Filler
O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI, PAI?
O passado ainda vive no presente
Um momento especial: o aniversário de cinco anos da Asami. Meu pai teve que trabalhar durante o dia, mas não foi nada que não pudesse ser contornado. Eu, mamãe e minha irmã andávamos pela vila para comprar os presentes da aniversariante quando tivemos a idéia de ir visitar o papai no escritório. Meu pai é um shinobi de renome dentro do vilarejo, conhecido no passado por suas habilidades e fez parte dos caçadores especiais da ANBU. Hoje é responsável por determinar o grau de dificuldade das missões da aldeia e apontar quais equipes seriam as melhores mais apropriadas para cada tarefa — trabalho de velho — ficando a decisão final nas mãos do Hachidaime-sama, é claro. Minha mãe também costumava ser uma kunoichi de muito talento no passado, mas hoje cuida da nossa casa e, seja lá dentro ou fora, quem manda é ela. Apesar de existir muito respeito entre os dois, o velho não pensa muito antes de fazer qualquer coisa por ela, muito menos arrumar um tempinho para vê-la no trampo. Não houve muita cerimônia lá dentro, Asami não entende bem coisas como hierarquia shinobi e menos ainda sobre ser discreta, então, correu pra cima da maior do coroa logo quando entramos, e ele também não é tão frio e saiu da mesa para agarrá-la, afinal, sua caçula estava crescendo. Aquela cena mexeu tanto com todos ali dentro que seu assistente — cujo nome eu realmente não sei — pediu que fosse embora e ele mesmo cuidaria de tudo por hoje.
Resumindo: desde as quatorze horas estamos todos juntos.
── Amor, traga as velas! ── disse minha mãe, com um bolo em suas mãos.
Meu pai estava na cozinha apanhando pratos e copos. Eu estava à mesa vendo minha irmã encarar seu bolo de aniversário da mesma forma que os velhos se olhavam nas fotos do casamento, cena bem curiosa e engraçada. Ela nem piscava: minha mãe conduzia o confeito até a mesa e Asami acompanhava vidrada, como um gato olharia para um peixe fresquinho. Não sei se era pelo amor que ela tem por coisas doces, ou pelo fato de ter suas cores favoritas (branco com glacê rosa nas bordas) ou poderia ainda ser os quatro morangos ajudando a decorar, que ela também adora. Meu pai vinha com as cinco velas — todas da cor rosa — dentro de um prato com os talheres e com os copos; pratos na mão esquerda e copos na mão direita. Ele distribuiu os pratos e os talheres, minha mãe os copos e eu coloquei as velas no bolo.
Mamãe acendeu as velas com um acendedor e papai apagou as luzes.
Todos nos levantamos e nos postamos em volta da minha caçulinha.
── Parabéns...
Duas fortes batidas na porta e a tradição foi interrompida.
── Takumo-san!
Meu pai foi até a porta, afinal, chamavam por ele. Ele acendeu as luzes e minha mãe apagou as velas. Eu não contive minha curiosidade, fui ver quem era e do que se tratava, chamarem o velho em sua casa a essa hora não é algo muito comum. De frente para meu pai, um homem com uma máscara de gato — era da ANBU. Mas, o que um membro dos caçadores especiais faz aqui à uma hora dessas? Coisa boa não devia ser. Cheguei mais perto para poder ouvir o que eles conversavam.
── ... o suspeito está se dirigindo para os portões da vila.
── Certo, estão seguindo o procedimento?
── Afirmativo. Um ninja rastreador está o acompanhando de longe para detectar sua posição final. Seus ninkens nos trarão a informação.
── Mantenha –me informado e repasse tudo ao Hokage.
O mascarado desapareceu após um tombar de cabeça.
── Ouviu tudo, Jiro? ── meu pai me indagou.
Tolo fui eu em pensar que dois ninjas de elite não iriam notar minha presença.
── Tudo, não... ── respondi, engolindo seco.
Ele se virou, pôs a mão na minha cabeça e sorriu.
── Tudo bem, não esquente com isso. Vamos lá cantar parabéns pra sua irmã e comer!
── Certo!!
Eu fingi minha empolgação. Estava preocupado, na verdade e não era pra menos. Pelo que pude ouvir, tem um criminoso solto pela vila! É bem verdade que os ninjas da ANBU estão cuidando da situação, mas ainda assim, além de escaldado, fiquei bem curioso e ouriçado. Queria de todo modo ir lá fora e participar — ainda não havia feito uma missão sequer desde a graduação como jounin. No entanto, meu pai estava certo. A prioridade era a Asami e seu dia, então, continuaríamos a celebrar.
À mesa novamente, Asami com um semblante curioso e minha mãe um pouco preocupada.
── Querido, está tudo bem?
── É, papai, quem era?
A situação ia complicando pro lado do velho. Para a minha mãe ele poderia contar tudo, para a Asami, não. Ele girou o punho direito com o dedo indicador estendido, como quem dizia que explicaria depois. Minha mãe apenas assentiu com a cabeça. E quanto à nossa pequena aniversariante, ele acendeu as velas novamente, beijou-a na bochecha e a abraçou. Ela apenas sorriu e corou com as carícias.
── Era um moço querendo falar com o papai, pelo visto esqueci algo no trabalho.
Pareceu colar com ela. Ela, então, ficou de pé sobre a cadeira e todos nós voltamos à cerimônia. Foi algo bem simples, como fazemos todos os anos, mas para todos nós sempre significou muito. Comemos, rimos da forma como a pirralha comia tão desesperada; era como se ela não comesse nada há meses. Eu, por minha vez, procurei ficar arisco o tempo inteiro. O ANBU certamente iria retornar com informações e eu só estava esperando por isso. Claro, não poderia deixar que meu pai soubesse que eu iria atrás dele, mas assim que a informação chegasse, eu partiria.
(...)
Casa dos Sarutobi, 10:30 PM
Deitado no conforto da minha cama estava eu a mirar o teto, me corroendo de ansiedade. Não estava nem com as minhas roupas de dormir. Deitei descalço, mas com as roupas que uso quando saio pela vila em missão, estava até mesmo com a minha bandana e colete. O silêncio absoluto era o que eu buscava ali, assim, ouviria tudo que acontecesse dentro de casa. Os pisos de taco não são nada silenciosos, portanto, qualquer passo era ouvido. A movimentação no quarto dos meus pais se resumia a eles se aprontando para deitar, mas então me toquei: meu pai ainda não contou o que aconteceu na porta e nem quem era — pelo menos, não os ouvi conversar. E eu não havia ouvido a história inteira...! Levantei apressado, mas toquei o chão com as pontas dos pés. Caminhei lentamente, sentei-me na escada — esta que era do lado do quarto dos velhos — e ali fiquei. Tirando proveito das finas paredes da casa.
── Bom, querida... ── por pouco eu não perco a explicação ── Uma imigrante de Amegakure foi sequestrada por um homem e foram vistos sobre telhados pela vila.
── Meu Deus, isto é terrível! ── com certeza é!
── Pois é... Mas a ANBU está cuidando de tudo. A última informação que tive é que ele a levou para uma caverna na floresta próxima ao portão sul da vila.
── Que bom que está tudo sob controle! Acho que podemos relaxar um pouco agora, meu amor...
Isso eu não preciso ouvir, já tenho informações mais que suficientes. Retornei pro meu quarto, tranquei a porta, calcei minhas sandálias e, pela janela, saltei. Eu iria seguir pelo chão, para evitar chamar a atenção do meu pai e de qualquer ninja da ANBU. O estranho é que eu nem suspeitava de que eles já haviam passado novas informações para o coroa. Como eles fizeram isso tão sorrateiramente? Por isso que são caçadores de elite, não é à toa, a final de contas.
Do lado de fora, a noite era bela e fresca. A lua estava cheia, todas as estrelas a veneravam enquanto ostentava um brilho que nem era dela. Poucas nuvens aumentavam ainda mais seu encanto, uma noite perfeita para uma missão para a qual não fui convocado. Meus passos me guiavam com tanta pressa que acho que nunca corri assim. A brisa da noite destacava meus fios de cabelo durante a correria. A todo momento eu olhava para os lados para ver se algum mascarado estava me observando. Quando deixei o bairro, procurei os becos da vila que me levariam até os portões. A sombra era minha maior aliada naquela viagem. Bairro de casa, becos de Konoha, portões da vila. Fiz todo o trajeto até me lançar no meio das escuras florestas que cercava a aldeia. Meu destino: o local do crime maior; a única caverna pros lados do portão sul é uma bastante conhecida por um dia ter sido a entrada de um esconderijo usado para experimentos com humanos.
(...)
Floresta de Konoha, tarde da noite
Estava parado de frente para um buraco escuro numa rocha consumida pelo verde, o limo encobria as bordas da entrada e eu não conseguia ver nada naquele lugar. Meu pai uma vez me trouxe aqui quando eu era menor para me mostrar um dos lugares que eu nunca deveria ir — e também para ver um pouco da natureza. Certamente, aquele lugar me dava calafrios. Eu estava em missão, ora, não é tempo de fraquejar!
Parei por alguns segundos lá dentro e deixei meus olhos se acostumarem com a escuridão. Meu caminhar era lento, afinal, enxergava pouca coisa a minha frente. Cada passo meu ecoava. Tentava não fazer muito barulho, sem permitir que o inimigo soubesse da minha presença.
Eu tinha mesmo que ter vindo, eu não podia ter ficado quieto em casa!
Eu tinha que prosseguir com o resgate. Meus pés causavam eco de todo modo, então, me pus a correr. Meus passos retornaram a ecoar de forma acelerada, o ritmo entregava meu movimento. É provável que minha presença já tenha sido notada. Meus olhos fizeram uma rápida varredura, olhava para os lados e não conseguia enxergar nenhuma fresta, parecia ser uma rota de mão única, sem desvios. Era mais um túnel que uma caverna.
Meus olhos viram luz, mas eu não ouvia ruído algum.
Estranho...
A luz vinha de uma dobra à esquerda. Quando lá cheguei, havia um corredor totalmente iluminado por tochas penduradas na parede e, ao final, uma porta. Me aproximei, passo a passo fitando aquele ambiente que já não se parecia mais com uma mera tubulação rochosa, mas, por sua vez, era toda uma estrutura planejada de aparência macabra. A porta era enorme e grossa, parecia ser muito pesada — talvez por isso não me ouviram. Algo que me intrigava e muito era o fato de nenhum ANBU estar ali para vasculhar. Seria possível que eu fui capaz de chegar antes mesmo dos shinobis da elite? Não importa, do outro lado da porta existe um alguém que necessita ser salvo.
Não pensei duas vezes: minhas mãos empurraram a porta com força. Curiosamente, não era tão pesada quanto aparentava e abriu facilmente. Quando meus olhos puderam ver do outro lado, a cena com a qual me deparei era bastante perturbadora: uma mulher de crinas pretas se escorava contra a parede, amarrados as suas mãos e seus pés e com a boca tapada. Ela se encolhia enquanto um homem, trajando um kimono azul rasgado do lado direito se aproximava. Ele parou quando abri a porta.
── Então, finalmente chegaram os ratos...
Ele se virava para mim e, enquanto o fazia, eu sacava uma kunai com um selo explosivo previamente enrolado no cabo. Antes que ele pudesse estar completamente virado, eu já havia efetuado o balaço: minha mão sacou o armamento e, imediatamente, o atirou em direção ao alvo. Célere, ele sacou sua espada e bloqueou meu movimento; exatamente como eu imaginava! Minha energia reagiu com a tag no momento em que sua lâmina tocou meu projétil, causando uma explosão à trinta centímetros de si. Não esperei muito e logo fui em direção a moça, soltando seus braços, suas pernas e sua boca. Abaixei próximo à ela, de costas para minha obra — a explosão.
── Você está bem? Que pergunta, né? Tenho certeza que nunca esteve melhor.
── Cuidado! ── desesperou-se.
Não era para menos. Eu virei bruscamente e, então, a entendi. O inimigo estava com a sua katana elevada por seu braço direito, com a ponta direcionada a mim. Meus olhos arregalaram-se. Minha velocidade me permitiria sair ileso, mas ele não cessaria sua investida. Se ele não me acertasse, acertaria a dama, tornando em vão a minha missão. Me ergui rapidamente e bloqueei o ataque segurando seu punho com toda a minha força.
── Grande idéia, Jiro. Continue se metendo nos assuntos da ANBU.
O confronto era intenso, eu estava diante de alguém que realmente pretendia me matar e nem mesmo assim conseguia deixar de ser irônico, era quase como um tipo de fardo. Meus olhos confrontavam diretamente o rosto de um homem que me encarava como um cão raivoso que só iria se acalmar quando eu estivesse morto, mas a mesmo assim esse tipo de maldição não me larga.
Ergui a perna direita e chutei meu oponente no estomago com toda força que eu tinha, o afastando e ganhando algum tempo. A vontade de soltar outra gracinha veio, mas atrás de mim tinha alguém que temia por sua vida, ainda não havia tido tempo de olhar nos olhos dela, mas podia ter certeza de que ela não estaria achando nada agradável naquela situação. Uma criança a resgatando e que ainda tirava sarro de um momento em que, se eu morresse, quem sabe o que iria acontecer com ela. Já era hora de crescer, esse tipo de comportamento não da conduta de um jounin!
A ANBU poderia chegar a qualquer momento, então eu só precisaria arrumar uma distração.
── Tape sua boca e saia correndo, moça!
Ordenei e ela obedeceu sem relutar, como quem tinha o corpo apenas reagindo a instintos. Antes de o homem se recompor e que pudesse atacá-la, avancei em velocidade, entrelaçando meus dedos em selos. O golpeei novamente, mas agora com o ombro, numa investida como de um touro. Puxei o máximo de ar que consegui enquanto avançava na direção da porta, escoltando a seqüestrada. Voltei meu rosto para dentro do lugar e expeli contra o chão uma fumaça preta altamente inflamável, buscando apenas cobrir o corpo do alvo. Se ele utilizasse alguma técnica de fogo, se queimaria quase que por inteiro com uma explosão; se respirasse, se asfixiaria. Não era uma tática livre de falhas, mas eu e a mulher ganharíamos tempo suficiente para fugir.
Em velocidade, avancei e a peguei no colo sem muita cerimônia. Acelerei para conseguir me livrar daquele lugar o mais rápido que eu pudesse. De novo, passava pela escuridão total, mas já havia decorado o caminho. A luz do lado de fora se mostrava como a nossa verdadeira salvação. Quando meus pés pisaram no primeiro tufo de grama fora da caverna, fui interceptado: três shinobis da ANBU e...
── Pai? ── pus a mulher no chão, sem entender muita coisa.
── Ele ainda está lá? ── seu tom de voz era sério e firme, nunca o havia visto assim.
── Está.
Meu pai sinalizou com a mão direita e dois mascarados entraram no local. O outro tomou a mulher nos braços e desapareceu como um vendaval.
── Pai?!
── Vamos para casa dormir. Amanhã eu te explico tudo, filho.
Quem era aquele cara? Quem era aquela mulher? O que os dois tinham demais ao ponto de a ANBU precisar agir? Seria ele perigoso demais? Seria ela muito importante? Tantas perguntas sem resposta e meu pai falando em dormir. Apenas tombei a cabeça concordando, mas eu duvido muito que eu consega dormir.
HP: 800/800 // CH: 1075/1100 // ST: 02/07
- BOLSA DE EQUIPAMENTOS:
- Kunai (2)
- Shuriken (5)
- Kemudirama (1)
- Hikaridama (1)
- Senbons (6)
- Fio de Aço (10m)
- Kibaku Fuuda (2)
- Jutsus Utilizados:
Katon: Haisekishō
Rank: B
Selos: Cobra → Rato → Cobra → Tigre
Descrição: O usuário expele um fluxo de pólvora infundido com chakra de sua boca, que circunda a região. Como a pólvora é composta inteiramente de cinzas, ela permanece no ar ao redor da vítima como uma nuvem, que pode ser usada como uma cortina de fumaça. Depois de cercar o inimigo com as cinzas, o utilizador pode inflamá-la com um isqueiro colocado sobre os dentes previamente para criar uma faísca, o que resulta em uma violenta explosão, queimando o inimigo. No entanto, essa técnica exige sentidos aguçados para ler as correntes de ar, discernimento para ler os movimentos do inimigo, experiência táctica para não envolver também os próprios aliados nas chamas, e uma atenção especial para o momento da ignição.
- Considerações:
- Aparência da sequestrada; e
- Aparência do sequestrador.
Sobre o FillerA curta trama envolve um homem membro de uma organização criminosa já dizimada, mas cujas atividades no passado representaram ameaça a Folha e, recentemente, haviam sido descobertas novas atividades (o sequestro sendo a mais recente). O pai de Jiro, Sarutobi Takumo, esteve diretamente envolvido nos combates contra tal organização em seus tempos de ANBU. As lutas se desenrolaram nas sombras para não causar alarde no vilarejo e, por saber tudo sobre a organização e, claro, por conta de seu renome decorrente de suas habilidades, a ANBU recorreu a Takumo para auxiliá-los na tarefa e eliminar a ameaça o quanto antes.
Sabendo que Jiro havia ouvido tudo e conhecendo bem sua cria, tinha certeza que o mesmo iria se meter de alguma forma e seria pior se o fizesse em um momento que Takumo não pudesse estar atento. Portanto, propositalmente deu o exato local do esconderijo encontrado pela ANBU e um ninja sensor da ANBU monitorou a movimentação de Jiro a distância, sempre municiando Takumo com informações precisas.
Obs1.: o objetivo do sequestro era chamar a atenção de Takumo, que foi um dos grandes responsáveis pelo extermínio da organização e teve identidade acidentalmente revelada em decorrência da quebra de sua máscara em combate.
Obs2.: a escolha da sequestrada se deu pois a organização nasceu em Amegakure e a refugiada teve os pais assassinados por eles, mas não a mataram por conta de uma habilidade única que possui (talvez eu a use em outros fillers e até narre uma morte dramática hahaha).
Obs3.: narração em primeira pessoa lixo, mas deu na telha então foi.
OBSIMPACA.: um dos objetivos é PERDER O DEFEITO
IRÔNIA.
Total de 2.610 palavras.