Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Mais um dia surgia em Konohagakure, o clima era de outono e Shinra sequer percebeu a chegada da estação. O jovem passava a maior parte do seu tempo estudando depois que se graduou na academia e, ultimamente, não andava fazendo muitas missões, patamar que estava para mudar. Durante um período fazendo pesquisas de campo no hospital da vila devido aos seus Conhecimentos em Anatomia, uma das enfermeiras lhe entregou uma missão. Eles estavam desenvolvendo um novo remédio e precisavam de uma flor rara, que, por ventura, só era encontrada em uma montanha distante dali, e nenhum membro da equipe poderia se ausentar por um longo período, então a missão acabou ficando na responsabilidade do recém-formado Genin, Aburame Shinra.

Após deixar as instalações do hospital, o jovem sentia que estava embarcando numa nova estação, todas as árvores que (não) plantou, de repente, estavam nuas. A sensação era a de caminhar num tapete de folhas e flores. Os caminhos também se estreitavam e passava uma sucessão de perdas, ou melhor, uma sucessão de trocas. E assim, como toda pessoa que tem um coração pulsando, ficava assustado demais com as mudanças. Com o passar do tempo, já conseguia perceber a beleza na nudez de cada uma das árvores. "Entendo... elas estão trocando de roupa enquanto as pessoas trocam de pele, tamanha cumplicidade." 

Precisando se informar com um transeunte sobre a localização do seu destino, o jovem ainda levou cerca de duas horas para avistar a montanha de longe. De fato, existia um receio por parte do garoto, receio do desconhecido, mas nada que o impedisse de seguir adiante. Quando enfim chegou ao inicio da montanha, o jovem Genin já iniciava de maneira brusca a localização da flor. Quanto mais escalava a montanha o ar ficava cada vez mais denso e sua respiração se desenhava mais difícil do que deveria, o que não tirava o foco da missão. "Bem, preciso encontrar o mais rápido possível essa bendita flor... Ou estarei em apuros." 

Após mais alguns minutos de procura incessante, galho sob galho, folhas sob folhas e flor sob flor, tentativas sem sucesso, o jovem finalmente chegava ao topo da montanha e o cenário que se deparava não poderia ser mais agradável. Um belo campo de flores que emanava uma energia capaz de alegrar um dia inteiro, lhe proporcionando paz, estabilidade e alegria, harmonizando-o com a natureza. Azaleias, tulipas e cattleyas eram algumas que se destacavam. No centro existia uma grande árvore. Porém, o que mais chamou a atenção do Genin foi uma bonita flor solitária que demarcava-se na paisagem. Shinra achou logo que seria algo diferente. 

Ao aproximar-se pôde notar que se tratava de um lírio amarelo dos montes. E logo, através de seus Conhecimentos Botânicos começou a analisar sua descoberta. "Ora esta subespécie é considerada rara, pois além de autóctone é endêmica, ou seja, existe numa região restrita." – Inerte, o jovem continuava fitando aquela flor. "Normalmente quem vê umas flores assim tem tendência a apanhá-las. Nada de mais errado, pois se esta flor não completar o seu ciclo de floração não dará sementes tornando esta planta cada vez mais rara ficando em vias de desaparecer." – Após esse pensamento, que era respaldado por todo seu conhecimento no assunto, chegava a conclusão que estava fazendo um favor para a natureza ao apanhar aquela divindade.

Após colhido a peça, cuidadosamente, Shinra aproveitou também para colher os outros tipos de flores para só então prosseguir em direção ao hospital novamente, para a entrega da missão.

A passagem de volta fora mais tranquila comparado à passagem de ida, talvez pela adrenalina que havia experimentado. Ao chegar ao hospital de Konoha o jovem prontamente procurou a enfermeira de antes para realizar a entrega. Entregava de maneira cuidadosa, com a flor ao centro das duas mãos juntas. – Por favor, cuidem bem dessa flor... Há quem a considere uma planta rara, e será mesmo rara, pois não sei onde encontrar outra novamente… – Se despedia com uma meia mesura em sinal de respeito e esperava receber as devidas recompensas.