O vento estava frio naquela manhã de outono, estava tudo estranho em Amegakure pois mesmo que frio o dia estava brilhante com o sol e as nuvens repousavam longe do vilarejo. Perambulando entre as ruas percebia que nem tudo em Ame era de fato tristeza, Hitsugaya via algo totalmente diferente do acostumado, via vida, sorrisos, e compaixão com os outros —- De fato existe vida em Amegakure —- dizia para si mesmo, transpassando a longa rua em que passava, ignorando todas as crianças brincalhonas e os mendigos que com um sorriso alegre pedia dinheiro. No entanto, de vez enquanto, dava alguns trocados para um ou dois mendigos ali.

Buscava, ou melhor, caminhava em direção a um mercado que teria sido lhe recomendado em uma de suas missões anteriores, teve que passar pelas demais ruas esquisitas, até mesmo um estranho beco com pouca largura e espessura que Hitsugaya jurava que só conseguia passar uma pessoa por vez, visto que existia uma breve fila para passar pela passagem —- Porque essa fila tão grande? —- questionou a uma mulher alta, magra, de estrutura fina e longos fios de cabelos amarelados — loiros — buscando entender o motivo das inúmeras pessoas em um único beco. A resposta veio logo em seguida:

—- Hoje é inauguração de um restaurante novo, e a mulher desafiou a todos aqui que se a chuva parasse iriamos nessa inauguração —- contou a mulher loira.
—- E a chuva parou por causa da mulher? Ou é uma coincidência? —- questionava Hitsugaya.
—- Ninguém de fato sabe, no entanto, achamos que a mulher possui alguma espécie de poder —- respondia novamente, mas dessa vez quase em sussurros.
—- É extremamente esquisito ame sem chuva, farei questão de verificar —- alertava de forma fria.
—- Mas é bom sabe? Podemos respirar um novo ar —- dizia a mulher, segundos antes de Hitsugaya sair.

Pulou diante de um muro e fixou-se com chakra nas paredes do mesmo, correndo rapidamente pelas laterais dos prédios até seu topo, avistando facilmente a todos os que pairavam sobre a vila. Corri pelo prédio até alcançar o outro lado, avisando facilmente o restaurante referido pela mulher antes. Saltou por de cima e tomou o lugar do primeiro lugar, pegando uma kunai e obrigando o homem deixar o ninja passar pela frente, entrando segundos depois. Sentou numa mesa qualquer e esperou que algum dos garçons locais lhe atendesse, analisando bastante o cardápio:

Comidas:
Ramen de Porco: Pasta (Macarrão), Shoyo, Caldo, Ovos, Carne de porco
Ramen Vegetariano: Pasta (Macarrão), Shoyo, Caldo, ovos, alface, Brócolis.
Ramen de Frango Xadrez: Frango Xadrez, Shoyo, Caldo, Macarrão, Ovos, Brócolis.
Misso Ramen: Pasta (Macarrão), Caldo, ovo, Milho.
Ramen especial: Carnes, Macarrão, Caldo, Naruto, Ingrediente "Secretos".

Preços
Ramen Pequeno - 7¥
Ramen médio- 10¥
Ramen Grande- 15¥
Especial (Só tem tamanho grande) - 10¥

Bebidas:
Água - 5¥
Chá Quente - 10¥
Suco - 15¥
Bebida Especial - 20¥
Saquê - 25¥

Verificando bem o cardápio, o analisando de cima para baixo, Hitsugaya foi direto em seu pedido — Um ramem especial com saquê por favor — pediu, aguardou que o garçom anotasse algumas coisas antes de fazer seus questionamentos, no entanto teve o desprezar de lidar com um empecilho na refeição escolhida —- Perdão Sr. Não estamos mais servindo nosso ramem especial hoje, o estoque de ingrediente secreto se esgotou rapidamente, estamos tendo que enfrentar uma demanda inesperada — alertou o garçom, esperando que Hitsugaya pedisse algo novamente, no entanto precisou analisar tudo novamente pois desejava uma refeição boa e diferente do que já estava acostumado — Ainda podem me dar um misso ramem? — questionou — Podemos sim — respondeu o garçom, se retirando rapidamente.

O tempo passou rapidamente e logo chegou o ramem que Hitsugaya tinha pedido, devorou rapidamente todo o ramem rapidamente provando da deliciosa comida —- Isso é muito bom —- dizia animadamente, se envolvendo com a comida de maneira brusca. Tratou também de provar do saquê escolhido, passando um pouco da conta e mesmo assim insistindo em pedir novamente a bebida. Hitsugaya nem mesmo teria percebido os inúmeros pratos que já tinha comido e garrafas bebidas, apenas viu que já estava a anoitecer e ainda não tinha se retirado do restaurante. Pensou em pedir mais, no entanto, a própria velha dona surgiu e se sentou na mesa, trazendo uma bebida especial para Hitsugaya.

— Beba, vai lhe fazer superar um pouco os efeitos alcóolicos — alertava a senhora.
— Bêbado? Eu não estou bêbado HAHAHAAH — gritava Hitsugaya escandalosamente.
— Creio que você tenha passado da conta menino, diga-me, qual seu nome? — perguntava a mulher.
— Hitsugaya Toshiro! Aquele que vingará Konoha — gritava animado.
— Huum, e porque vingaria Konoha? O que ela lhe fez? — instigou a velha.
— Aqueles desgraçados destruíram minha família, matando a todo meu clã e no fim ainda tiveram a coragem de me acolher — contou Hitsugaya, em tons mais baixos.
— Como assim?! Eles mataram sua família? — questionava a senhora assustada
— Sim, eles mataram a toda minha amada família sem nenhuma piedade... — dizia Toshiro, envolvendo-se em lagrimas fortes.
— AQUELES DESGRAÇADOS! — gritou o menino, jogando longe o copo com sua bebida.

A mulher se assustou brevemente se afastando, no entanto, a ver a situação de Toshiro que caia em choro o envolveu com seus braços — Eu lhe entendo garoto, seu ódio é finalmente compreendido — dizia. Palavras únicas mais de forte impacto para Toshiro, finalmente existia alguém que de fato lhe compreendia, entendia seu ódio e toda sua revolta contra um único vilarejo, uma única raça. Aquele momento pendurou, envolvido nos braços da mulher o ninja repousou por bastante tempo, a bebida aos poucos teve seu efeito passado, no entanto, Hitsugaya acabou caindo em sono e dormindo no próprio restaurante. A velha tratou de lhe arrumar uma cama e um lençol para lhe aquecer, a chuva retornou na madrugada enquanto o ninja tinha os mais bestas sonhos, a mulher deitava-se a poucos metros de Hitsugaya em uma outra cama, observando o ninja a cada clarão causado pelos trovões, olhava para o rosto do menino recordando-se fortemente de seu neto — Hitsugaya Toshiro... — repetia o nome do garoto, em meio a tolas memorias.

Considerações:

A madrugada pendurou, poderia facilmente se enganar e afirmar que o tempo tinha parado com o retorno da chuva, transformando minutos em horas. A velha continuava acordada grande parte dela, no entanto, em um momento seu corpo demostrou as fraquezas humanas e descansou nos quentes lençóis que lhe cobriam, repousando por demasiado tempo. O amanhecer veio e junto com ele a mulher logo despertou, notando que Hitsugaya continuava a dormir, levantou-se e tomou um quente banho trocando suas vestes, teria um dia longo no restaurante, com a fama que tinha se espalhado sabia que o dia seria dobrado e mesmo que já tivesse preparados grande parte do seu trabalho na noite passada não se daria o luxo de apresasse na quente cozinha. Deixou uma bandeja com algumas frutas, suco e um remédio especial criado pela própria senhora, além de um recado para Hitsugaya alertando-o sobre o motivo de acordar naquela cama e quarto estranho, além de uma pequena notificação sobre o remédio que estaria na bandeja, a mulher já esperava que as fortes dores e embriaguez tomasse conta do garoto e por isso tinha resolvido lhe ajudar, mesmo que imaginasse que teria alguns leves problemas com a lucidez do garoto.

Hitsugaya finalmente despertou, teve o desprazer de uma incrível dor de cabeça que jamais estaria acostumado, o álcool tinha suas vantagens momentâneas, mas os efeitos que vinham no dia seguinte eram extremamente cruéis para qualquer que fosse o homem que desfrutasse de seu amargo gosto. Viu a bandeja e logo tratou de desfrutar de uma das três garrafas de água nela, refrescando a boca que já se encontrava bastante ressecada. Pegou o bilhete e leu rapidamente, não entendendo muito pois as memorias ainda estavam apagadas, no entanto, ouviu o aviso e tomou do remédio e desfrutou do lanche dado, retornando para a cama logo em seguida —- Mas que porra aconteceu? —- disse, enquanto fechava os olhos tentando se recordar do máximo que conseguisse sobre o dia anterior. As lembranças vieram junto a uma forte enxaqueca, o que foi de grande desprazer para Hitsugaya, mas a se lembrar sentiu um certo sorriso se formar, mesmo que tivesse temido o fato de a mulher dormir junto a ele —- Será? —- questionou-se a respeito de atos imaturos que já teria cometido anteriormente com outras de gêneros divergentes, Toshiro no entanto logo tirou aquilo de sua cabeça — Impossível — reconfortou-se, observando o quente sol adentrar por entre a janela —- Devo ir, já deve está tarde... —- pensou segundos antes que a velha retornasse a seus aposentos.

Abriu a porta e se agradou com a figura do menino já acordado —- Hitsugaya-kun, trouxe um bom almoço, imagino que esteja passando por um péssimo momento de pós-bebida —- brincava a mulher, entregando uma tigela de um ramem especial que teria feito especialmente para o garoto —- Coma tudo e logo ficará bem —- dizia a senhora, entregando tudo e voltando para seus serviços —- Ei! —- gritou de forma brava, querendo entender o que se passava, no entanto não tinha forças para questionar aquele momento e apenas escolheu uma abordagem menos brava —- Qual seu nome senhora? —- perguntou lhe, tendo sua resposta logo em seguida —- Me chamo Nanata —- respondeu a senhora, se retirando de vez do quarto. Toshiro de fato tinha muitas dúvidas, mas não entendi os motivos para elas, parecia sentir um afeto carinhoso pela mulher que já tinha perdido a muito tempo. Os mimos recebidos lhe fariam lembrar do tempo em que tinha vivido com a própria mãe, quando recebia um carinho mais que especial e de grande afeto. Desfrutou de um bom banho quente antes que fosse comer a refeição trazida, seu corpo já sentia menos dores e sua cabeça já não doía com tanta intensidade, fazendo o ninja logo se sentir mais calmo em relação a tudo. Sentou-se na beira da cama e desfrutou do ramem que tinha sido lhe entregue —- Delicioso —- dizia.

Comeu a toda tigela, a limpando e não deixando nenhum ingrediente para trás. Era delicioso de fato e o ninja se sentia acolhido com aquilo, logo após comer descansou mais um pouco e entrou pegou suas vestes padrões e cobriu-se com o capuz, prendendo sua espada novamente na bainha. Saiu pela única porta presente e deu de cara com um corredor longo que levava direto para o que parecia ser os fundos do restaurante, adentrou para o restaurante e procurou a senhora Nanata.

—- Obrigado por tudo Nanata-sama —- falou educadamente, mesmo que não lhe fosse de costume.
—- Hitsugaya-kun, eu que agradeço, diga-me, não deseja ficar mais? —- perguntava a mulher.
—- Tenho que ir, mas prometo voltar para desfrutar de uma refeição novamente —- alertou.
—- Hitsugaya-kun, sabe, aquele quarto é meio grande e eu moro sozinha, seria uma ótima companhia se aceitasse vim morar comigo —- oferecia de forma incomum.
—- Mas Nanata-sama... — dizia Toshiro envergonhado, sendo cortado pela velha.
—- Eu insisto, venha morar comigo, posso até mandar meus homens lhe ajudar com a mudança —- refutou a mulher.

De fato, a conversa demorou bastante antes que Toshiro aceitasse, mas o ninja já tinha adquirido algo em pouco tempo que já não tinha a tempos, afeto. Um abraço caloroso se fez, e Hitsugaya apenas voltou para o pacato lar roubado para buscar alguns de seus objetos e roupas especiais, levando de volta para o novo lugar. Uma noite maravilhosa veio para Hitsugaya, diferente do que já tinha antes vivenciou algo novo, uma noite de conversa e um jantar maravilhoso feito por Nanata, sentia extremo afeto e amor pela senhora que aumentava cada vez mais, sentia tanto carinho que o mal que lhe arrebatava era esquecido naquele momento, todo ódio ou sentimento ruim era cruelmente esquecido e um sorriso se fazia presente por todo rosto dele e de Nanata.

—- Hitsugaya-kun, você me lembra um neto meu, ou melhor, me lembra a meu próprio filho... — dizia a mulher.

Hitsugaya se levantou e envolveu a mulher com seus braços —- Eu lhe amo Nanata-sama —- dizia Hitsugaya, revelando um lado afetuoso que não demostrava a tempos.

Considerações: