Mais um belo dia nascia na amada Konoha. Inazume abriu a janela do seu quarto para contemplar o céu límpido e celeste, deixando os fracos raios solares invadir seu quarto, seu corpo e sua essência. Fechou os olhos por um instante, concentrando-se no belo canto dos pássaros, na brisa em seu rosto e nas vozes das pessoas pelas ruas. Se havia falatório, então significava que tudo estava bem, que a vila estava em paz. Não se deixaria levar por este curto período pacífico é claro, continuaria seu treinamento para se tornar um grande ninja e proteger Konoha. Mas não hoje. Passou pela baixa janela que dava acesso à sacada, hoje teria um dia de descanso, um dia apenas para caminhar por aí, conversar com os amigos e comer na feirinha da vila. Vestia uma camisa leve e uma calça curta, pouco acima das canelas, além dos sapatos e sua bandana. Saltou da sacada para a rua, uma queda de cinco metros apenas, quase nada para um ninja, e começou a caminhar tranquilamente. Em alguns momentos fazia uma breve saudação para um conhecido ou outro, mas seus movimentos foram detidos quando ouviu aquela voz.
[???] - Hey! Inazuma! Como vai?
Virou-se para o lado direito e notou que, há alguns metros, Mythia gritava com um belo sorriso estampado em seu lindo rosto, enquanto acenava com a mão direita. A garota sempre se mostrou muito gentil e simpática com o shinobi, conquistando uma boa amizade. O jovem Senju retribuiu o sorriso e o aceno, agora caminhando na direção da garota.
Hey! Mythia! Já faz algum tempo, ahn?
[Mythia] - Ah, sim! Depois que se tornou um gennin eu quase não o vejo mais! Mas sempre foi esse seu desejo não é? Treina duro por aquele sonho.
Grandes ninjas não podem ficar parados não é?
[Myhia] O grande ninja poderia fazer um favor para a amiga! Meu pai pediu para que eu pegasse algumas flores no lado leste da vila. Poderia fazer este favor, Ina? Fico te devendo uma!
Por um momento hesitou e quase que o sorriso abandona seu rosto, mas escondeu sua quase insatisfação com o pedido, obviamente jamais recusaria um favor para um amigo. Colocou a mão atrás da cabeça, esboçando um sorriso sem graça, esperando que ela não tivesse notado a rápida mudança de comportamento do garoto. Mythia entregou uma lista antes mesmo de esperar a resposta, e o garoto pegou rapidamente.
Ah, logo hoje, achei que ficaria de bobeira o dia todo. Mas é uma boa oportunidade de sair um pouco da vila, caminhar pela natureza.
Mas é claro Myt. E vai mesmo ficar me devendo uma!
Despediram-se, e o jovem partiu. Não foi difícil passar pelos guardas dos portões, pois a família de Mythia sempre foi muito conhecida na vila e ao mencionar que estava fazendo um favor a eles, os portões se abriram rapidamente. Não sairia do campo de visão dos guardas, quase não se afastaria da vila. Apenas colher algumas flores, nada mais complexo do que isso. Que tolo engano. Aproximava-se do local em que colheria as flores, e então um grito atraiu sua atenção para um ponto mais no centro da floresta, e tratava-se de uma voz feminina. Sem hesitar começou a correr na direção dos gritos carregados de pavor. Não foi difícil localizar o detentor de tal desespero. Aproximou-se de uma garota absurdamente apavorada e caída entre folhas e raízes mortas. Apressou-se para ajudá-la.
O que houve, moça?
[Moça] - U...Uma fera... Gigantesca!
A garota apontou para a direção norte, mais no centro da floresta. Provavelmente nunca viu ninguém tão apavorado assim. Tentava acalmá-la, dizendo que agora estava tudo bem, quando ouviu um tipo de rugido estrondoso. Um tipo de urso avermelhado se aproximava, seus dentes grandes e afiados demonstravam toda sua ira. A criatura parecia ter quase dois metros, ou até mais. Sua necessidade em correr riscos não o deixaria apenas fugir daquele lugar com a garota, enfrentaria a criatura com todo seu poder, mas precisava se afastar da pobre inocente.
Mas é claro que não poderia ser um lindo coelho com uma cesta de flores, não é? Moça, corra para a vila enquanto eu detenho isso aí.
[Moça] - Não! Venha comigo, vamos fugir! Olha o tamanho dessa criatura!
Heh! Não se preocupe, vou derrotá-lo sem problemas, agora vá!
E não hesitou, começou a correr na direção dos portões de Konoha. A fera avançou na direção dos dois, e quando Inazuma olhou para trás notou que a inocente ainda estava muito perto ainda. Avançou contra o monstro e, quando a distância entre os dois diminuiu para dez metros, o jovem saltou cerca de três metros de altura, ficando longe das garras e dos dentes da fera, e quando começava a cair socou a cabeça da criatura, pegando assim impulso para uma cambalhota que o permitiu ficar atrás do alvo. Assim que seus pés tocaram o chão o garoto ficou de frente para o inimigo e rapidamente notou que seu golpe apenas o deixou mais furioso, e assim atraiu toda a atenção para si, dando tempo para a garota ficar em segurança. Estava confiante de que venceria, tratava-se apenas de uma questão de tempo. Notou que no solo ao seu lado direito tinha um pedaço de madeira grosso o suficiente para quase não conseguir segurar com uma mão, e então o agarrou com a direita, pegando outro menor com a esquerda. A fera correu em sua direção e quando se aproximou, começou a atacar com as garras. O jovem Senju se esquivava dos ataques, retribuindo com golpes de porrete em diversas partes do monstro, mas nada parecia feri-lo. Em um breve momento de hesitação quase teve seu corpo atingida pelas garras do inimigo, mas conseguiu se jogar para trás a tempo, e as garras deslizaram pela camisa do garoto.
Droga! Como pode um urso ser tão resistente assim? Vou ter que pegar pesado com ele.
Depois não adianta chamar o irmão!
Sacou duas kunais e, segurando-as lateralmente, voltou a combater a criatura com punhaladas e as vezes usando uma cambalhota ou outra para esquivar dos ataques, mas nem mesmo as afiadas kunais puderam causar algum dano. Se não podia feri-lo, então não poderia vencê-lo, e a possibilidade de derrota começou a atormentar a mente do garoto, fazendo-o perder a atenção nos movimentos da criatura e ser atingido no braço esquerdo pelas garras malignas, mesmo que de leve. A dor o fez voltar a si e escapar a tempo do segundo golpe. Saltou na direção de uma árvore e a usou para pegar impulso, chegando assim em um galho de outra árvore em frente que estava cerca de dez metros de altura. Precisava de alguns segundos para pensar, como vencer algo que não poderia ser ferido? O ataque de raspão sangrava lentamente, então arrancou um pedaço de sua calça e fez um tipo de bandagem no ferimento. Não imaginou que chegaria a esse ponto, mas precisaria usar os jutsus para vencer um animal incomum. Como não poderia bater as mãos no chão, fez o selo da cobra pra controlar a terra sob os pés da criatura.
Doton no Jutsu!
A terra começou a se elevar e prender as pernas do urso, deixando-o cada vez mais furioso. Utilizou a própria terra para criar pedras pesadas e duras, com as quais usou para atacar em vão, novamente. Sacou uma kunai e grudou um selo explosivo, infundindo seu chakra, saltou por cima do monstro e quando estava na reta dele, disparou a kunai com o selo que explodiu ao entrar em contato com a sólida pele do urso. Uma grande explosão tomou conta do local, levantando grande quantidade de poeira. Pousou vinte metros do local de origem do urso, e esperava o resultado do seu ataque. O Silêncio dominou aquela parte da floresta, e se mantinha atento para não ser pego de surpresa. E então, em meio a poeira, surgiu a criatura correndo furiosa com suas garras à mostra.
Então é isso? Não posso vencer. Serei derrotado por um urso em minha própria vila. Este é o sentimento de derrota. Meu corpo paralisou, pois meu cérebro entendeu que não posso vencer?
Pânico pela iminente derrota. Em seu desejo por proteger a Vila e todo o mundo shinobi, e manter a paz, Inazuma treina incansavelmente para se tornar um grande ninja e, quando a derrota parece certa, ele entra em pânico ao se dar conta de que todo o mundo shinobi estará em risco. Mesmo trabalhando nisso, é difícil se livrar desta parte obscura de sua alma. Paralisado e distraído, não reparou quando a criatura se aproximou, mas ao invés de atacá-lo com as garras acabou acertando uma cabeçada no estômago do jovem, jogando-o contra uma árvore. Caiu sentado e não sabia qual dor estava pior, a do estômago ou nas costelas ao bater na árvore. E então lembrou-se. Se moveu e ficou agachado, uma mão apoiada no joelho e a outra fechada como se estivesse socando o solo.
Como posso desejar proteger minha vila se não consigo nem mesmo lidar com esta criatura? É ridículo me deixar dominar pelo pânico. Por anos treinei para que pudesse controlar minhas emoções, manter-me sempre calmo em uma batalha ou qualquer dificuldade, mas então me deixo levar pelo sentimento de derrota em uma luta que ainda nem acabou. Não, eu não posso desistir, eu sou o herdeiro da vontade do fogo. Eu sou aquele que trará a paz ao mundo ninja, que ajudará a acabar com o sofrimento das pessoas. Eu preciso ser aquele que inspirará as gerações futuras. Mas nada disso será possível se morrer aqui.
O Urso começou a correr novamente na direção do jovem, e desta vez mostrava a clara intenção de rasgá-lo todo. Inazuma ergueu a cabeça e começou a encarar a criatura, fez o selo da cobra, seu semblante confiante já demonstrava que tinha tudo planejado. O solo a frente do urso se moveu, fazendo-o tropeçar a cair. A terra começou a ceder, criando um buraco no local em que o alvo estava caído, fundo o suficiente para que ele não pudesse saltar. Poderia enterrá-lo, mas assim acabaria o matando. Correu por alguns passos na pouca velocidade que lhe é permitida e saltou por cima do buraco, deixando cair cinco selos explosivos que flutuavam lentamente pelo ar. Quando o garoto pousou, quinze metros longe da armadilha, as explosões começaram em uma sequencia terrível. Aproximou-se após alguns segundos para saber o que aconteceu afinal, e lá estava o urso, bastante atordoado, mas sem nenhuma gota de sangue derramada. Criou um caixão de terra resistente, deixando apenas a cabeça da criatura descoberta. Notou a aproximação de alguém e, em questão de segundos, três shinobis de Konoha surgiram.
[Shinobi] Ei garoto! Você está bem? A fera fugiu? Uma garota veio pedir socorro e nos disse o que estava acontecendo.
Apenas apontou para a cratera, e os aliados se aproximaram para entender a situação. Não demonstraram surpresa quando puderem contemplar o animal, como se já o tivessem visto antes.
[Shinobi 2] Ah, olha quem se perdeu novamente.
]Conhecem esse bicho?
[Shinobi 3]Sim. Esse urso é um habitante da floresta, dizem que foi modificado geneticamente por inimigos de Konoha. Você tem sorte de estar vivo. Vamos aproveitar enquanto ele está fora de si. Garoto, você fez um incrível trabalho, e parece machucado, vai cuidar de seus ferimentos e descansar, nós terminaremos aqui.
O que vão fazer com ele?
[Shinobi] Não se preocupe, apenas o levaremos para a família dele. Estranho não é? Uma criatura como essa possuir uma família. Por isso que ele deve ter atacado a garota, sentiu-se ameaçado.
Por um momento agradeceu por conseguir manter a calma e não tentar tirar a vida do urso. Não importa o quão selvagem seja, qualquer ser vivo é capaz de amar, e como ele, criar laços eternos. Com o fim da adrenalina, sentiu crescer as dores no arranhão e no tronco, locais golpeados pelo adversário. Retornava então à vila, mas lembrou do favor que devia para Mythia, e fez um pequeno desvio para colher as flores. Não usaria desculpas para falhar com sua amiga, isso jamais.