O rapaz voltaria no outro dia para o local aonde havia aprendido o Kagura Shingan, talvez aquela floresta tenha se tornado o local de treinamento favorito para o garoto do clã Yamanaka. Ele ainda não havia compartilhado a localização do seu local de treino com nenhuma outra pessoa, aquele pequeno matagal mais distante era tenebroso para quem via de fora, afinal, quais animais estariam escondidos entre as plantas e as árvores? Para Kynz não era assim, ele poderia entrar tranquilo, ele conseguiria antecipar qualquer ataque animal com seu sensor.

Ele andava pelo meio da floresta se direcionando até o local aonde ficaria sentado para suas leituras periódicas. Não tinha segredo, ele notou que ninguém havia passado ali, as marcas do seu bumbum permaneciam na terra, ele apenas dava mais alguns poucos passos e sentava-se. Para sua melhor concentração ele optava por reduzir a distância de seu Kanchi, algo em cerca de 100 metros que era o quão profundo ele estava na floresta. Como os animais não usavam o chakra de forma ofensiva, seu sensor não iria ficar "apitando" de forma constante, mas ainda era o suficiente para detectar a entrada de outro Shinobi nas redondezas.

Ele levava um livro consigo que havia pego da biblioteca há cerca de cinco dias atrás e naquela calmaria toda, era o momento perfeito para ler. Era um antigo livre que pertencia a academia ninja da caída Kirigakure no Sato. Era um livro amarelado e com uma textura de velhice, já estava engavetado a muito tempo. Além disso, não era um livro tão requisitado, ele falava coisas mais específicas referente a arte do silêncio e um estudo sobre a audição e o poder do sons em batalhas. O olho do rapaz quase saia da sua face de felicidade, o local tava tranquilo e isso ajudaria no seu aprendizado.

Durante sua leitura, estava nas primeiras páginas estudando referente a questão de como o som funcionava pelo ambiente, desde sua composição até como alterar e cancelar sons. No livro continha histórias dos antigos espadachins referente ao movimento silencioso que eles conseguiam realizar em plena batalha. Só havia um problema: o chirriar de uma coruja que permanecia no galho de uma árvore. Aquela coruja não era comum, o chakra ela estava ocultado e Kynz possuía certeza disso, ele não havia sentido sua presença e diferente de outras, ela era maior em tamanho e era fácil perceber que uma coruja normal iria parecer um filhote perto dela. Ela tinha uma coloração diferente, como se fosse uma espécie mais evoluída de corujas.

Buffs:

Considerações:

Aquela coruja o intrigava e o rapaz decidiu por fazer uma pequena graça com ela, ela já havia tirado sua concentração. O garoto não conseguia ler sabendo que aquele animal estava observando sua leitura. O rapaz inclinava a cabeça para o lado esquerdo fechando todo o ângulo lateral do seu pescoço e após cinco segundos ele desfazia o movimento e replicava-o para o lado direito. A Coruja continuaria a observar sem qualquer tipo de demonstração, o rapaz se frustrava pois ele parecia ter se enganado referente ao animal, foi tudo uma perda de tempo para Kynz... pelo menos era o que ele pensava.

O rapaz voltaria a sua leitura para não perder mais tempo. "O som é um excelente recurso em batalha. Ao ouvir a palavra "Kinjutsu" muitos oponentes recuam ou armam defesas gastando seus recursos.", esse tipo de afirmação fazia com que o garoto compreendesse melhor o quão seria útil a questão dos sons. "É necessário saber quando produzir sons, mas também quando evita-los.". Ao término daquela frase, a coruja já chirriava e o rapaz tomava um baita susto, o som não vinha frontalmente e sim por trás, a coruja havia mudado de galho sem qualquer tipo de barulho. O garoto largaria o livro que iria de encontro com o chão e ficaria ali mesmo.

Direcionando o seu olhar para a coruja, ele fitava o movimento que ela fazia com a cabeça. Ela inclinava a cabeça para a direita e após isso, para a esquerda. Era o movimento que ele havia feito e a coruja teria-o repetido, mas invertidamente. Ele encucava. Nunca um animal havia chego perto dele anteriormente, pelo menos não nessas condições e além disso, a coruja parecia que não tinha chakra, o que deixava uma dúvida na cabeça. - Eu não sinto o chakra dessa coruja. Será que devo matar ela e levar para estudar? A coruja chirrava mais alto ainda e levantava voo para outro galho. - Que história é essa de matar garoto? Eu sou apenas uma coruja!!!

Aquela cena parecia uma história em quadrinhos. O rapaz já havia estudado sobre algumas invocações anteriormente e conseguia compreender que existiam animais que possuíam a habilidade de comunicação, mas uma coruja era de se estranhar. - Você não é um animal qualquer, certo? Você consegue ocultar seu chakra, eu não senti sua movimentação perto de mim. Afirmava o rapaz em tom de acusação. - Então você é um ninja sensor? Pelo tom de cabelo loiro, deve ser do clã Yamanaka. Eu já notei sua presença nessa floresta anteriormente, você vem aqui estudar com frequência. Está estudando sobre o que hoje?! A coruja conseguia falar com perfeição, se fosse apenas pelo som, iria aparecer uma pessoa.

- Estou estudando sobre o som. O rapaz respondia. - Nós corujas sabemos muito sobre o som, você quer ajuda? Você parece ser tão burrinho.

Buffs:

Considerações:

O receio tomava o corpo do garoto franzino. Toda aquela situação era tensa, ele estava falando com uma coruja e isso estava atrapalhando seu treinamento. Ele já estava no local há cerca de uma hora e ainda não havia aprendido coisas tão úteis assim. - Como uma coruja pode me ensinar? - A pergunta soava como uma espécie de sarcasmo somado a curiosidade, era uma pequena isca que a coruja poderia morder e continuar na conversa. - As corujas, nós... somos especialistas em chegar em locais sem sermos detectados. A coruja estava certa, a espécie dela era muito utilizado para entrega de cartas e missões e as mais experientes até poderiam sair da vila em missões mais secretas.

- É verdade. Vocês são especialistas em entregar missões, certo? - Abria a conversa e deixava-a mais ampla, forçando o animal a fornecer informações. - Sim, sim, você está correto. - Respondia o animal. - Mas você é diferente de outras, você consegue falar e tem um comportamento mais humano. O garoto ainda com sensor ativo percebia que a coruja não demonstrava seu chakra, estava anulando-o. - Você está correto. Diferente dos demais, eu sou uma invocação. Igual a um sapo ou aquelas cobras nojentas. As corujas entendem, mas nem todas conseguem falar. As que não conseguem falar geralmente acabam nas mãos dos membros dos correios ninja.

- Como você poderia me ajudar? Eu gostaria de melhorar minha audição em combate para aprender uma nova técnica que já foi muito utilizada em Kirigakure no Sato. - Você está falando de se mover em silêncio? Ha ha ha, isso é muito fácil. O rapaz se espantava com o a gargalhada repentina da coruja. - Esses livros antigos da biblioteca de Konoha são excelentes. - De qualquer modo, você sabe como me ajudar? - Sim rapaz, eu sei! Eu já fiz diversas missões, então sei como ser silencioso. Mas não basta apenas isso. Para eu te ensinar haverá uma condição! Parecia que aquilo não chegaria ao fim, ele estaria negociando com uma coruja em plena floresta. Não teria nada mais entediante para alguém que só queria ficar em silêncio.



- Qual é sua condição? O garoto permanecia receoso perante a próxima fala da coruja. - Isso iremos debater mais tarde, eu verei se você é capaz de fornecer o que preciso. - Tudo bem, mas se passar a perna e me prejudicar, a noite irei jantar carne de coruja. - Quem sabe... quem sabe... - A coruja o desafiava, mas era claramente um tom de brincadeira. - Sente-se garoto e preste atenção em mim. Irei te explicar como funciona as coisas para nós aves e você vai tentar assimilar. Se fizer com sucesso, irá desenvolver o que chamamos de Audição Avançada. Uma coisa que os melhores ninjas possuem, uma noção especial por conta do som. - Isso parece interessante. Fazia uma breve concordância, não queria atrapalhar a ave que demonstrava um tom de orgulho por estar ensinando alguém.

Buffs:

Considerações:

O garoto assimilava com certa facilidade o conteúdo que era passado para ele pelo animal junto das informações contidas no antigo livro. Ter aquelas duas fontes de conteúdo o ajudavam a compreender em como ele poderia desenvolver aquela habilidade sem perder muito tempo. - A audição é um dos sentidos básicos e deve ser complementado pela visão, nunca ser substituído. Vocês humanos tem o grande erro de tentar ouvir com os olhos e enxergar com os ouvidos. Qualquer barulho alto para vocês é explosão e qualquer garota ofegante serve para vocês terem pensamentos sujos. O garoto começaria a entender que seu sentido da visão poderia estar enganando seu sentido da audição.

- Você deve imaginar que o som é uma onda. Você deve pensar em como essa onda reflete com as demais coisas do ambiente. Se você desenvolver essa "visão auditiva" ficará mais fácil compreender, feche os olhos! - O tom do animal mudava no final da sentença oratória, seu tom de voz mudaria para um tom mais rígido e voraz. -  Imagine que cada vez que você fala uma onda sai da sua boca, pense nas variações... Em como esse som irá refletir no ambiente e mudar de trajetória. É tão simples quanto a manipulação de chakra.



O garoto se concentrava firmemente na tarefa passada pelo bicho, a temperatura da floresta começava a cair e ele iria sentir frio em breve, ele reconhecia isso e então sabia que não deveria sair do local até aprender. - Pense no barulho do riacho, você consegue saber o que é um ao som ouvir ele, certo?! Imagine esse som e você reconhecerá o ambiente.


A coruja via o esforço do rapaz, sabia que ele estava tentando obter um melhor arsenal para usar no mundo shinobi. - Por que vocês Shinobis necessitam de invocações? Vocês não são fortes e coisas do tipo?

- Sim, nós somos fortes. Mas geralmente buscamos uma invocação para auxiliar em nossa jornada. Auxiliar-nos em batalhas e coisas do tipo. É verdade que alguns de nós só visualizamos vocês como ferramentas, mas eu acredito que é possível criar um bom laço e se ajudar em momentos que necessita. Assim como é possível ser amigos e curtir em outros momentos. O garoto falava francamente com o animal, esperava que ele pudesse compreender seu posicionamento sobre aquele assunto. - Mas eu não entendo muito, eu não tenho nenhuma invocação e é difícil para alguém do clã Yamanaka obter algo do tipo, geralmente somos pessoas solitárias que ficamos em postos de observação para sensoriar ao redor da aldeia. Não ficamos muito em batalhas e por isso não buscamos por esse tipo de técnica.

O garoto ainda mantinha os olhos fechados e tentava visualizar sonoramente os efeitos da conversa no ambiente. - Você não tem nenhum tipo de mestre, né? Não estaria aqui sozinho se tivesse um invocador.

Buffs:

Considerações:

Aquela conversa ajudaria o desenvolvimento da sua habilidade. As ondas sonoras que percorriam o local era as ondas que saiam das vibrações das cordas vocais do rapaz e encontravam com as ondas sonoras emitidas pela coruja. - Imagine cada onda como uma linha de chakra. E de fato era isso que o rapaz já estaria pensando, o falar da coruja apenas reforçava. - Você está certo. Meu invocador já morreu algum tempo, o que me deixou livre. Mas sempre evitei fazer novos contratos. O rapaz continuaria focado. Aquele exercício não parecia ser tão difícil, apenas precisava de exímia concentração por parte dele. A conversa não o atrapalhava, mas também não ajudava.


- Você não confia em ninjas? - Perguntava o jovem garoto. - Não é isso, só não acho que seria útil para alguém. Era a resposta do animal, de tom sutil, mas melancólico. - Você está sendo útil para mim, se não fosse por você eu estaria preso apenas nas palavras do livro. - Rebateu o garoto. - Poderíamos ser parceiros, o que você acha? - O rapaz dava um breve sorriso, gentil e direto. A felicidade estampava o rosto dele pelo breve momento. - Você pode me ensinar muitas coisas e eu posso te fazer companhia, eu não sou de lutar mesmo.


O rapaz nunca foi de fazer amizades ou de oferecer sua presença e ajuda a qualquer um, mas sentiu-se confiante e não sentiu nenhum remorso em fazer aquele tipo de proposta a ave. Ela por sinal, permanecia em absoluto silêncio. - Eu sei que você está aí. Eu consigo ouvir seu coração pulsando e sua respiração chegando até seus pulmões. O rapaz parecia finalmente ter dominado aquela técnica após a concentração e as instruções da ave. - Você consegue ouvir ela nessa distância? - O animal demonstrava surpresa. - Bom, eu sou lerdo, mas não burro e você também me ajudou.



- De qualquer modo, eu ainda preciso continuar a treinar. Mas você será meu parceiro ou não? Eu não quero ter que perguntar de novo. E alias, meu nome é Kynz! Kynz Yamanaka, o ninja sensorial. - O rapaz se autointitulava pelas suas habilidades de sensoriamento, mas ainda receoso da resposta que poderia receber. Apreensão parecia ser algo que ele não gostaria muito, já era perceptível pelo sarcasmo de exigir uma resposta do ser que nem conhecia-o. - Meu nome é Fukuemon. Hahaha, será que você irá me aturar? Ninja-sensorial, esse será o nome que irei te chamar. - O garoto sabia que pelo contar do nome que a ave havia feito seria o suficiente para saber que eles seriam parceiros.

Buffs:

Considerações:

@Pacto de Sangue e Qualidades, adquiridas.