— Uzumaki? — pensava Natsumi ao voltar para sua vila. A jōnin estava confusa, perdida. O que presenciara nas últimas horas foram de uma carga alta, tudo que ela pensara em ser, não era real, era uma… mentira. O que ela viveu, o que ela passou, as lutas em que travou, o nome que proferia aos seus inimigos, nada era mais verdade, tudo não passava de devaneios. O que seria ser uma Uzumaki? O que significa ser isso? Ela não tinha a mínima ideia. Pensou em fugir da vila para procurar respostas, mas não se firmava por amor aos seus pais, estes que, em vez de ser um ponto de calmaria, agora poderiam ser mais um lugar de desconfiança, mesmo com isso, ela decidia não traí-los.

O caminho de volta para Kumogakure exigia muita concentração em escalar as montanhas, mas concentração era algo escasso para Natsumi naquele momento. Em um momento de aperto, ela não conseguia superar um obstáculo natural que ali tinha, que em muitos anos, ela passava de olhos fechados. Tentara muitas vezes, mas não conseguia. Encostou em uma parede rochosa, suas costas tocavam a parede e deslizavam no mesmo momento, fazendo-a sentar. Lágrimas caíam de forma devagar, e aos poucos a frequência aumentava. Ofegava em meios a soluços enquanto desabava em choro. — Por que? Por que fizeram isso comigo? — perguntava para o além. O seu choro não era de tristeza, e sim, de dúvidas. Ficava ali por umas dezenas de minutos, tudo que tinha para chorar, chorou. Com as costas das mãos, secava seus olhos, respirava fundo e voltara a sua viagem. Já um pouco mais calma, passara pelo obstáculo e seguia em frente rumo a sua vila natal.

No cair da noite, Natsumi aproximava-se do portão da sua vila. Os guardas, por sua vez, observaram a chegada de uma estranha, não reconheceram a kunoichi de Kumo que estava cada vez mais perto, o vermelho em seu cabelo os confundia de longe. — Parado, invasor! — bradou um deles, somente vendo a ninja ao longe, nem ao menos conseguia distinguir se era homem ou mulher. Natsumi, um pouco aérea, não percebeu que era com ela que se tratava o grito. — Eu disse parado! — o guarda sacara sua espada, preparado para a batalha. A Uzumaki o olhou, e assim ele percebera de quem se tratava. — Você é… Kaguya Natsumi, uma jōnin! — surpreso. — Por que está com o cabelo ruivo? Quando foi que o pintou? — perguntou amigavelmente, ela, um pouco abatida, somente passou por ele com a feição vazia. — Me chame só por Natsumi. Sobre o cabelo… prefiro não falar. — respondeu seca e logo após sumiu como fumaça.

De edifício em edifício ela ia em direção ao prédio onde se localizava o gabinete da Raikage, mas não era para conversar com a mesma, e sim ir até a seção de missões, onde receberia sua recompensa. Sua cara era sem emoção alguma, mesmo assim foi de encontro com quem era responsável por dar a sua missão. — Consegui completar a missão. — informou, ainda de forma seca. O atendente a observou, notou algo estranho nela, mas, por – talvez – medo, decidia não perguntar a ela o que estava acontecendo, somente finalizou a sua missão de maneira calma e simples. — Bom trabalho, Natsumi, a vila agradece. — falou o homem, ela somente retribuía com um movimento para baixo com sua cabeça. E assim ela já estava fora do prédio.

— Para onde? — questionou-se. Era hora de confrontar seus pais? Pensou um pouco sobre, seria a hora de descobrir toda a verdade ou viver sem saber o que de fato aconteceu a ela? Ela não queria acabar com a sua família, e tinha noção que, se perguntasse algo do tipo, poderia acarretar em coisas desagradáveis para sua casa, mas era sua vida que estava em questão, não poderia viver sem saber quem realmente é Natsumi, aliás, Natsumi era de fato seu nome? Ela, ainda na frente do prédio, respirou fundo e assim partiu para sua casa.

Não demorou menos de vinte minutos para ela chegar até sua casa, onde ficou parada na frente da porta, indecisa se entraria ou não. — Será que tudo que vivi ruirá? — pensou. Mesmo com essa questão em mente, decidia bater de frente e arriscar. Colocou a chave na fechadura e assim abriu a porta, a luz da sala estava ligada, tinha gente em casa. Entrou em casa calma, tirou os sapatos e fechou a porta. — Cheguei em casa. — anunciou. — Natsumi! Seja bem-vinda. — sua mãe o respondia da cozinha. Ela engoliu em seco. Com algum exitamento ela deu passos em direção a cozinha, o cheiro de comida se alastrava pelo ar e dava um clima mais agradável. A jōnin apareceu para sua mãe, que num primeiro momento não notou nada de diferente. Somente a olhou. — Você está aí. — disse Chinatsu de forma calma, mas percebia algo de errado e voltou a olhar para sua filha. — Filha… o que aconteceu? Por que seu cabelo está dessa cor, e o que aconteceu com sua testa? — perguntou aproximando dela, preocupada. Do rosto de Natsumi somente podia ver lágrimas caindo. — Eu que te pergunto, mãe… O que aconteceu comigo? — disse chorosa. A mãe dela engoliu em seco. — Sua missão de hoje… aonde era? — questionou olhando de lado. — Numa pequena vila a alguns quilômetros daqui, resgatei um homem chamado Hensuki. — nesse momento Chinatsu fechou os olhos e respirou fundo. — Ele desfez… — sussurrou a mais velha. — Eu quase morri asfixiada, quando ele disse que eu era uma… Uzumaki. — relatou. — Sobrevivi porque ele disse que removeu o selo, mas fiquei sem entender nada. Mãe, o que tá acontecendo? — finalizou e questionou mais uma vez. Kaguya Chinatsu olhou bem fundo nos olhos vazios de Natsumi. — Deixe eu terminar a comida e o seu pai chegar, que eu contarei tudo, está bem? — propôs. A ruiva a olhou e assentiu positivamente com a cabeça, limpando o choro em seu rosto.

Depois de uma hora, Okamoto Ken já estava em casa, Chinatsu contou o que aconteceu para ele na cozinha, e ele suspirou. — Tá bom, ela já é adulta, temos que contar. — disse o homem para sua esposa. Com todos já preparados, se reuniram na sala. Um sofá individual para Natsumi e um maior para o casal.

— Certo, Natsumi, já está na hora de saber sua verdadeira origem e sobre seu verdadeiro pai, Uzumaki Azumi. — quando Chinatsu disse isso, Natsumi arregalou os olhos gradativamente.

— Uzumaki… Azumi… ?

Considerações:

Terá parte 2...