Vá além!

O dia era ensolarado, os trabalhos estavam a pleno vapor. Havia sido chamado urgentemente para os arredores do vilarejo pois um homem cuja identidade não se tem registros foi encontrado atacando caravanas e comerciantes. Fui às pressas aos portões onde Jounins esperavam para autorizar minha saída e, com isso feito, zarpei em busca do delinquente.

Não tinha informações sobre suas habilidades, mas suas atitudes me preenchiam de um ódio que era suficiente para caçá-lo sem questionar. Partindo do pressuposto que o último ataque foi realizado em um raio de um quilômetro dos portões, cheguei à conclusão de que o esconderijo do arruaceiro era também próximo da entrada da vila.

Não tardei para achar sinais de sua proximidade até que enfim deparei-me com o sujeito. Mal arrumado, cara de valentão, o estereótipo do vilão. – Oe, quem é você? – Perguntei, possesso. O bandido respondeu, no tom comum de pessoas a margem da lei – Não te interessa, pirralho, e agora que você “tá” aqui, vai morrer!

Ele puxou uma massa de ferro que estava presa na cintura e balançou-a enquanto corria na minha direção, ao me alcançar tentou jogar a bola de ferro em minha face. Tentativa falha, já que minha velocidade me permitiu desvencilhar-me da rota do ataque e além disso contra golpear com uma joelhada na boca do seu estômago. – Você feriu inocentes, seu lixo – arfante e com uma cara de espanto o marginal olhou com fúria em seu semblante e retrucou – Quem você chamou de lixo?! – Enquanto tentava outra vez atingir-me com a arma. Dessa vez segurei-a com a mão entre os espinhos para não ser furado. Irritado, o inimigo ainda atingiu um soco em minha face.

Mas foi seu maior erro. Indolor, não esbocei qualquer reação embora houvesse virado o rosto com o impacto. A partir daquele momento a sentença da pobre alma havia sido decretada, faria de sua ida para a prisão um verdadeiro inferno. Minha expressão passou de calma a extremamente enfurecido, arremessei a bola de ferro em seu próprio rosto para fazê-lo tomar alguma distância. Com a abertura criada, apoiei uma das mãos no chão e ergui o restante do corpo para aplicar um pontapé na bola de ferro que novamente afundou em sua face.

– Você vai se arrepender de ter feito isso! – Ainda com a parte inferior do corpo suspensa pela mão, apliquei uma série de dez chutes distribuídos igualmente entre a cabeça, dois ombros, o peito e a barriga do homem, todos com força para causar danos consideráveis. Voltei a ficar na posição bípede, mas fui logo surpreendido por um assovio de uma kunai que se dirigia a mim por trás. Com um salto para o lado pude desviar, mas meu inimigo não teve a mesma sorte e a receptou diretamente em seu crânio. – Ei! Vocês mataram ele! – Embora quisesse infringir danos, não tinha a intenção de mata-lo, então puniria aqueles que o fizeram.

Eram um bando de homens, todos armados, pareciam ser ninjas. Talvez fossem parte do grupo de ataques e “apagaram” aquele que poderia delatá-los. – Imperdoável! – Parti contra o grupo, enfrentaria todos de uma vez. Entre socos, chutes e pontapés eu atacava e defendia os golpes que vinham contra mim, usando o máximo da minha agilidade para não ser pego de surpresa. Estava dando o máximo, até além disso, superando minhas capacidades físicas e minha habilidade de combate corporal. Os inimigos não eram de todo mal, mas não podiam contra mim, dois ou três eram habilidosos e esses ficaram por último, me cercando.

– Quem virá primeiro? – Perguntei, assumindo uma postura defensiva. O primeiro que veio desviei da maioria dos golpes e rebati outros, em seguida veio e outro ao mesmo tempo e aproveitei da proximidade de ambos para dar a volta em um e usá-lo como escudo; estratégia essa que provou-se bem sucedida, tudo que precisei fazer foi dar o golpe final em ambos bem a tempo de ver o terceiro e último oponente aproximar-se e atingir um chute diretamente na minha costela. Sequer me mexi, somente fixei os pés no chão e, sem nenhuma expressão de dor, agarrei a perna do homem e saltei para acertar uma joelhada diretamente em seu nariz, levando-o ao desfalecimento.

A missão havia sido completada até melhor do que imaginava, com uma trupe de bandidos presa. Porém, infelizmente, o principal acusado dos ataques foi morto pelos seus “companheiros”. Seria difícil de explicar aquilo aos superiores...

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Vá além!

Amanheci no pique, com os nervos à flor da pele. Tudo que vinha a minha mente era “Eu sou tão fraco” e precisava fazer alguma coisa para mudar esse pensamento, precisava me tornar forte. Só assim competiria na mesma arena que os melhores.

Foi com essa convicção que deixei minha casa naquela manhã calorosa. Trajava uma roupa de treinos verde, nada colado para não atrapalhar a mobilidade que precisava para exercícios físicos. Comecei com uma caminhada até o centro de treinamentos, levava nas costas uma mochila extremamente pesada, empanturrada de equipamentos de treino.

Ao alcançar o lugar almejado, deixei a mochila no chão e retirei dela os equipamentos; pesos de mão, barras, anilhas e outros aparatos para o treino de força digno. Minhas pernas já estavam aquecidas, então resolvi não perder esse bombeamento sanguíneo; sem mais delongas acoplei duas anilhas com pesos enormes em uma barra de ferro resistente e apoiei essa barra nos ombros por detrás da nuca, deixei os pés bem alinhados e comecei o primeiro treino.

O primeiro exercício consistia em passadas – com um pé de cada vez – em que a cada passo agachada até o limite e subia outra vez, para repetir o processo com a outra perna. A cada repetição do movimento sentia as fibras das pernas romperem e chamarem por socorro, o peso nas costas talvez fosse excessivo. Mas minha mente me impedia de desistir, a frase cravada ecoava “Vá além”. Aquele tormento persistiu por quase meia hora, ao terminar não tive forças sequer para erguer a barra e simplesmente deixei-a despencar, afundando alguns centímetros e erguendo poeira com o impacto.

Descansei por algum tempo, mas logo me ergui para continuar o treinamento, bebi bastante água e parti para o próximo exercício. Amarrei duas cordas em um galho que era incrivelmente reto – algo necessário para a atividade que desempenharia – e tracei a corda por dentro de barras do tamanho aproximado do meu palmo, dando um nó em seguida. Dei um espaçamento da largura dos meus ombros e saltei para agarrar em cada pedaço de barra, erguendo-me com a força somente das costas e dos ombros. O nome do exercício era para ser barra, mas foi improvisado já que não tinha onde acoplar a tal barra, talvez o nomeasse de “corda”. De qualquer forma, o objetivo era claro: fortalecer as costas como parte vital para os movimentos do corpo como um todo, era uma região estabilizadora, assim como as pernas que haviam sido trabalhadas anteriormente. Tudo tinha como objetivo trazer mais equilíbrio ao meu corpo, além de força.

Para o último, porém não menos importante, trabalharia somente os braços, os braços inteiros. Usaria a barra novamente, com anilhas que juntas somavam mais de 200kg. Usando uma pegada firme, erguia a barra com dificuldade extrema a ponto do sangue se acumular majoritariamente nos dois braços. O calor emanado do meu corpo naquela hora fazia o suor escorrendo sem parar, já havia superado o limite do meu corpo há horas, mas não pararia. Se parasse, a adrenalina deixaria o corpo e eu sequer levantaria outra vez, não naquele dia.

Meus braços fraquejaram por um momento e a barra caiu, não tive forças para erguê-la outra vez. Havia passado das 100 repetições, e depois disso não contei mais, me concentrei somente em fazer mais. A exaustão alcançou meu corpo e me derrubou subitamente, talvez houvesse passado do limite mesmo.

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Vá além!

Depois de ter me recuperado dos treinos físicos, estava na hora de um treino mais aplicado a expandir meu arsenal de técnicas que estava muito escasso. Precisava de armas para combater o mal! E já tinha algo em mente.

Não muito tempo atrás havia pensado em uma técnica que seria bastante poderosa e de muita utilidade, e foi com essa técnica em mente que me dirigi ao centro de treinamentos outra vez. Talvez eu devesse pagar aluguel pelo tanto de vezes que frequentava aquele espaço. Mas isso só significava que minha vontade de crescer era enorme!

Ao chegar no lugar de destino, devidamente vestido para um treino, precisava acostumar-me com o movimento base da técnica; então comecei uma série de cem chutes vindo de cima para baixo com o calcanhar, erguendo a perna e abaixando-a violentamente até começar a formar correntes de ar somente com o movimento. A cada golpe ficava mais fácil de executar o seguinte, e com o tempo atingi a perfeição. Era hora da segunda etapa, o salto.

Precisava saltar o mais alto possível, o que não era algo difícil para mim que possuía uma força considerável embora ainda fosse um Genin. Talvez fosse o Genin mais forte da aldeia, nunca havia lutado com alguém para testar essa teoria. Flexionando os joelhos e os esticando subitamente, realizava saltos em altitude enormes, e no ar fazia giros verticais para frente, ao atingir o chão repetia o mesmo movimento, como um pula-pula.

Chegou a hora da fase final da técnica. Preparado, soltei o ar dos pulmões e inspirei novamente, realizando o salto mais alto do dia. Quando estava na descida realizei um giro vertical em meu próprio eixo e impactei o calcanhar contra o solo abruptamente, gerando uma rachadura no chão ao redor – Concassé!

Havia aprendido a técnica, peguei uma toalhinha e voltei para casa.

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