Há pouco havia se graduado. A despedida de Raito, apesar de difícil, havia deixado claro em sua mente uma coisa: não sabia nada sobre a carreira ninja. Embora tenha frequentado as aulas ninjas, isto quando dispendia parte do tempo com animais diversos, ou mesmo escalando árvores, não entendia nada da vida ninja. Por esse motivo iria ao campo de treinamento, onde buscaria praticar e, dessa forma, compreender mais daquilo que acabara de se iniciar. Corria pelos arredores livremente, até finalmente se deparar com seu destino. Entre as rochas, viu-se ao lado de seu antigo sensei de academia, Tsukichiro. — Tsukichiro-sensei! — saudou-o com um sorriso e um aceno da destra. — Oh! Gon-kun. Tudo bem? — questionou com certa surpresa, jamais esperava encontrar seu tutorando com ele naquela situação. — Não, na verdade. — revelou com uma sinceridade inimaginável. — Eu não sei o que fazer a partir de agora que estou graduado... — disse-lhe. O homem riu e coçou a cabeça. — Eu estava indo treinar um pouco, me acompanha? — interrogou simpaticamente. O garoto pensou um pouco e resolveu concordar, assentindo com um balançar positivo da cabeça.

Seguiram juntos, menino e professor, conversando sobre os mais variados temas até alcançado o templo onde o mais velho se dedicava ao treinamento. — Aqui estamos, Gon-san. Este é o templo do oeste. Venha, sente-se aqui e medite um pouco. — solicitou apontando um pequeno assento de almofada sobre o chão. O garoto demonstrou uma certa dúvida, ainda sim resolveu concordar e ali se sentou. Compartilhou da meditação realizada pelo acadêmico, quando se viu, de repente, num lugar completamente distante, em completo branco. Não haviam limites e a noção de espaço e tempo aparentavam terem sido distorcidas. Particularmente assustado, o menino tentou manter a forma, até experienciar ter o ombro tocado. — Sou eu. — disse a voz conhecida de seu professor. Virou-se de costas e enxergou o homem com clareza. — Sensei... Onde estamos? — perguntou curioso. — Estamos na sua mente, Gon-kun. Viemos aqui treinar, está pronto?! — perguntou iniciando a prática antes mesmo da resposta.

O homem executou uma cópia simples. — Faça o mesmo. — orientou. O garoto repetiu o jutsu, porém não com a mesma efetividade. — Qual é a diferença entre nossos clones, Gon? — perguntou. O garoto os encarou e não viu qualquer. — Não entendi, sensei. Eu não vejo nenhuma. — replicou. O homem riu. — Estão nos detalhes. Veja, não há diferença alguma entre mim e o meu clone. Entretanto, veja o seu bolso esquerdo. Falta uma linha vermelha de tina que deveria passar por aqui. — demonstrou-lhe. Surpreendeu-se, aquele nível de detalhe não era comum. — E então, o que devo fazer, sensei? — interrogou curioso. — Deve treinar, meu caro aluno. — rebateu de pronto. Não sabia ao certo o que significavam aquelas palavras, entretanto permaneceu realizando uma centena de cópias. Uma a uma, apontavam uma melhora lenta e progressivamente. Sem perceber, três dias haviam se passado no mundo real. Sem fome ou sede, despertou da experiência lisérgica. Acordado, presenciou o corpo revigorado, dotado de uma energia inexistente até então. Passou o restante da semana em debate com seu professor, finalmente tendo finalizado o treino proposto.


Os dias se seguiram e remanesceu a dúvida sobre seu espírito. Enquanto passeava no centro de treinamento do vilarejo, encontrou um grupo de ninjas que pareciam treinar técnicas diversas. Resolveu se envolver com eles, muito embora não soubesse do que se tratava. Se aproximou e os viu criar água a partir do chakra, isto é, dominavam o elemento aquático. Surpreendeu-se e arregalou os olhos, não se lembrava de ter visto algo como aquilo. Desinibido, voltou-se à turma e tomou o centro do lugar. — Se incomodariam de também me ensinar isso? — questionou com um largo sorriso. A maioria deles riu. No entanto, o mais habilidoso parecia contente. Um homem alto, de longos cabelos alvos, porte físico arrojado e um belíssimo rosto. — Seria uma honra pra mim, garoto. — respondeu. — Venha à noite, ensinarei-o sozinho. — avisou com um caloroso sorriso. Contente, Gon regressou a sua casa e somente retornou ao campo de treinamento no horário demarcado. O homem já havia preparado tudo, criando a nascente de um rio. — Se você tem gosto pela água, adentre-a. — exigiu.

Não perdeu tempo, retirou a jaqueta e o short, permanecendo de cueca. Saltou contra a nascente, levantando água em todas as direções. — Muito bem! Haha! — comemorou o homem com uma risada audível. — Mantenha esse entusiasmo e conseguirá facilmente dominar o elemento. A primeira lição é a de criar uma pequena onda. Pense no seu chakra como o responsável por isso e então o projete com potência. — orientou. Deu ouvidos ao homem e iniciou a prática do dito elemento. Forçou a energia de seu corpo de maneira explosiva, expulsando-a e a ligando com a água como quem queria criar uma onda. Evocou nada senão uma curta marola. — Maldição! — resmungou. O prestativo professor continuou atento, embora deixasse o menino aos cuidados dele próprio a partir dali. Tentou uma, duas, sessenta e sete vezes, até finalmente dar forma a uma onda de pequena altura. Não conseguia acreditar na imagem formada em seus olhos. — Hahaha! Parabéns, este é o suiton. Muito bem, garoto. Entretanto, este é somente o primeiro passo em muitos. — confessou com alegria.

Os primeiros dias de ninja aparentavam terem sido os melhores dias até então.

Evans; 225/225 225/225 00/04

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