AKIMICHI ISAMI
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Cozinhava o que poderia ser considerado o café da manhã. Preparava algumas leguminosas, mergulhava a carne em caldo e condimentava parte de uma salada. Todas as minhas ações tinham um capricho descomunal. Mesmo nas atitudes mais básicas, executava-as com a precisão e perfeição de procedimentos complexos. Pensava sempre em melhorar, sendo esse o motivo de dar tudo de mim a todo momento. Pronta a refeição, garfei-a com vontade. Acabei por comer tudo rapidamente, tamanha a fome de passar tanto tempo naquele calor da cozinha.

Pairei à janela da cozinha, observando o urbanismo na sua forma mais casual. A janela do cômodo dava acesso à rua, uma espécie de avenida de transeuntes dentro do centro da vila. Observava as pessoas darem passos, uma a uma, indo em direções cruzadas sem saber o que encontrariam logo a seguir. De repente, pousou sobre a janela uma pomba cinzenta com um bico amarelado. Este, utilizou para acertar a janela sucessivamente até que eu abrisse. De aberta, pude ver em seu pé, amarrado, um pequeno pergaminho. Retirei o pergaminho uma vez que sabia que se tratava de uma mensagem para mim, claramente. O desenrolei ali mesmo, enquanto a ave tratou de voar sob nova direção. Li todo o conteúdo e falava simplesmente de uma missão a qual deveria cumprir. Bom seguidor de regras que era, preparei alguns chicletes e caminhei na direção da floricultura da vila.

No caminho, tive o tempo suficiente de mascar um chiclete por inteiro, ao mesmo tempo que também imaginava como poderia ser a tal da floricultura. Certamente, deveria haver várias cores exuberantes e um aroma quintessencio. De frente a loja, minhas expectativas se confirmaram. Cheirar e ver aquele amontoado de flores foi simplesmente fantástico. Surpreso com tantas formas, cores e aromas, pairei a observar a olha, esquecendo da missão a ser cumprida. Estava ainda do lado de fora. A loja, era cercada por caixotes de madeiras do lado de fora contendo várias flores, duas grandes portas de vidro corrediças, mais flores do lado de dentro e um balcão de tamanho médio com uma caixa registradora. A proprietária da instalação, Shimio, olhava para mim como uma espécie de possível cliente e então aproximou-se com intenções de vendedora.

— Bom dia, cozinheiro! Você está atrás de comprar algumas flores? — apresentou-se e perguntou, colocando as mãos para trás e inclinando um pouco o corpo de modo a mostrar seios fartos.
Tentava, de algum modo, vender através da luxúria. Por sorte, alguém idiota como eu jamais daria atenção para algo como aquilo.
— Hã... Eu?! — parei por um instante enquanto tentava reentender o motivo de estar ali. — Ah, não. Estou aqui para fazer esta missão. — entreguei o pequeno pergaminho da missão para a moça.
— Ah... E eu pensando que fosse um novo cliente. Essa primavera está péssima para os negócios. — desabafou.
— Não se preocupe, senhora. Eu cuidarei bem da sua loja...
— Se-nho-ra...? — emanou uma aura de fúria.
A vendedora parecia ter algum problema relacionado com sua idade. Para minha infelicidade de não sabê-lo, ganhei um belo tapa no rosto com o qual tive que lidar durante todo o resto do dia.

Instantes depois, já sabia tudo que deveria fazer durante a missão.
— Está tudo certo, Isami? — questionou.
— Sim, sen... Quero dizer, moça. — respondi limpando o balcão.
— Então estou indo. — avisou com um sorriso angelical.
Sua personalidade sofrera uma grave mudança sem mais nem menos. Antes, uma terrível assassina, agora, uma mulher que mais parecia uma donzela indefesa. Comecei a rir da situação enquanto posicionava-me detrás do balcão e aguardava a chegada de novos clientes. Aproveitando o ensejo, também abri um chiclete para mascá-lo.

Passado algum tempo, uma madame elegante entrou na loja e começou a caçar por alguns arranjos. Permaneci atrás do balcão até sacar o momento certo para agir, quando ela demonstrasse o menor grau de confusão mental. Alertado por seu semblante, movi-me em sua direção e tratei de ajudá-la na sua busca pelo buquê ideal. Juntos, passamos toda uma tarde conversando sobre os mais diversos assuntos, exceto flores. No fim da tarde, ela comprou nada além de dois lírios. O expediente já estava chegando ao fim e era hora de encerrar o caixa. O fiz e aguardei pela volta da sensei para, enfim, voltar para casa.

— Cheguei, Isami-kun. — anunciou do lado de fora.
— Olá, sensei. Deu tudo certo hoje. Agora, se me dá licença, eu tô morrendo de fome. — saí correndo em direção a minha casa para preparar alguma refeição.

coisas: