O rei fraco é aquele que não luta jamais, nem mesmo pensa em prosperar. Este é aquele que, quiçá, auxilia tua pátria, animado apenas em beneficiar-se dos prazeres do trono, tal como a comida e o sexo. O bom rei define-se por um monarca que se responsabiliza pela sua nação e pelos seus filhos, concomitante à que aumenta sua força de maneira próspera e gradual. Ademais, um rei não deve nunca esquecer dos seus sonhos, mesmo que outrora eles tenham sido enevoados pelos seus piores pesadelos.

Com este pensamento, comecei a galgar pelo vilarejo, procurando no fundo algo que pudesse incitar minhas ações. Entende-se por 'incitar' dar-me motivo para usar meus poderes, tais quais nunca deveriam ser desperdiçados com o uso ordinário. Nesta tarde, trajava minhas vestes negras; um colete preto com uma camisa branca, de gola, e uma calça da mesma cor de meus sapatos, igualmente apresentando a mesma coloração do colete. O cabelo loiro permanecia penteado para baixo, e andava com postura ereta, de maneira calma e elegante. Pelas ruas de Konoha, não fitava nada, nem ninguém, apenas trilhava um caminho indeterminado, contemplando no além uma enorme montanha. Usando os limites de minha visão, conseguia decifrar que a vegetação naquele lugar era abundante, apresentando árvores e plantas que definiam fielmente a flora do País do Fogo. Deste modo, a floresta era igualmente eficaz para um treinamento de rotina, típico de ninjas que querem aumentar sua força. Em um ímpeto, sem pensar em nada, impulsionei meu corpo para frente e caminhei em direção à tal monte, buscando algo que pudesse satisfazer meu desejo de melhorar.

No sopé da montanha, observei a imensidão de árvores e plantas exóticas. A imensidão das gigantas tomavam conta de todo o espaço, fechando a floresta e deixando-a densa e úmida. Preferi continuar no começo, não precisava adentrar naquele espaço. Observei uma das árvores e medi seu tamanho. O tronco atingia mais de quarenta metros, com o tronco aferindo quatro metros de diâmetro. Era enorme, certamente. 一 É o seu dia de sorte. 一 falei para a árvore, sem esperar resposta alguma, é claro. Nesse instante, forcei o chakra de meu corpo correr pelas veias, indo parar no punho direito. Cerrei a mão em um estalo esquelético, e preparei um soco.

Avassalei o tronco da árvore com um soco potente, estremecendo a mesma 一 mas sem grandes resultados; animais próximos assustaram-se, e correram para longe emitindo chiados e grunhidos. Com o punho direito dolorido, preparei o esquerdo, socando a árvore mais uma vez. Como um lutador, continuei imperando meus punhos para com a giganta e, aos poucos, conseguia sentir a madeira rachando nos locais que eu socava. Conseguia sentir-me mais forte, mas não tanto quanto esperado. E, dessa forma, continuei a amassá-la por cerca de uma hora.

Quando meus braços cansaram, senti que meus punhos sangravam. Abri ferimentos nos oito ossos metacarpais 一 quatro em cada mão. O sangue corria pela mão, pingando no solo molhado e irrigando as plantas rasteiras. Ofegante, olhei para a árvore, e vi apenas simples rasgos, partes quebradas do tronco, mas nada que fosse muito gratificante. Em fúria, soltei um grito de dor e canalizei meu chakra na mão direita. Realizei um selo manual e formei uma esfera de energia azul, que girava em diversos sentidos ao mesmo tempo. Com o semblante enfurecido, lancei o Rasengan em direção à giganta, e foi nesse momento que senti que estava mais forte. Um buraco enorme se abriu no tronco, indo parar apenas no outra extremidade. A madeira, por dentro, foi completamente desintegrada, e a árvore ameaçou cair com o impacto, mas, por sorte, permaneceu firme, de pé. Alarguei um sorriso em meu rosto, feliz pelo resultado. 一 Agora sim. 一 assenti, já me afastando do local.

Voltei para Konoha naquela mesma tarde, pronto para ir para casa e limpar-me daquela viagem.

Considerações:

Peguei-me andando, novamente, pelo Vilarejo Oculto da Folha. Em um estalo psíquico, retruquei o que eu estaria fazendo naquela manhã invernal. Como sempre nesta estação, a brisa fresca batia em meu corpo desprotegido, concomitante à que meus cabelos loiros são movidos para o lado com o impulso do vento. Tremi um pouco, e depois aconcheguei-me em meu casaco. O veludo surrado tentava me proteger do frio, mas infelizmente era ineficaz quanto à isso. Então, tentando não me importar, continuar a galgar pela vila, ainda sem nenhum propósito aparente.

Em certo momento, meu músculos travaram. Todo meu corpo estremeceu, e senti uma rude pontada em meu peito. Pensei no que seria isso, afinal, nunca havia sentido. Contudo, à cada vento que batia em meu corpo, os sintomas aumentavam, deixando-me cada vez mais ansioso em solucionar o problema. Ainda tremendo, tentei controlar minha respiração. Contudo, era impossível, visto que as contrações musculares de meu corpo eram involuntárias 一 impossíveis de controlar. Fechei os olhos e esperei. Colocando minha mente ao exercício, tentei entender o meu problema. "Frio, vento, gelo" 一 as três palavras que soluçaram em minha mente de forma imprevista. Em súbito, abri os olhos e tencionei meus músculos. Eu teria que correr.

Rapidamente, flexionei os músculos da panturrilha e da coxa, ao mesmo tempo que exercitava meus braços em um alongamento. Realizei um último suspiro e corri. Com grande velocidade, alcancei rapidamente o telhado de uma casa, e continuei uma trilha sem rumo algum, com o intuito de 'descongelar' minha musculatura e meus nervos. Continuei a acelerar, despreocupado com tudo e com todos 一 apenas queria que meu corpo trabalhasse em sua plena forma.

Depois de um tempo, ainda estava em plena forma. Era como se minha resistência estivesse preparada para corridas longas. Então, testando meus limites, ousei aumentar a velocidade. Tensionei ainda mais minha musculatura 一 não só a dos membros inferiores, como da coxa e da panturrilha; mas também dos superiores, onde eu precisava do equilíbrio realizado pelos meus braços e pela flexionamento do peito. Em alguns segundos, senti que finalmente havia alcançado a aceleração desejada, e continuei no trajeto pelos telhados. Agora, tomava cuidado para não pisar em telhas escorregadias, e me preocupava também com o estado em que elas se encontravam 一 eu não poderia dar o mole de pisar em uma telha podre e cair em um abismo sem fim, onde eu poderia morrer de maneira imbecil.

Depois de trinta minutos, entendi que estava cansado. Parei em um telhado qualquer e me restabeleci. Desci dele em um salto, e ofegante, tomei rumo em direção à minha casa.

Considerações: