens de estrada.

ー Versatilidade é a melhor ferramenta ninja. Chōjū Giga trata-se disso, versatilidade e não capacidades exacerbadas.  

A primeira vista parecia fácil desenhar com chakra e rapidez imbuídos no pincel, mas mostrava-se a parte mais tortuosa do caminho. O treinamento divertia e fazia a evolução andar rapidamente, tornando a agilidade nas mãos algo natural e pronto para todas as mais distintas situações. Disse que meu agradecimento não seria suficiente, quando nos despedimos. Insisti em permanecer em sua companhia até que a dívida fosse paga, mas a velha garantiu cobrar minha palavra quando necessário.  

Considerações:

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