O menino acordara pela manhã com um sorriso no rosto. Os primeiros raios solares cortavam a janela do seu quarto, enquanto do lado de fora iluminavam cada vez mais as montanhas que formavam as curvas da grande aldeia. Um papel na porta de seu quarto denunciava qual atividade seria exercida pelo pequeno. Na manhã do dia anterior seus pais receberam uma mensagem de um dos professores da Academia em nome do diretor da mesma, e fora repassado por eles ao filho. Ele havia sido convidado para realizar algumas atividades no primeiro dia de academia ninja, desta vez não como estudante mas exercendo algumas mínimas missões que iriam ajudá-lo a conhecer e a trabalhar mais com toda a população do vilarejo. Pela noite ele grudou a pequena carta na porta para lembrar de quão grande será essa primeira missão para ele.

Quando caiu em si, alguns segundos depois de acordar e finalmente perder todo o sono, de que era o grande dia, mal conseguiu se conter. Tomou um dos banhos mais rápidos de sua vida -que não era tão grande- passou pelo laboratório de seu pai para pedir a permissão para sair -a qual ele jamais deixara de requisitar- e então se retirou da casa tão rápido quanto um Jounin correndo para almoçar depois de uma missão. No meio do caminho, correndo pelas enormes montanhas e casas que cercavam o pequeno, lembrou que não havia tomado seu café, e uma foma tremenda tomou conta de seu estômago, mas mesmo assim continuou em direção a Academia onde, segundo o informativo, o diretor lhe aguardava.

Ao chegar na porta da Academia, antes de entrar, achou um pequeno vendedor de Anko que parecia feliz pela volta as aulas da instituição. Ao menos para sua fome, houvera um final feliz antes mesmo da metade do dia. Deu sua última abocanhada no Anko e adentrou. Gigantescos corredores tomavam conta de toda a visão de Sanzoko, pareciam não ter fim. Com distâncias de 30 metros uma das outras, portas de madeiras talhadas com desenhos remetentes à aldeia podiam ser vistas, embutidas nas gigantescas paredes que tinham cor e textura semelhantes a pedras montanhosas. A iluminação era feita lâmpadas extensas que deixavam o local em plena vista com cor e luz. Muitos eram os corredores extras interligados ao principal, o qual o menino caminhava, porém a sala que ele procura era outra. Ao final do corredor principal, uma enorme porta de madeira negra era vista, com uma placa no seu centro escrito diretor, acima disto um quadrado de vidro que permitia a visão de fora para dentro como ao contrário. Infelizmente o garoto não alcançava a altura necessária para se ter visão, por conta de sua idade. Por isso, não restou apelos a não ser entrar, e isto ele fez.

Ao entrar, muitas coisas na sala, muitas pessoas na sala. Porém um pequeno barulho chamou a atenção do menino. Um relógio analógico de parede fazia seu barulho matinal. Eram 07h00, exatamente o horário prescrito para chegada que o diretor havia solicitado no seu informativo. Ao observar um pouco mais a sala, conseguiu identificar seis figuras. Sayuri, Ishimaru, Near, Ayumi Arashi... Todos velhos colegas de turma, alguns com mais histórias e fidelidade com o garoto que outros. "Velhos" foi uma expressão atípica, já que todos eles tem ao menos 12 anos de idade. No centro da sala, enquanto todos olhavam para ele, estava O Diretor, sentado em sua mesa, foleando alguns papéis e procurando algo em uma de suas cinco gavetas mal arrumadas de sua mesa. Enquanto procurava, este dizia: Bom dia a todos. Vocês irão ajudar os professores hoje, pois os alunos novos obviamente nunca estiveram na Academia Ninja, então vão precisar de toda a ajuda de vocês. Muitos irão chegar um pouco perdidos, procurando saber em quais classes cairão, e vocês irão ajudá-los. Também terão que vigiar os mais indisciplinados, principalmente aqueles que tentarem matar aula logo no primeiro dia. Conto com todos vocês. Vamos lá: Sayuri, você ficará nos corredores com o Ishimaru. Near e Ayumi, no pátio. Arashi, para o terraço, onde alguns alunos costumam fugir, e Sanzoko, você vai para a porta de entrada.  

No final deste diálogo, o Diretor finalmente conseguiu achar o que queria. Comunicadores. Alguns com um pouco de poeira, o que revelava a pouca utilização, outros mais limpos... Talvez ele tivesse passado na roupa antes de nos entregar, um para cada. Sanzoko, em sua forma mais sagaz, posicionou o comunicador em um dos seus bolsos, e puxou o fone de ouvido até onde sua utilidade seria melhor aproveitada, no ouvido. E saiu junto com todos os outros jovens que estariam -ou não- aptos para realizar a enorme tarefa de hoje, manter a ordem neste deserto sem lei. -esta ultima sentença, talvez Sanzoko tenha passado um pouco dos limites-. Fora para o seu objetivo inicial, chegar e permanecer na posição requerida pelo Diretor, aguardando o primeiro dos conhecidos dar o toque incial nos comunicadores e começar, talvez, uma brincadeira sem fim antes da pequena missão. Dizer que estava passando por dentro de alguma caverna -e por isto, sem sinal- iria ser uma boa para começar. Talvez... Veremos...

Ao chegar no portão principal da Academia Ninja, o menino se deparou com alguns poucos pequenos elementos, - não que este seja um gigante - conversando diante da escadaria que dava acesso ao prédio, alguns poucos minutos antes do sinal soar. Relembrara a alguns meses atras quando ele estava nessa mesma situação, conversando com seus colegas de turma e tentando adivinhar como alguns faziam a kunai sumir de suas próprias mãos, como mágica. -Até hoje ainda não descobriu - Ainda assim, também se recorda das boas risadas que dara ao ver seus amigos sendo pegos pelos inspetores ao tentarem fugir das primeiras aulas do dia. Sanzoko nunca foi de descumprir regras e sempre prezou por elas dentro do ambiente. No fim, era ele quem saia por cima e agora era o mesmo quem teria que zelar para que sejam cumpridas as normas!
Enfim, o sinal toca. Crianças aparecem de um lado para o outro,todas entrando e indo para os seus locais de estudos como uma manada correndo de um predador. No final, alguns pequenos continuam do lado de fora. Afinal, não seria tão fácil assim se todas as crianças entrassem e não sobrasse ninguém! O pequeno rapaz se aproxima das crianças de forma honesta, querendo ganhar não na força mas o coração dos poucos que restaram para tentar, talvez, não participar das primeiras aulas da academia. Mas a força não seria descartada caso necessário.

Ao chegar perto dos pequenos, Sanzoko e as crianças juntam seus olhos e ambos aguardam as ações um do outro.

Os primeiros minutos de trabalho haviam sido muito bons e produtivos, praticamente qualquer criança que Sanzoko encontrava rapidamente se dirigia para a academia em suas respectivas salas. Alguns poucos fizeram caras feias, outros retiraram-se em resmungo mas todos cumpriram seu papel como bons estudantes. Sanzoko se encontrava ainda de pé, em frente a porta principal da academia, conversando pelo rádio com Arashi que o ajudara mais cedo, dando a localização de certas crianças vistas pelo terraço, quando o canal principal tocou. Era o diretor, e exclamava: "Garotos, vocês foram muito bem nesses primeiros minutos, mas não se descuidem nenhum pouco. Agora preciso que vocês deem uma volta pela Academia, para assim procurarem por alguns alunos que gostam de matar aula, principalmente os repetentes. Procurem por eles, se houverem, e preparem-se para ouvirem alguns desaforos deles."

Assim que Sanzoko ouvira isso, Arashi retrucou no canal dois: "San, acabei de ver uma movimentação estranha de dois meninos perto das lixeiras na parte de trás da academia. Juro que também ouvi gritos perdidos ao vento." O garoto desceu as escadas principais, e ao chegar no térreo ergueu suas mãos até a altura do tórax e utilizou os selos Carneiro, Cobra e Tigre. Em seguida uma pequena fumaça branca implodiu ao seu lado, revelando um clone perfeito de si mesmo. Sanzoko (e, por isto seu clone também) ergueu seu dedo até o fone de ouvido e com vozes duplicadas (mesmo que o clone não tivera um comunicador real) exclamaram: "Em perseguição". (Mais umas das falas que Sanzoko tanto tivera o sonho de falar, por conta da admiração por equipes de rastreamento). Com isto, O real avança pelo lado esquerdo da academia, enquanto o clone pelo direito do prédio, afim de chegar pelos dois lados.

O lado direito chega primeiro. E ao chegar, uma cena não tão boa pode ser vista. Sim, eram dois garotos, porém um era um pouco maior que o outro, e estava subjugando o pequeno e pela aparência física, o mais novo. Quando o clone de Sanzoko dá mais um passo a frente, os rangidos obtidos através do toque do pé dele no chão pedregoso chamou a atenção do subjugador que estava prestes a desferir um soco no menor. Eles se observam, enquanto uma brisa suave passa pelas costas da academia, revoando os cabelos brancos de San, enquanto algumas folhas e poeiras provenientes das montanhas também ganham movimentos próprios por conta da brisa.

O clone abre seus lábios enquanto o vento sopra ao horizonte, aponta aos dois e diz: "O garoto em suas mãos tem uma aula para assistir, e você, um encontro marcado com o diretor."

Enquanto o pequeno repetente andava de costas para o clone de Sanzoko, este fara um último barulho com seus pés para chamar a atenção do menino. Quando tal virara para trás, afinal, não havia mais ninguém no lugar onde outrora o clone ocupava o lugar. Enquanto isso, Sanzoko aparece pelo lado esquerdo da Academia, agora nas costas do trombadinha. O olhar de Sanzoko era mortífero, e apesar de ser ingênuo, sabia que naquela situação ele sairia por cima de qualquer maneira, pelo fato comum do garoto conhecer pouca coisa do mundo ninja. Enquanto pensara isso, as pontas de seus dedos começaram a emanar uma quantidade intensiva de chakra, que no início começaram a parecer como pequenos focos de chamas na área de suas unhas, mas depois iniciaram um processo de transformação, focando-se em estar controlados, e criando pequenos fios de chakra que desciam pelas mãos de Sanzoko. As pontas dos fios se conectaram rapidamente a alguns pontos cruciais no corpo do repetente, como Pés (2) Joelhos (2) Braços (2) Toráx (1) Pescoço (1) Cabeça (1) e Quadril (1).

Sanzoko diz: "Você só iria ter um encontro com o Diretor, mas acho que só isso não basta." Enquanto diz isso, o repetente tenta se locomover, mais uma falha. Seu corpo era dominado pela técnica do menino, que apesar de ser pouco evoluída, com todos os 10 fios de chakra passava a ser definitivamente controladora. O suor se revela na testa do garoto que outrora agia com uma mente odiosa. Seu corpo então começara a se mover, junto com os dedos e a mão de Sanzoko, que fazia apenas um movimento. O rosto do menino e todo o seu esqueleto então foram de encontro a parede, por duas vezes seguidas com uma velocidade grande para apenas um menino. San continua falando: "Que feio, se machucando em uma briga, hein?!" E então ele trás o garoto para perto dele, e encerra: "Acho que dessa vez não vamos ter problema em ir ver o diretor, acho até que você vai sozinho!"

E então Sanzoko começa a andar, de uma forma calma e leve. O garoto segue seus passos, ainda controlado pelos fios de chakra. Juntos eles fazem todo o trajeto de volta para a escadaria principal, que estara vazia. Realmente quem fez o trabalho ali, fez bem -pensou Sanzoko-. Ao chegar na sala do diretor, Sanzoko informou a tal o que teria acontecido em todo aquele intervalo de tempo em que recebera a notificação do diretor. O repetente, sentado na cadeira ainda não conseguia falar muita coisa.  Ao fechar a porta, a silhueta do diretor encarando o garoto pode ser observada, seguido de um estalo na maçaneta. A porta se fechou.

Sanzoko retorna para os corredores, observando seus dedos. Nada mal para um primeiro teste. -Disse, ainda olhando para os dedos-. Nesse pequeno tempo, seu fone de ouvido começa a ter retorno, mas não era nada demais. Near estava apenas falando mais uma vez como Ayumi era linda, e ela, estava procurando-o. Provavelmente para espancá-lo. Todos gargalham em seus comunicadores.

Os inúmeros relógios ecoavam todos ao mesmo tempo, fazendo seu trabalho sobre as paredes do corredores agora vazios da academia. Faltavam menos de 1/6 de rotação para o tão esperado momento chegar: a saída! Algumas crianças que haviam terminado suas aulas mais cedo já espreitavam pelas portas entre-abertas aguardando o sinal ressoar por todo o prédio. Outras tentaram sair antes, mas ainda estávamos lá para prevenir isso. Alguns professores estavam mais entusiasmados com o final de mais um dia que seus alunos. Eles observavam pelas pequenas janelas de vidro presentes em cada porta, ansiosos para deleitar um momento sem a presença das crianças - as mais chatas.

*Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmm* E as crianças correm. Atropelam. Gritam. Empurram. Por alguns segundos Sanzoko pensou em ficar pendurado no teto, uma queda seria menos prejudicial que milhões de mini-pés pisando no seu rosto depois de um longo dia. Mas preferiu apenas se esconder atrás de alguns armários de mochilas. As crianças mais pequenas ficavam para trás pela sua pouca velocidade, mas no fim não era tão ruim assim ficar para trás numa loucura como essa. Um chamado pôde ser ouvido no rádio. - Por favor, que não sejam mais crianças loucas - Pensou Sanzoko. E não eram, por fim. O Diretor estava fazendo um chamado para a última reunião do dia, dessa vez com seus gennins que, pela manhã, aceitaram o desafio de por ordem neste deserto horripilante. Enquanto o menino se aproximava da sala, seu grupo ia ficando maior. Primeiro um, dois, quatro. E por fim, todos estavam juntos indo para a mesmo local. Ao chegar em frente a porta, antes de Arashi conseguir segurar a maçaneta, ela se abriu e dela saíram dois professores da academia, antigos companheiros da equipe de hoje. Foram afagados por alguns carinhos na cabeça antes de entrar na sala, desta vez era apenas um local de estudos da academia, sala de aula como qualquer outra. O diretor esperava-os sentado em uma pequena cadeira perto do quadro de giz.

- Muito bem, garotos. Vocês mostraram que estão seguindo bem os ensinamentos que receberam nesse sagrado recinto. Esperamos que vocês continuem evoluindo e tragam bastante prosperidade para esta vila, e também para as suas vidas. Estão todos dispensados. - disse, assim que toda a trupe começou a se aproximar dele. Com uma gratidão no coração e força para uma próxima missão, todos saíram juntos da sala de aula, sorridentes por terem sobrevivido a missão, que para alguns, havia sido a primeira - Sanzoko se encaixa nessa questão -.

Ao sair da academia, a escuridão começava a tomar conta do vilarejo, e pequenos pontos de luz começavam a se formar em diferentes locais, com lampiões e lâmpadas fazendo seu trabalho principal. Ishimaru e Ayumi trocaram olhares, pareciam pensar na mesma coisa. - YAKINKU - exclamou os dois ao mesmo tempo. Um puxou o braço do outro, que por sua vez, segurou o do outro. Sanzoko apenas começou a correr junto com eles. No final de toda essa corrida, tudo terminou em uma pequena loja com decoração de cores quentes e um cheiro muito bom. Uma mesa redonda, com uma chapa - por sinal, muito quente - e carnes dispostas sobre esta. Em volta, todos os cinco amigos gargalhando e se divertindo, risada essa que poderia ser escutada pelas ruas pouco iluminadas da aldeia entre as montanhas. Estrelas reluzentes brilhavam sobre o céu e fechavam o que fora um grande dia para Sanzoko.