AKIMICHI ISAMI
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As expectativas do jovem cozinheiro eram sempre as melhores. Sempre dera o seu máximo em tudo o que tentou. Por esse motivo, poderia sempre aguardar respostas positivas desses esforços. Engana-se aquele que pensasse que o garoto se dedicasse tão somente à nobre arte da gastronomia. Na sua mente, a proficiência shinobi também era um assunto recorrente. De qualquer forma, naquela manhã de primavera, enquanto flores da estação avoaçavam pelo vento, o rapaz trabalhava em sua cozinha preparando uma das suas principais refeições: ensopado de carne.

O aroma da sua comida atravessava todo o quarteirão e sempre chamava a atenção de uma senhora de óculos que vivia há apenas algumas casas da sua. Ardilosa, a velha sempre encontrava uma desculpa para pedir um pouco da refeição do jovem cozinheiro. Ele, dotado de um coração puro, sem qualquer traço de egocentrismo, compartilhava o seu manjar sem sequer pensar duas vezes. Esperava que sua atitude, por menor que fosse, pudesse repercutir de maneira positiva, avivando traços puramente humanísticos como o altruísmo, ou mesmo o dar sem receber nada em troca. A ganância e a cobiça eram sentimentos muito mal vistos por ele.

Agora dado a alimentar-se, percebeu a presença de mais um pombo branco à sua janela. Mais parecia ter virado rotina aquela aparição aviária. Esperava e encontrou um pequeno pergaminho preso à pata do pobre bicho. "Será que este pombo é feliz?" perguntou-se desenrolando o pergaminho, vendo-o partir logo em seguida. O questionamento tímido esvaiu-se na medida em que leu o conteúdo da mensagem: uma missão. Ordenado a fazê-la, sequer passou por sua cabeça recusá-la. No fim, parecia mais agir como o pombo.

Deixou a louça na pia, organizou um pouco o visual e tratou de correr por estar um pouco atrasado. Por mais que não fosse sua culpa, atrasar-se nunca era um bom sinal, ainda mais para alguém totalmente dedicado à cozinha. Seu caminho foi à trajetória da academia ninja, local onde faria a suposta missão.

A academia ninja, uma instituição centenária, representava tudo aquilo que uma boa educação poderia oferecer: uma completa mudança de vida. Na entrada dela, de dentro de uma guarita com uma janela de vidro, havia uma jovem moça controlando a saída e entrada de todos os estudantes. Logo acima de seu peito, do lado esquerdo, estava um crachá com seu nome: Saori. Uma menina de cabelos longos, rosto angelical e aparência agradável aos olhos. Perto dela, o Akimichi mais parecia um homem das cavernas no quesito beleza.

— Err... Olá, Saori. Me chamo Isami, Akimichi Isami. Vim aqui para fazer esta missão. — introduziu-se um pouco sem jeito, com as bochechas um tanto quanto avermelhadas, entregando o pergaminho da missão em seguida.
Diante de tanta tensão, antes mesmo de esperar algo de concreto da garota, pôs-se a retirar um chiclete do bolso e mascá-lo como se não houvesse um amanhã.
— Olá, Isami-kun. — riu. — Certo. Só preciso que você aguarde um pouco ao lado. Estou terminando algumas coisas e depois vou levar você até a sala do sensei Futa.
— [b]Certo. — confirmou permanecendo no lugar indicado.
Na sua cabeça, pensava o que poderia ter acontecido com o antigo sensei da academia, ou se apenas falavam de salas diferentes.

A menina anotava alguns dados em diversas pranchetas diferentes. Curioso, Isami saiu um pouco da posição e observou a menina realizando seus afazeres. A menina se virou e o encarou, percebendo que ele estava a observando, avermelhando suas bochechas. Aparentemente, Saori não sabia lidar muito bem com a paquera. Usou a prancheta para cobrir parte do rosto mais acalorada.
— Va-vamos! — apressou-se envergonhada.
— Certo. — tratou o jovem com alguma confusão.
Percorreram alguns corredores e finalmente estavam diante da sala do sensei Futa. A menina bateu duas vezes à porta e de pronto foi atendida. Futa era um homem alto, forte, cabelos longos e de muito boa pinta.
— Yo. — soou uma voz grave.
— Futa-sensei, este é o Genin que o auxiliará como parte da sua missão.
— Olá, senhor. Sou Isami, Akimichi Isami. — apresentou-se estendendo a mão.
— É um prazer conhecê-lo, Akimichi-kun. — respondeu ao aperto com firmeza.
Tamanha força surpreendeu o pobre desprevenido, que balançou a mão com uma cara de dor.

— Bem, é isso. Estou de saída. Se me dão licença... — despediu-se a bela garota com um sorriso.
De sua saída, o monstro convidou o jovem a adentrar sua sala abrindo a porta com um sorriso em rosto.
— Sente-se ali, Akimichi. Logo ao lado da minha cadeira.
— Sim, senhor.
— Pelas roupas, você é alguma espécie de cozinheiro ou algo do tipo?
— Exatamente. Um cozinheiro. Ou ao menos um em aperfeiçoamento. — descontraiu.
Com uma risada, o homem também tomou seu assento ao lado do Akimichi e juntos conversaram por alguns minutos até o primeiro dos alunos apresentar-se em sala. Dali em diante, muitos outros chegaram até a sala entupir-se de pirralhos. Jovens com olhos brilhantes tamanha era a inspiração de aprender e tornar-se um dia um ninja.

— Akimichi-sensei, você poderia nos dar a honra de fazer a chamada? — pediu o professor em forma de pergunta enquanto se levantava e começava a escrever no quadro com um pedaço de giz.
O jovem gordinho fez a chamada enquanto todo o quadro preenchia-se de imagens e exercícios para os aspirantes à shinobi.
— Primeiramente turma, um bom dia. Hoje teremos uma presença ilustre na nossa classe: Akimichi Isami, um jovem genin da vila oculta da folha. Como vocês, um dia ele esteve sentado em uma dessas cadeiras e hoje se tornou uma das nossas novas promessas. — discursou. — Vamos, Akimichi-sensei, não seja tímido e apresente-se.
— Oh, certo. — tomou um susto enquanto se levantava e posicionava-se afrente do palanque para todos. — É uma honra servi-los. Espero que tenhamos uma boa relação. — apresentou-se timidamente, inclinando o corpo, uma demonstração de respeito muito comum.

O tempo passou, assim como a aula. Era hora do almoço e, naquele momento, aconteceu o inesperado: algum ladrão roubou toda a comida do refeitório da academia. Enquanto equipes eram acionadas para descobrir o tal ladrão, centenas de crianças sentiam fome. Pensando em tudo, Isami rapidamente assumiu o controle da situação. Colocou-se na frente de tudo e todos na cozinha, arregaçando suas mangas e cozinhando uma deliciosa comida feita de nada além de restos. Tamanha determinação inspirou os demais funcionários da cozinha que, agora instigados, também deram o seu máximo.

Juntos, todos prepararam uma deliciosa refeição. Para que todos comessem adequadamente, reuniram, um a um, em volta do pátio da escola. Isami, antes cozinheiro, agora ajudava a servir o almoço de todas aquelas crianças. Futa também não ficou parado, ficou lado a lado, enchendo os pratos dos meninos com um delicioso ensopado criado pelo gordinho.
— Akimichi-kun. Isso foi realmente incrível. — reconheceu o professor.
— Não foi nada, professor. — agradeceu colocando a mão por trás da cabeça um pouco embaraçado.

Dada a refeição, era hora de dizer adeus. Porém, antes disso, Isami fora agraciado por todo. Um jovem cozinheiro não poderia ter satisfação maior do que aquela. Sem dúvidas, aquele seria um dia que jamais esqueceria.

coisas: