A noite começou a cair, com seu clima gélido e reconfortante para alguns, ainda mais se tratando de ficar em casa. Meu corpo repousava sobre o sofá de casa, bem na sala de estar. Minha mãe já tinha ido dormir, seu cansaço durante esses dias desgastaram seu corpo além de sua capacidade. Eu por outro lado continuei acordado, com um bom livro em minhas mãos que me ajudaria a não somente passar o tempo, mas também adormecer.

Meus dedos percorreram o papel que compunha a capa, deslizando vagarosamente até abri-lo, deixando suas páginas a mostra. Não era nada demais, apenas um livro que especificava um pouco mais as várias formas de ser um ninja.

Em uma das páginas algo me chamou bastante a atenção, algo que eu sempre pensei durante os momentos em que procurava me formar na academia, e que meu professor sempre recitou para nós. ”Um ninja sempre deve seguir as regras, sempre deve seguir com a missão, e nunca desistir. No entanto, acima disso tudo estão seus companheiros, caso algo o faça escolher entre regras e missões e seus companheiros, escolha seus companheiros, pois eles são mais importantes.”

Aquelas foram as palavras mais profundas que escutei em toda a minha vida, o que mais me surpreendeu. Percebi ali que os ninjas daquela vila prezam mais pela vida de seus companheiros, e não pelas missões e regras postas para todos.


Em meio a leitura um barulho chamou-me a atenção. As batidas na porta de casa me levaram a levantar do sofá e a ir até a entrada ver quem era. Deparei-me com um dos mensageiros da vila, cujo diversas vezes me levou missões. O mesmo entregou uma carta em minhas mãos, partindo do local após se despedir com um aceno de mãos. Não sabia o conteúdo da mensagem, nem mesmo que tinha enviado, mas sabia que certamente podia ser bastante importante.

Suspirei, deixando a porta bater de leve em seu batente, a trancando calmamente para evitar a entrada do ar frio. Meus passos seguiram pelo assoalho do chão até a sala onde estava anteriormente, chegando em poucos segundos. Sentei-me mais uma vez em meu sofá, tocando a carta e desfazendo o selo que a fechava, conseguindo ler sua descrição sem dificuldade.

”Você está sendo solicitado no campo de treinamento, onde alguém lhe ajudará com suas habilidades, esteja lá pela manhã. Era tudo. Tais informações me animaram, fizeram um sorriso escapar pelos lábios enquanto colocava a mensagem sobre a mesa de centro.

Ansioso, levantei-me mais uma vez do aconchego daquele móvel, seguindo em passos lentos rumo ao meu quarto, que ficava na parte superior da casa. Deitei-me sobre os lençóis limpos, procurando desfrutar de uma ótima noite de sono, para que no dia seguinte estivesse com toda a minha energia.

Adendos:

Uma batida na porta chamou-me a atenção, assim como a de minha mãe que logo me gritou para ir atender. Não sabia quem era, mas tinha noção de que podia ser importante. Ao abrir deparei-me com uma bela garota a espera, com um olhar sorridente e sereno. — Você deve ser o Kohako não é mesmo? É que meu sensei disse que errou ao comunicá-lo sobre o treinamento e por isso me pediu para vir até aqui. Ele me pediu para lhe informar que você precisará encontrá-lo daqui a uma hora no campo de treinamento. — A jovem não aguardou a confirmação de sua pergunta, e foi logo dizendo o que estava fazendo por ali.

Suspirei, sentindo-me tranquilo com a notícia que ela acabara de me dar, deixando um pequeno sorriso aparecer em meu rosto. — Ahh sim, tudo bem. Vai dar para almoçar então, muito obrigado pela informação. — O agradecimento veio com um aperto de mim da minha parte, sendo retribuída pela jovem que logo depois acenou para mim, se retirando do local.

Minha mãe logo gritou da cozinha, questionando-me sobre quem era na porta. — Quem era na porta meu filho? — Sem hesitar, a respondi tranquilamente, não ouvindo mais sua voz. — Era uma menina mãe, ela veio me informar que meu treino na verdade é daqui a uma hora, que o sensei errou ao dar o recado. — Direcionei-me até a cozinha, onde almoçaria antes de partir para o campo de treinamento.

Adendos:

Os últimos pedaços de comida enchiam minha boca, mastigados pouco a pouco e sendo degustados pela minha língua. Minha mãe estava na cozinha, terminando de lavar tudo o que tinha sujado ao cozinhar. Ela já tinha terminado de se alimentar, assim como eu acabara de fazer naquele exato momento. — Aqui mãe, a comida estava deliciosa como sempre. — Um pequeno sorriso se formou em meus lábios ao olhá-la, com o prato branco sujo de comida em mãos. Ela deu um sorriso radiante, dando um beijo em minha testa pouco depois e voltando ao que estava fazendo.

A hora se passou, e eu percebi que estava na hora de seguir até o treinamento. — Mãe, estou indo. Está na hora. — Ela veio até a mim, dando-me mais um beijo e retornando para dentro da casa, enquanto eu voltava a andar mais para fora, me aproximando do portão.

Sobre as casas, saltei em velocidade mediana, avistando a aproximação da entrada do campo de treinamento logo a frente. Não demorei a chegar até a última casa, vendo a movimentação de pessoas na rua mais abaixo. Deixei meu corpo despencar do telhado, indo de encontro ao chão. Meus pés repousaram sobre o solo com calma, não permitindo que me machucasse.

Meus passos levaram-me até o centro do campo de treinamento, onde avistei um homem sentado sob uma das árvores. Aproximei-me, parando a um metro de onde se encontrava, cumprimentando-o. — Eu sou Kohako, vim treinar. — A mão do instrutor bateu no solo, pedindo para me sentar diante dele. Seu questionamento sobre o que eu queria veio logo em seguida, me fazendo respondê-lo sem muita hesitação. — Eu queria melhorar minhas habilidades com relação ao meu elemento, o Fuuton. Poderia me ajudar com isso? — Suspirei, torcendo para que ele dissesse que sim.

Adendos: