✓ Floricultura da Vila;
✓ Reformas da Vila;
✓ Minas Subterrâneas - Resgate;
✓ Biblioteca da Vila;
✓ Proteja a entrega;
✓ Calçamento das ruas;
✖️ Pílulas do Soldado;
✓ Fazendas da Vila;
✖️ Flor Púrpura;
✖️ Acampamento Médico;
✖️ Patrulha Externa;
✖️ Caçada aos Ursos;
✖️ A Procura;
✖️ Evento na Acadêmia Ninja;
✖️ Ladrões nos arredores;
✖️ O Mestre em Transformações;
✖️ Ladrão Comilão.

Floricultura da Vila

Que chato! Aparentemente, eu descobri tarde demais que, quando você vira Genin, não tem coisas muito legais para se fazer nos tempos atuais em que vivemos. E o pior de tudo é que eu não podia ignorar essas missões, já que eu precisava de mais dinheiro para comprar mais roupas e livros - fora que onii-san iria me virar do avesso de tanta porrada se eu parasse de trabalhar. Em resumo, eu me encontrava na frente da central de distribuição de missões da Folha agora. Era um lugar mais a oeste do vilarejo, e minha casa era para o leste, o que também não me ajudava muito; mas não era muito feio, pelo menos. Tinha uns bons três ou quatro andares, e, até onde eu sabia, quanto mais alto você fosse mais preta ficaria a sua situação, recebendo missões de alto nível nos últimos andares. Se bem que qualquer coisa deve ser melhor do que as missões chatas que eu teria que fazer. Assim que entrei, passei por uma pequena salinha de recepção e me dirigi á próxima sala, no mesmo andar. Em um largo balcão que se estendia pela maior parte da extensão da sala, alguns atendentes se encontravam entregando pergaminhos, assinando papéis e coisas do tipo, e os outros garotos, do outro lado do balcão, conversavam com estes. Presumi que ali fossem as missões de baixo ranque, pela casualidade do ambiente como um todo se podia sentir isso. Entrei na pequena fila dos que aguardavam atendimento até que chegou minha vez. ─ Olááááá! É aqui que eu pego missões que impedem que meu irmão mais velho me arrebente na porrada?! ─ Disse em alta voz, fazendo alguns rirem e, em particular, a funcionária que me atendia ficar numa mistura de susto e gargalhadas. Gostei dela.

Como esperado, era uma missão chata, apesar da minha incrível gentileza e etiqueta ao falar com a mocinha que me deu a missão. Preciso descobrir onde ela mora em breve, não posso esquecer. Mas enfim, eu teria que cuidar de uma floricultura, o que na verdade não era tão ruim assim; pensei que ia ter que fazer a história para a ficha de alguém, ouvir o Maick falar que já matou alguém num fórum ou qualquer coisa que te faça querer se matar enfiando uma centopeia dentro da sua orelha e coisas do tipo. Assim que cheguei no local, a primeira coisa que pensei foi "deixei o fogão ligado" e, a segunda, foi "esse lugar é enorme!" E era mesmo; pressupus que era justificável, já que essa floricultura era financiada pelo governo da Folha ao invés de ser subsidiada, então recebiam mais fundos para investimento. Mas enfim, cortando-me do ato de pensar demais, busquei as chaves que estavam dentro de um vaso ao lado da porta como o pergaminho que continha o resumo da missão dizia, e as encontrei ali mesmo. Entrei, fechei a porta atrás de mim, e busquei as ferramentas de manutenção do local, procedimento este também indicado no pergaminho; não demorei a começar o trabalho, e, portanto, não demorei a terminá-lo também. Talvez eu tenha roubado uma folha ou outra para preparar meu chazinho. Talvez não. Não precisava ter mencionado isso. Não demorei para retornar o pergaminho ao seu local de origem, isto é, na central, após coletar minha recompensa apropriada.

Reformas da Vila

Sabe o que seria super interessante? Um desenho que retrata um grupo de construtores cujo principal e único trabalho é consertar a bagunça que os super-heróis protagonistas fazem por toda a cidade quando eles lutam com os super-vilões destruindo tudo por aí. Faz sentido, não faz? Tipo, eles provavelmente desabrigam mais pessoas do que salvam quando derrotam os vilões que, aliás, são bem mais maneiros do que eles. Sabe porque eu pensei nisso? Porquê é a merda do meu trabalho agora. Eu literalmente acordei, me animei, pensei "hey, o dia não vai ser tão merda, vão te dar uma missão legal!", me arrumei, fiz todo o caminho de um lado da vila até o outro para a central de missões - que, aliás, que merda é essa? Ter que atravessar a cidade pra pegar uma missão de limpar merda de cachorro ou coisa do tipo? - só pra receber a missão de ajudar nas reformas da vila, já que alguém com uma vida mais interessante do que a minha andou por aí explodindo vilões e tudo mais. Não protestei muito, mas não pude impedir minha mente de formular um plano de como eu explodiria o primeiro andar da planta dessa central idiota de missões. Aliás, se eu explodisse o primeiro andar, o segundo andar se tornaria, na verdade, o primeiro, e então o quê? Eu receberia missões ranque C? Parece uma boa ideia. Espero que eu não esqueça esse vislumbre de genialidade que tive.

Pensei em gatinhos, doces e lolis por tempo o suficiente que ocupei minha mente até que chegasse no local designado. Não pude impedir minha mente de automaticamente calcular todos os danos realizados e qual foi, em ordem de probabilidade, a fonte destes danos; reservas conjuntas de energia fizeram os rombos nos edifícios adjacentes, um corpo grande fez os grandes buracos no chão, e projéteis ninja fizeram os descascados juntos com os rasgados nas paredes de concreto. Por quê eu pensei nisso mesmo? Nem sabia. Sorte que um velhote mal encarado veio me dar uma lata de tinta e mais algumas ferramentas para começar a trabalhar, se não eu talvez ficasse preso ali pensando para sempre. É tipo uma técnica ilusória quando isso acontece comigo, sabe? É difícil de se quebrar o feitiço. Voltei-me para as minhas atividades, começando a pintar o que deveria ser pintado e... todas essas coisas de pedreiro. Não demorei muito para concluir os afazeres, portanto, roubei a bicicleta do velhote porquê não fui com a cara dele e me dirigi para a central novamente, entregando a missão, o pergaminho, a bicicleta, a dignidade e coletando minha recompensa em troca.

Minas Subterrâneas - Resgate

Acordei cedo naquele dia; na verdade, onii-san foi quem me acordou. Com um tapa na cara. Aparentemente, hoje era, supostamente, um "dia de treino", então eu já deveria ter acordado. Ele tinha preparado uma pequena refeição para mim, então a tomei após me vestir apropriadamente, trocando meu lindo pijama de coraçõezinhos pela indumentária ninja junto com seus equipamentos táticos incluídos. Começamos o treinamento, finalmente; ele era mais capaz fisicamente do que eu, fosse por treinar mais nesse aspecto fosse por ser mais velho, então tomei uma surra em todos os treinos que fizemos em taijutsu. Eu era um pouco melhor do que ele no ninjutsu, entretanto, então ficamos empatados como sempre ficávamos quando treinamos dessa maneira. Apesar dos resultados serem os mesmos, estávamos muito mais fortes do que nas semanas anteriores, portanto o ar otimista e feliz não saía de nossa volta, mesmo que estivéssemos vivendo num casebre malfeito e abandonado. Enquanto esvaziávamos algumas garrafas d'água em nossas bocas após o treinamento e brincávamos com as demais crianças, percebemos quase simultaneamente a rápida aproximação de um ninja. Informou-nos brevemente de uma situação de emergência nas minas, e ele estava buscando todos os Genin disponíveis para que pudessem ajudar; onii-san achou melhor que eu fosse, já que ajudar as pessoas não era muito com ele. Já que ele mandou, eu obedeci; como eram as coisas.

A situação ainda estava sensível quando cheguei no local, já que as minas tinham recém desabado e, portanto, qualquer parte da estrutura que ainda se encontrasse de pé poderia desabar pela instabilidade de todo o complexo; nesse momento, comecei a pensar que a missão seria meio chata, já que eu não realmente poderia explodir muita coisa. Com a decepção, resolvi que ia resolver a situação o mais rápido possível para que pudesse voltar a tentar explodir meu irmão mais velho. Entrei nas minas, comecei a evacuar os restantes. Muitos deles não tiveram a mesma sorte, já que podia ver seus corpos sob as pedras; tinha um que tinha só as pernas para fora da pedra, tipo nos desenhos. Quase dei risada, mas consegui me controlar. Continuei ajudando os funcionários a encontrarem a saída até que não tivesse mais nenhum ali. Sistematicamente completei a tarefa, retornando para casa após.

Biblioteca da Vila

Mais uma missão chata, aparentemente; as outras também foram chatas, para ser sincero, então não sei porque eu ainda ouso criar expectativas para esse tipo de coisa. Por que a denominação é D afinal de contas? Nada faz sentido na minha cabeça nesse sistema ninja ainda. Por mim eu esperaria aparecer algum criminoso super procurado e coisas do tipo e, então, iria matá-lo. Com isso, provavelmente iriam me dar um cargo elevado, muito dinheiro, mangás e chá infinitos, não? Era uma pena que onii-san não me permitia seguir com a minha estratégia, me forçando a me submeter nessas tarefas subalternas e oriundas sempre. Aliás, falando nisso, será que ele também faz elas? Pensando bem, nunca vi ele em outro lugar que não fosse em casa. Espero que esse vagabundo não esteja me mandando fazer as coisas por aí enquanto fica em casa. Pensando bem de novo, ele não é disso, então deve estar dando mais duro que eu, pra ser realista. Sendo derrotado pela minha própria mente, dirigi-me pouco depois do meio-dia á central de missões que possuíamos na vila. O trajeto era grande. E chato. Comprei doces no caminho para que o trajeto fosse mais divertido. E foi. Cheguei bem mais rápido. Tanto esforço para que, no final, fosse ordenado a fazer a limpeza em uma biblioteca. Apesar de que eu gostava de bibliotecas, já que os poucos momentos felizes que tive em minha turbulenta infância, envolviam, em sua maioria, livros. Será que eles perceberiam se eu roubasse algum?

Me dirigindo á biblioteca, notei o tamanho da estrutura: Com certeza eles não notariam o sumiço de um só livrinho ou coisa do tipo. Deve caber, tipo, literalmente, um zilhão e meio de livros aí dentro! Animado, removi o molho de chaves de meu bolso traseiro da calça, errei o buraco da fechadura umas duas vezes por pura ânsia e, assim que adentrei, meu corpo permitiu, parado e imóvel, que meus olhos se alegrassem ao resvalar pela imensidão do local; notavam-se livros para todo o canto que olhasse, e o design único que o complexo possuía chamava verdadeira atenção: Como um coliseu com escadas, onde cada escada era, na verdade, ramificada até que se tornasse uma prateleira, esta por sua vez cheia de livros também; quanto mais o círculo se acirrava em direção ao meio, mais livros e colunas de estantes se notavam, até que culminassem no centro, que era nada mais que uma grande sala circular de leitura, contendo todos os apetrechos para tal atividade. Não tardei para roub- limpar os livros, manter todo o local em ordem e reorganizar alguns livros mal colocados. Não demorei muito para terminar a tarefa, portanto, aproveitei que estava sozinho - não era em horário de funcionamento - e apreciei um bom livro que escolhi até que fosse considerado um tempo normal de realização da tarefa e coisas do tipo. "Como domesticar seu coelho". Parece interessante.

Proteja a Entrega

Acho que, nesta altura, já posso considerar acordar de madrugada como um hábito comum de minha pessoa. Não havia detectado nenhum revés físico proveniente do novo costume, portanto pretendia dar continuidade nesta estratégia. Sob a luz noturna trajava devidamente minhas indumentárias, me aprontava e preparava uma pequena refeição antes de sair. Não sabia ao certo se o fazia pela fome ou por julgar ser agradável sentar na mesa da cozinha, alinhada com a janela, e observar a pouca movimentação que se encontra nestas horas da manhã do lado de fora. Independente do motivo, este foi saciado quando terminei de apreciar meu natto e bebericar alguns goles de chá, lavando rapidamente o que usei - evitando barulhos desnecessários para não incomodar os que dormiam - e saindo de casa sem prorrogações.

O pensamento que ocupava minha mente na caminhada desta vez era a estratégia que havia empregado numa missão recente, onde minha incumbência era resgatar alguns trabalhadores das minas após seu desabamento, causado pelo teste mal-sucedido de uma nova ferramenta de escavação. A estratégia que dissertava foi a de evacuar os trabalhadores remanescentes no perímetro o mais rápido possível, já que não possuía nenhuma técnica que fosse impedir o colapso da mina, confiando em minha velocidade natural e biotipo esguio ao invés. Presume-se que foram as casualidades que me fariam retomar meus passos e questionar minhas ações daquela vez, mas na verdade estava razoavelmente satisfeito com os resultados da situação e em paz de consciência por ter salvo um bom número de possíveis vítimas; o verdadeiro motivo de questionar as medidas que tomei era um velho hábito que carregava comigo. Nunca perguntei aos meus pais se herdei este traço ou o desenvolvi, mas havia notado que este era um dos processos mais fáceis de se melhorar futuras tomadas de decisões: Com base em experiências prévias. Não pude ver outros cenários que outras de minhas ações teriam oferecido melhores resultados, já que buscava sempre analisar e calcular friamente as possibilidades e as porcentagens de sucesso, escolhendo a maior e empregando-a o mais rápido possível. Estava em paz comigo mesmo - e deveria estar, para que estivesse completamente apto a realizar a missão que estava prestes a receber. A atendente da central de distribuição de missões era outra das últimas vezes. Ela saiu? Ou não trabalha todos os dias? Irrelevante; adquiri o pergaminho e saí silenciosamente.

Uma pequena missão fora da vila me fazia questionar os critérios que eram usados na distribuição de missões na vila; eu havia recebido a oportunidade de sair dela por que me mostrava ser de confiança? Ou foi apenas sorte? Buscaria responder estas perguntas de maneira lógica no trajeto até os grandes portões da Folha, onde fui instruído a me dirigir para coletar a devida encomenda. ─ Olá! ─ Limitei-me dos cumprimentos prolongados, abrindo o pergaminho para os dois ninjas que recepcionavam e orientavam os demais num pequeno balcão de atendimento aos pés das muralhas da vila. Levando em conta a facilidade de locomoção, recebi uma mochila para o transporte da encomenda que deveria entregar. Não quiseram me perguntar diretamente, mas um leve desconforto em seus rostos e os constantes olhares para dentro da vila - como se estivessem buscando minha equipe - me contavam tudo que eu precisava saber sobre o espanto destes. Para ser sincero, me senti mais confiante após. Coloquei a mochila em minhas costas e vesti o capuz da blusa que sempre vestia e parti em caminhada.

Os trajetos de ida e volta não apresentaram nenhum risco que valha a pena ser profundamente mencionados; alguns lobos esfomeados que agora já não sentem mais fome, alguns bandidos inexperientes que não vão mais ganhar experiência e algumas horas de caminhada; nada extraordinário, mas dentro do estipulado para uma missão deste nível. Quem imaginaria que eu estivesse transportando um chá medicinal para uma loja do gênero renomada dentro do País do Fogo. Entreguei o pacote, recebi a recompensa e me retirei.

Calçamento das Ruas

Aparentemente sempre que luto sou colocado em alguma tarefa simples e básica; calçar algumas ruas no vilarejo. Qual era a mensagem para mim através disto? Manter-me humilde? Dificilmente, a julgar pela arrogância de alguns ninjas em postos mais altos. Talvez o mais provável seja "não receberá missões interessantes sempre"; faz mais sentido. De quaisquer formas, teria tempo o suficiente para pensar no significado oculto de uma tarefa subalterna enquanto estivesse atirando cimento sobre o barro. Já era a segunda missão do dia, pouco depois da hora do almoço quando retornei para a central em busca de tal missão. A fila nesse horário é, geralmente, bem grande, mas fui do mesmo jeito para que pudesse me livrar o quanto antes de uma tarefa ruim ou desenvolver experiência o quanto antes numa tarefa com ação. Aguardei minha vez, coletei o pergaminho e li-o brevemente antes de seguir o mapa impresso no mesmo que levaria para o local de obras.

Apresentei-me formalmente, realizando as burocracias antes de começar e, equipando-me sob a roupa já adornada com alguns aparatos de segurança e proteção, iniciei o trabalho. Diferente da última vez que realizei algum trabalho de reconstrução na vila, os trabalhadores eram predominantemente civis, isto é, treinados para fazê-lo ao invés de Genins. Não só era reconfortante estar próximo de profissionais como também não me sentiria desgostoso por não interagir com nenhum deles, salvo algumas ocasiões em que precisava de auxílio ou possuía alguma dúvida sobre a melhor realização de alguma das tarefas impostas. Apesar do trabalho como um todo ser simples, era demorado e requisitava paciência, portanto tomou-me toda a luz do sol e, quando terminei, tinha energia apenas para entregar a missão e sua recompensa e depois dirigir-me para casa novamente. Mais uma desagradável incumbência fora do caminho e um pouco mais de recursos para me aprimorar posteriormente.

Pílulas do Soldado

Acordei tarde mais uma vez. Passei a mão pelo rosto uma única vez, alongando a pele facial para ver se ajudaria em algo ou fizesse o sono passar; nossa pequena casinha não tinha cortinas nas janelas, então não era muito difícil espantar o sono mesmo se você fosse propenso a dormir, como eu era. Redistribuí o cabelo em meu rosto com as mãos e, caminhando descalço pela casa, comecei a buscar minhas roupas no armário enquanto ouvia os sons que as espadas de madeira das crianças faziam. Entre um golpe e outro, as vezes poderia ouvir o onii-san treinando-as, com frases do tipo "desvie para a esquerda também!" ou "segure-as com mais firmeza!" e essas coisas clichê. Ao som de minha própria voz cantarolando alguma melodia aleatória com a boca fechada, comecei a me aprontar para o dia; fui o último a acordar, como sempre. Mas ao menos acordei antes do onii-san enfiar a mão na minha cara, então eu considerava que estava fazendo progresso. Assim que terminei de me arrumar, me certifiquei de ir para a varanda, onde estavam treinando, apenas para abraçar as crianças e me despedir do onii-san antes de sair. As ruas estavam bem movimentadas, já que o clima estava agradável e estava em horário comercial; dependendo de onde você passasse, poderia se lembrar da baía de Haran, se já tivesse visitado lá, com tantas pessoas em locais tão apertados que era difícil sequer passar por eles. Sinceramente, não me incomodava muito. Até aproveitei para passar pela lojinha de doces e adquirir alguns pirulitos - apesar de que eu acho que o dono da loja não está mais acreditando na desculpa de que é para meus irmãos adotivos; não liguei muito, até porquê os pirulitos estavam bem gostosos. Terminei de comê-los assim que cheguei na central de distribuição de missões, meu destino inicial. Troquei algumas palavras com a atendente enquanto ela rebuscava suas gavetas, peguei o pergaminho, despedi-me e saí do local lendo seu conteúdo como uma criança folheia um álbum de figurinhas.

Dessa vez, a missão que recebi parecia divertida: Teria que coletar alguns ingredientes que a titia do laboratório precisava. Logicamente, precisaria ir para o laboratório antes para que eu soubesse do que ela precisava. Pensando bem, ela não poderia fazer a lista do que precisava e mandar para a central para que pudéssemos saber assim que recebêssemos a missão? Bem, acho que não posso julgar. Ao menos teria a oportunidade de conhecer o laboratório. Mais alguns minutos de caminhada pela frente, nada mal; após receber a missão eu teria que andar bastante mesmo, então era bom ir me acostumando. Voltando aos clichês chatos de sempre, aguardei na recepção até que a secretária me levasse a cientista, que por sua vez explicou um pouco do experimento que fazia (não realmente prestei atenção) e me deu a lista. Trocamos algumas palavrinhas de convenção social obrigatória e saí o mais rápido possível para começar o que tinha de interessante que, no final das contas, não foi muito interessante. Me fez lembrar de uma missão secundária de um videogame que eu tinha que você tinha que ficar coletando plantinhas raras para que, no final, ganhasse uma compensação que não valia nem um pouco a pena e era totalmente injusta. Foi exatamente assim que me senti. Um personagem que faz secundárias inúteis. Que irônico. Coletei os recursos, entreguei a missão e me retirei, temporariamente, da central.

Fazendas da Vila

Eu já maltratei alguns animais em minha vida. Não é algo que eu sinta orgulho ou coisa do tipo, mas tenho experiência nesse aspecto. Acho que eles eram um tipo de escape para a dor que eu sentia; caramba, eu era um lixo. Nunca cheguei a matar nenhum, entretanto. Na verdade, nunca machuquei voluntariamente os animais. Eu apenas era um pouco mais rígido do que os outros quando eu tinha que educar animais que não faziam o que era ensinados; cachorros que tomavam água da vasilha que não deviam, vacas que fugiam mesmo depois que viram outras sendo mortas por predadores e coisas do tipo. Mas, mesmo assim, eu não removo a culpa de mim mesmo, já que gosto muito de animais. Foi mais ou menos um pouco depois dessa época que eu percebi o quão mau era o que eu fazia, e isso fez com que eu começasse a machucar a mim mesmo ao invés; para ser sincero, a dor era reconfortante para a época, e saber que eu não estava machucando ninguém era ainda melhor. Ironicamente, tendo esta parte de meu passado em mente, recebi uma missão bem peculiar; alguns animais descontrolados estavam atacando uma fazenda e, eu, como um ninja, fui incumbido da tarefa de... "terminar este ataque", isto é, executar os animais descontrolados, de preferência. De imediato, comecei a raciocinar se algo de diferente poderia ser feito. Algo estava, teoricamente, impelindo estes animais a agirem de maneira diferente, certo? Teria de ver para ter certeza.

Um grande alarde próximo ás fazendas facilitaram o trabalho de localizar o perímetro afetado em questão; sem parar de correr, um único pulo por cima da multidão foi o suficiente para que eu aterrizasse do lado de dentro da cerca, onde os animais estavam atacando. Me aproximei silenciosamente, já que não tinham me visto ainda; subi em uma pequena cabana de ferramentas para que tivesse uma visão melhor. Infelizmente, independente do quão eu procurasse, não encontrava alguém os controlando ou qualquer coisa do tipo; as densas florestas que limitavam meu alcance ocular gritavam para mim o que eu já sabia que deveria fazer; saquei uma kunai e comecei a correr pela retaguarda dos animais. Busquei desviar o olhar de seus corpos quando eu dilacerava seus pescoços. Um, dois, três, quatro. Consolei-me com o fato de que eu não ouvi gemidos de dor após os cortes, o que significava que morreram na hora e que os cortes foram bem aplicados. Não tinha muita glória nessa missão, afinal de contas. Apenas me retirei do local em silêncio, com uma emoção triste expressa em meu rosto, completamente contrária dos fazendeiros nas proximidades, que comemoravam e gritavam de alegria por eu ter salvo seus trabalhos e fontes de renda. Que mundo cinza.