[SOLO] Storm

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Zeitgeist

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Qui 18 Jul 2019, 00:45

Uma tempestade negra emergia sobre a vila de Kumogakure. A noite se tornava escura como a muito tempo não acontecia naquele país. O que assustava muito dos moradores; próximos a atmosfera das nuvens formadoras de trovões. O que acabava criando na cidade alvoroço, também criava aglomerações em residências, devido a falta de abrigo em locais abertos.

Em uma casa nos subúrbios de Kumogakure estava Chrollo, um membro considerado por si próprio bastardo do clã Uchiha, deitado na cama com sua esposa sob os sons dos trovões da tempestade que se aproximava sob o alvoroço causado pelas nuvens negras no céu. O apartamento estava com as janelas abertas e sob os ventos, ninguém ali dentro se importava com o barulho da madeira se chocando. O casal estava deitado um ao lado do outro, sem problema algum, sob o som da tempestade se aproximando.

O que havia pra acontecer já havia acontecido; a jovem Chinoike estava deitada sobre o peito quente do Uchiha enquanto murmuravam sobre perspectivas relevantes de suas visões de mundo visionarias. Não entravam em detalhes. Apenas falavam sobre suas ideias. Sobre o que pensavam sobre o presente. Especificadamente sobre isso; o presente. Sobre isso conversaram, sobre o que viviam; o que identificavam ali e o que sentiam; vez ou outra voltavam ao passado, porém era algo difícil.

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Qui 18 Jul 2019, 03:28

Apesar de ser ofuscada pela escuridão da tempestade, a noite tinha sua beleza incitada pela própria inspiração do individuo. Beleza essa que as vezes ficaria oculta dos olhos que não pudesses perceber belezas impercebíveis pela própria paisagem. Talvez a própria tempestade fosse uma prova da devastação, da qual as pessoas não pudessem entender com os olhos que visualizassem somente o simples da realidade, somente o físico,

Foi o que soou por toda madrugada. Sons de trovões e lampejos nos céus capazes de iluminar as ruas e trazerem aos olhos as visões necessárias para andarem durante o dia. Talvez fosse a proximidade dos céus e isso trouxesse uma certa adaptação dos moradores quanto aos sons, fazendo-os dormirem tranquilamente diante as trovoadas da madrugada, sem se preocuparem com o que ocorria ao redor. Um vilarejo um tanto quanto devastado pelos raios dos céus, protegidos pelas nuvens ao redor.

O que acordou o jovem Uchiha, fora o som das lixeiras batendo suas tampas, prestes a voar. Estavam a incomoda-lo a algum tempo, mas em certo momento, chegaram a acorda-lo; foi quando abriu o olho. Deu de cara com o teto escuro e negro, iluminado pelo pouco de luz que passava pela fresta da cortina e da luz dos raios dos céus. Era uma noite um tanto quanto conturbada como pôde perceber.

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Qui 18 Jul 2019, 18:00

Se soubesse o que iria acontecer naquela noite acalorada pela tempestade, Chollo teria se preparado melhor. Entretanto, o pouco que pôde fazer foi pegar o cigarro sobre a cômoda ao lado da cama e se levantar até a mesa de jantar, sentando-se em uma das cadeiras com um cigarro aceso em mãos e o maço na outra. Sua ideia era fumar um cigarro para voltar a dormir, mas não era isso que aconteceria.

Poucos minutos se passaram, até que o cigarro finalmente terminou, sendo apagado no cinzeiro sobre a mesa. Chrollo se levantava devagar da mesa, quando ouviu o som de um grunhir de um corvo fora da casa. A principio ele não se importou com o som, mas pouco a pouco a amplitude fora aumentando e o numero de corvos era cada vez maior, criando uma espécie de tempestade. Quando abriu a janela, milhares de corvos circulavam sobre os céus grunhindo frente sua janela.

O jovem imaginou se tratar de uma ilusão, já que a jovem que dormia ao seu lado se quer se movia; o que o fez agitar seu chakra interno retirando-o da ilusão. Quando se deu conta, estava sentado na mesa, com o cigarro apagado a sua frente. Sobre a mesa um corvo negro o olhava como se encarasse sua alma. Ele olhou para os lados, buscando uma explicação e a janela estava aberta. Chrollo não sabia sobre o que aquilo se tratava, não naquele momento.

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Qui 18 Jul 2019, 20:25

Uma espécie de transe acometeu a mente de Chrollo que logo se viu em um local escuro, cercado por corpos de homens e animais. Não adiantava agitar o chakra como fosse, aquilo era real. O corvo de antes voava ao seu lado e se súbito seguiu adiante pelo caminho a sua frente, como se o indicasse para segui-lo.

O cheiro do local era forte e capaz de fazer pessoas comuns vomitarem só de respirarem fundo, entretanto, Chrollo já havia sentido coisas piores. Apesar de poder se teleportar dali em um piscar de olhos, Chrollo decidiu ir a fundo em busca do motivo de estar ali. Ele caminhou rumo o bater de asas do corvo, buscando acompanha-lo com seus passos lentos. Diversos corvos grunhiam diante de sua passagem, como se falassem com o mesmo, mas o rapaz se manteve firme. Eram apenas pássaros, em sua concepção.

Caminhou até entre os montes até encontrar um poço profundo, onde o corvo parou ao seu lado. Era possível ouvir o som de gritos saindo de dentro daquela cratera, como se alguém pedisse socorro, apesar dos gritos serem impossíveis de se entender nitidamente. Chrollo respirou fundo, olhando para o corvo ao seu lado. "O que é esse lugar?" Se perguntou mentalmente, olhando para o céu negro coberto de nuvens.

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Sex 19 Jul 2019, 01:27

A resposta ao seu questionamento veio ecoando em sua mente. Quando olhou para o lado novamente, o corvo o olhava.

--Shishaoka, O Monte dos Mortos -- Dizia a voz grossa e rouca. -- É a terra sagrada dos corvos e você está diante de Meikai, o Poço do Inferno. -- Respondeu a voz, provavelmente correspondente ao corvo ao seu lado.

-- Você pode me ouvir? -- Perguntou, Chrollo. De modo a tentar decifrar quem de fato o respondia.

-- Logicamente, estou ao seu lado. -- Disse a voz, confirmando vir do corvo ao seu lado.

Chrollo o olhou, buscando entender a situação, porém nada ao seu redor fazia muito sentido. Ele se abaixou frente ao corvo, olhando em seus olhos negros e suas penas de mesma cor. Esperava alguma resposta que o fizesse entender algo.

-- O que me trás aqui? -- Perguntou, de maneira fria e direta.

O corvo deu alguns saltos olhando para ambos os lados, voltando a encara-lo logo em seguida.

-- Você foi escolhido. -- Respondeu a voz, sem ao menos o corvo mexer seu bico.

Não pôde entender realmente o que acontecia naquele momento, mas algo o trazia ali e pelo que fora lhe dito, uma vontade própria daqueles seres. Ele fechou os olhos, abaixando a cabeça em busca de uma reflexão momentânea.

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Sex 19 Jul 2019, 03:27

Se uma resposta imediata fosse possível, não seria capaz de obtê-la e Chrollo sabia disso. Seus olhos se levantaram mais uma vez em direção ao corvo a sua frente, visando fita-lo de cima abaixo. Não entendia o critério de escolha usado para chegar a sua pessoa e isso o deixava confuso. Ele mais uma vez piscou de maneira longa, respirando fundo e buscou as palavras para fazer a pergunta seguinte.

-- Que tipo de escolhido? -- Perguntou, sem saber se essa era a verdadeira questão a ser indagada ali. Tinha tantas que foi a única que conseguiu fazer naquele momento.

A voz mais uma vez ecoou em sua mente, buscando dar-lhe um entendimento sobre o que acontecia ali. -- O homem capaz de visitar os montes dos mortos e vislumbrar a força da vida diante a morte. -- Respondeu.

Chrollo sorriu levemente, apesar de achar um tanto quanto teatral a resposta que lhe fora dada. Seus olhos mais uma vez percorreram o poço do inferno, ouvindo as vozes que vinham dali.

-- Essas vozes não são reais, ela são pensamentos. Não há nada lá no fundo. -- Respondeu o corvo, vendo o olhar de Chrollo sobre o poço.

O Uchiha se virou mais uma vez para o corvo, coçando a barba mal feita de sua bochecha. -- E quem são eles? -- Perguntou, porém o silencio perdurou mais do que o esperado.

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Sex 19 Jul 2019, 13:37

O corvo então alçou voo sobre a grande cratera, circulando-a pelos céus. Uma tempestade de corvos se uniram a ele, criando uma espécie de tormenta de corvos, entretanto, a voz ainda respondia Chrollo.

-- São cadáveres trazidos pra cá depois de mortos. -- Respondeu. -- Suas frustações, medos, raivas; tudo fica armazenado aqui. --

Chrollo se levantou, acendendo um cigarro que estava no maço em sua mão, uma das poucas coisas que havia trazido praquele lugar; observando o grande vórtice de corvos ser criado enquanto ouvia a explicação do corvo. Ele se viu no intuito de observar o local, mas só podia vez um local submerso nas trevas, não propriamente pela escuridão do local.

-- E porque eu fui escolhido? -- Perguntou com a voz rígida e nítida, buscando alguma compreensão capaz de leva-lo para casa o mais rápido possível.

De dentro da tempestade um pergaminho fora lançado em direção ao pés de Chrollo, se abrindo em seguida. A tormenta de corvos se dissipou e um único corvo veio até ele.

-- Não há motivos específicos. -- Explicou o corvo. -- Você foi observado e escolhido para criar um pacto com nossa espécie. --

Chrollo já havia ouvido falar dos famosos pactos de sangue, mas nunca havia pensado que ocorressem daquela maneira. Ele olhou o corvo a sua frente e fez a ultima pergunta.

-- E o que nós dois ganhamos com isso? -- Perguntou, de semblante serio para com o animal, esperando uma resposta que pudesse satisfazer sua desconfiança.

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Sex 19 Jul 2019, 17:47

Apesar de saber as vantagens de um pacto de sangue, Chrollo queria saber as intenções por tras de sua convocação aquele local e o que o qualificava como escolhido. O corvo pareceu compreender a desconfiança do jovem, já que o respondeu sem curvas.

-- Lealdade mutua. -- Disse, ríspido e direto, esperando que fosse a ultima pergunta do Uchiha.

Chrollo então deu um leve sorriso, abaixando-se diante o pergaminho. Ele abriu um ferimento em seu polegar da mão direita e ali assinalou seu nome; esperava que isso lhe trouxesse vantagens reais no futuro. Ele olhou para o corvo mais uma vez esperando sua reação.

-- É isso, Chrollo Nero. Estamos a suas ordens, você já sabe o que fazer. -- Disse ele voando para longe dali.

Chrollo observou seu voo e em um piscar de olhos se viu de volta a sua casa, frente a janela aberta. Do lado de fora um corvo negro o observava. Chegou a pensar que tudo havia sido fruto da sua imaginação, porém, era uma hipótese tola de se levar em conta. Havia sido real e sabia disso. Ele fechou a janela ao ouvir o som da chuva finalmente chegar e sob os trovões foi até a cozinha, tomar um copo com água.

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Sáb 20 Jul 2019, 19:12

O Uchiha ficou ali, observando a chuva aumentar até fazer o corvo negro fugir voando. Os olhos do rapaz percorreram os céus seguindo o corvo, até perde-lo sob a escuridão das nuvens. Kumogakure até parecia o Monte dos Mortos, exceto pela falta de cadáveres. A rua agora começava a ficar encharcada com as poças criadas pela chuva e a lama percorria os subúrbios mal desenvolvidos do vilarejo.

Chrollo permaneceu ali, parado com um cigarro entre os dedos, observando os céus debruçarem suas lagrimas sobre a terra. Aquilo o trazia certa nostalgia. Apesar de sentir uma pequena dose de sono, o rapaz manteve-se em pé, debruçado sobre a janela. Vez ou outra os ventos levavam algumas gotículas de agua até sua face, mas nada que o trouxesse desconforto. O vento frio fez a mulher deitada na cama se remexer, cobrindo-se melhor, mas não chegou a acorda-la; apesar de Chrollo fechar uma das dobras da janela ao perceber o incomodo que ela sentia.

Diante a tempestade ele ficou, em silencio, ouvindo as gotas e os trovões soarem como melodia do passar da madrugada. Nem mesmo se propunha a agarrar-se no que pensava, ou em suas memórias, apenas observava; como se estivesse em um barco que navega sobre o curso de um rio. Algumas vezes quando a brisa fria vinha até sua face, fechava os olhos e respirava fundo, sentindo o frio arrepiar seus pelos do corpo, uma sensação agradável apesar do frio.

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Sáb 20 Jul 2019, 21:41

Passou-se um bom tempo até que a força da tempestade expulsasse Chrollo da janela, dada as forças dos ventos que levavam a chuva para dentro de casa, fazendo-o ter de fecha-la. Ele adentrou secando o rosto no próprio braço e caminhou até a cama, onde deitou ao lado de sua amada, que ainda dormia um sono profundo. Nem mesmo ele tinha certeza se sentia sono ou não, mas já não havia muito coisa a se fazer pela madrugada.

Com o corpo sob a coberta e o rosto exposto, Chrollo fechou os olhos buscando cair no sono o mais rápido possível. Acordaria cedo naquele dia e apesar de ter cochilado um pouco, faria bem a ele dormir mais um pouco. Ele respirava fundo buscando controlar a respiração e se concentrar na mesma, deixando os pensamentos de lado, mas era algo mais difícil quando não se tinha uma paisagem a se contemplar.

O tempo fora passando e após alguns minutos o Uchiha finalmente caiu no sono; uma espécie de cochilo. Bastaria para descansar até a manhã chegar e seria suficiente para repor suas energias. Havia certo tempo que o rapaz não tinha uma noite de sono totalmente de descanso.

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