Inoue

A sala estava mergulhada em um brilho tênue, iluminada apenas pelas lamparinas que projetavam sombras trêmulas nas paredes de pedra. O ambiente parecia sufocado pelo peso de pilhas de papeis que se amontoavam sobre a mesa principal — relatórios, missões inacabadas e fichas de ninjas aguardando avaliação, todos em um caos organizado que apenas dois Jōnins experientes poderiam compreender. — Lembra da nossa época de genin? — comentou um deles, quebrando o silêncio enquanto os olhos corriam distraidamente pelas fichas em suas mãos. Havia um toque de nostalgia em sua voz, acompanhado de um sorriso enviesado. — Mal sabíamos segurar uma kunai, e já estavam nos enviando para missões quase impossíveis.

— Como esquecer? — respondeu o outro, soltando uma risada breve e rouca enquanto ajeitava uma pilha instável de documentos ao seu lado. O tom era ao mesmo tempo divertido e exausto, como se a memória de suas primeiras missões fosse tão absurda quanto reconfortante. No entanto, a conversa descontraída logo se dissolveu quando um dos Jōnins pegou uma ficha que o fez arquear as sobrancelhas. Ele a ergueu, permitindo que a luz bruxuleante da lamparina destacasse o nome na parte superior. Seus lábios se curvaram em um sorriso de reconhecimento. — Veja só quem temos aqui. Biskka. — ele girou a ficha para mostrá-la ao colega. — Parece que já acumulou bastante experiência.

O outro inclinou a cabeça, analisando a ficha com atenção. Ele assentiu lentamente, como se cada detalhe escrito ali reforçasse sua concordância. — Sem dúvida. Ela tem mostrado um progresso notável. — sua voz era grave e ponderada, mas havia aprovação em seu tom. Ele então estendeu a mão para a pilha mais próxima e retirou mais dois perfis, examinando-os com cuidado antes de selecionar os escolhidos. — E que tal esses? Inoue Hyuuga e Sawako Uzumaki. — o primeiro Jōnin pegou os novos perfis, os olhos dançando sobre as informações como se buscassem algo invisível aos demais. — Hmm... interessante. — murmurou ele, separando as três fichas com um cuidado quase reverente, como quem manuseia peças de um quebra-cabeça intrincado. Ao seu lado, o outro Jōnins já estava de pé, os movimentos habilidosos enquanto preparava três pássaros mensageiros.

Os pássaros, de tamanho médio e plumagem cuidadosamente escolhida para camuflagem, receberam cada um um pequeno pergaminho amarrado em suas patas. Assim que estavam prontos, com uma última conferida nas mensagens, os ninjas os soltaram pela janela entreaberta. As aves desapareceram na noite, voando com um propósito claro, enquanto os Jōnins voltavam ao trabalho em silêncio.

As kunoichis receberiam a mesma mensagem:

Compareçam ao Quartel General às nove horas da manhã

Loke Hyuuga recebeu a mensagem pouco antes do amanhecer, e, com a mesma disciplina que sempre guiou sua vida, levantou-se imediatamente para cumprir o dever. A alvorada ainda tímida tingia o céu com tons pálidos quando ele adentrou o quarto de sua filha, a seriedade estampada em seu semblante. A jovem despertou assim que sentiu a presença do pai, ainda antes que ele precisasse dizer qualquer coisa. Os olhos dela encontraram os dele, e foi o suficiente. A mensagem estava clara. Sabendo exatamente o que fazer, ela levantou-se sem hesitação, começou a se vestir com agilidade e organizou sua bolsa de equipamentos.

Quando já estava pronta para partir, a voz de Loke a deteve no limiar da porta. — Inoue. — ele a chamou, e o peso de suas palavras recaiu antes mesmo que ele continuasse. — Quero um relatório impecável desta vez. Nada de confusões, como na última missão.

Ela assentiu sem protestar. O tom exigente de Loke não a surpreendia; ela sabia que o pai tinha padrões elevados e esperava nada menos do que excelência. Com isso, partiu.

O vento fresco da manhã a acompanhou enquanto saltava pelos telhados de Iwagakure. A vila começava a despertar, com luzes acendendo aqui e ali e alguns moradores madrugadores já nas ruas. Inoue mal teve tempo de admirar a calma antes de chegar ao prédio que lhe havia sido indicado.

Ao entrar, seguiu diretamente para a sala número oito, conforme instruída. Lá, foi recebida por um ninja administrativo, que acenou brevemente antes de explicar. — Aguarde aqui. Mais duas kunoichis foram convocadas para esta missão. Assim que todas estiverem presentes, os detalhes serão passados.

A garota assentiu e encontrou um canto da sala para esperar.

Assim que as três kunoichis estivessem reunidas, o ninja administrativo assumiria uma postura mais firme, indicando que o momento da explicação havia chegado. Seus olhos varreram o grupo brevemente, avaliando cada uma com cuidado antes de começar a falar. — Atenção. — sua voz era firme, mas calma, projetando autoridade. — A missão de vocês é uma escolta. Um civil de uma pequena vila próxima estará viajando sob sua proteção. Ele estará carregando uma mensagem secreta. Este é o objetivo principal, garantir que essa mensagem chegue ao destino sem ser comprometida.

Ele fez uma pausa para deixar que as informações fossem assimiladas, então prosseguiu. — Além de vocês, o grupo contará com dois guardas da vila de origem para reforçar a segurança. No entanto, lembrem-se: a responsabilidade principal é de vocês. Qualquer ameaça deve ser neutralizada rapidamente, e a mensagem não pode cair em mãos erradas. Entendido?

— Certo, dessa vez vou mostrar do que sou capaz! — sibilou, claramente empolgada.