Se fazia alguns dias que voltou do País do Vento, diante de toda aquela situação arriscada o que mais admirou Heshikiri foi o Daimyo. Mesmo com aquelas vestes a forma como ele falava e se comportava era bastante humilde para alguém com seu status, durante o caminho para retorno do palácio pode ter um diálogo com o magnata, principalmente sobre o mundo shinobi. O Daimyo não aparentava saber muito sobre o tema, demostrando que tinha apenas informações por cima, porém era notável a preocupação da perca de um poderia militar tão valioso, o garoto não recebeu nenhum informação extra sobre como de fato foi a queda de Sunagakure, mas isso o fez refletir sobre a imensidão que deve ser o poder que proporcionou esse acontecimento.

Mesmo passando pouco tempo em casa a governanta Odatta-tono não parecia nem ter notado sua ausência devido as constantes construções naquilo que mais parecia ser um laboratório vivo do que moradia e nenhum lugar estava a salvo de sofrer alterações, a sala de treinamento a qual foi projetada também estava em manutenção e aparentava que iria ficar no mínimo 4 vezes maior. Embora estivesse em reforma isso não era razão o suficiente para Heshikiri não utilizar os equipamentos que estavam livres, reprisava sempre a lógica de que a perfeição só vem com bastante prática. Durante um dos seus treinos de espada, estava fazendo o treinamento por sombra imaginando uma grande quantidade de adversários, busca premeditar o que poderia fazer nessa situação a qual vivenciou recentemente e analisando um pouco percebia que havia feito muitos movimentos desnecessários.

Passou então horas treinando, ter se tornado chunin poderia até ser uma conquista, mas era apenas um passo para o seu verdadeiro objetivo. Via no encontro com o Daimyo uma oportunidade de crescimento pessoal e aquisição de influência, a medida que mantinha os olhos fechados e imaginava aquela horda de samurais lhe atacando consecutivamente, martelava em sua cabeça forma de colaborar com o País do Vento e adquirir apoio político. Devido ao seu extremo estado de concentração acabou por se desligar um pouco do mundo externo, o que leva ao incidente ocorrido naquele dia. Em meios as trevas só sentiu uma dor que a princípio era aguda e foi se intensificando até se tornar quase insuportável, o que ajudou naquele momento foi sua capacidade natural de suportar qualquer dor seja física ou emocional.

Quando abriu os olhos, seu corpo estava dentre escombros e ferragem. Uma enorme quantidade de sangue era expelida de sua boca e ouvidos, não conseguia sentir metade do seu corpo, incluindo o braço e a perna direita. Tentando olhar ao redor via os rostos horrorizados dos trabalhadores braçais, suas bocas se mexiam, porém, nenhum som poderia ouvir. Olhava ali no chão para aquelas expressões de desespero, era quase como se estivesse fora de seu próprio corpo, um observador apático, insensível, distante da sua própria realidade e a mercê de sua própria mortalidade. Cravando os dedos de sua mão esquerda naquele chão, puxava seu corpo para fora das ferragens e conforme prosseguia lá ia ficando seus restos, cada esforço que fazia abismava mais aqueles espectadores.

A força que colocava para sair dos destroços era tão grande que os dedos penetraram o solo, a dificuldade se dava devido a cada centímetros que se movia separava os membros de seu corpo rasgando a pele já danificada, aquela dor quase se assemelhava ao inferno. Suas entranhas amassadas eram rasgadas conforme saia, alguns dos trabalhadores começavam a passar mal e querer desmaiar, sendo totalmente compreensível diante de tal barbaridade. Porém um deles estava bastante calmo, olhava curioso no primeiro instante, assim que a criança começou a se mover ele rapidamente saiu do recinto. A percepção de tempo de Hashikiri estava perturbada pela dor, tinha certeza de que havia passada bem menos tempo do que sentia, já estava inteiramente livre das ferragens e ainda sim uma grande quantidade de sangue era expelida de sua boca.

É então que as escleras de seus olhos ficam negras e suas íris ganham um tom de vermelho vivido, aqueles membros arrancados começa a rapidamente se regenerar, logo seu braço e sua perna direita estão inteiras, mesmo que estejam com um estranho aspecto azulado com as extremidades avermelhadas sob quaisquer ângulo, não parecia sequer humano e de fato não era. Conforme se levanta dá de cara com Odatta-tono, com um sorriso sádico e bochechas avermelhadas, a respiração dela estava lenta e sua boca levemente aberta. Com um tom sedutor ela fala quase gemendo: — Maravilhoso! Meu pequeno garotinho dourado, você é perfeito... — E mesmo levemente envergonhado Heshikiri mantem sua atenção voltada para aquela mulher, já imaginando o pior...

Caminhavam por lugares na qual Heshikiri nunca obteve acesso, aos poucos o caminho ficava menos arejado e a tecnologia ia se misturando com uma estrutura orgânica similar a vegetação com traços de alguma outra coisa que ele não compreendia, mas era avermelhado e vez ou outra reluzia. As salas se transformaram em corredores e pareciam não ter fim, dando a impressão de que nem estava mais na mesma casa, além de sentir em seus ouvidos uma súbita diferença de altitude. Tudo era muito estranho, o odor de formol cada vez se tornava mais forte a ponto de ser quase insuportável, seria ali que Odatta-tono passava a maioria do tempo? Não tinha certeza, mas achava que naquele momento iria receber repostas. A iluminação estava bem fraca quando chegaram em frente a uma porta de aço com um símbolo de um redemoinho, ao Odatta-tono realizar alguns selos de mão a porta se abre dando vista a um lugar que aparentava está extremamente esterilizado.

Quando adentra sente algo percorrer o seu corpo inteiro, um calafrio sobe em sua espinha e não se contendo, ele pergunta: — Que lugar é esse? — A mulher olha para ele com ímpeto e fala: — Meu laboratório. Lhe trouxe aqui para me dar uma pequena ajuda. — Ela leva a mão esquerda ao seu rosto e reposiciona seus óculos, caminhando com suavidade vai até o que parece uma incubadora rodeada de selos, olha para a criança e diz: — Você conhece a lenda sobre os três lendários Sannins? Aposto que não, muitos anos atrás havia três ninjas formidáveis que ganharam renome mundialmente. — Com uma de suas mãos alisa delicadamente a incubadora e continua: — Um deles em especifico me chama muita atenção, era brilhante e se não fosse por ele o mundo shinobi não teria avançado. Seu nome era Orochimaru, recentemente venho tentado recuperar parte das tecnologias perdidas depois da crise e claro, melhorando-as com o meu jeitinho. O que eu quero de você agora é que seja minha cobaia. — Sem hesitar de detalhes em relação a isso prossegue: — Já tentei com outras pessoas antes, mas nenhum deles sobreviveu. — Heshikiri olhava para ela um pouco aflito, ainda indeciso se iria ou não se arriscar assim, certo que ela anda ajudando bastante ele, mas valeria o preço? Foi as seguintes palavras que mudaram totalmente sua visão: — Claro que apesar dos riscos... Você irá ficar notavelmente mais forte, tanto suas técnicas como seu corpo, você pagaria o preço por tal melhoria? — Sim, o risco era grande, porém mesmo tentando não ser arrogante ele tinha ciência de seu corpo superior ao humanos, se algum poderia sobreviver a esse experimento, seria ele.

O método utilizado por Odatta-tono era pouco convencional, a ideia era recriar um selo amaldiçoado com o máximo de perfeição possível. A incubadora servia para garantir o máximo de sucesso possível, o garoto depois de uma descontaminação, caminhava despido até aquela máquina vazia, poderia ser estranho, mas não estava nervoso. Muito pelo contrário, ao se posicionar dentro da incubadora é inserido diversas agulhas em seu corpo e sobre sua boca é colocado uma mascara de ar. Apreensiva era a forma de como os cientistas ao redor de Odatta olhavam a criança de longos cabelos brancos, a mulher demostrava em sua face uma expressão de pura confiança, o olhar de ambos se cruzavam e se fixava, tinham a certeza de que tudo iria dá certo. Ao lacrar a maquina um liquido verde preenche totalmente o interior até que o chunin fique suspenso, os cientistas junto a Odatta ficam ao redor da incubadora e realizam selos e tocam o chão sem seguida. Os selos ao redor dele começam a brilhar como magma e se movem para a superfície de vidro cobrindo qualquer visão que teria do exterior, com pouco tempo nota o liquido de tonalidade verde começa a escurecer assumindo uma coloração roxa extremamente escura beirando o preto, o tubo ligado a sua mascara para de sair ar e começa a entrar liquido também, em agonia e desespero começa a se debater lá dentro, porém ninguém sequer poderia notar devido a coloração do fluido. Depois de um tempo começa a respirar aquele liquido que começa a se misturar com o sangue em sua corrente sanguínea e o seu tecido cerebral se deteriorava devido a falta de oxigenação o que o deixa inconsciente, devido a mistura do liquido com o sangue de alguma maneira os impulsos nervosos do seu corpo para e eventualmente seu coração também, não levou muito tempo para Heshikiri morrer.

A morte é só o primeiro passo, essa marca deveria ser forte e cravada em cada molécula do indivíduo. Talvez Odatta tenha pensado em Heshikiri quando elaborou esse método, essa maldição penetraria em cada átomo, o chakra do usuário se tornaria com ela. Seria uma marca para se fixar não somente no corpo, mas também na alma. Esse Juuinjutsu era composto do própria chakra da governanta de onde a criança morava, fixaria uma parte dela nesse garoto por qual tem tanto apreço, seria ela uma inquilina de seu corpo assim como ele habitava a sua casa, dessa forma eles sempre estariam unidos.

Depois de algumas horas, todos estavam ainda mais apreensivos, mesmo que Heshikiri não soubesse, estava sendo monitorado completamente e por isso sabiam que seu coração havia parado. Esse era o ponto onde todas as cobaias morreram, já haviam falhado tantas vezes que estavam quase desistindo e encerrando o processo forçadamente quando o líquido escuro começa a reluzir novamente, aos poucos vai desaparecendo como se estivesse sendo sugado para algum lugar, é então que notam que o corpo do garoto que estava absorvendo aquilo tudo. Parecia que um redemoinho se formava no meio do seu peito absorvendo aquela massiva quantidade de fluidos, quando finaliza se desprende sozinho de todas aquelas agulhas e aparatos quase que instantaneamente, caia na base da incubadora com uma crise de tosse como se estivesse se acostumando novamente a respirar oxigênio. Abrem a maquino e com ajuda de Odatta ele a sair da câmara, olhando para ela a criança fala: — É tão estranho, sinto como se estivesse avançado anos de treinamento. — Olhando para ela e nota que sua expressão demostrava êxtase, sem compreender muito bem olha para sua mão e nota uma enorme diferença de tonalidade, a pele extremamente branca estava agora escura, seus cabelos que já eram longo se tornaram maior ainda, repentinamente escuta um barulho de vidro sendo quebrado, ao se mover para olhar o que é acaba derrubando um dos cientista, sentiu que encostou nele e é então que se dá conta de uma asa em formato de garra. Fechava o punho e então sentia aquela energia retrair e seu corpo normalizar, Odatta então começa a rodear o garoto desnudo observando cada centímetro do corpo dele, levando o dedo indicador até a ponte do seu óculos ergue o mesmo um pouco e fala: — Foi um sucesso, a marca não ficou exposta em seu corpo, se alocou em seu interior. Que sucesso maravilho para todos nós minha criança. Eu quero ver o que você pode fazer com isso, venha comigo novamente, mas antes vista alguma coisa. — Apontou para uma peça de roupa que estava em cima de um dos balcões, era um kimono branco tradicional. Após vestir ele nota que era um pouco grande demais para o seu corpo deixando seu peito bastante exposto não importa como tentasse consertar. Todavia iria descansar primeiro em seu quarto antes de começar a bateria de teste que aquela mulher tanto ansiava.