Era uma manhã como qualquer outra na Vila Oculta da Folha, mas, para mim, parecia ter um peso especial. A luz do sol banhava as ruas e campos da vila, enquanto o ar fresco trazia consigo uma sensação de renovação. Ainda assim, eu sentia a pressão do dia. Como uma Uzumaki, sempre soube que possuía algo especial em relação ao chakra, mas isso vinha com grandes expectativas. Minha reserva de energia era uma bênção e uma maldição. Muitos dos meus colegas me invejavam, mas só eu sabia o quanto era frustrante não conseguir controlá-la completamente e com perfeição absoluta. Hoje, eu queria mudar isso.

Levantei-me cedo, determinada a realizar um treino que começasse um divisor de águas na minha jornada ninja, uma rotina de intensos treinos e atividades que me deixariam cada dia mais próxima do sonho de Hokage. O treino que planejei não era algo que parecia complicado no papel: uma corrida ao redor do campo de treinamento, mantendo o fluxo de chakra em um nível constante durante todo o percurso. Simples na teoria, mas na prática era um desafio que exigia tanto do meu corpo quanto da minha mente. Sabia que não seria fácil, mas estava preparada para enfrentar a dificuldade posta por mim mesma em minha frente.

Depois de tomar um café da manhã leve – pão, chá e peixe grelhado –, vesti minha roupa de treino e prendi minha bandana na testa. Antes de sair, olhei para o espelho e ajeitei meu cabelo loiro bagunçado. Era como se eu estivesse me preparando para uma batalha, e de certa forma, estava. Não uma batalha contra um inimigo externo, ou alguns saqueadores de rua, mas contra mim mesma. O controle de chakra era uma arte delicada, e, até aquele momento, era uma habilidade que eu ainda não dominava completamente. Eu certamente estava um pouco acima da maioria dos outros gennins que já tinha encontrado, mas ainda estava muito distante de chegar em um nível que eu estivesse satisfeita.

O campo de treinamento ficava a apenas alguns minutos de caminhada de casa. Era um lugar que eu frequentava regularmente, mas, naquele dia, ele parecia diferente. As árvores altas que cercavam o campo pareciam mais imponentes, e o vento que soprava entre elas parecia carregar um presságio de desafio. Quando cheguei, respirei fundo, absorvendo a energia do ambiente. O lugar estava calmo, vazio, exceto pelos sons dos pássaros e do farfalhar das folhas.

Antes de começar, sentei-me no centro do campo e fechei os olhos. Cruzei as pernas e coloquei as mãos sobre os joelhos, uma postura que me ajudava a me concentrar. Comecei a controlar minha respiração, inspirando profundamente e expirando devagar, prestando atenção apenas no ar que entrava e saía de meus pulmões. Cada respiração parecia puxar o chakra das profundezas do meu corpo, trazendo-o para a superfície. Era uma sensação familiar, mas sempre impressionante. Senti o fluxo de chakra como um rio, forte e vibrante, fluindo por todo o meu corpo. Meu primeiro desafio era domá-lo, acalmá-lo e concentrá-lo da maneira correta.

Os Uzumakis eram conhecidos por sua grande reserva de chakra, mas isso nem sempre é uma vantagem. Com uma quantidade tão grande de energia, mantê-la sob controle exige esforço e prática constantes. Meu objetivo naquele treino era simples: equilibrar o fluxo de chakra em um nível constante durante toda a corrida. No entanto, sabia que o real desafio seria manter esse controle enquanto meu corpo enfrentava o cansaço e minha mente lutava contra distrações.

Levantei-me lentamente, ainda mantendo minha concentração. Caminhei até o ponto de partida, uma pequena marca no chão que eu havia feito em treinos anteriores. Fiz alguns alongamentos, esticando meu corpo até o máximo que conseguia, sentindo cada fibra muscular e as relaxando, preparando meu corpo para a corrida. Então, respirei fundo uma última vez e comecei a fundir minha energia física advinda dos treinos de força e resistência, com a energia espiritual provinda de sessões de meditação e profundo estudo da junção dessas duas energias, o chakra.

Nos primeiros minutos, tudo parecia fácil. Meu corpo estava descansado, e minha mente estava focada. Cada passo era leve, e a física e espiritual fluíam de forma estável, como dois rios calmos que desaguavam no lago em uma clareira. Enquanto corria, sentia o vento bater no meu rosto, refrescando-me. Era quase prazeroso, como se o treino fosse uma dança harmoniosa entre corpo e mente.

No entanto, isso não durou muito. Por volta do décimo minuto, comecei a sentir os primeiros sinais de dificuldade. Minha respiração, antes controlada, tornou-se mais pesada, exaustiva. Minhas pernas, antes leves, começaram a pesar. E o fluxo de chakra, que até então parecia estável, começou a flutuar. Às vezes, ele aumentava de forma descontrolada, e outras vezes diminuía tanto que quase desaparecia.

“Concentre-se, Saito,” murmurei para mim mesma, apertando os dentes enquanto corrigia o fluxo de chakra. Lembrei-me do que meu professor da academia sempre dizia: “Controle de chakra é sobre consistência, não força. É como controlar os próprios pensamentos, parece impossível, mas apenas para quem não treina e pratica com constância, como você.” Usei essa ideia como guia, ajustando o fluxo com cuidado, sem me apressar.

Quando atingi a marca dos vinte minutos, o treino começou a se transformar em uma batalha real. Meu corpo estava cansado, e minha mente começava a se distrair. Pensamentos aleatórios invadiam minha concentração, desde tarefas que eu precisava fazer, até memórias de treinos anteriores. Cada distração afetava diretamente meu controle de chakra, fazendo-o oscilar.

Decidi usar uma técnica para combater isso: dividir o treino em partes menores. Em vez de pensar no tempo total restante, concentrei-me em completar uma volta por vez. Cada volta se tornou um objetivo pequeno e alcançável. Isso me ajudou a manter o foco, mesmo quando o cansaço aumentava.

Por volta dos trinta minutos, senti como se estivesse no limite. Meu corpo parecia pesado como chumbo, e o esforço mental de manter o controle de chakra era quase insuportável. No entanto, algo dentro de mim – talvez o orgulho de ser uma Uzumaki – me impedia de desistir. Pensei nos meus ancestrais, na força e determinação que os definiam, e usei isso como motivação para continuar.

Foi então que o vento começou a soprar mais forte, levantando poeira e folhas ao meu redor. Um galho caiu perto da trilha, quase me fazendo tropeçar. Essa distração foi o suficiente para desestabilizar meu controle de chakra. Senti um pico repentino de energia, que percorreu meu corpo e quase me derrubou.

“Respire, Saito, foi só um galho de nada.” disse a mim mesma, parando por um momento para recuperar o controle. Fechei os olhos e visualizei o fluxo de chakra dentro de mim, imaginando-o como um rio que eu precisava guiar. Depois de alguns segundos nessa visão mental, estava pronto para continuar.

Os últimos vinte minutos foram os mais difíceis. Cada passo era uma batalha, e cada respiração parecia um esforço monumental. Meu corpo queria desistir, mas minha mente recusava-se a ceder. Pensei em como esse treino não era apenas sobre controle de chakra – era sobre resiliência, sobre encontrar força em meio à adversidade.

Finalmente, quando a hora terminou, parei no centro do campo, completamente exausta. Minhas pernas tremiam, e meu coração batia como um tambor, mas uma sensação de realização me preenchia. Apesar das dificuldades, havia conseguido completar o treino. Meu controle de chakra ainda não era perfeito, mas estava claro que eu havia dado um grande passo à frente. Mas uma coisa ainda me incomodava, me fazia ter uma pulga atrás da orelhas que eu não conseguia fazer parar de coçar “Essa forma de concentrar o chakra está me atrapalhando”, em alguns momentos durante a corrida, eu recobrava o controle com alguns selos de mãos, imaginando que era uma bússola para onde meu fluxo de chakra deveria navegar e onde se depositar. Mas correr com as duas mãos pra frente do corpo não era nada prático. Eu já tinha visto pessoas usarem uma única mão para manipular o chakra, mas parecia ser bem difícil. Talvez com minha aptidão natural para o controle de energia eu tivesse sucesso em adquirir essa habilidade.

Enquanto caminhava de volta para casa, fui pensando em formas de colocar os selos de uma mão em prática, começando com elevações simples de chakra, e buscando entender como eu faria um selo de tigre com uma mão por exemplo, tentando de certa forma começar a ser autodidata. Enquanto isso, sentia um misto de cansaço e satisfação. Sabia que aquele era apenas o começo, e que muitos outros treinos viriam. Mas, independentemente dos desafios futuros, eu estava determinada a continuar avançando. Afinal, esse era o caminho de um Uzumaki. E eu estava pronta para honrar meu clã, uma corrida de cada vez e um treino de cada vez.

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