Era o fumo de um cigarro que salvava a noite do tédio intoxicante. A falta do que fazer era evidente, apesar do interesse de buscar uma função que lhe interessava, madrugada adentro, manter-se em casa parecia o mais tranquilo possível. Olhava ao seu lado, na cama onde estava sentado, e a moça de cabelos rosados estava deitada num sono profundo, além do silêncio nos subúrbios do antigo vilarejo.

Apesar dele se importar com a estadia da mulher ao seu lado, o rapaz não sentia sono, o que o fazia viver uma experiencia de insonia, comum, dada a vida que vivia. Durante a madrugada, cerca de três horas da manhã, ele ainda estava acordado. O mesmo se levantou suavemente, buscando não acordar a jovem que dormia ao seu lado, indo até a area da cozinha, onde se localizava a geladeira. Lá ele a abriu, pegando uma jarra de agua e enchendo um copo, tomando-o rapidamente, saciando sua sede. Apesar da saciação de um estimulo, não sentia sono ou mesmo vontade de tentar dormir.


Chrollo sentou-se na mesa de trabalho durante um bom tempo; mantendo-se estagnado, apenas olhando a parede a sua frente. Podia muito bem se embebedar noite adentro, porém, refletia indiscriminadamente sobre algo. De certo modo não focava-se em uma só ideia, deixando-se levar pelos devaneios que vinham a sua mente naquele momento. Talvez fosse o horário, ou até mesmo um sono que ele mesmo não era capaz de sentir, Chrollo parecia vaziamente buscar um detalhe invisivel aos próprios olhos. Talvez um instinto básico, porém imperceptível, de busca e interação. Sua mente trabalhava, isso ele tinha certeza; porém, não lhe importava o que resultava as reflexões do próprio instinto.

Foi como se a noite se tornasse um sonho. Rumo o inconsciente da insatisfação e da percepção. Não era só a ideia de entender ou ver, era de poder raciocinar sobre o que se vivia momentaneamente. Talvez fosse por isso não conseguisse se fixar na própria realidade; tudo se tornava muito fluído. Passageiro. A visão era como se tudo fosse um sonho e a realidade não passasse disso; de um sonho.

Seus olhos procuraram a escuridão vinda da paisagem da janela, tentando buscar uma nova tela capaz de lhe surpreender, diante os poucos detalhes vistos em seus apartamento; porém, não foi capaz de ver muita coisa. Imaginou estar sonhando, mas sabia que não estava; era real e incontestável. Vagou até a janela do quarto, próxima a cama, de maneira lenta e suave, tentando ser discreto, porém em um passo em falso, acabou por rangir o piso, acordado a moça que dormia. Ela abriu os olhos vagarosamente, levantando-se em busca do responsável; enquanto isso, o rapaz percebia toda a movimentação, se estagnando, como se adiantasse alguma coisa. Ela o olhou sem julgamentos, porém questionou,

-- Tá acordado até agora? -- Perguntou a Chinoike.

Chrollo estava estagnado, tentando fazer o minimo de barulho possivel; porém, ao perceber o despertar de Mari, ele relaxou o corpo, sem se preocupar com a reação da mesma.

-- Não consegui dormir. -- Respondeu, Chrollo; olhando nos olhos vermelhos da garota deitada na cama,

Ela se levantou vagamente, tentando vislumbrar uma parte do quarto, porém era nitida sua sonolencia. Ela não o respondeu diretamente, apenas deu um leve sorriso e fechou os olhos novamente, voltando a dormir tranquilamente. Havia certo tempo que eles estavam juntos e ela jpa havia se acostumado com a natureza noturna de Chrollo. Entretanto, o rapaz não se conteve a visão que teve da jovem a sua frente, se aproximando devagar e dando-lhe um beijo na testa, mesmo após seu "adormecimento". Ele acariciou seu braço, tentando aquece-la, porém não muito tempo se passou. Logo ele voltou a janela do quarto, buscando continuar o entretenimento noturno que havia iniciado.

As ruas estavam em silencio e o unico som capaz de ser ouvido era o dos ventos e os infimos sons dos postes. A lua aparecia nitidamente no céu, entretanto, as estrelas ao seu redor eram ofuscadas pelas luzes artificiais presentes nas ruas de Kumogakure no Sato. Chrollo já não tinha esperanças de ver nada ocorrer nas ruas, desde o começo; apesar disso, gostava de observar o próprio vilarejo, em busca de uma beleza superficial da vida ao seu redor. Talvez fosse o sono ou a ressaca da noite anterior, mas ele não se esforçava em tentar raciocinar sobre nada, apenas observar o que tinha ao seu redor. Seus olhos percorriam as ruas lentamente, observando os altos e baixos da areia se elevando diante os ventos.

Foi o que pode fazer durante toda a madrugada. Acendeu um cigarro durante certo tempo e o fumou, porém se manteve observando os pequenos detalhes que aconteciam nos becos frente a sua casa, buscando um entretenimento minimo. Não teve emoção ou euforia capaz de faze-lo vibrar, porém, foi capaz de passar grande parte da madrugada sem problemas, apenas observando aquilo que estava ao seu redor. Provavelmente se manteve inerente e indiferente as próprias ideias que passavam a sua mente, tentando se abster de uma reflexão; porém, vez ou outra se via em uma, sem perceber. Tudo que fora possivel entender pessoalmente, fora uma ideia de percepção abstrata, além do que se pode conceituar como racional. Então tornou o momento um simples sentimento de paz, incidente de uma visão habitual que tinha, porém se mantinha isento de tentar viver.

Grande parte da madrugada se passou em tal epifania despretensiosa, entretanto, em certo momento, Chrollo sentiu necessidade em deitar-se. Não sentia sono, porém buscou o próprio adormecimento, de alguma maneira. Ele deixou os cotovelos que se apoiavam sobre as janelas do quarto, diante a rua, e foi ao lado direto da cama, deitar-se ao lado da mulher de cabelos rosados. Lentamente ele se colocou abaixo dos cobertores, se cobrindo, fechando os olhos. Apesar de estar sem sono, tentou se submeter a estagnação do próprio corpo. Manteve-se firme durante um tempo, entretanto, acabou por se ajeitar por ali e por lá, depois de um tempo. Mas de certo modo o sono fora aparecendo para si, tornando-se possível para descanso.

Considerações:

OUTROS:

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