Haviam-se passado três anos desde que Moriyama, com seus 13 anos, estava acompanhando o monge Takuan e sendo por ele cuidado quase como um filho, sendo acolhido (polemicamente) pelo monastério, embora não tivesse a compaixão de todos, agradecia a oportunidade de poder estar seguindo uma nova vida e deixando sua antiga para trás, com suas conturbações e violências, no entanto em parte devido ao constante medo de certos oficiais do monastério, Takuan e Moriyama constantemente passavam seu tempo fora, em missões que realizavam pelos Países por aí a fora, muitas vezes carregando mensagens importantes de lugar a lugar, nesse tipo de situação o jovem pôde ver dos cenários mais bonitos, montanhas nevadas de tamanhos inacreditáveis, desertos cruéis e inóspitos, caudalosos mares e rios aquém, e também vira das piores situações, vilarejos saqueados, camponeses mortos, misérias e pragas desolando populações, e também eles mesmos já estiveram em situações extremamente perigosas.
Nesses três anos que se passaram Moriyama nem uma só vez se transformou novamente naquela sua versão demoníaca e descontrolada, no entanto nunca se enganou pensando que havia se livrado daquilo, sabia que Himori estava dormente, aguardando, e era somente questão de tempo até que despertasse novamente, e esse tempo veio sem avisar. Certa vez receberam uma missão especial: deveriam levar um determinado e bem ornado pergaminho do mais belo e resistente fibra para o Senhor Feudal do País do Gelo, que vive bem ao norte de seu país, em fronteira com o sul montanhoso do País dos Trovões, o nome da região já indicava que deveriam preparar-se com suas mais espessas roupas, mas não se assustaram com isso e aceitaram a missão, no entanto não lhes fora dado informações quanto ao conteúdo do pergaminho, e foi expressamente proibido abrí-lo, e confiava-se em Takuan no obedecer das regras, por isso mesmo ele fora escolhido para tal.
- O que será isso, ein Takuan? Alguma informação secreta que evitará guerras? Ou algum ninjutsu poderoso? Talvez alguma criatura esteja selada nesse pergaminho e se abrirmos...
- A isso não cabe a nós saber, Moriyama, e acredito que seja ainda melhor dessa maneira, isso manterá nosso caminho puro até o nosso objetivo.
Na época estavam em um monastério simples na fronteira do País do Som com o País do Fogo, deveriam atravessar o País das Fontes Termais antes de chegar nas temíveis montanhas geladas que seriam seu objetivo, a recompensa antes do desafio, uma lição dolorosa e enganosa. Após analisarem e decidirem o trajeto que seguiriam partiram, carregando, como sempre, quase nada, alguns suplementos de alimentação e higiene/medicina básicos, chapéus e um casaco enrolado na bolsa que levam. O cenário do País do Som era belo, mas muito igual, enormes campos levemente ondulados em sua grande maioria cultivados tornam fácil entender porque o lugar ainda é conhecido como "País do Arroz", o clima estava bem agradável e poucas nuvens desfilavam pelo céu, bom agouro para uma viagem, Takuan seguia o caminho cantarolando e assoviando, tornando a situação ainda mais lírica, na maioria das noites conseguiam dormir na casa de camponeses que encontravam no caminho, de certa forma habituados em receber monges em suas andanças, mas em muitas situações tinham que acampar em meio à natureza, o que já era de muito agrado para Moriyama, que sempre se sentia mais seguro na mata do que na casa de alguém. Conforme adentravam as terras das águas termais a vegetação já mudava, passando a tomar a aparência de arbustos, vegetação esparsa e clima cada vez mais frio, rios de água morna e ocasionalmente rios das famosas águas termais, obviamente os dois monges pararam diversas vezes para se banharem nesses paradisíacos lugares, principalmente nas noites frias, conheceram brevemente a Vila das Fontes Termais, de onde eram advindos alguns grandes shinobis, mesmo que não seja uma das Grandes Vilas, evitando o desejo e o conforto do lugar seguiram viagem, que tomou uma aparência cada vez mais sinistra, como se caminhassem nas escarpas que levam à Mordor, o clima ficou mais nublado, embora não ameaçasse chover, e a temperatura era cada vez mais baixa conforme seguiam para o nordeste, o verde lentamente abandonava-os, dando lugar a gramíneas baixas e com pouca cor, mesmo assim Takuan seguia alegre, e sempre que possível paravam para meditar ou rezar por alguma situação, sentiam-se renovados espiritualmente a cada passo da jornada, mas foi nesse País que tiveram um encontro muito desagradável.
Enquanto atravessavam uma velha estrada de terra no meio de uma gélida florestinha naquela terra gelada ouviram rugidos de tigres, não esperavam encontrar aquele animal em um lugar tão frio como aquele, provavelmente era ação de alguém, e logo das matas surgiu um homem forte, vestido com vestes de couro e pele de animal, era careca exceto por um longo rabo de cavalo que descia suas costas, olhos puxados e bigode e barba longos, trajava um chapéu de pele, bem adaptado ao frio, ele foi direto ao assunto:
- É o seguinte, eu sei o que estão carregando, peço que me dêem e tudo sairá bem, não quero matar monges, não pretendo ir para o inferno quando morrer.
Takuan encarou-o tranquilamente, um enorme tigre apareceu da mata, rosnando ferozmente e apresentando suas garras e presas, circulando o assaltante.
- Infelizmente isso não poderá ocorrer, precisamos completar nossa missão, nos dê licença por gentileza - solicitou Takuan, irritando o homem.
O tigre rosnou aborrecido, Moriyama ficava cada vez mais tenso, seu coração palpitava.
- É o seguinte, monge, eu vou te dar 5 segundos para me dar o pergaminho ou você irá servir de alimento para Hakasa, e acredite que não está fácil achar comida por aqui.
A contagem iniciou, a cada número Moriyama sentia Himori se aproximar, e antes de chegar no dois, os rugidos esfomeados do tigre ativaram no jovem uma fúria há muito oculta, o rapaz avançou totalmente transformado contra o tigre, batalhando contra ele em um combate feroz, derrotando-o com sua força bruta e fazendo com que o animal corresse para a mata, o jovem completamente transtornado estava pronto para matar aquele assaltante quando a mão de Takuan tocou suas costas, e o monge, que secretamente era um mestre em selamentos, realizou um selo no corpo do rapaz, inibindo aquela energia bruta e fazendo-o dormir. Acordou em um belo aposento no País do Frio, Takuan estava sorrindo ao seu lado, mas Moriyama não sabia o que sentir, e chorou.

Observações:

Técnicas usadas: