Amargo havia recém ingressado ao cargo de chūnin dentro do vilarejo de Kumogakure no Sato e como a própria lei da selva, com novos cargos, novas responsabilidades eram encarregados a ele. Uma de suas novas qualificações era estar apto a orientar outros ninjas e liderar missões.

Naquela manhã o vento bateu no rosto de Amargo, fazendo com que o jovem começasse a se mexer sob o macio cobertor branco de sua cama. A luz forte dificultava sua visão quando tentou abrir os olhos, mas aos poucos foi focalizando na grande janela de seu quarto que estava aberta. O ambiente estava muito mais claro que o de costume, porém ele sabia que era manhã. E então, ele a viu. Como em todos os seus sonhos, lá estava aquela linda garota mais uma vez, com os cabelos sendo balançados pelo vento, juntamente com o pijama branco. Ela sorriu e. – Acorda irmãozão, tem novidade te esperando lá embaixo. – Era sua irmã mais nova o acordando escandalosamente como sempre fazia quando o jovem estava em casa em seus dias de folga. – Tudo bem, tudo bem sua escandalosa, agora sai de cima de mim antes que eu te faça de aviãozinho... – Disse, provocando a ira de sua irmã, que não quis pagar para ver. – Imaginei que fosse tomar essa decisão, a ultima vez você quase vomitou... Sirvam a mesa que logo eu estarei lá. – Avisou, descendo logo na sequência.


– Ah! Eu já estive lá esses dias orientando os alunos e agora eu terei a honra de ser responsável por uma turma? Com certeza eu topo, aceito de bom coração. – Dizia um determinado jovem, membro de um clã Nobre como os Senju, esse jovem era Amargo no exato momento em que soube por sua mãe a solicitação oficial que chegara através de uma carta endereçada a residência da família Caramelo.

Era manhã de sexta, Amargo não teria nenhum compromisso naquele dia e Bluma não teria aula e seus pais não estavam em missões, ou seja, a família toda estava reunida. Amargo estava cansado, a noite anterior tinha sido longa após uma vitória no último jogo de futebol no campeonato em que a comunidade que morava havia realizado, se continuasse com a sorte pelo jogo seguinte seu time estaria classificado para a final. Ainda na mesa da cozinha o jovem se espreguiçava, ouvindo a música alta vindo da casa ao lado, parecia que seus vizinhos estavam mesmo animados aquele dia. – Um som alto desses logo pela manhã? Está de brincadeira... – Olhou para o relógio ao lado e jogando sua mão o derrubou no chão, voltando a saciar a preciosidade do café quente da manhã.

Apesar de toda sua família estar disponível naquele dia em algumas horas Amargo seria obrigado a estar se retirando e deixando todo o conforto de sua casa e aconchego dos seus entes queridos para trás, ossos do oficio. A academia shinobi do seu vilarejo estava com uma atividade bacana onde os professores encontraram uma maneira de incluir seus alunos nas atividades básicas de um ninja e Amargo foi um dos Chūnins indicados para, por uma semana, assumir uma equipe composta por três garotos na idade entre oito a nove anos. Mas aquela estava longe de ser uma tarefa fácil.

Ao chegar na academia Amargo não fazia a menor ideia de como se comportar mas, lembrava-se com carinho de seu sensei e, o tomando como exemplo, como já fazia em todos os dias em sua carreira shinobi, Amargo subiu pelos telhados do prédio que comportava todas as salas de aula e de surpresa, chegou até a sala 7B pela janela, onde já estavam comportadamente os três alunos que ficariam sob sua tutela. Em uma grande entrada, Amargo se apresentou. – Olá crianças, eu sou Amargo Caramelo e ficarei responsável pelo time... Açucarado! – O jovem fazia uma posição extravagante como se fosse o próprio raio só que com apenas um braço indicando para o teto da sala de aula, o que tirou o valor do seu movimento. – A intenção foi boa mas ficaria melhor se fosse apontado para o próprio céu. – Acenou o primeiro entre o trio. – É, você está certo. – O comentário arrancava gargalhadas de Amargo. – Começando pelo nosso amigo aqui, quais são seus nomes? Eu deveria ter passado na sala do diretor antes, mas como resolvi fazer uma entrada triunfal acabei que não tendo acesso ao formulário de vocês. –

– Meu nome é Yoshiko e eu sou o mais velho do trio, com nove anos de idade. – Disse o primeiro e excelente observador. – Akki, oito anos de idade e a mais inteligente entre esses dois. Eu gosto deles, formamos um bom time. – Disse a segunda e uma garota. – Eu sou Kai e também tenho oito anos, com o que eles concordarem eu estarei de acordo. – Disse o terceiro e mais retraído do grupo.  

– É mesmo? O que eles decidirem você irá entrar de cabeça? Entendo... – Amargo então pegou três folhas de sulfite em branco e deu uma para cada aluno. – Vamos tirar a prova e ver se você pensa como eles como está falando.

A primeira atividade pensada por Amargo era simples, mas não menos importante. Com o cenário apresentado por seu aluno, por assim dizer, era hora de mostrar que aquele pensamento poderia não representar uma verdade e mostrar ao garoto que ele tinha plena capacidade de decidir por ele mesmo. – Muito bem, quero que desenhem o primeiro animal que vem na mente de vocês. – Orientou. Após algum tempo demandado e muito empenho por parte das crianças elas enfim revelaram os resultados. – Eu pensei e tentei executar uma Coruja, pois é um animal que tudo vê. – Mostrou Yoshiko. – Ficou muito bonito, meu caro. – Respondeu Amargo buscando engrandecer o trabalho do jovem e assim entregar-lhe confiança. – Eu desenhei, bem... Um cachorro, porque é o animal que eu tenho dentro de casa e que eu amo de paixão. – Disse a garota, bastante animada com seu resultado. – Ok, e nosso amigo Kai? – Perguntou Amargo. – Eu desenhei um leão... Ele é forte e tem o titulo de rei da selva. – Disse o jovem, esboçando um sorriso tímido. Ele havia entendido a mensagem de Amargo. – Entende agora? Todos têm uma personalidade diferente e possuem poder de decisões próprias. Eu acho legal que vocês se agarrem um ao outro, mas pontos de vistas diferentes é também um quesito fundamental que um ninja deve apresentar. E essa é a lição numero um. – Finalizou.

Considerações, Particularidades & Buffs:

Após ensinar uma importante lição ao trio e principalmente a Kai, Amargo havia agora direcionado o trio a um terreno com um vasto gramado em frente ao prédio da academia. Ali seria dado inicio a segunda atividade do grupo. – Tudo bem crianças, vamos começar se alongando, tudo bem? – Totalmente imerso no papel de um comandante de time, Amargo realizava polichinelos e pulos para aquecer, esperando que as crianças fizessem o mesmo mas não deu nenhum resultado, as crianças se mantiveram inertes ante os movimentos aflorados de Amargo.

"Ok, isso não vai dar certo, preciso dar um empurrãozinho." Pensou Amargo, sabendo da dificuldade que seria dirigir o trio. A primeira atividade havia passado como um riacho devido a facilidade que a envolvia, tendo logrado fracasso em sua segunda tentativa e que demandava esforço físico de seus alunos.

– Muito bem, quer dizer que vocês gostam de vida fácil então? Ok, vou entregar mais uma importante lição a vocês. – Disse Amargo. Fazia calor e apesar da massa de ar quente, também ventava muito naquela tarde. – Eu vou apresentar vocês para uma figura de nossa vila que conheci ainda dos meus tempos de academia, seu nome é Hiro e temos livre acesso a ele. – Indicou. – Livre acesso? – Perguntou a garota. – Sim, vocês vão ver onde ele mora logo logo, vamos, arrumem-se.

Após vinte minutos de corrida, pois ao menos isso Amargo exigiu do trio com uma chantagem emocional, ameaçando que eles ficariam para trás caso não o acompanhasse. O destino do quarteto? Uma casa para idosos. A figura que eles procuravam era um residente, na casa dos sessenta e nove anos de idade. – Olá meu amigo, quanto tempo. – Apresentou-se Amargo. – Esses são meus alunos por uma semana, Yoshiko, Aikki e Kai e eu adoraria que você passasse algum ensinamento a eles. – Concluiu. – Qu-qu-quem é? – Perguntou o idoso, fazendo com que toda a apresentação que Amargo fez fosse em vão. – Como assim, Hiro-sama? E aquelas suas habilidades? – Rebateu o jovem. – HAHAHAHAHAHAHAHA! É claro que eu me lembro, era apenas uma brincadeira. – Mostrou sua verdadeira identidade o velho. – Ei, Amargo-kun, onde eles estão? – A pergunta do velho não passou nenhuma mensagem para as crianças, mas Amargo entendeu de bate e pronto e seguiu para a porta, olhando para fora do corredor checando se nenhuma enfermeira estava no corredor. – Está tudo limpo. – Disse Amargo.

A aparência de um velho senhor com olhos escuros deixava a enganar e quando ele tirou a parte de cima de sua vestimenta, mostrou um corpo musculoso e coberto de cicatrizes, em decorrência das diversas batalhas que enfrentou para o espanto das crianças que se depararam com uma realidade tão dura em um inicio tão arrasador. – Muito bem, hora da caminhada diária. – Proferiu, antes de tomar a janela do seu quarto como ponto de saída. – Toc toc. – Bateu-lhe à porta uma enfermeira. – Não vai me dizer que ele fugiu de novo? – Perguntou a enfermeira responsável. – Vocês quatro são cúmplices aqui... E como cúmplices é responsabilidade de vocês trazer ele de volta, vocês só tem até as 17 horas da tarde quando termina o meu expediente. – Ordenou a mulher, chamando a atenção das crianças que haviam entrado naquela encrenca sem ter nem um pingo de participação. – Ei, em que situação você nos colocou, que tipo de professor é você? – Bravejou a garota, visivelmente consternada. – Não vamos se desesperar, eu sei onde ele está e posso garantir que ele está melhor do que qualquer um de nós.

O quarteto então saiu em busca do idoso tendo parado logo que encontraram uma floresta. As crianças estavam bastante afobadas por assim dizer e sequer pensavam para correr sendo aquele o primeiro ponto que Amargo trabalharia. – Ei, antes de tudo precisamos parar para sentar, pensar e elaborar um plano. Ele é um idoso e como vocês conferiram esteve louco para deixar aquele ambiente deprimente, eu quero saber o ponto de vista de vocês, locais que ele possivelmente pode querer ter dado uma escapada? – Perguntou o líder da equipe. – HUUUUUM? Uma casa de azar? – Sugeriu Aikki. – Pode ser, alguém mais tem algo a dizer? – Rebateu Amargo. – Fontes termais? Tomar um banho descente... – Acrescentou Yoshiko. – Aqui próximo é a trilha que leva para algumas cachoeiras, não é? O corpo dele estava bastante marcado quando ele tirou a roupa de cima, quem sabe ele não foi esticar o corpo relembrando os velhos tempos? – Imaginou Kai.

– Muito bem, Kai, como essa é a região mais acessível de nós vamos começar por ela. As outras sugestão também foram excelente, caso não tenhamos sucesso aqui, certamente iremos procurar por esses lugares. Vocês foram muito bem. – Amargo tentava passar em seus comentários sempre as melhores observações possíveis, engrandecendo-os até mesmo nos mínimos detalhes em sinal de incentivo.

Como havia mencionado Kai, cada trilha levava para uma cachoeira e ali diversos cenários eram apresentados. A primeira pela qual passaram era a menos atrativa, tinha seus matos altos e arvores pelo caminho que dificultavam a passagem dos visitantes, existia mais para incentivar o lado aventureiro das pessoas e chamar para atingirem a cachoeira seguinte. Passaram também pela segunda, terceira, para na quarta encontrarem o idoso na maior cara de pau. Ele estava tomando banho e fazendo movimentos de artes marciais dentro de um rio alimentado pela cachoeira, seus movimentos eram suaves e pareciam ignorar por completo a força que as águas fazia.

– Até que enfim, esteve demorando, Amargo-kun, costumávamos frequentar sempre esse lugar. – Disse o velho, entregando que o jovem membro do clã Senju sabia da localidade em que estava muito antes de sua fuga. – Precisava colocar essas crianças para raciocinar, meu amigo, e elas foram muito felizes em suas escolhas. – Respondeu Amargo. – E então crianças, temos uma situação onde temos o nosso alvo sob nossa mira e uma tarefa bem clara, levá-lo de volta até as cinco horas da tarde, agora já é quatro e meia, o que vocês sugerem? – Perguntou, pendendo para o lado emocional das crianças.  

– Vamos aproveitar mais alguns minutos, e depois nós o guiamos na volta, de preferência antes que o horário acabe. – Concordaram as crianças. O quinteto seguiu ali, aproveitando a água boa e depois guiaram o idoso até a casa de repouso. A segunda tarefa estava aprendida: Compaixão pelo próximo e raciocínio seguindo a situação demandada.        

Considerações, Particularidades & Buffs: