Interessado no pergaminho, corria com pequenos saltos até o mesmo. Pegava-o, abrindo e lendo seu conteúdo:
Flor Púrpura
Descrição: O Esquadrão Médico de sua vila esta desenvolvendo um novo remédio e precisa de uma flor rara só encontrada em uma montanha muito distante, sua missão é ir buscar essa flor para que a produção do novo medicamento seja iniciada.
Após ler seu conteúdo, logo entendia. A necessidade recaía sobre as mãos certas. Com meu conhecimento geográfico de rotas recentemente adquirido, assim como meu breve conhecimento de medicina, não havia alguém melhor para buscar esse ingrediente. Com o pergaminho em mãos, ia até meu guarda-roupas, onde pegava tudo que necessitaria para minha jornada. Pelo cálculo que fiz mentalmente, imaginava que necessitaria de um dia para chegar ao meu destino, isso baseando-me em uma carona qualquer que conseguisse no caminho.
De posse de minha mochila, assim como minha bolsa ninja, preparava-me para partir. Se tudo desse certo, chegaria próximo à montanha na tarde do dia seguinte. Levava em minha mochila comida dois pequenos caldeirões, portando comida suficiente para me manter durante o caminho de ida. Na volta daria algum jeito para me alimentar, pois não tinha mais comida pronta para me abastecer por mais tempo.
Trancava meu apartamento, e partia para a saída da vila. Com a posse do pergaminho, mostrava aos que ali faziam guarda meu motivo para sair da vila. Sem problemas me deixaram ir. Logo saindo da vila sabia que existia uma rota onde carroças passavam com frequência. Com sorte, logo arrumaria alguma.
Interrogando os que passavam em menor velocidade, encontrei um que dizia ir para próximo de onde eu queria. Com pouco tempo de caminhada poderia chegar à montanha. - Tem certeza que posso acompanhá-lo?- Perguntava, apenas para receber a confirmação em seguida.
O trajeto de carroça levou o resto do dia. O silêncio na viagem não se manteve, pois consegui estabelecer uma conversa com quem me dava carona. Era um revendedor de artigos de cerâmica, e isso explicava os baús que levava em sua carroça. Contou-me sua história, mas estava distraído demais para prestar atenção, acenando apenas com a cabeça.
Durante a noite, revezei o controle da charrete com o comerciante. Por fim, precisávamos pausar para deixar os dois cavalos que nos puxavam descansar também. Onde descansávamos era a mudança de biomas entre Iwa e uma vegetação rasteira, onde no horizonte eu podia ver uma cadeia de montanhas iluminada pela luz da lua. O campo onde paramos era aberto, estávamos sobre um pequeno morro, onde a carroça se encontrava escorada em pedaços de madeira para não correr. Os cavalos pastavam naquela noite, reabastecendo suas energias.
Foi só quando acordei com o sol iluminando no horizonte a pastagem do local que percebi que havia adormecido. Havia poupado minha comida, pois o comerciante gentilmente compartilhou a dele comigo. Agora pelo menos tinha reservas para a viagem planejada de volta. Durante pelo menos mais uma hora ainda me encontrava com o comerciante, indo em direção à cadeia de montanhas. Depois desse tempo havíamos chegado à base das cadeias. A estrada seguia passando por entre montanhas, usando o caminho menos inclinado para seguir. Em pé dessa serra havia uma estalagem, um local onde eram servidos almoço, café e se podia dormir. Me despedia do comerciante, que seguia sua viagem. Dentro da estalagem via, em suas paredes, fotos dos campos de flores que batiam com a descrição da missão. Quando perguntei para um dos funcionários, me explicaram. Na montanha mais alta daquela cadeia havia um planalto. Nele nasciam as tais flores, porém o caminho até lá era complicado. Era necessário superar montanha por montanha, para assim se ter nível para alcançar o planalto, que era a última montanha partindo de onde estávamos.
Comecei a subir partindo da estrada que cortava a serra. Ela me deixou em um ponto de altura relativo, onde encontrei uma pequena rota referenciada pelos que trabalhavam na estalagem. A rota em teoria levaria até o local, mas a estimativa era de cinco horas de caminhada até alcançá-lo. O local era íngreme, e isso deixava qualquer um que fosse fazer o caminho cansado. Não passavam dois naquele pequeno caminho. Em meio à pedras e materiais obstruindo o caminho cheguei até a ponte de corda que me elevaria até o planalto. A ponte passava por cima de um vale, onde eu podia ver toda a região que havia percorrido até chegar onde estava. Era uma bela vista.
Ao iniciar a travessia percebi onde havia me metido. Com o vento, a união feita de cordas balançava muito, e estava praticamente suspenso em uma altura que a queda seria morte certa. Aos passos lentos atravessei aquele obstáculo, alcançando o planalto apenas no início da noite. Não sabia bem o que deixou aquele local tão bonito, se eram as flores ou a iluminação da lua sobre uma superfície que nada se apresentava mais alto no horizonte. A brisa fria da noite em altitude me alcançava, mas isso não parava meu objetivo. Recolhi punhados da flor que nascia apenas naquele local. Era de suma importância levar esses ingredientes de volta para vila antes que estragasse por não possuir nutrição. Por isso, desci o caminho de volta na mesma noite, aproveitando pouco a bela vista. Era quase o raiar da manhã quando alcancei a estalagem. Fechada, me acomodei do lado de fora, onde finalmente consumi a comida que havia trazido, adormecendo por ali. Não tive muito tempo de descanso, pois o dono da estalagem havia me acordado quando ela abriu. Era hora de partir para casa.