A vida de Gon jamais seria a mesma a partir daquele dia. Depois de uma longa e extensiva conversa com sua avô, fora então convidado aos arredores da vila. Estava na hora de conhecer mais sobre sua linhagem sanguínea e poder dela. O local ao qual fora designado era um antigo templo de seu clã localizado nos limites do vilarejo da pedra. Uma casa de madeira com uma mata ao seu redor, algo incomum dentro daquele país ainda mais aquele clima. De fundo, poderia escutar gritos que soavam como uma luta.

Se adentrasse o templo, veria uma grande quantidade de pessoas trajando roupas verdes muito justas, cabelos de tigela e grandes sobrancelhas em todos os presentes.  

1/10 (não necessariamente serão 10)

Pela primeira vez em muito tempo me senti estagnado. Ia para um lago, não só para pescar e sim descansar a cabeça. Meu avô me acompanharia, afinal ambos gostamos muito de pescar. Ele levava as varas e pesca e eu as iscas mais pesadas. Sempre buscávamos os maiores peixes, afinal a carne desses eram mais suculentas e ao mesmo tempo mais maciais que as dos peixes menores. Mantive o olhar cabisbaixo por certo tempo.

— Gon — disse ele olhando para mim, manteve um semblante severo neste momento.

— Vovô? — Perguntava, era claro que não estaria prestando muita atenção nesse momento. Nossa caminhada não parou mesmo com a conversa iniciando.

— Gon... o que você tem? — Ele colocou as duas varas de pescar sobre um dos ombros e ficou apalpando a própria barba com a mão que sobrara.

Meu avô, de certo modo, era simplista. Para ele, nós precisávamos apenas do necessário. Nada que fosse exagerado demais, afinal tudo que é exagerado pode causar ruína; gostava de usar meu pai como um exemplo disso. Mas no geral, ele me protegia ou pelo menos gostava de achar que estava fazendo isso.

— Não é nada demais — menti com um sorriso falso no rosto. O que não adiantou muita coisa pois ele me conhecia, me golpeou na testa e me encarou como se eu fosse uma presa. A pressão estava grande demais para eu continuar com aquilo como se fosse nada. Deveria falar para ele como a falta de atitude me afetava, queria evoluir, queria ganhar poder. Só não sabia por onde.

— Isso doeu, velho maluco! — Lhe disse, mais uma risada e essa de agora era verdadeira.
— Eu estou com problemas para treinar, não sou tão forte quanto os outros estudantes da minha idade, não quero que aquilo aconteça novamente — e então ele parou de andar. Encarava-o de forma inexpressiva, não entendia muito bem o que ele queria transmitir para mim naquele momento.

Seu semblante que num momento mostrava seriedade agora já estava mais relaxado. Parecia um velho feliz da vida. Realmente muito confuso. Tratou de voltar a caminhar novamente sem me responder nada. Seguia-o novamente, ele estava tão natural que era estranho. Ficamos na beira do lago, pegamos algumas iscas e colocamos na vara de pescar.

— Gon — disse meu nome novamente — você quer virar Tsuchikage, não é mesmo? — Indagava-me mas antes de ter a oportunidade de responder ele me impediu com uma outra frase — desista agora mesmo — e então, inexpressivo como estava, meu mundo desapareceu. Ele havia me treinado, estava me criando. Não acreditava em mim? Olhei para ele mas sua atenção não estava em mim, olhava para o lago como se algo fosse sair de lá.

— O que? — Estava irritado. Não acreditava e nem queria acreditar. Minha única família deveria me apoiar, ainda mais sabendo da minha história — o que você tá falando, velhote? É claro que eu não vou desistir! Eu posso não ter força o suficiente agora mas um dia eu vou alcançar o topo como qualquer um pode! — a raiva estava estampada em minha face.

E então ele se virou para mim — sua vara está se movendo — apontou com o indicador. Por algum motivo eu corri até ela. Alguma coisa grande havia mordido minha isca e estava me arrastando para dentro do lago — você deve desistir, filho — prosseguiu ele — o mundo é grande demais e você é apenas uma criança com sonhos infantis — assentia a cada palavra que dizia. Minha concentração na pesca nesse momento era quase nula. Estava perdendo a credibilidade com meu avô como ninja e como pescador.

— Mas — disse com convicção — se você deseja prosseguir por esse caminho, é chegada a hora de você conhecer o poder que corre em suas veias — e então o jogo virava, conseguia puxar o fio, a vara e o próprio peixe para a borda do lago — você deve saber do que um Lee é capaz... — e então a comida viria até a grama rala e quase inexistente das montanhas. Havia ganhado aquela batalha.

— Lee? O seu sobrenome e o do papai são esses! — recordava-me. Definitivamente tinha algo para descobrir e meu avô estava prestes a me revelar, depois de toda aquela pressão não tão necessária.

— Exatamente, vá para esse lugar e lá eles te mostraram do que você é capaz, deixe eu levar nossa janta para casa — disse enquanto me entregava as coordenadas que deveria seguir. Me dava conta que o local ficava nos limites da vila.

— Tudo bem, obrigado vovô! — E finalmente um brilho, vovô acreditava em mim, só não queria que eu me machucasse. Após correr para o local indicado, chegava lá não muito tempo depois. De longe ouvia um som estridente parecido com um grito. Era uma casa, tinha uma certa vegetação ao redor dela, o que em Iwa não se encontrava em todo lugar.

"O que?" Podia jurar que eram gritos de pessoas lutando! Pelo menos meu avô emitia o mesmo som quando treinou comigo e me ensinou o básico. Eufórico corri até a porta onde não hesitei em abri-lá. Várias pessoas com as mesmas roupas e cortes de cabelo treinavam lá. O que poderia ser esse lugar?  

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Spoiler:

— Haa, ya! — ecoava por todo o salão do templo a cada chute que um homem de cabelo tigela desferia num pilar de madeira. Havia um único homem diferente dos outros, este possuía cabelos grisalhos e sobrancelhas também grisalhas, mas não fugindo do corte tigela e da sobrancelha sendo grossa demais. Certamente, era o líder de todos aqueles. Estampado na parede ao fundo do templo, estava escrito: Clã Lee.

O líder, seguiu em direção ao garoto e deu início a uma conversa, de maneira gentil: — Olá, garoto. O que te trás aqui? Alguém te falou sobre este lugar? Meu nome é Bob Lee, a propósito.

2/10 (não necessariamente serão 10)

Enquanto admirava o treino daquelas pessoas de aparência uniforme pude ver alguém se aproximar pelo canto dos olhos, virei-me em sua direção para não parecer mal educado. O homem, que se apresentou como Bob Lee, parecia gentil então era minha obrigação agir da mesma maneira perante ele e seu dojo.

— Me chamo Gon — sorri antes de terminar a frase — Gon Freecs — notei a semelhança de sobrenomes, afinal minha família por parte de pai também se chamava Lee — sou neto do Don Lee e foi ele que me mandou aqui... para aprender — não sabia se fora exatamente para isso mas não conseguia pensar em outra coisa vendo o que aquelas pessoas faziam naquele lugar.

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Spoiler:

A conversa do garoto e do senhor era abafada pelos sons de gritos que cada membro Lee faziam após deferirem chutes ou socos nos pilares. Bob, porém, ouviu nitidamente as palavras de Gon, principalmente quando o garoto pronunciou o nome do avô.  — Seu vô é um velho amigo meu, garoto — falou, atropelando as falas do garoto por um momento, mas não deixando de ouvi-lo. — Bom, se ele te mandou para aprender... A melhor maneira de aprender é praticando, menino.

3/10 (não necessariamente serão 10) - Começa a treinar ai no templo, igual os Lee treinam. Chutando, socando paredes e etc.