[QUEST/SOLO] cursed seal

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[QUEST/SOLO] cursed seal - lua nova
[QUEST/SOLO] cursed seal - lua nova

Convidado

27/1/2020, 00:37

lua nova

Minha dívida com Kaname estava paga naquela manhã e aparentemente meu desempenho nas missões havia me levado à confiança para maiores responsabilidades, duas coisas que revigorariam o ânimo de qualquer pessoa como eu. Quando recebi a obrigação de verificar laboratórios clandestinos, consequentemente lidando com criminosos, possíveis conflitos e muito provavelmente coisas curiosamente inéditas na área científica, deixei de lado sabe-se lá o que eu estava fazendo e corri me preparar para partir o quanto antes. A solicitação para a missão fora feita de forma específica, de modo que fui rastreado por um ninja pessoalmente e designado à missão. Tentei identificar a maneira como havia me achado, mas ele era bom em esconder quaisquer que fossem suas características.

Chegar ao local não cobraria muito tempo, talvez a distância informada pela vila estivesse certa e oitocentos metros separariam os muros da saída mais ao sul do laboratório, mas era difícil exatidão nesses cenários. Um quarto de hora para me arrumar e metade disso até o limite dos muros. Os metros restantes seriam lentamente pisoteados, palco do planejamento a respeito dos possíveis cenários logo à frente, ou ao lado, se a estrada fizer alguma curva. Era uma região que eu não conhecia, o que significava que era proibida pra mim anos mais cedo, consequentemente perigosa.

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27/1/2020, 04:45

lua nova

Aproveitei a excepcional situação de estar explorando novos matos em Konoha e degustei cada metro desconhecido de floresta e trilha. Durante bons anos fui criado nas matas circundantes da Folha, conhecia cada espécie frutífera e sabia onde ficava os melhores rios. Porém, esses lados sempre foram proibidos por meu tutor e tudo que me restaria seria a curiosidade torturante. Dessa vez era minha obrigação estar ali, era como descobrir coisas novas no próprio quintal. E como o explorador hábil de quintais perigosos que sou, deixei de lado todo o fascínio pelas ineditudes e mergulhei na cautela e atenção, deixando-as guiar os passos e direção dos olhos; já estava próximo.

Os sinais da trilha já não diziam que ela estava tão abandonada, indícios de passagem humana recente foram mostrando-se aos poucos, perdendo a timidez completa depois de cinquenta metros adentro da mata sem caminho. Esgueirei-me como um felino por entre a vegetação fechada, procurava evitar estalidos e enroscos, lenta e eficientemente. Algumas falhas nas folhagens dos arbustos ofereciam vista para a construção escondida; havia encontrado! Ainda era cedo para fazer qualquer coisa em relação ao lugar, entrar seria suicídio e chamar atenção, mesmo que de fora, provavelmente os fariam fugir ou usar algum protocolo de defesa. Minha melhor opção era esperar e observar. Fiz o reconhecimento básico em volta da pequena e luxuosa cabana de madeira e concreto e pousei camuflado logo à frente da entrada, seguramente distante.

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27/1/2020, 11:19

lua nova

Camuflagem, espionagem e investigação eram conceitos básicos dentro do meu treinamento quando mais novo. Foram estratégias, talvez características exploradas por árduos longos meses. Espionar e investigar em boa parte está mais ligado à sua capacidade em manter-se anônimo do que suas habilidades de observação. São aspectos geralmente necessários em momentos de tensão e risco, o que perturba a efetividade de algumas pessoas em esconder quem são. Eu estava calmo. Calmo talvez não seja o termo certo, pode implicar na necessidade da calma, na sua chegada necessária e bem vinda. Não, não era meu caso. Nesse ponto da vida ela já fazia parte de mim, seja isso bom ou ruim. Era a barreira que afastava as enchentes.

Mantinha-me no mesmo lugar por no máximo uma hora até trocar de posicionamento. Após a terceira troca tive o primeiro contato com os responsáveis pelo laboratório; o homem não era o que as expectativas estereotipadas imaginariam que fossem, não vestia qualquer jaleco longo, óculos e sua estatura não era esguia, pelo contrário, era rígido em todas as características e estava acompanhado de uma longa lâmina pendurada nas costas. Sua presença por si só era valiosa e deixei que voltasse ao interior da cabana sem qualquer interferência. As informações não eram suficientes para agir.

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27/1/2020, 14:39

lua nova

Troquei de posições mais duas vezes e novamente um ninja não estereotipado saía da cabana, com a mesma rusticidade em cada detalhe da aparência, igualmente armado com uma espada, porém em lugar diferente. Eram semelhantes, mas não iguais. Imóvel como cada um dos troncos das árvores que me circundavam, observei-o durante os dez minutos de vigia que o homem fazia. Como eu sabia que era vigia? Bom, por mais que ele tentasse quase convincentemente disfarçar sua exagerada atenção aos arredores com comidas e cigarros, assim como o outro, se seus olhos permanecessem parados por mais que dois segundos em algum canto da mata seria muito, a menos que algo estivesse errado. Também era a segunda vez que saíam e em tempos semelhantes, provavelmente uma rotina. A necessidade de dois ninjas diferentes e aparentemente habilidosos me incomodava de forma estranha, como se esse não fosse de fato o problema.

A terceira seria a vez definitiva. Tinha um padrão a ser confirmado, plano elaborado e vantagem da surpresa. Muito mais próximo da entrada do que eu gostaria de estar, posicionei-me à espera do homem. Terreno elevado, camuflado, rota de fuga, ângulo vantajoso e completo foco esperavam o primeiro fatal indício da presa, o tempo havia excedido a média dos dois anteriores e a mente já trabalhava em alternativas quando o estalo de madeira quebrada roubou qualquer sinal de pensamento. Não houve raciocínio, os músculos agiram por conta e o cérebro fez muito bem lembrando-os o caminho da fuga planejada. Talvez oito metros adentro da mata tenham me separado da cabana quando fui pego por uma escuridão progressiva. A audição foi a última a me deixar e pude ouvir alguns passos antes de apagar.

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27/1/2020, 17:52

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Não precisei retomar a efetividade total da visão e dos outros sentidos para notar que estava encarcerado. Chão frio, falta de brisa ou circulação de ar, os membros estavam livres, a boca e garganta secas como mamona no sol, talvez os lábios estivessem rachados pela falta de água também, mas era igualmente possível ter apanhado enquanto inconsciente. Conforme recuperava-se completamente, a visão contava que realmente estava encarcerado e em uma minúscula sela cúbica com grades metálicas, sem cama e sem lugar para necessidades fisiológicas. Com a audição soube que os gemidos e lamúrias indicavam que não era o único ali e a cabana estava longe de ser uma cabana e pequena, se é que ainda estávamos lá.

Aparentemente não havia nada errado com meu corpo, julguei seguro levantar e conseguir o que fosse possível de informações depois da procura inicial por ferimentos ou lesões; estava completamente enganado. Levantei rapidamente e desabei ao chão no instante seguinte, incapaz de conter o grito de dor rasgando pela garganta. A partir do tórax até as extremidades do corpo, todos os sistemas possíveis do organismo estremeceram em dor e agonia, ossos, músculos, carne, nervos e tendões, sentiam-se queimados e perfurados em cada centímetro até cessar repentinamente.

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27/1/2020, 21:03

lua nova

Acordei pela segunda vez, tão perdido quanto na primeira. Agora meu peito irradiava uma dor estranha, não conseguia localizar onde ela se encontrava exatamente, tecido, carne, músculo, nervos, ossos, chakra ou em tudo ao mesmo tempo. O lugar e a disposição das poucas coisas ali dentro era a mesma, com exceção do tempo. A baba no chão misturada ao pouco de sangue tirado na queda estava com a secura de duas horas talvez. Levantei sem a companhia de qualquer sensação inesperada dessa vez, exceto meus armamentos nada havia sido tirado de mim, o que dizia algumas coisas sobre os criminosos. Naquele ponto temia já estar sendo cobaia de algum experimento clandestino.

Seria tolice tentar chamar por alguém. É incomum cativos terem qualquer oportunidade de fala sem que seja intencionado pelos captores. Aproximei-me da parede muito pouco distante, à direita, e bati algumas vezes na espécie de rocha que compunha toda a estrutura do lugar, esperando receber resposta de outra vítima vizinha. O silêncio manteve seu domínio em ordem por pouco tempo, logo após as batidas a parede fora alvejada por algo pesado, forte e vivo. O lado da cela tremeu, tirando poeira de todo o corpo empedrado do cômodo. Outra pancada, gemidos de dor e agonia, grito de desespero e um barulho molhado de carne estourando.

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28/1/2020, 00:05

lua nova

Os sons bizarros que compunham uma cena que eu imaginava ser ainda pior despertaram um medo profundo e severo. Tudo que eu sabia apenas guiava a situação rumo ao desastre: estava em um laboratório clandestino, sem informações a respeito do que estava sendo desenvolvido, quem desenvolvia ou o por que, estava capturado e sem noção de tempo ou lugar. Quando os feixes de compreensão iluminaram onde deviam iluminar, puxei a camisa com o ímpeto de um curioso desesperado, rasgando-a até tornar visível a marca no centro do peito. Minha expressão facial fora tão deplorável quanto o sentimento alastrado, petrificante.

Novamente minhas suspeitas mostravam-se sólidas e infelizmente terríveis. Eu não precisava saber especificamente do que se tratava para saber que naquele momento a pior das hipóteses caía sobre minha missão, não só havia sido capturado como virado vítima do que caçava. Pra piorar, talvez o principal medo estivesse atrelado a sensação estranha que a marca emanava. Estava intimamente ligada à minha existência, parasitando-a de formas desconhecidas. Quão corrosivo seria o preço daquilo? Seria ele abrangente o suficiente para consumir minha sanidade mental? Melhor a morte, sem dúvida alguma. Talvez os pensamentos repulsivos estivessem prestes a dominar no momento em que o ecoar dos passos alcançou meus ouvidos quase desatentos.

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28/1/2020, 03:05

lua nova

Os músculos treinados agiram de imediato em conjunto ao que restava de atenção no cérebro, saltei instintivamente, acuei-me contra a parede no fundo da cela e observei-os chegar lentamente do fundo do corredor escuro, a respiração aumentando o ritmo a cada passo que aproximava mais o perigo. Meu confim ficava um pouco antes do limite de alcance de uma das poucas luminárias, de modo que a luz não era inexistente, mas muito pouco presente. Mesmo naquela situação, algo ainda era capaz de me surpreender e ensinar, o que confortavelmente desviava um pouco toda a atenção sugada pelo medo e insegurança; quando próximos, o homem mais alto posicionou-se no único lugar onde a luz deixaria de existir no exato instante em que começava a quase revelar as características faciais do desgraçado. E isso não era o mais interessante, a forma como fora feita era teatral, nascia da familiaridade do sujeito com cada centímetro do ambiente em cada segundo do tempo, não houve olhares preparatórios para ver em que pé a luz estava e onde deveria parar antes de revelar qualquer traço do rosto. Ator antes de tudo que me compunha, senti um pouco de raiva de mim mesmo ao mesclar um tantinho de fascínio a todo ódio e angústia que sentia.

Fui tomado por outra onda de dor enlouquecida pouco depois de o mais baixo olhar apreensivamente para quem parecia ser seu superior. Não soube dizer se o sofrimento fora tanto quanto antes, depois de certo ponto nossa atenção deixa de focar em quanta dor sentimos e se agarra unicamente ao estado de consciência. Minha fúria, um pouco de curiosidade e mais uma porcentagem de saber o que esperar da dor fizeram-me cair sobre apenas um joelho e dispensar todo o sofrimento digno da sensação que caía sobre cada célula com apenas um urro animalesco. Apesar de não conseguir ver o rosto do captor, sentia no arrepiar dos pelos da nuca o sorriso irônico, talvez não tão transparente quanto seu subalterno que esticava os lábios de uma orelha à outra, era um apreço diferente, profundo, sinistro e almejado.

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28/1/2020, 06:10

lua nova

O aparente comandante do lugar virou-se e deixou seu subordinado por conta própria, em minha companhia apenas. Certamente aquilo não seria um bom sinal, rapidamente tentei analisar a situação observando o lugar, as expressões do meu carrasco, minhas condições físicas que não eram muito boas, a marca irradiava uma sensação gélida e morna ao mesmo tempo, interna e externa. Por mais que incomodasse, a dor era o menor dos meus problemas, eu poderia dizer que minha situação era tão ruim que seu resultado final sem dúvida alguma terminaria em morte e eu diria com a boca cheia e satisfeita, mas é ainda pior. Cogitava com relutância e a negação de um moribundo a possibilidade de perder a lucidez, minhas capacidades mentais ou ser completamente controlado para fins que sequer chegaria a saber. Era tudo terrível e eu deveria agir com a máxima precisão, mas não era agora.

Por mais que o medo reinasse por boa parte do meu ser naquele instante, não pude deixar de me atentar ao relaxamento muscular e o que meus instintos talvez dissessem ser a falta de qualquer intenção assassina vindas do meu captor, não vacilei ou presumi o que quer que fosse, mas deixei-me observar mais o desenvolvimento daquilo. O ninja abriu a cela com a calma de quem abre a porta do próprio quarto, entrou suavemente e agarrou meu braço em uma tentativa falha de puxá-lo para me guiar. Levantei-me rapidamente enquanto me desvencilhava com força e acenei indicando o caminho, sem deixar cair qualquer gota do mar de ira que me inundava da pele para dentro.

Caminhamos calmamente pelo corredor, ter qualquer indício de racionalidade naquelas pessoas era ao mesmo tempo confortante e preocupante, mas tirava um pouco da tensão. Após quebrar algumas vezes para ambos os lados e curvar-se em alguns pontos, finalmente o caminho estreito levava ao seu fim e começo de algo terrível, dali já era possível sentir... e ouvir. Diminuí os passos gradativamente sem perceber que o ninja que me escoltava demonstrava habilidade e rotina no que fazia, minha atenção estava totalmente roubada pela direção da porta iluminada à frente, pelo som de gritos de socorro, desespero, alguns de prazer e a maioria animalesca. Deixei-o se aproximar sem reação ou sequer notá-lo, já havia desenrolado sua arma e encaminhando-a para em torno do meu corpo para se enrolar e prendê-lo. Não sabia se a relutância em se aproximar dava-se por conhecer minhas habilidades ou por pura coincidência. Em ambos os cenários, nada poderia ser feito com ambos os membros imobilizados por uma espécie de tecido extremamente resistente, acompanhado de uma lâmina metálica em uma das extremidades.

Fui arrastado com displicência até onde o captor queria e desenrolado com brusquidão e impulso para dentro de algum lugar. No momento em que me situei meu corpo fora tomado por uma onda de alívio prazeroso e talvez você me julgue por isso. Não precisei de metade do meu raciocínio naquele instante para estimar um número bem próximo de cinquenta bestialidades ainda vivas e espalhadas em combates ferozes, um espaço de vinte e cinco por dezoito metros e possivelmente um pouco mais que três dezenas de corpos por todo lugar, essa parte não me interessou muito. Veja bem, não era o caos de toda a situação, a brutalidade ou as mortes e mutilações que aliviavam e agradavam meu ser, era o fato de ter a possibilidade de liberdade depositada na simples tarefa de matar, a especialidade da minha linhagem sanguínea seja isso triste ou não.

Desloquei o ombro e puxei parte da sua estrutura óssea para fora da pele, moldando-a em uma lâmina média. Antes mesmo que a arma deixasse meu corpo por completo, componentes já se estruturavam e cobriam a falha que ela deixaria. Percorri um curto trajeto com toda a velocidade que lembrava ter até o pescoço de uma criatura humanoide, com traços mais humanos que animalescos, não conseguindo evitar o regozijo com o desempenho inesperado dos músculos. Não havia fome, dor ou preocupação no momento em que o osso cortou seu semelhante e um punhado de carne como se passasse por água, separando rapidamente a cabeça do corpo. Aproveitei o ínfimo instante de prazerosas reações químicas por todo o organismo e pulei para mais três lugares, somando mais três cabeças ao chão com rápidas sucessões de movimentos.

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28/1/2020, 13:02

lua nova

Cortei ossos, tecidos, carnes, tendões e cartilagens antes de ser assolado pela dor novamente, levando-me com os dois joelhos ao chão. Apertei o centro da sensação e senti o que quer que fosse aquilo se espalhar através da pele e adormecer levemente os dedos que tocavam o lugar por curiosidade ou desespero. Quando baixei os olhos por um segundo, notei uma rede de marcas padronizadas se alastrando por todo o corpo e levando consigo aos poucos a lucidez dos pensamentos. Era isso, havia chegado ao fim da minha resistência a possível transformação que dominava todas as pessoas mortas e espalhadas ao chão, perderia minha mente e viveria eternamente no desespero de ser incapaz ou controlado.

Agora que havia notado a existência das marcas, deixar de observá-las custaria um esforço que eu não estava disposto a pagar. Observei a dor ir embora assim que a maldição se espalhou pela totalidade da pele e consumiu boa parte dos pensamentos lúcidos. Em compensação, sentia nitidamente a expansão dos músculos e suas súplicas para agir. Olhei em volta e ainda tinha uma boa quantidade de bestas lutando por suas vidas, talvez eu pudesse levá-las ao chão antes da transformação completa. Mirei algumas delas com os dedos e derrubei-as com tiros certeiros e fatais, cerrei o punho em torno do cabo da espada e minha velocidade foi incrível; tornei a fatiar e furar, dessa vez espremendo do corpo e da maldição toda habilidade e velocidade que eu sentia ser capaz de tomar.

Por mais que eu soasse como um espetáculo de horror e matança excepcionalmente encenados, meu corpo abrigava incontáveis cortes e hematomas de pancadas por toda parte. Deixei de me preocupar com eles quando minha sobrevivência passou a depender da morte de todos que me rodeavam, mas atingi o limite ao ser esfaqueado um pouco abaixo do peito. A dor não era incômoda nessa altura, nem a sensação estranha de todo o sangue morno e fedido empapando as vestes e pele. Era o escurecer lento e gradativo da mente que me desesperava como nunca antes, um escurecer vago, cheio de consciência corrompida e indecifrável. Em companhia da mente, meu eu externo deixava de ser o que era e mergulhava em uma transformação demoníaca e mais próxima das pessoas ceifadas por meus ossos. Antes de me perder por completo, pude me ver refletido em uma poça de algo que não sabia o que era, mas tinha certeza de que não era sangue, tanto quanto sabia que aquilo não era mais eu e que todos ali tinham seus fins próximos. Todos.

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28/1/2020, 13:17

Aprovo.

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