Fazia pouco tempo que se instalaram em um hotel de poucas estrelas na Vila de Konoha, o clima era um pouco frio, mas nada de desagradável, Takara tentava argumentar com seu lutador cabeça dura.
"É só mais uma luta, por que preciso de guarda-costas?" perguntou o lutador ao seu empresário, seu senblante era sério, estava indignado com o que propôs.
"Não importa, poderia ser até uma luta de bebês, se tem gente grande no nosso caminho, temos de tomar cuidado." respondeu, tragando seu cigarro em seguida, estava acomodado em uma pequena poltrona próxima á uma mesinha de vidro.
"Não precisamos disso, eu sei muito bem me defender!" disse, erguendo e cerrando seus punhos, dando alguns golpes no ar.
"Se não soubesse, duvido que chegaria onde está." respondeu, apagava seu cigarro no cinzeiro "Mesmo que saiba se defender, não posso arriscar você ter quaisquer arranhão até o dia da luta.
"Não é uma questão de orgulho, é uma questão de bufunfa, e um lutador ferído é um lutador inútil." completou, talvez um pouco de razão batesse na cabeça do garoto.
Um breve silêncio tomou conta, Sunuda parecia não ter o que responder. Ele cruzava seus braços, um pouco inquieto.
"Faça o que quiser, mas não vou ficar de braços cruzados quando forem para cima de mim." disse o lutador, concordava com a proposta de ter um guarda-costas, mas não iria aceitar ser protegido como um verdadeiro covarde.
Fazia apenas alguns poucos dias que haviam se instalado na vila, Sunada havia sido vitorioso nas semi-finais do Campeonato Anual da Crista, um campeonato que tem garantido uma maior popularidade nos arredores do País do Fogo. Iria enfrentar em poucos dias o Dêmonio Rubro na final, campeão por dois anos consecutivos, com um repertório de nenhuma derrota desde o início da carreira.
Isso irá acontecer em alguns poucos dias, e algumas suspeitas levaram o empresário á requisitar, por uma boa quantia de Ryos, uma escolta de um shinobi até o local de apresentação. Com o aumento gradual da popularidade do evento, um pequeno mercado de apostas tem ganhado espaço, e seus apostadores não tem quaisquer remorso em retirar um empecilho do caminho.
Tendo em vista isto, um mensageiro seguiria em direção á residência do shinobi apto para efetuar o serviço. Entregaria a devida mensagem, assim como o pergaminho com maiores detalhes.

Spoiler:

O dia estava levemente nublado, a movimentação nas ruas do vilarejo começava á aumentar aos poucos. Entretido em sua leitura, o garoto chegou rápido até a entrada do vilarejo, onde podia ser visto, não muito longe, dois rapazes.
Um deles vestia um terno bem tratado de linho frio, de um tom levemente negro. Seus sapatos eram de couro, bem tratados, reluziam levemente. Seu cabelo era loiro e curto, chegando não muito além do pescoço, seus olhos eram castanhos, com um nariz não muito proeminente e queixo fino. Á que tudo aparentava, parecia estar nos seus trinta invernos.
Próximo á ele, um rapaz de não muito mais que vinte e quatro invernos, usava uma regata avermelhada, apesar do clima não muito apto para este tipo de vestimenta, seus cabelos eram levemente espetados com um tom negro, seu nariz fino e um queixo bem definido.
O senhor de terno tragava levemente um cigarro enquanto o outro rapaz fazia, ao que parecia, alguns exercícios. Pareciam estar á espera de alguém.

Spoiler:

Enquanto caminhava pela estrada, a única coisa o qual podia ser ouvido era as sutís nuances da natureza: o bater do vento contra as folhas, e os mais variados cânticos dos mais variados cantores.
Sunuda não estava acostumado á viajar com alguém além de seu empresário, que por sinal não fazia questão de honrar a profissão, era uma sorte ter chegado onde estava sendo guiado por alguém assim. Manteve silêncio durante todo o caminho, enquanto evitava troca de palavras e olhares com o gennin.
"O campeonato é em dois á três dias." disse Takara, voltado á Shiroi "Não é muito longe da vila, mas duvido que cheguemos lá até hoje. Conheço um pouco do caminho, há uma estalagem não muito longe daqui, podemos chegar lá até á noite, eu presumo.
"A estrada pode ser um pouco perigosa á noite, então não vejo problema em descansarmos um pouco por hoje."
Após ter dito isso, Takara se voltava ao lutador.
"Está de acordo?" perguntou á Sunuda.
"Quanto o mais rápido chegarmos, mais rápido poderei resolver meus assuntos com aquele metido a besta."
"E de onde surgiu este rancor? Você só o viu uma ou duas vezes."
"Pouco me importa." disse de modo ríspido "Não gostei da maneira que ele olhou para mim."
"Certo, certo." disse Takara, não parecia tão interessado quanto ao assunto "Vamos ficar na estalagem, ou não?"
"Tanto faz, contanto que eu possa me preparar para a luta."
"Tudo bem então."
Já era noite, haviam caminhado por algumas horas, se encontravam em uma pequena estalagem no meio da estrada. Sua placa estava tão desgastada quanto suas paredes, que eram de madeira, e sua movimentação não parecia das melhores.
"Levou menos tempo que esperava." disse Takara, suspirando "Não é dos melhores hotéis, mas é bem melhor que dormir no chão."
"Vou ficar um tempo aquí fora." disse Sunuda.
"O quê? Essa coisa de lutador já está lhe subindo á cabeça?"
"Não, não é isso!" disse Sunuda em um tom elevado, ficou um pouco ofendido com o comentário "Eu só preciso praticar um pouco."
"Só não demore demais, não somos suas babás."
Não muito alegre com o comentário Sunuda se afastava, resmungando. Sem muito á dizer, Takara adentraria a estalagem: reservaria alguns quartos para que passasem a noite.
Sunuda ficaria um tempo do lado de fora á praticar exercícios, enquanto, por sua vez, Takara ficaria á se entreter com alguns maços de cigarro e sakê.
Um pouco tempo após, na madrugada, enquanto ambos já estavam acomodados em seus quartos, cerca de três senhores adentrariam o estabelecimento. Teriam uma pequena e rápida conversa com o dono da estalagem, pareciam curiosos quanto aos clientes que fizeram reserva recentemente. Sem esperar mais nenhum segundo, partiriam.

Spoiler:

"E-eu nã-não posso simplismente revelar coisas desta maneira!" disse o senhor da estalagem, parecia intimidado quanto a presença dos três.
Os três homens chegaram pela madrugada. Eram esguios, sem músculos, sua altura era mediana, suas vestimentas eram simples, camisas e calças, acompanhadas por espadas curtas em suas cinturas. Não se preocupavam em esconder o rosto.
"Vamos, não faz nenhum mal ter uma conversa com amigos, não é?" disse um dos três, em um tom levemente irônico.
"Essa estalagem está em um fim de mundo, e a passagem por essa estrada não é das melhores." disse o outro.
"Ele não está errado." completou o terceiro. "Seria uma pena se acontecesse algo com o senhor, e ninguém acabasse sabendo."
O estalajadeiro estava estático, as provocações dos homens pareciam ter surtido efeito.
"Vamos, vamos!" disse o primeiro "Ainda estamos te pagando."
"Tu-tudo bem." dizia o senhor da estalagem, estava um pouco sem saída.
Enquanto isso, um garoto astuto se atentava de modo discreto á conversa, os três rapazes pareciam entretidos á conversar com o estalajadeiro e pouco perceberam sua presença.
"Muito obrigado por cooperar." disse um deles, dando um tapa nas costas.
"Não seria melhor resolvermos tudo agora?" disse um deles.
"Seria, mas vamos dar uma colher de chá para o senhor." disse o primeiro "Não queremos sujar esse lugar, seria babaquisse da nossa parte."
"Se você está dizendo." disse o outro.
"Não se preocupe, é só mais um lutador amador, aposto que podemos lidar com ele á qualquer hora." disse o primeiro, parecia um tanto quanto confiante "Enfim, vamos."
Após poucos instantes, se retiravam do estabelecimento, pareciam bem satisfeitos com o que o senhor da estalagem havia dito, e não estavam nenhum pouco preocupados com seus arredores.

Spoiler: