Hidey havia acordado aquele dia com uma sensação estranha. Ficou em sua cama além do tempo devido, e suspirou brevemente, sentindo o ar entrar e sair de seus pulmões antes de se libertar dos lençóis. Tocou o chão com os pés, sentindo a temperatura menor lhe agredir a pele levemente. Sentia memória de sua vida sozinho passar por sua mente, mas após um longo período sozinho, imaginava ser mais complicado sustentar todo seu passado em pequenos ombros.

Teve pouco tempo para uma refeição decente. O tempo urgia e os recentes eventos em Konoha a tornavam um lugar obscuro para se viver. Hidey recebia em sua porta uma missão que o levaria para fora do vilarejo. Deveria interceptar uma laboratório clandestino localizado em algum ponto distante do País do Fogo. Hidey analisou com presteza os detalhes da missão, precisava saber a localização, a quantidade prevista de inimigos e muitos outros detalhes necessários para o entendimento de como funcionaria a dinâmica imposta. Relutante, sabendo que a conduziria sozinho, precisava ter extremo cuidado para que não falhasse facilmente e para não deixar qualquer margem para ação de inimigos.

Faltava para ele a desenvoltura necessária em vários aspectos e esperava que os preparos mentais fossem suficientes para um sustento eficiente da missão.

Considerações:

O tempo passado analisando os detalhes da missão foi bem aproveitado. Tinha bons conhecimentos geográficos e com isso poderia se guiar com maior presteza pelo caminho determinado. Os detalhes da missão, foram queimados por Hidey, como não gostava de deixar para trás rastros e não se arriscaria a ser interceptado por espiões. Observou o papel se desfazer em cinzas e então, dispersou-o pelo ar.

Hidey então preparou sua mochila, tomando seus equipamentos como era previsto, preparara as três hip pouchs em pontos diferentes, sendo uma na cintura, outra no braço esquerdo e a outra sobre o quadril. Checara a presença das kunais e demais armas que sabia ser necessário para missões prolongadas. Uma bolsa foi adicionada em suas costas, composta por alimentos, roupas extras e demais equipamentos necessários para lhe permitir a viagem.

Seguiu até os portões da vila e apresentou um segundo documento que lhe permitia sair do ambiente da Vila para fins diversos. Como sempre, tomava cuidado quando em missão e com alguns selos de mãos, ativou o Meisaigakure no Jutsu, uma técnica que fornecia ao realizador a invisibilidade e um disfarce quase imperceptível, camuflando o usuário em qualquer ambiente. Estando coberto, seguiu através da estrada rumo ao objetivo. Inúmeros arvoredos cercavam a vila de Konoha e o trajeto foi realizado além de seus limites. Tomava cuidado para não ser perseguido por ninguém, tal qual também ainda invisível, fazia questão de não se deixar facilmente ser detectado nos detalhes.

Seu trajeto o levaria para um lugar longínquo, mas o descanso estava próximo.

Considerações:

O caminho que o conduzia em direção ao laboratório clandestino e as atividades ilegais era longo. Uma estrada de terra, demarcada com marcos de pedra era acompanhada, porém, não diretamente. Há centenas de metros do caminho usava uma rota alternativa por motivos óbvios que envolviam a secretividade daquela missão. Assim, também podia trafegar pelo País do Fogo livremente, até que obtivesse uma grande distância para com Konoha. Pouco mais de alguns quilômetros percorridos.

As técnicas de infiltração eram comuns e aprendidas por todos os ninjas de nível mais alto. Hidey precisav ganhar certa distância para com a Vila antes que pudesse abandoná-la. Apenas quando se sentisse totalmente seguro e desassistido, faria sentido desfazê-la. Havia trabalhado durante anos para praticar o Ninjutsu com maestria, embora não fosse o melhor  dos ninjas de Konoha, sabia que  era competente e tinha uma mente boa para o combate. Combinava mais com ele continuar a progredir e alimentar-se constantemente para manter as energias sempre em reposição. Conduzia seu caminho pela floresta, até que após uma boa parte do trajeto, tratou se ocultar em meio a uma árvore para descansar.

Usou uma técnica da academia para com um pano imbuído em um pouco de sangue e chakra, pudesse criar um legítimo disfarce para si. Estaria oculto no alto de uma árvore, desfazendo então sua técnica de invisibilidade, mas ainda oculto, buscaria descansar um pouco da viagem.

Considerações:

A missão que recebera estava relacionada a inspeção de um laboratório clandestino localizado a alguns quilômetros da costa do País do Fogo, onde a imensa nação fazia fronteira com o mar. O jovem Uzumaki levara algumas horas para encontrar o local, sendo que com a chegada nele, notou já um clima estranho. Havia uma fina névoa disposta no lugar e ele deduzia que havia algo de estranho nela. Ele se aproximou do edifício onde alegadamente o laboratório deveria estar. Havia homens e mulheres se retirando de lá, descarregando lixo hospitalar na frente, vestidos de branco. O local era bizarro, um edifício em forma de cúpula, no centro e com quatro torres quadradas em volta. Havia limo e hera subindo por suas paredes e apesar do aspecto branco das paredes, elas estavam manchadas de negro e verde, sinais de podridão.

Hidey analisou o ambiente, encontrou três meros seguranças cuidando do espaço nos entornos. Utilizando o Shunshin no Jutsu, foi capaz de passar rapidamente pelos três, algo possível devido a sua velocidade que se elevava além de níveis civis. Adentrou por uma das torres, sentindo de certa forma a tensão que lhe ocupava os ossos. Havia algo de errado ali, podia sentir naquela neblina. Espreitou pelos corredores, encontrando um ambiente estranho a frente dele e desejando de alguma forma sair de lá, mas comprometido a realizar o reconhecimento que lhe havia sido requisitado. Talvez estivesse indo muito além do que deveria. Sabia que havia naquilo algo de estranho

Considerações:

Havia se infiltrado no local e usando um Henge, foi capaz de disfarçar-se como um dos civis que lá trabalhavam realizando os múltiplos trabalhos clandestinos que ali haviam. Havia uma toxicidade no ar, algo que o tornava mais fechado e claustrofóbico do que devia. Hidey não tinha nenhum medo desse tipo de ambiente, mas apesar disso, não costumava vacilar. Mantinha seus olhos atentos enquanto procurava pelas múltiplas salas os arquivos que lhe permitiriam obter informações sobre o local. Claramente, poderia com algumas técnicas incendiar totalmente o lugar, destruindo quaisquer vestígio de que ele existia. Contudo, Hidey não usaria apenas a mera força bruta para obter seu objetivo. Seu plano maior era o resgate de informações.

Caminhara por inúmeras salas, dentro de um complexo tão pequeno, era difícil entender como era possível administrarem tantos espaços. Ele podia ver corpos, armários com amostras e demais utensílios médicos, que podiam servir para a realização de experimentação ilegal. O rapaz com seus olhos atentos evitava qualquer sinal que pudesse causar desconfiança e com seu henge ativado, evitava muito contato com qualquer um dos homens que ali trabalhavam.

Eventualmente, alcançou uma das salas mais amplas, com diversos corpos sem vida espalhados por sobre a mesa, um visual bastante macabro. Havia algumas saídas além e tendo percorrido todo o lugar, Hidey as conhecia e as analisara no momento em que entrou no lugar. Não era tolo, estava pronto para reagir a qualquer hostilidade e sua atenção não era desviada um minuto sequer. Passou por um cientista, um homem que parecia distraído com um corpo. O rapaz passou por ele, apenas para ter uma surpresa em seguida.

- De qual das Vilas Ocultas você é? - perguntou uma voz atrás de Hidey. O rapaz rapidamente se virou, se deparando com o cientista olhando firmemente para ele.

Considerações:

Hidey havia se chocado com a chamada do estranho homem atrás de si. Por algum motivo, ele havia descoberto sobre a presença do rapaz ali, assim como também deduzido que ele era um shinobi. Imediatamente, virou-se e fitou o homem. Usava uma máscara de cirurgião, tal qual também demonstrava em um de seus olhos uma coloração esbranquiçada que o Uzumaki reconheceu como sendo Hyuga. O Byakugan havia entregado Hidey, ele não podia presumir que um cientista maluco em um lugar como aquele detivesse uma técnica tão poderosa.

- Kanashibari no Jutsu - exclamou o cientista e Hidey sentiu em seus músculos uma paralisia.

Buscou libertar-se da técnica da melhor maneira possível. Contudo, se via aprisionado na misteriosa técnica diferenciada. Tentava usar seus músculos, mas eles estavam extremamente limitados, como se um enorme peso caísse sobre ele. O cientista era hostil e Hidey sentiu um profundo medo de pesar ele mesmo em um final bastante amargo como uma das experiências científicas do homem.

Hidey ouviu o homem se aproximar dele e desfazer o Kanashibari no momento em que lhe aplicava algumas marcas no pescoço. Podia sentir algo queimando sua pele, como se chakra marcasse sua pele, Hidey de imediato sentiu em seu organismo a técnica misteriosa usar sobre ele lhe marcar profundamente. Havia algo diferente em seu corpo e por alguns segundos o mundo parece turvar-se, Hidey sabia que estava sob uma situação extremamente perigosa e assim que fosse liberado daquele inferno, precisaria arranjar um jeito de escapar. Era um mestre elemental, mas sentia parte de seu chakra bloqueado pela situação em que passava. Seus dedos prepararam-se para executar uma técnica, quando ouviu a voz do homem uma vez mais dizer.

- Não vai querer destruir este lugar, não antes de entender o que lhe acontece. - O cientista disse, expondo seu rosto ao jogar fora a máscara de cirurgia.

Considerações:

A dor do selo amaldiçoado colocado sobre sua pele o queimou como se fosse suas próprias técnicas de Katon. O chakra corrosivo e estranho invadiu seu sistema e reuniu-se ao seu corpo com sofreguidão. A dor era inigualável, tal qual uma tortura feita contra ele, mas havia algo sob o manto da dor. Algo escondido sob o desespero. Bem sabiam os homens que seus caminhos deviam ser cruzados por oponentes que estavam sempre um passo a frente. Bem sabia o Uzumaki que não havia salvação para si, além de entregar-se definitivamente. Sentiu seu coração pulsar em raiva. Seu desejo por poder não tinha limites e cada vez que se deparava com a fraqueza ele crescia.

Bons votos de prosperidade, boa vontade para proteger e defender. Essas coisas o Uzumaki não conhecia. Sacrifício era pra ele uma palavra estranha, mas dever era comum. Sentiu as marcas da maldição espalharem-se por seu corpo ao mesmo tempo que sentia seu desejo de poder aumentar gradativamente. A perversidade em seu coração aumentava e seu desejo por sangue crescia. Era o caminho do demônio que ele trilhava, rumo aos céus.

- Ninjas como você vem e vão, mas vi na sua assinatura de Chakra algo intrigante. - dizia o cientista, enquanto o rapaz agonizava no solo. - Você deveria saber, a grandeza está no chakra. Eu vi grandeza em você. - as palavras invadiam os ouvidos de Hidey, apenas para aumentar ainda mais sua agonia. - Homens vem e vão, mas a terra permanece. Quando você for capaz de permanecer além dela, terá alcançado a supremacia. - disse o homem, ele então, observou enquanto Hidey era consumido pelo selo amaldiçoado.

O mundo apagou.

Quando Hidey acordou, sentiu ainda a marca em seu pescoço, mas o restante do mundo havia sumido. Estava em meio floresta, muito distante do lugar que havia iniciado sua jornada ou muito longe ainda do laboratório. Diante da falha em sua missão, teria que retornar eventualmente para Konoha, apresentando-se para a devida punição. Novos ninjas seriam enviados para o local. Ocultaria de todos a marca em seu pescoço, visto que não entendia bem a natureza daquele poder. Contudo, sentia que havia nele agora um potencial adormecido, para ser despertado.

Considerações: