Se tornar um Gennin é um grande passo para todos que almejam se tornar ninjas, afinal, é a primeira etapa para aqueles que querem trilhar o caminho de um shinobi. Para Ryuu não seria diferente, tendo em vista que o jovem também estava bastante animado com a ideia de finalmente poder iniciar sua jornada. Apesar de quase todos os gennins desfrutarem desse sentimento inebriante, algo separava Ryuu dos demais. Diferente de muitos jovens que almejavam se tornar shinobis para defender a vila ou ajudar as pessoas com suas habilidades, Ryuu tinha um objetivo bem diferente. Tendo nascido e crescido só, aprendeu desde cedo que não podia depender de ninguém além dele e, por isso, deveria ficar mais poderoso.

Essa, porém, não era a única razão que justificava a grande ambição de Ryuu por poder. O episódio que ocorreu com sua família era muito bem conhecido pelo rapaz e o ódio que o menino sentia pelo fato de ter uma vida ao lado de seus pais ter sido roubada por um grupo de mercenários sujos deixava o sangue do rapaz fervendo. Mas a mente do jovem Kaguya não estava pensando nisso agora, ela estava afogada em doces sonhos de uma noite  de inverno. Seu corpo parecia afundar naquele colchão enquanto ele enchia os pulmões de ar, respirando fundo. Seus olhos já estavam cerrados por um bom tempo e não parecia que iam abrir tão cedo e, talvez não fossem, mas os primeiros raios de Sol que invadiam o recinto que Ryuu se encontrava foram os responsáveis por acordá-lo.

Seus olhos, que mais pareciam ostentar duas esmeraldas brilhantes, iam lentamente abrindo a medida que a sensação de dormência ia abandonando o corpo. Levantou- o tronco do colchão com a dificuldade típica de alguém que acabou acordando cedo demais para o próprio gosto. O motivo dele não ter voltado a dormir? Simples, sua ânsia por finalmente trilhar o próprio caminho o mantinha de pé. Era o primeiro dia como gennin e iria aproveitá-lo por completo.

Inicialmente sentou-se na cama para depois levantar-se, escorando-se nas paredes para evitar que a falta de equilíbrio provocada pelo sono o impedisse de manter-se firme. Manteve-se num estado semi-acordado por um rápido momento, afinal, por mais que estivesse cansado, seu coração batia forte ansiando pelo início de sua jornada e a sua própria disciplina não permitia que o rapaz ficasse naquele estado por muito tempo. Depois de fazer toda a sua higiene matinal, Ryuu estava disposto e pronto para começar o dia.

No momento que sua mão alcançou a porta para que pudesse sair da casa, um sentimento de tristeza tomou o jovem. Crescer só lhe fez desenvolver algumas qualidades e o ensinou a ser independente, mas isso não saiu de graça e acabou o transformando num jovem propício a cair em depressão graças a própria natureza solitária. Sacudiu sua cabeça de um lado para o outro, tentando afastar aquela melancolia. Agora não era hora, Ryuu finalmente seria capaz de honrar sua família a muito tempo morta. "Não é hora de lamentações nem de lamurias. Minha hora chegou e nada vai me parar!" declarou para si enquanto finalmente recobrou sua postura.

Agora fora de casa, Ryuu caminhava com uma graça quase felina em seus movimentos. Seu semblante estava sério, algo até raro de se ver. Estava pronto para começar a sua jornada em busca do poder para poder vingar o massacre brutal de sua família. Seu destino estava claro, iria para o campo de treinamento para poder aperfeiçoar as próprias técnicas.

Era normal que o início ainda fosse uma incógnita para o jovem Kaguya, afinal, não havia exatamente um livro de instruções explicando como e onde ele deveria começar o seu treinamento como Gennin. Claro que os formandos foram instruídos que iriam ser divididos em equipes e para cada equipe um jounin seria responsável para ensiná-los, mas aquilo iria demorar muito... A vontade de fazer seu poder crescer rugia dentro de seu peito, clamando por mudanças... Clamando por melhorias.

Quando chegou no campo de treinamento, sentiu-se ligeiramente instigado pelos outros gennins que treinavam ali. Não era o único que desejava se tornar mais forte, mas dentro de si sabia que diferente dos outros. Seu motivo era muito mais profundo que o simples objetivo de defender Konoha de possíveis invasões, ele tinha seu próprio objetivo e nada mudaria isso. Não tendo amigos para poder treinar, Ryuu decidiu treinar seu taijutsu só. Desferia uma série de socos e chutes numa das árvores daquele campo de treinamento, como se aquele grande corpo imóvel fosse um inimigo.

No início até que estava gostando, mas não demorou muito para perceber que aquele método de aprendizado não era muito frutífero. Amaldiçoou a própria falta de amizades em mente enquanto desferia um último soco forte contra a madeira. Seu semblante sério demonstrava que o jovem não estava nada feliz. Foi então que decidiu olhar para a própria bolsa para ver se não tinha esquecido nada em casa e, por sorte, todos os instrumentos que ele costumava carregar de um lado para o outro estavam ali. Sua atenção, porém, foi roubada por uma voz masculina que parecia se dirigir a ele.

A pergunta do homem deixou Ryuu um pouco sem jeito, não gostava de admitir que precisava de ajuda. Mas aquilo não importava, seu objetivo era ficar mais forte e da forma que estava indo... Demoraria bastante. Abriu um sorriso um pouco torto enquanto levava a mão à própria cabeça. — Bem, meu treinamento contra essa árvore não está dando muito certo. Ela não revida e eu acabo não aprendendo nada. — Findou, voltando seu olhar esmeralda para os olhos do jovem. Era possível ver a determinação apenas observando seus olhos verdes que pareciam arder de ambição.

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Ryuu notou o semblante interessado do homem que parecia estar prestes a lhe ajudar no treinamento. Tinha tanta certeza que o mais velho se uniria para acompanhar o jovem no treinamento que ia lentamente assumindo a postura de combate, mas toda a sua esperança foi embora junto com a expressão do chuunin... Que mudou completamente de um momento para o outro. Apesar de ter noção do que estava acontecendo no vilarejo, Ryuu não tinha muito o que fazer... E para ser bem sincero não tinha nem interesse em participar daquele circo. Pouco se importava com Konoha e seus filhos, queria mesmo era desenvolver seus poderes que ainda se encontravam num estado bruto, pronto para serem lapidados.

Prestou atenção nas palavras do mais velho, tentando absorver o máximo de informação e conhecimento delas. Infelizmente sua fala foi  breve, mas sua demonstração de força ao derrubar uma árvore com um simples chute fez Ryuu cerrar os punhos com vontade. Tantos chutes e socos naquela árvore para ela ser derrubada por um chute só daquele cara? Isso não iria ficar assim. Seu peito agora era dominado por uma determinação indomável e seus olhos, que mais pareciam duas esmeraldas brilhantes, se encheram de fúria. Finalmente iria experimentar algo novo e, mesmo sendo algo básico, era o início de um caminho longo mas gratificante. "Eu não vou ser só mais um." pensou para si, caminhando em direção a árvore mais próxima da que havia acabado de tombar.

Ao invés de desferir golpes ocos e cobertos de raiva, Ryuu decidiu assumir a postura de batalha que havia aprendido na academia, concentrando-se no que estava prestes a fazer. Sua respiração antes ofegante agora estava ritmada e controlada enquanto sentia que sua mente estava completamente focada. Aos poucos o sentimento de total controle do seu corpo ia surgindo em Ryuu, mas não era só o domínio físico... Sentia que agora estava dominando o chakra dentro de si, o controlando internamente com maestria, afinal, sempre teve um bom controle dessa energia vital.

Agora focado em controlar o chakra dentro de si para utilizá-lo em seu golpes, Ryuu partiu para a ofensiva. Saltou em direção da árvore e, com as pernas corretamente posicionadas, iria desferir um chute contra a madeira. Apesar de parecer apenas um chute aéreo qualquer, Ryuu agora concentrava seu chakra nos seus pés. — HOH! — Rugiu, acertando a madeira em cheio. Aproveitando que seus pés estavam plantados na árvore, Ryuu saltou para trás, utilizando a madeira para ter um maior impulso, dando um breve mortal para cair de pé, voltando exatamente para a posição em que ele se encontrava anteriormente.

Aquilo não era o suficiente, foi então que Ryuu decidiu realizar mais uma investida. Dessa vez não iria usar os pés, mas os braços. Avançou com a agilidade e a ferocidade de um tigre selvagem, projetando o seu cotovelo para frente enquanto a mão livre segurava o punho cerrado que estava voltado para o próprio peito. Controlava novamente seu fluxo de chakra, concentrando-o nos braços enquanto atacava aquele corpo de madeira imóvel. — HAH! — Rugia novamente, acertando a cotovelada na madeira com toda a sua força. Sentia o poder fluindo pelo seu corpo e aquilo era inebriante... Queria mais, muito mais. Mas já era um bom começo.

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