A “dança da sacerdotisa”, como dita, é uma arte marcial lendária passada apenas por membros de um determinado clã. Eu, por ter sido “mal nascido”, como me foi dito algumas vezes, não tinha direito algum de herdar esta ferramenta de assassínio. Contudo, como muitas outras coisas ao longo de minha vida, eu poderia superar este obstáculo meramente através do meu perfeccionismo exímio quando se trata de artes marciais. Quando uma das ninjas pertencentes a este clã – porque era composto apenas por mulheres – me viu sendo capaz de imitar parte do ritual após meramente observar um de seus treinamentos recônditos numa inóspita floresta, ao invés de tentar me executar acabou por tentar me ensinar o estilo de luta. É claro que abrevio as palavras, já que levei dias para rastrear a floresta, e, quando fui detectado pelas demais, passei horas fugindo das hábeis assassinas do clã.

– Não, não é assim. Você está pensando em muitas coisas. – Repreendia Kyoukai, a ninja que havia sido convencida a me ensinar a arte marcial. – Primeiro você senta no chão, numa posição em que suas pernas estejam entrelaçadas. Isto facilitará para que angarie um pouco de respiração adicional. Quando sentir que está pronto, comece a repetir as palavras. Ton. Tan. Tan. Ton, tan tan. Elas irão invocar o espírito da sacerdotisa para que você consiga adaptar o seu corpo ao estilo de luta. Quando sentir a pressão em sua cabeça do excesso de ar e o afastamento da realidade, comece a efetuar movimentos rotatórios empunhando sua espada. Não precisa fazer tanto esforço para cortar, já que sentirá como se estivesse rasgando papel. Quando matar um, utilize o momento para resvalar para o outro e assim em diante. Você é muito rápido, então use sua velocidade máxima no processo para te ajudar. – Complementava a minha tutora enquanto eu copiava seus movimentos.

Trocamos alguns golpes enquanto ambos estávamos emersos sob a dança da sacerdotisa. Ela dominava-a muito melhor que eu, mas minha velocidade era o suficiente para dá-la um desafio razoável; sorri em meio às faíscas liberadas pelas repetidas colisões de nossas lâminas, entendendo que havia aprendido o estilo de luta.

Considerações: