HISTÓRIA | 物語
A LEI DA SURPRESA | 驚きの法則
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]「CERTA vez, um homem encapuzado alcançou os portões da grande Cintra, reino pertencente às terras do extremo norte. Além de seu cavalo baio e de suas duas espadas, o homem levava consigo uma carta redigida pela própria rainha de Cintra, Calanthe, a qual solicitava pelo seu auxílio. Este homem chamava-se Geralt de Rívia, e ele se elegia para os guardas do portão como um
witcher. Criados por meio de experiências e mutações controladas, os witcher foram a resposta da humanidade à constante ameaça imposta pelos monstros e feras que atormentam este mundo desde a ascensão do chakra e a difusão do Ninshū. Durante anos, esta casta de caçadores perambularam pelo mundo como assassinos de monstros profissionais, sendo pagos para exterminar as criaturas perigosas que ameaçam os humanos.
Sem demora, Geralt entrou nos limites da cidade e foi de encontro ao castelo real. Em sua mente, o mutante já sabia o que fazer. Era um profissional experiente, já havia enfrentado monstros de todos os tipos e conhecia suas fraquezas tanto quanto o peso das próprias espadas. Contudo, apesar de parecer um exímio assassino – um mestre na arte de matar, Geralt ainda continha um bom coração, e por isso, não seria imprudente em suas ações. Em um único impulso, Geralt abriu as portas do grande castelo, surgindo em seu interior e tirando o capuz, revelando os dois grandes olhos amarelos com as íris em formato de fenda. Calanthe, a Leoa de Cintra, estava à sua frente, protegendo sua filha, Pavetta, das garras de um monstro absolutamente excêntrico, mais parecido como uma espécie de ouriço. Os guardas do castelo estavam mortos, jogados pelo salão, e restava ao witcher solucionar aquela difícil situação.
Com sua perspicácia e inteligência, Geralt utilizou de seus poderes mágicos para conter a fera que atacava a princesa Pavetta, criando um círculo mágico em seu entorno. Em seguida, pronunciou palavras da Língua Antiga e, em um piscar de olhos, a efígie monstruosa desapareceu em uma nuvem de fuligem negra, surgindo no lugar a imagem de um homem. Era um homem alto, de cabelos vermelhos como fogo e olhos claros como joias de crisoprásio, e mostrava-se satisfeito com a benévola atitude do
witcher. Apesar de sua fama como matador de monstros, Geralt não havia matado a fera, e sim desfeito uma poderosa maldição que operava naquele homem. Tal homem era chamado de Duny, e era amante da jovem Pavetta e futuro noivo da princesa de Cintra. No fim, Geralt ganharia sua recompensa pelo seu incrível trabalho, que não resultou em mortes graças às habilidades e ao juízo do mutante de cabelos brancos.
」—
— Você trabalhou honestamente, Geralt, e chegou a hora de definirmos o preço por seu serviço. Diga o que deseja. — solicitou Calanthe, rainha de Cintra.
— Um momento — interferiu Duny. — Já que estão discutindo a questão do pagamento, sou eu o devedor do witcher, e cabe a mim satisfazer os seus anseios. Se o que está em jogo é algum tipo de preço, é a mim que cabe pagá-lo. O quer de mim, Geralt?
— Duny — Geralt falou lentamente. — Quando um witcher é defrontado com uma pergunta como essa, tem que pedir que ela seja repetida.
— Muito bem. Repito-a, então, pois quero que saiba que sou devedor também, mas por outro motivo. Quando te vi neste salão, imediatamente passei a odiá-lo e pensei muito mal ao seu respeito. Achei que você era apenas uma ferramente cega e sedenta de sangue; alguém que mata sem pensar e sem remorosos, limpando o sangue da lâmina e contando o dinheiro que lhe foi pago. Mas me convenci de que a profissão de witcher é realmente digna de todo o respeito. Você nos defende não somente daquele mal escondido na penumbra, como também do que se esconde em nós mesmos. É um uma pena que vocês, witcher, sejam tão poucos.
Calanthe sorriu, e Geralt, pela primeira vez naquela noite, esteve propenso a reconhecer que seu sorriso fora espontâneo e sincero. — E volto a repetir — disse Duny. — O que deseja de mim, Geralt de Rívia?
Geralt adotou um ar sério e falou:
— Duny, Calanthe e Pavetta. Para se tornar witcher, é preciso ter nascido sobre as sombras do Destino, e não são muitos os que nascem nessas condições. É por isso que somos tão poucos. Envelhecemos, morremos e não temos a quem transmitir nosso conhecimento e nossas aptidões, já que a esterilidade nos condena. Faltam-nos substitutos, e este mundo está cheio do Mal, que apenas espera que sumamos de vez.
— Geralt... — sussurrou Calanthe, deixando que seu sorriso esvaísse do semblante envelhecido.
— Duny, você me dará aquilo que já possui e que ainda não sabe. Invoco a Lei da Surpresa em face aos monarcas da grande Cintra. Voltarei ao reino dentro de seis anos, para verificar se o Destino foi generoso comigo.
— Pavetta — falou Duny, arregalando os olhos e olhando para a princesa. — Não me diga que você...
— Pavetta! — exclamou Calanthe. — Será possível que você estaria... Você está...
A princesa corou e abaixou os olhos. Sim, ela estava grávida, e a criança seria entregue à Geralt para se tornar, no futuro, seu sucessor. À partir deste dia, os fios da Surpresa e do Destino enlaçariam Geralt com o bebê que partilhava do ventre de Pavetta.
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A ESPADA DO DESTINO | 運命の剣
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]「ANOS depois do ocorrido em Cintra, Geralt de Rívia, o famigerado Lobo Branco, continuava a galgar por reinos e aldeados em busca de trabalho. Em uma cidadela, o witcher foi contratado para resolver um problema em Brokilon, a Floresta Cinzenta, a qual diziam abrigar monstros temíveis para toda a civilização que lá havia. Assim, o mutante partiu para realizar seu contrato, chegando nas redondezas com o cair do luar. Brokilon era um ambiente selvagem e difícil de atravessar; uma mata cerrada na qual cada fresta de luz era imediatamente bloqueada por uma densa camada de folhas que cobriam a copa das árvores, que alternavam entre amieiros, álamos, bétulas, amoreiras, zimbros e samambaias. Contudo, com seus poderes e com sua experiência, o homem de cabelos brancos e cicatrizes macabras seguiu seu decurso, não apresentando medo algum em seu semblante sombrio.
Surpreendentemente, Geralt não encontrou de imediato os monstros que atormentavam a floresta. Antes de tudo, o Lobo Branco achou uma garota perdida na mata, uma linda menina de aproximadamente dez anos, pele branca e cabelos alvos, a qual caminhava pela floresta de forma desnorteada. Geralt intercedeu a jovem, que apresentou-se como Cirilla, e resolveu a levar na empreitada, já que não poderia retornar à cidadela no meio da penumbra; o witcher teria que concluir seu serviço contra os monstros naquela noite. Então, caminhando entre as árvores, Geralt e Ciri conversavam, contando suas histórias de vida um para o outro. Ciri dizia que era um princesa que fugiu das garras de um príncipe pretendente, indo parar em Brokilon. Antes que a conversa pudesse fluir, foram abordados pela aparição de uma dúzia de mulheres com pele esverdeadas e cabelos platinados.
Felizmente, Geralt já as conhecia: eram dríades, criaturas sencientes conhecidas como as Senhoras da Floresta. Entre elas postava-se a rainha, Eithné, a mais bela das dríades de Brokilon. O witcher conhecera esses seres mágicos no passado, em uma ocasião onde a própria Eithné acolheu-o após uma árdua batalha contra um monstro que deixou-o agonizando de dor. Por isso,
Gwynbleidd – ou Lobo Branco – tinha uma dívida com a Rainha das Dríades, e ele teria que pagá-la. Eithné solicitou ao mutante que entregasse a garota que viajava com ele, a jovem Ciri, com a intenção de fazê-la passar pelo ritual encantado da Água de Brokilon, o qual a transformaria em uma das dríades da floresta. Geralt não conhecia todo o passado de Ciri, e por isso, aceitou o preço definido por Eithné. Contudo, a Espada do Destino romperia esta desavença; bastava Geralt lembrar-se de seu passado.
」—
— Geralt... — sussurrou Ciri, que permanecera sentada com a cabeça abaixada.
— Não me deixe... sozinha...— Lobo Branco — disse Eithné, abraçando os ombros encolhidos da menina.
— Você teve de esperar até ela lhe pedir para que não a abandone? Que você fique a seu lado até o fim? Por que você quer abandoná-la em um momento como este? Deixá-la entregue à própria sorte? Para onde quer fugir, Gwynbleidd? E de quê?Ciri abaixou ainda mais a cabeça, mas não se pôs a chorar. Eithné, a rainha das dríades, pegou a taça das trêmulas mãos de sua serva e ergueu-a. Um líquido viscoso serpeava no ventre do objeto. Era a Água de Brokilon.
— Você sabe ler Runas Antigas, Lobo Branco? — perguntou Eithné, arregalando os olhos prateados.
— Sei. — respondeu Geralt, com o semblante fechado.
— Então leia o que está gravado na taça.— Duettaeánn aef cirrán Cáerme Gláeddyv. Yn á esseáth.— Você sabe o que quer dizer isso?— A espada do destino tem dos gumes... Um deles é você.— Levante-se, Cirilla, Zireael, Criança do Sangue Antigo. — Subitamente, a rainha das dríades olhou para Ciri, lançando o fulgor de sua alma. Na voz de Eithné soou uma ordem à qual não era possível desobedecer, um poder ao qual não havia como resistir.
— Beba. É a Água de Brokilon.Geralt mordeu a língua, fitando os olhos argênteos de Eithné. Não olhava para Ciri, cujos lábios se aproximavam da beirada da taça. Já vira aquilo antes: convulsões, tremores e um assombroso e horripilante grito apagando-se suavemente, seguidos de um vazio torpor e apatia nos olhos que se abriam devagar. Já vira aquilo. Era o ritual de transformação em uma dríade. Ciri se transformaria em uma Senhora da Floresta, destinada a ficar em Brokilon por toda a eternidade.
A boca de Ciri encostou no metal, ingerindo um gole da esfíngica bebida. Uma lágrima escorreu pelo rosto imóvel da jovem.
— Já chega. — Eithné interrompeu a cerimônia, pegando a taça e colocando-a no chão. Em seguida, acariciou com as duas mãos os longos cabelos da menina, que caíam em ondas acinzentadas sobre os ombros.
— Criança do Sangue Antigo. — falou.
— Escolha. Quer permanecer em Brokilon, como uma dríade, ou partir em busca do Destino, com Gwynbleidd?O witcher, estupefato, sacudiu a cabeça. Ciri respirava mais rapidamente e seu rosto enrubescera. E nada mais. Nada. Não se transformara em uma dríade. O encanto não havia funcionado?
— Quero partir em busca do Destino, com Geralt. — A menina disse sonoramente, fixando os olhos diretamente nos da dríade.
— Pois que assim seja — afirmou a rainha de Brokilon, com voz curta e fria.
— Saiam, por favor.— Agradeço-lhe, Eithné. — disse o witcher, alegre pelo estado de Cirilla.
A rainha de Brokilon voltou-se lentamente para ele, enfurecida.
— Por que você me agradece?— Pelo destino — respondeu Geralt, sorrindo.
— Por sua decisão. Porque aquela não era Água de Brokilon, não é verdade? Era apenas um truque. O destino de Ciri era o de sair de Brokilon e voltar para casa, e você, Eithné, fez o seu papel no Destino. É por isso que lhe agradeço.— Quão pouco você sabe sobre o Destino — retrucou a dríade amargamente.
— Quão pouco você sabe, witcher. Quão pouco você vê. Quão pouco você compreende. Você me agradece? Agradece o papel que representei? Um espetáculo circense? Um truque, uma mistificação, um embuste? O fato da espada do Destino ter sido, em sua opinião, feita de madeira coberta com tinta dourada? Se você vê as coisas assim, então vá em frente: não me agradeça, e sim me desmascare. Demonstre que está com a razão. Atire em meu rosto sua verdade, mostre-me como triunfa a sóbria verdade humana. Ainda sobrou um pouco de Água de Brokilon. Você terá a coragem de tomá-la, matador de monstros?Geralt, apesar de irritado com as palavras da dríade, hesitou, mas só por um instante. A Água de Brokilon, mesmo autêntica, não tinha efeito algum sobre ele, já que era imune a todas as toxinas e substâncias alucinatórias já estudadas pelos homens. Aquela, porém, não podia ter sido Água de Brokilon, pois Ciri a bebera um gole e nada lhe acontecera. Estendeu as mãos na direção da taça, mirando os olhos cor de prata da dríade. E ele bebeu.
A terra fugiu sob seus pés e desabou sobre seus ombros. O possante carvalho girou e tremeu. Com enorme esforço, o witcher abriu os olhos e tateou em volta com mãos entorpecidas. Foi como se tivesse erguido uma lápide de mármore. Viu sobre si o rosto de Ciri e, atrás dele, os olhos de Eithné brilhando como mercúrio. E mais um par de olhos, verdes como esmeraldas. Não, um pouco mais claros, como a tenra grama primaveril. O medalhão em seu pescoço não parava de tremer.
— Gwynbleidd — ouviu.
— Olhe atentamente. Não, de nada lhe adiantará cerrar os olhos. Olhe. Olhe para seu Destino. Está se lembrando?Uma cortina de fumaça rompida repentinamente por uma explosão de luminosidade, pesados candelabros com velas de cera derretida, paredes de pedra, uma íngreme escada. Homens de armadura mortos, cortados por garras enormes. E, descendo os degraus, uma jovem de olhos verdes e cabelos cinzentos com um diadema adornado com uma gema belamente lapidada, trajando um vestido azul-argênteo com a cauda suportada por um pajem de casaco escarlate. A jovem carregava uma criança em seu ventre.
“Voltarei daqui a seis anos...” — dizia sua própria voz.
Um caramanchão, calor, perfume de flores, o pesado e monótono zumbido de abelhas. Ele, de pé, fitando os monarcas de um grande reino, evocando o costume dos antigos – a Lei da Surpresa.
“O que lhe foi predestinado não sairá daqui...”
“Nunca voltei”, pensou. “Nunca voltei... lá. Nunca voltei para...”
“Para onde?”
Novamente sua voz no meio da escuridão, num negrume no qual tudo desaparecia. Fogueiras e mais fogueiras até onde a vista podia alcançar. Uma nuvem de centelhas na fumaça purpúrea, ocultando a sombra de um grande castelo.
“Cintra.”
...
— Geralt! Acorde! Por favor, acorde!O witcher abriu os olhos e viu o sol, bem alto, sobre as copas das árvores, por trás do opaco véu da neblina matinal. Estava deitado sobre um leito de musgo úmido e esponjoso, com a raiz de uma árvore machucando-lhe as costas. Ciri estava ajoelhada a seu lado, sacudindo-o pelas abas do gibão.
— Que droga... — praguejou ele, olhando em volta.
— Onde estou? Como vim parar aqui?— Não sei — respondeu a menina.
— Acabei de acordar junto de você, sentindo-me terrivelmente cansada. Não consigo me lembrar...— Você está certa — disse Geralt, sentando-se e retirando um punhado de folhas aciculares de dentro do colarinho.
— Está mais do que certa, Ciri. Aquela desgraçada Água de Brokilon... Desconfio que as dríades andaram brincando à nossa custa. — Ergueu-se, levantou a espada que jazia a seus pés e atirou o cinturão sobre o ombro.
— Ciri... — falou Geralt.
— Sim? — respondeu Ciri.
— Você também brincou à minha custa.— Eu?— Você é filha de Pavetta e neta de Calanthe de Cintra. Você sabia desde o início quem eu era?— Não. — A menina enrubesceu.
— Não desde o início. Foi você quem desenfeitiçou meu pai, não é verdade?— Não foi bem assim. — Geralt meneou a cabeça.
— Eu apenas ajudei.— Mas a babá dizia... dizia que eu estava predestinada. Porque sou uma Inesperada. Uma Criança Surpresa.— Ciri. — O witcher olhou para ela, balançando a cabeça e sorrindo.
— Creia-me que você é a maior surpresa que eu poderia ter encontrado.— Ah! — O rosto da menina brilhou de alegria.
— Então é verdade! Sou predestinada. A babá dizia que viria um witcher de cabelos brancos que me levaria com ele quando eu fizesse meu sétimo aniversário. Eu já tenho dez anos... Mas isso não importa! Aonde você vai me levar?— Para Kaer Morhen. ▲
KAER MORHEN | ケィア・モルヘン
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]「DEPOIS dos eventos em Brokilon, Geralt levou Cirilla Fiona Elen Riannon – filha legítima da princesa Pavetta e neta da rainha Calanthe – à Kaer Morhen. Também conhecida como Fortaleza do Mar Antigo, Kaer Morhen é o lugar onde os witcher recebem seus treinamentos e são submetidos à inúmeras mutações. O cenário da fortaleza é retratado como uma grande ruína de uma antiga fortificação prejudicada pela influência do tempo, construída nos entornos de uma montanha. Quando chegaram, Geralt e Ciri foram recebidos por outros mutantes, "irmãos" do Lobo Branco. Estes eram Lambert, Eskel, Coën e o velho ancião, Vesemir. Mesmo que houvesse uma desconfiança por parte dos outros, Geralt insistiu em treinar a jovem Cirilla, já que foram prometidos um ao outro; enlaçados pelo Destino e pela Surpresa.
Nesse extenso período, Ciri passou por um árduo treinamento, suportando terríveis condições físicas e mentais. A garota aprendeu a utilizar armas básicas, lutar com lâminas e até mesmo usufruir de sua energia vital, o chakra. Em meio à isso, foi descoberto que a menina pertencia à uma antiga linhagem sanguínea, um clã poderoso que outrora teve grande influência no mundo – os Uzumaki. Com a ideia de aumentar os poderes de Cirilla, os witcher de Kaer Morhen almejaram submeter a jovem às mutações, processos alquímicos que catalisam seus atributos físicos através de mutagênicos com o intuito de ajudar no combate aos monstros, mas em contrapartida, deixam-lhes estéreis.
Temendo pela saúde de sua protegida, que era somente uma criança, Geralt recusou à submetê-la ao processo, focando apenas em treinar seu corpo e sua mente para que pudesse ser uma boa pupila e herdeira. Assim, quando a jovem alcançou seus quinze verões, o Lobo Branco e a Andorinha aumentaram sua sequência de treinamentos, o que favoreceu no surgimento das forças Uzumaki que se encontravam adormecidas. Apesar disso, Ciri ainda tinha dificuldades com os circuitos de treinamento, que foram construídos para homens adultos, e não para garotas. Ciri teria que superar tais obstáculos, vencendo as barreiras impostas pela idade e pelo seu físico.
」—
— Preste atenção, Ciri. Já que você sabe dar conta de dois pêndulos, vamos pendurar agora um terceiro. Os passos serão os mesmos de quando havia dois; você apenas terá de fazer um desvio a mais. Pronta? — disse Geralt, com seus olhos de gato fitando a efígie da menina de cabelos alvos.
— Pronta. — respondeu Ciri, eufórica.
— Concentre-se. Relaxe. Aspire e expire. Ataque!
— Uh! Aiiii... Que droga!
— Não pragueje, por favor. O pêndulo machucou você?
— Não, apenas raspou... O que eu fiz de errado?
— Você se moveu num ritmo muito regular, apressou demais a segunda meia-pirueta e sua finta foi exageradamente ampla. Com isso, deu de cara com o pêndulo.
— Mas, Geralt, ali não há espaço suficiente para me esquivar e girar logo em seguida! Eles estão pendurados muito juntos!
— Há muito lugar, garanto-lhe. Os espaços, porém, foram calculados para forçar um movimento arrítmico. Trata-se de uma luta, e não de um balé. Numa luta, não se pode mover com ritmo. Você tem de usar seus movimentos para desconcentrar o oponente, confundi-lo, atrapalhar suas reações. Está pronta para a próxima tentativa?
— Estou. Balance essas malditas esferas.
— Não pragueje. Relaxe e ataque.
— Rá! Rá! Gostou, Geralt? Nem chegaram a roçar em mim.
— Assim como você não chegou a roçar o segundo saco com sua espada. Já lhe disse que isso é uma luta, e não um balé ou acrobacia... O que você está resmungando aí?
— Nada.
— Relaxe. Ajuste a munhequeira. Não aperte tanto a mão na empunhadura; isso prejudica a concentração e atrapalha o equilíbrio. Respire calmamente. Está pronta?
— Sim.
— Então vamos lá!
— Uuuuuh! Que droga!... Geralt, não é possível fazer isso! Não há espaço suficiente para fazer uma finta e mudar de pé. E quando golpeio apoiada nos dois pés e sem fintar...
— Vi o que acontece quando você golpeia sem fintar. Doeu?
— Não. Não muito...
— Venha cá. Sente-se a meu lado e descanse.
— Não estou cansada. Geralt, nunca vou conseguir passar pelo terceiro pêndulo mesmo que fique descansando por dez anos. Não consigo ser mais rápida do que estou sendo...
— E nem precisa. Você é suficientemente rápida.
— Então me explique como posso fazer uma meia-pirueta, uma esquiva e um golpe ao mesmo tempo.
— É muito simples. Você não estava prestando atenção. Eu lhe disse antes de você começar que era indispensável executar mais uma esquiva. Apenas uma esquiva. Uma meia-pirueta adicional é desnecessária. Na segunda tentativa você fez tudo direitinho e passou pelo terceiro pêndulo.
— Mas não acertei o saco, porque... Geralt, sem a meia-pirueta não posso desferir um golpe, porque desacelero, porque não tenho aquilo... Como se chama mesmo?
— Impulso. É verdade. Portanto, você tem de adquirir impulso e energia. Mas não com uma pirueta e troca de pé, porque você não terá tempo para fazer os dois. Bata com a espada no pêndulo.
— No pêndulo? Eu devo é bater em sacos!
— Trata-se de uma luta, Ciri. Os sacos representam os lugares sensíveis do adversário nos quais você deve acertá-lo. Já os pêndulos imitam a arma do adversário, e você tem de se esquivar deles. Quando um dos pêndulos a toca, quer dizer que você foi ferida e, numa luta de verdade, talvez não se levante mais. O pêndulo não pode tocá-la, mas nada impede que você desfira um golpe nele... Por que essa cara de choro?
— É que... Eu não vou conseguir aparar um pêndulo com a espada. Não sou suficientemente forte... Sempre serei fraca! Porque sou menina!
— Venha até aqui, menina. Assoe o nariz e escute com atenção. Nenhum brutamontes deste mundo, nenhum gigante ou o mais forte dos homens conseguirá aparar um golpe desferido pela cauda de um osluzgo, pela quela de um escorpião gigante ou pelas garras de um grifo. E são exatamente esses tipos de armas que os pêndulos simulam. Portanto, nem tente apará-los.Você não conseguirá rebater o pêndulo, mas poderá rebater-se nele, absorvendo sua energia, tão necessária para desferir o golpe. Basta um leve, porém extremamente rápido rebote, seguido de um imediato e também rápido golpe de uma meia-volta reversa.Você acaba adquirindo impulso no rebote. Fui claro?
— Hum.
— Rapidez, Ciri, e não força. A força bruta é indispensável à um lenhador que derruba árvores com um machado numa floresta. E é por isso que são muito raros os casos de mulheres lenhadoras. Entendeu o sentido da coisa?
— Hum. Pode pôr os pêndulos em movimento.
— É melhor você descansar antes.
— Não estou cansada.
— Já sabe como agir? Os mesmos passos, esquiva...
— Sei.
— Então ataque!
— Rááá! Ráá! Rááááá! Peguei você! Derrotei você, grifo! Geraaalt! Você viu?
— Não grite. Controle a respiração.
— Eu consegui! Eu realmente consegui! Elogie-me, Geralt!
— Bravo, Ciri! Bravo, menina!
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A FOLHA OCULTA | 木ノ葉隠れ
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]「AOS seus dezesseis anos, Cirilla deixaria a ilustre montanha-fortaleza de Kaer Morhen. Após anos de treinamento extensivo, com acertos e falhas, restava à jovem Ciri pôr em prática os aprendizados que adquiriu com o maior caçador de monstros que o mundo já conheceu. Dessa forma, após uma longa e dolorosa despedida, a Andorinha partiu da antiga fortaleza em direção ao centro do mundo, levando consigo apenas seus conhecimentos, sua instrução e as roupas do corpo. Durante meio ano, Zireael permaneceu vagando, cruzando aldeados e lugarejos em busca de trabalho, mas sem sucesso. De alguma forma, o mundo parecia livre das ameaças de monstros e feras, e dessa forma, os contratos de caça estavam cada vez mais escassos. Ciri viveu na penúria, experimentando sarjetas e valeiros, passando sede e fome. Precisou lutar para sobreviver; e assim se deu sua decadência. A queda da Criança do Sangue Antigo, Zireael, a Andorinha.
Após meio ano de degradação física e mental, Cirilla achou uma saída. Como uma reles andarilha, alcançou os portões de uma grande cidade, esta chamada de Vila Oculta da Folha. Moribunda, a jovem Ciri foi entregue às autoridades do vilarejo. Talvez por pena, talvez por necessidade, a jovem Ciri foi aceita nas fileiras de treinamento do esquadrão shinobi da Folha, passando por testes para analisar suas habilidades e virtudes. Graças à sua instrução em Kaer Morhen, a Andorinha foi aceita como uma Genin, o mais baixo dos cargos nas forças regulares, o Seiki Butai. Contudo, após alguns meses, a mesma foi promovida à Chūnin, onde encontra-se até os dias atuais.
」—
O vento uivou violentamente, ondulou os caules de capim que cobriam os paralelepípedos da estrada, sussurrou por entre os arbustos de espinheiro e altíssimas urtigas. Bandos de nuvens passaram pelo disco solar, iluminando por um fugaz momento o enorme portão de madeira, uma produção de força faraônica, que exibia em seu topo o símbolo de um redemoinho com pontas soltas nas extremidades. Ciri soltou um gritinho agudo e escondeu a cabeça debaixo do manto sujo de terra, contemplando a extensão daquele portão e o vilarejo que se postava em sua frente.
— Estou com medo — sussurrou a garota.
“Não precisa ter medo de nada, Criança Surpresa.” — uma voz ecoou na sua cabeça, em timbre incrivelmente fraternal, deveras conhecida pela jovem Zireael.
Assim, Ciri adentrou nos portões do vilarejo, ancorando seus pensamentos nas instruções de seu mestre, o lendário Geralt de Rívia. À partir daquele dia, Cirilla Fiona Elen Riannon não passaria mais fome, sede e nem ao menos choraria ao lembrar-se de sua condição fatigante. À partir daquele dia ensolarado de verão, a jovem tornaria-se uma filha da Folha Oculta, uma guerreira disposta à sacrificar tudo em nome da vila que a acolheu após sua ruína.