Em seus sonhos, Ging relembrava a invasão, os momentos de tensão, os embates, a despedida de seus aliados. Ging acreditava que seria o único a morrer naquele dia, mas acabara sendo um dos dois únicos sobreviventes do grupo. Um dos integrantes havia traído a todos, entregue informações relevantes aos inimigos e provavelmente surrupiado os projetos das armas que os terroristas agora usavam de seu antigo mestre, Stain.
O mestre de Ging era o único motivo pelo qual ele continuava vivo. As habilidades como tecnólogo concederam a Ging sua vida, mas também correntes e a escravidão.

Ging abriu seus olhos e se deparou pela primeira vez com o quarto onde havia sido trancafiado. O quarto parecia mais com uma oficina, pois nele haviam diversos mecanismos antigos, tecnologia ultrapassada, enferrujada...
- Aquele cuzão, ele condenou todos nós -. Sentado sobre o colchão desconfortável e mofado, Ging se lamentava e se torturava, relembrando de seus colegas – Eu vou matar ele. Não sei como ainda, mas eu farei, nem que essa seja a ultima coisa que eu faça nessa vida -.
Barulho de passos vindos do corredor alertaram o jovem que ele não estava mais a sós. Não demorou e o portal de sua cela se abriu, revelando um dos terroristas que haviam lhe capturado.

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O homem adentrou a cela, trazendo consigo uma pequena caixa vermelha de metal, que depoisitou sobre uma mesa de madeira. Sorrindo para seu prisioneiro, o homem então iniciou o dialogo – Seja bem vindo ao seu novo lar. Se quiser continuar vivo, você irá trabalhar para nós, irá recriar as armas de seu mestre, Stain e nos ajudar a conquistar nossos objetivos -.
Perspicaz, Ging procurou controlar a raiva que sentia, afim de conseguir mais informações – E que objetivos são esses? Bombardear vilas? Voces são patéticos -. A raiva transpareceu, mas não fora o suficiente para estressar seu captor, que se divertiu diante das agressões – Não que seja do seu interesse, mas bom... Não tem porque não contar. Nós vamos fazer o mundo voltar a se movimentar, vamos fazer esses bundoes que se auto denominam lordes olharem para a merda que estão fazendo. Eles vão ter que nos ouvir, ou suas preciosas vilas e sue preciso dinheiro vão sumir -.
Ging notou que seu captor dizia coisas sem sentido, ou pelo menos incompletas. Deu de ombros “Apenas um bando de revoltados com o sistema que conseguiram acesso a armas descentes e dinheiro para pagar shinobis a se rebelarem”. O jovem voltou a se deitas – Esqueca, eu não vou trabalhar para vocês. Não importa o que acontecer -.
Seu captor volto a sorrir. Com um simples estalar de dedos, guardas, trajando armaduras e armas, adentraram no recinto – Voce não sabe o quanto eu fico feliz em ouvir isso. Serio... Não é sempre que me deixam usar minhas habilidade sabe -.

Ging foi levado a força para uma sala escura e suja, onde foi acorrentado e teve sua boca tapada.

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Crucificado pelas correntes, Ging estava completamente exposto, fragilizado, quebrado. O captor apanhou de suas vestes agulhas, armamento simples no mundo shinobi. Sem piedade ou excitação, lançou-as contra o corpo nu de Ging.
As agulhas adentraram alguns centímetros a epiderme de Ging, perfurando a camada de pele, gordura e musculo. Algumas das agulhas atingiram também pequenas terminações nervosas, provocando dores alucinantes.
Os gritos de Ging atravessavam até mesmo as expressas camadas de rocha, conferindo ao edifício que funcionava como esconderijo dos criminosos, uma aura pesada, de dor e tortura.
Pouco eram as gotas de sangue que corriam pela pele suja e manchada pelo que sobrara das maquiagens de Ging. As agulhas eram precisas, atingiam regiões com a única intenção e provocar dor, minimizando os danos e mantendo o prisioneiro vivo.
- E então. Ainda não esta disposto a nos ajudar ? -.
Ging se esforçou para erguer sua cabeça, olhando com raiva e desprezo para seu torturados – vá se ferrar. Eu jamais vou ajudar vocês, seu bando de filhos da puta -. Mal pode terminar a ultima palavra e uma nova saraivada de agulhas novamente chegaram ao corpo do jovem, causando mais dor e gritos – Ótimo, assim eu posso brincar por mais algum tempo -. O homem rio.
Ao final de alguns minutos, o corpo de Ging estava irreconhecível, manchado de sangue, diluído em suor, lagrimas e outras secreções. O cenário era desumano e certamente provocaria choque naqueles sem sangue frio e estomago o suficiente “Essa é a nossa realidade. Quem falha, morre. É preciso ter poder, para prevalecer, para sobreviver nesse mundo maldito, nessa vida miserável que nós escolhemos”.

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Quando as dores finalmente fizeram com que a própria mente de Ging desligasse, tornando a situação suportável, tudo parecia ter acabado. No mundo de sonhos, a tortura parecia nem sequer ter acontecido. Dominado pela escuridão, aconchegado. Os olhos do garoto lacrimejaram, quase que agradecendo pelo fim.
A escuridão trouxe uma onda de frio, mas não um frio como aqueles em que nós estamos tão familiarizados e chegamos até mesmo a gostar, um frio banal, de quem pode se esconder em baixo das cobertas e falar de boca cheia que ama o inverno. O frio que a escuridão trouxe era de congelar o tutano, era como um choque, que fez com que a luz fosse trazida de volta ao mundo de Ging, ou melhor, que ele voltasse a despertar, tremendo, devido ao balde de agua e gelo que o haviam atingido – Eu não disse que você podia dormir, disse? -. O homem retirou da bainha uma navalha, que usou para atingir a capsula articular do joelho direito do garoto – Você não vai precisar mais disso, não é mesmo? Que sirva de lição. Você só faz o que eu mandar – Gritou o homem em meio aos gritos de dor de sua presa.
Os segundos de escuridão e silencio pareciam ter durado uma eternidade, mas trouxeram de volta ainda mais dor e desespero. Ofegante, o jovem já não sabia o que fazer. Chegara um ponto em que sua própria mente começara a lhe torturar. As vozes internas de Ging gritavam em seu ouvido, dizendo para ele desistir, se entregar, acabar com o sofrimento.

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A tortura continuou. O homem a frente de Ging parecia ser versado não apenas no uso de agulhas, mas no de outros instrumentos. Baterias elétricas, alicates, facas, água, diversas foram as ferramentas utilizadas durante as longas horas que pareciam se passar dentro daquela sala de masmorra.
As vozes na cabeça de Ging de intensificavam a medida que o tempo passava. Ganhavam força gritavam na mente do jovem, que se encontra entorpecido, atordoado, preso em um mundo onde nem a dor parecia mais fazer efeito.
A solução, que sempre estivera lá, de repete foi aceita por Ging, que usou as suas ultimas reservas de energia para colocar a língua entre os dentes e desferir um poderoso golpe com sua maxila.
A carne foi atravessada em um único golpe, liberando no processo uma quantidade anormal de sangue, que inundou a boca do jovem, adentrou em sua traqueia e lhe obrigou a abrir a maxila novamente, fazendo jorrar sangue de sua boca para o resto de seu corpo – Maldito -. Ging começava a perder novamente os sentidos. A perda de sangue do golpe que desferira se somava as da secao de tortura. O jovem se encontrava agora a beira da morte. Ging, em sua mente, se sentia finalmente livre, livre do trabalho e das amarras sociais, que lhe prendiam nesse mundo.
O torturador apanhou o pedaço de carne caído no chão, abriu a boca de Ging, sem forças para reagir, e enfiou a carne no lugar onde um dia ela pertencera – Voce acha que eu não estou acostumado com isso ? -. O terrorista fez emanar um chakra de coloração esverdeada de suas mãos, fazendo o sangue parar de jorrar e a carne voltar a se fixar.
A seção daquele dia foi interrompida. Ging foi levado a sua cela, onde foi submetido a hidratação e medicamentos por meio de soros. O jovem entorpecido, humilhado, fracassado, não tinha domínio mais nem mesmo sobre sua própria vida. Poucas eram as opções que lhe restavam, mas no momento, ele seguia com suas convicções, desgastadas, mas ainda existentes.

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Passado uma noite sobre efeito de drogas e hidratação, Ging, que havia passado por uma experiência de quase morte, se sentia melhor. Das perfurações, cortes e queimaduras provocadas pelos choques, agora só restavam cicatrizes, pedaços heterogêneos de carne recém cicatrizada, de coloração avermelhada.
Se movimentar ainda era difícil, mas Ging se esforçou para faze-lo. Apoiando-se no pedestal de metal que dava suporte para os medicamentos ligados a sua veia, Ging ficou de pé e iniciou uma caminhada de reconhecimento pela oficina, que também era sua cela. Haviam aparelhos com tecnologia ultrapassada, armas brancas quebradas, placas de metal, fios de cobre, ouro e ferramentas. Em outra situação, o mar de instrumentos despertariam a curiosidade e a criatividade do jovem, mas naquele momento, tudo aquilo nada representava, se não o motivo de sua tortura.
Cansado, o jovem apanhou um banco de metal, ligado a pequenas rodinhas. Se arrastando com os pés, se aproximou de uma das diversas mesas da oficina. As mãos do jovem apanharam algumas placas de circuito muito antigas. Enquanto mantinha sua cabeça distante, dispersa... As mãos de Ging trabalhavam, soldando peças toscas, restaurando aquilo que para muitos não passava de lixo.
A porta da cela se abriu novamente. O captor voltará, trazendo, estampado em seu rosto, seu habitual sorriso malicioso – Ah, estou vendo que você esta bem melhor. E então? Mudou de opinião? -. Ging nada respondeu, o que só deixou o homem mais alegre – Ahh, você não aprende, não é mesmo? Mas tudo bem, eu me divirto brincando com você, sabe... -.
Sem olhar para o homem, focado na placa a sua frente, Ging o interrompeu – Eu ajudo vocês -. O shinobi havia finalmente quebrado.

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O sorriso do homem foi contido, sua diversão havia acabado, mas logo ele passou a rir – Eu sabia que ia acabar concordando com os nossos termos -. Ging, apático, continuou a brincar com seus circuitos – Bom, vamos ao trabalho então. Você deve conhecer os projetos de Stain, não é mesmo? -. O silencio continuou. Fazendo diminuir ainda mais o sorriso do homem – Vou encarar isso como um sim. Enfim, nós queremos que você reproduza a arma mais poderosa já criada por Stain, Zeus -. Foi a primeira vez que Ging interrompeu seu trabalho, olhando diretamente para os olhos do homem, parado em frente ao portal – O que vocês querem com essa arma? -. O sorriso voltou a estampar a cara do homem – Acho que isso não é da sua conta, não é mesmo? Bom, agora seja um bom garoto e comece a trabalhar -.
Assim que o terrorista deu as costas, Ging voltou a contemplar seu trabalho – Só tem um problema. Eu não forjo. Eu monto circuitos, entendo de armas e tecnologias avançadas, mas não sou um ferreiro -. O terrorista deu de ombros e a porta se fechou – Aprenda então. Novamente, esse é um problema seu -.
Ging deixou de lado a placa de circuito que construía e voltou a se levantar, contemplando os materiais e ferramentas que tinha sobre seu domínio – É, vai ser o jeito -. Lutando para se manter em pé e caminhar, Ging deu inicio a sua jornada de trabalho.
O jovem construiu, fazendo uso de tijolos e outros materiais, uma fornalha, que foi abastecida pelos seus guardas quando ele requisitou.
Diante da fornalha, Ging estudou o fogo, dançando diante de si – Vocês vão se arrepender -.

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Apesar de ter estudados os projetos de seu mestre, ter aprendido como geradores, resistores, capacitores e todos os tipos de equipamentos funcionavam, e até mesmo ter aprendido a fazer pequenos trabalhos manuais que competiam aos inventores, Ging nunca mexera com metais pesados antes. Geralmente a peças que ele usava para suas criações eram compradas de ferreiros locais, que se encarregavam de moldar e temperar o metal.
Apesar de nunca ter estado cara a cara com a forja, Ging conhecia seus princípios. Para conseguir realizar seus projetos, teria que testar na pratica e encontrar, por tentativa e erro, a melhor maneira de trabalhar o metal.
Sem usar pergaminhos ou outro tipo de material para desenho, Ging esboçou o que precisava fazer em sua mente. As ligas de metal, as formas, os pontos de ligação, tudo já estava pronto em sua mente.
Fazendo uso de um alicate de metal com aproximadamente sessenta centímetros de comprimento, Ging apanhou uma placa crua de metal e a levou a fornalha. O fogo encontrou a placa e parecia, em meio a uma dança, acariciar o objeto, que começava a ficar incandescente com o tempo.
Ging retirou o metal da fornalha e o levou direto a uma bigorna, onde começou a bater com um grande martelo, ainda se esforçando para superar as dores que sentia pelo corpo. O martelo encontrava o metal incandescente e diante sua força, mudava sua forma. A cada golpe, o metal quente era moldado, dando vida as ideias e sonhos do jovem shinobi.

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Um barril, repleto de água e outro, repleto de óleo, foram providenciados. Ambos os objetos se encontravam próximo a fornalha, facilitando o trabalho do ferreiro.
Com a peça de metal detendo as dimensões e formas desejadas, Gng voltou a aquecer o metal, levando-o a altas temperaturas. Com ajuda do alicate, a peça foi retirada da fornalha e depositava no barril de água. A própria água parecia não conter o calor da peça, de forma que a superfície da mesma passou a irradiar chamas.
Ging retirou a peça da água. O metal já não apresentava mais a coloração avermelhada, comum a incandescência.
Ging depositou a peça, agora a temperaturas amenas, sobre uma mesa. Usando os nós dos dedos, o jovem desferiu fracos golpes contra o objeto – Não é tão difícil quanto eu imaginei. O metal foi temperado com sucesso. É possível conferir a resistência, a força do metal... Bom, não tenho tempo a perder, então, vamos lá -.
Novas placas foram apanhadas pelo garoto, que tratou de repetir o processo de auecer o metal, desferir golpes afim de reconfigurar suas dimensões e então, temperar, finalizando pelo menos metade dos processos que deveriam ser feitos.

Um dia inteiro foi gasto em frente a fornalha. As mãos de Ging se encontravam, em determinados pontos, em carne viva, sendo aquele o resultado do trabalho árduo que fizera.
Mesmo com todas as peças já devidamente montadas e temperadas, ainda faltava muito o que fazer.
Ging apanhou placas de grossas lixas e começou a utiliza-las para polir e dar o acabamento as peças. Enquanto realizava o trabalho monótono, a mente de Ging viajava. De fato, Ging havia quebrado, havia conhecido os limites da dor, o desespero, as cruéis capacidades dos seres humanos... Mas ele ainda detinha dentro de si uma inabalável forca de vontade, de não recuar em frente a seus inimigos, de seguir adiante, mesmo em meio a dor e a eminencia da morte. Aquele não era o fim para Ging, mas um inicio, uma nova oportunidade de seguir em frente, de eliminar suas fraquezas e como uma fênix, ressurgir, ainda mais forte.

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Quando ainda estava no deserto, procurando descobrir mais sobre seu passado, Ging teve acesso a um pergaminho antigo, uma relíquia da antiga vila de Sunagakure. O pergaminho, pertencente a um dos mais poderosos mestres das artes do Kugutsu, falava sobre a obra perfeita, conquistada apenas por aqueles capazes de abrir mão da dadiva da vida e seus pequenos prazeres e amaldiçoarem a si mesmos a uma vida artificial. Hitokugutsu, a maldição de sangue, a técnica que poucos shinobis na historia foram capazes e corajosos o suficiente de obterem.
Ging não esboçava, mas sua visão de mundo havia mudado naqueles últimos dias. Traido, deixara de acreditar nas palavras e promessas; capturado, deixara de acreditar no poder de sua própria nação; torturado, deixara de acreditar na bondade do ser. O mundo era para Ging, uma dadiva, corrompida pelos seus semelhantes em espécie. Mas, mesmo desacreditado, Ging ainda sentia que algo poderia ser feito, e estava disposto a sacrificar sua vida como humano, se é que ainda possuía uma, para uma vida de Algoz, de juiz, de herói, que reconstruiria o mundo aos seus próprios moldes “As pessoas só respeitam uma coisa... O poder. E talvez existam muitas formas de poder, mas elas se assemelham quanto as possibilidades, de domínio, de controle, de conquista”.
O metal já havia sido finalizado a muito. Placas de circuito eram agora retocadas, tinham seus cabos encapados e eram ordenadas dentro das cavidades vazias das placas de metal – Das cinzas... A vida -. O jovem contemplava a bagunça, o caos criado pelo metal, pelos fios, laminas e ferramentas, que apenas ele conseguia interpretar.

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Sentado em frente a mesa onde trabalhava e era ocupada pelos mecanismos que ele desenvolvera, Ging se encontrava parado, contemplando o vazio, sentindo a respiração, que em breve nunca mais poderia sentir; sentindo o gosto salgado de suor que escorria pelo seu rosto e alcançava seus lábios, que dali a pouco tempo, deixaria de poder sentir – Não tem mais volta -.
O jovem apanhou uma peça de metal, que havia cuidadosamente forjado para a ocasião. A estudou com os olhos e após algum tempo, mordeu seu dedo polegar esquerdo, usando o sangue que vazou para criar uma marca no frio objeto – Espero que eu esteja certo quanto a isso -. Rindo sozinho da hipótese de falhar, Ging apanhou um grande pedaço de metal, cuja extremidade formava uma ponta, e desferiu um golpe em seu próprio peito.
No momento em que a lamina rompeu o tecido de seu coração, Ging sentiu que havia cometido um erro. Ele sentia dor, sentia o sangue escorrendo para fora da cavidade torácica. O sangue invadiu os pulmões do garoto, que passou a cuspir sangue também “Bom, eu vou me livrar de toda essa merda, afinal”. Conformado, o jovem fechou os olhos e contemplou a escuridão.

Em cima da mesa de metal, a marca de sangue acendeu por um breve momento. Ging havia sido puxado de volta ao mundo dos vivos, mas dessa vez, sem a dadiva da humanidade.
O núcleo de metal fez fios de chakra se espalharem pela sala e se aglutinarem, formando uma espécie de humanoide, uma criatura de metal, que parecia sentiar a falta ou a necessidade de algo.
A marionete apanhou o corpo inerte e manchado de sangue e realizou diversas incisões na carne, apanhando aquilo que ainda podia ser utilizado, conferindo a ultima criação em vida de Ging, seus últimos detalhe, que lhe confeririam uma aparência mais próxima da que ele um dia tivera em vida.

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As guarda passava de tempos em tempos pelas masmorras. Ging, que até o momento apenas forjava e criava mecanismos, nunca levantou suspeitas. Quando deu inicio a execução de seu plano para se transformar, cronometrou o tempo exato que julgava necessário e deu inicio ao plano.
A marionete se ocultava em meio a uma pilha de placas de metais e lixo, o que restava do corpo mutilado de Ging jazia sobre a mesa de metal e havia sangue por todo lado da sala.
Quando a guarda passou, não demorou para um estardalhaço começar. Os homens do lado de fora da cela corriam e gritavam, chamando aqueles que comandavam o grupo.
O barulho logo cessou e o barulho de passos passou a ser novamente audível do lado de fora – Vocês devem estar loucos. Ele não teria nem como fazer algo assim -. A abrupta pausa no discurso era sinal que o homem, quem torturara Ging nos últimos dias, havia finalmente chego a sua cela – Mas... O que aconteceu aqui? Como... Como isso é possível? -. Em choque, o homem se permitiu adentrar fundo na oficina, buscando estudar o cadáver, exposto e mutilado em cima da mesa – O que aconteceu com ele? Vocês fizeram alguma coisa? Olha isso... Olhem esses cortes. E onde foi parar... – Os guardas negavam ter feito qualquer coisa com o prisioneiro e o terrorista continuava a inspecionar, assustado e curioso, o corpo a sua frente.
Ging, cansado de esperar, se ergueu da pilha de lixo onde se escondia. A figura humanoide, que lembrava o que outrora havia sido o shinobi Mokarzel Ging, se colocava diante a seus captores – O que você fez ? O que é você ? -. Conectando seus dedos com peças de metal extremamente afiadas, Ging as lançou em direção a seus inimigos, que paralisados pelo choque, nada puderam fazer e tiveram seus pulmões ou corações perfurados.

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O jovem apanhou um mecanismo que havia criado e que até o momento se encontrava em cima da mesa, e deu as costas para as almas condenadas atrás de si. Os corredores das masmorras estavam vazios, dando chance de Ging subir até os andares superiores do edifício sem maiores dificuldades “Ótimo, quanto menos empecilhos, melhor. Vou colocar isso em algum alicerce e sair. Com sorte a explosão vai trazer tudo abaixo. Aqueles que não morrerem por conta da explosão, certamente irão pelas mãos das rochas e da gravidade”.
Com algum conhecimento de engenharia, Ging imaginava onde poderia encontrar os pontos fracos do edifício “Não que muita coisa precise ser feita. Isso aqui está em ruinas. Bastaria um peteleco para fazer com que tudo desmoronasse”.

Os poucos guardas que encontrou, fez uso de suas habilidades como mestre de marionetes para controlar os guardas, usa-los como armas e depois, faze-los se suicidarem “Foi essa gente que me capturou? Não... Foi ele...”. Os devaneios foram interrompidos pela imagem de uma enorme pilastra, onde se erguia uma escada nas suas áreas externas – Perfeito -.

Ging colocou o dispositivo, uma espécie de bolsa shinobi com diversos bolsos lacrados, e o colocou bem abaixo do pilar. O jovem deu as costas e iniciou uma caminhada em direção as dunas do deserto, que se encontravam do lado de fora – Não. Falta uma coisa... Só, mais uma coisa -. Fazendo uso de sua manipulação das massas de vento, Ging aumentou a concentração de oxigênio no andar onde a pilastra se encontrava – Pronto -.

Quando se encontrava fora daquele local que havia sido sua prisão e também cova, o mecanismo foi acionado, provocando uma explosão, intensificada pela grande quantidade de ar na área. O prédio veio abaixo, em meio a fogo e gritos. Sem lamentar ou olhar para trás, de cabeça erguida, o shinobi tomou o rumo de sua terra, Konoha – Me parece que existem momentos de dor que na hora não conseguimos aceitar ou entender... Mas, no final, tudo se encaixa, como um quebra cabeça. Vim ao deserto como um humano de mente limitado, crente nas pessoas, na sociedade e em seu sistema. Volto como Mokarzel, um ser liberto, iluminado, um Algoz dos corrompidos. Nenhum shinobi será tão grande quanto eu, nenhuma arma será tão forte quanto as minhas, nenhum dinheiro chegará aos pés do meu império -. O sorriso que era esboçado e iluminado pela luz do sol beirava a loucura, ou talvez, fosse apenas as feições desenhadas pelo grande mestre de marionetes, jazido em meio as areias do deserto, Ging.

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